Deformidade da parede torácica pode gerar
complexo de inferioridade e dificuldade nas relações sociais
O termo "pectus”
é internacionalmente usado para designar as deformidades da parte da frente do
tórax. Em muitos casos, pacientes com este diagnóstico apresentam dificuldades
nas relações sociais e evitam situações em que o problema pode ser percebido.
Timidez, introversão, complexo de inferioridade e revolta frequentemente estão
presentes. Tais sintomas se exacerbam na adolescência, fase da vida em que a
sexualidade é despertada, levando o jovem a sentir-se inferiorizado em relação
aos padrões de beleza impostos pela sociedade.
Geralmente, os
pacientes são assintomáticos e não há nenhuma consequência física ou funcional.
No entanto, casos mais acentuados podem impactar nas funções respiratória e
cardíaca. A orientação médica e o tratamento adequado contribuem para resolver
esses problemas e restabelecer a saúde mental dos pacientes, reabilitando-os ao
convívio social normal.
De acordo com o
cirurgião torácico Pedro Leite, é comum a família do paciente sentir-se
frustrada quando escutam orientações ou “sentenças” como “isso é assim mesmo”,
“o problema é estético”, “não há nada a fazer” ou “somente cirurgia pode
resolver”. “Na verdade, só quem convive com o pectus sabe o quanto a condição
pode impactar na vida do indivíduo e de suas famílias. Buscar orientação
especializada, com certeza, é a melhor opção”, declarou o diretor do Núcleo de
Cirurgia Torácica do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR).
• Tipos
Basicamente existem
dois tipos de deformidades torácicas, o pectus excavatum (peito escavado) e o
pectus carinatum (peito de pombo). Ambos ocorrem devido ao crescimento anormal
das cartilagens das costelas e acometem mais homens do que mulheres, na proporção
de oito para uma (8:1). O primeiro, caracterizado pela depressão do esterno
(osso do meio do peito) e de costelas na porção anterior do tórax, corresponde
ao tipo mais comum, cerca de 90% dos casos.
Já o peito de pombo é
caracterizado pela projeção para frente do esterno. O grau dessas deformidades
varia de casos leves, que passam despercebidos, até casos graves, em que a
deformidade gera impacto estético e na qualidade de vida dos pacientes. “Essas
alterações podem estar presentes desde a primeira infância, mas tendem a piorar
e se tornar mais evidentes durante o pico de crescimento no início da
adolescência”, explicou Pedro Leite.
• Tratamento
O tratamento depende
do grau do defeito e do comprometimento do bem-estar psicossocial do paciente.
Para os casos leves de “peito de pombo”, por exemplo, a utilização de órteses
torácicas para comprimir a parte protuberante pode ser indicada para pacientes
mais jovens, com menos calcificação óssea e com arcabouço mais flexível. “O
resultado pode ser muito bom quando todo o protocolo de uso é seguido
corretamente, sendo necessário, idealmente, o uso por pelo menos 16 horas por
dia”, explicou Pedro Leite. “O tempo total de tratamento varia de acordo com as
características do paciente e de sua adesão às recomendações”, completou o
médico.
Para os casos mais
graves, ou refratários ao uso de órteses em pacientes na idade adulta (devido a
menor flexibilidade do arcabouço ósseo), o tratamento cirúrgico pode ser uma
opção. Neste caso, é realizada a cirurgia de Ravitch, que consiste na retirada
das cartilagens defeituosas e no reposicionamento do esterno através de um
corte no meio do tórax. Os maiores inconvenientes dessa técnica é o tamanho e a
posição da incisão. Os resultados costumam ser muito positivos e gerar alto
grau de satisfação nos pacientes.
Nos casos leves de
peito escavado, a observação clínica pode ser uma opção. No entanto, se a
condição se tornar um problema na vida do paciente, a prática regular de
exercícios físicos, fisioterapia para correção postural e órteses são
alternativas de tratamento. Nos casos moderados a graves, com grande impacto na
qualidade de vida, a cirurgia é indicada. “A cirurgia é realizada por técnica
minimamente invasiva, através de videotoracoscopia com colocação da chamada
barra de Nuss, atrás do osso esterno. A barra composta por titânio permanece
por três anos, sendo retirada após esse período”, concluiu o cirurgião torácico
Pedro Leite.
Fonte: Por Carla
Santana - Assessora de Imprensa
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