quarta-feira, 27 de março de 2024

Terrorismo se tornou uma forma de guerra híbrida, afirma chefe da OTSC

Os ataques terroristas são usados como arma de guerra híbrida para provocar discórdia interétnica, disse à Sputnik o secretário-geral da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), Imangali Tasmagambetov, comentando o ataque de 22 de março nos arredores de Moscou.

"O terrorismo adquire novas características e é utilizado como arma de guerra híbrida, provocando um aumento do descontentamento com a atuação das autoridades, da divisão civil, interétnica e interreligiosa", declarou Tasmagambetov.

Em particular, ele lembrou que no recente ataque nas proximidades de Moscou, os terroristas não entraram com ações judiciais, além disso, durante muito tempo ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque.

Assim, destacou que esse formato de ataques se assemelha cada vez mais a ações de sabotagem.

Um cínico ataque terrorista ao Crocus City Hall era obviamente uma "operação sob bandeira falsa", e tais atos instam os Estados-membros da OTSC uma tarefa de desenvolver ferramentas efetivas contra esta ameaça. Ao mesmo tempo, acrescentou Tasmagambetov, a comunidade internacional ainda não formulou uma definição comum de terrorismo, o que complica a coordenação entre os países na luta contra esta ameaça.

"As razões são óbvias: vários atores internacionais usam o terrorismo para cumprir os seus interesses geopolíticos", disse o chefe da OTSC.

No dia 22 de março, um grupo de homens armados, vestidos com roupas camufladas, atiraram contra uma multidão reunida na sala de concertos Crocus City Hall, localizada na cidade de Krasnogorsk, na periferia noroeste de Moscou, poucos minutos antes de começar um show da banda de rock russa Picnic.

O tiroteio foi seguido de um incêndio que, segundo o Ministério para Situações de Emergência, afetou uma área de quase 13 mil metros quadrados. Segundo os últimos dados oficiais, o ataque terrorista deixou 139 mortos e cerca de 180 feridos.

Até o momento, 11 pessoas envolvidas no ataque foram presas, incluindo os quatro agressores que abriram fogo contra a multidão no Crocus City Hall.

Segundo o Serviço Federal de Segurança, após o ataque os terroristas tentaram fugir em direção à fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. Kiev negou categoricamente o seu envolvimento no ataque.

O presidente russo Vladimir Putin declarou luto nacional no dia 24 de março pelas vítimas do ataque, o mais sangrento em duas décadas na Rússia. Além disso, todos os eventos de grande aglomeração de pessoas e entretenimento programados para os próximos dias foram cancelados.

Muitos líderes mundiais manifestaram solidariedade com o povo russo e condenaram o ataque nos termos mais veementes.

¨      Ataque em Moscou 'não deve de forma alguma ser justificado e muito menos silenciado', diz especialista

O "ataque covarde" ocorrido no Crocus City Hall de Moscou em 22 de março não deve ser justificado e muito menos silenciado pela comunidade internacional, disseram à Sputnik o reitor da Universidade UTE do Equador, Ricardo Hidalgo Ottolenghi, e o professor da UTE Fausto Freire.

"Da Universidade UTE condenamos veementemente o covarde ataque terrorista cometido nos arredores de Moscou. Este é um ato vil, produto de ódio e ressentimento, que de forma alguma deve ser justificado e muito menos silenciado pela comunidade internacional", declarou o professor.

Hidalgo Ottolenghi, que recebeu a distinção de doutor honoris causa da Universidade Estatal do Sudoeste da Rússia (UESOR) em 2023, afirmou que o slogan face ao terrorismo deve ser claro: "rejeição total e punição dos culpados deste crime atroz contra humanidade".

O doutor destacou que a Universidade UTE se junta a esta condenação para evitar a desinformação e uma série de boatos que partem de "poderes de fato" e que são motivados por "líderes econômicos, políticos e intelectuais".

No ataque, considerado um dos mais sangrentos contra a Rússia, cerca de 139 pessoas morreram e mais de 140 ficaram feridas, segundo números atualizados.

O professor Fausto Freire, formado pela UESOR, na cidade de Kursk, e que trabalha na Universidade UTE, falou em termos semelhantes em declarações à Agência Sputnik.

"Não há perdão para os terroristas que acabaram com a vida de pessoas inocentes, incluindo crianças", disse Freire, que expressou gratidão pela educação que recebeu na Rússia e que lhe permitiu ensinar o conhecimento aprendido no país eurasiano para dirigir o desenvolvimento da ciência no Equador.

O professor Freire observou que esta tragédia está nos corações de muitas pessoas em todo o mundo e afirmou que o povo russo não está sozinho.

No Equador, a Embaixada da Federação da Rússia abriu durante três dias um livro de condolências, no qual cidadãos e residentes equatorianos podem expressar seus sentimentos sobre este evento terrorista.

No fim de semana, ex-bolsistas equatorianos na Rússia, cidadãos e funcionários da missão diplomática e seus familiares, além de amigos e parlamentares, compareceram à sede da embaixada e colocaram flores e velas na entrada da missão diplomática em Quito, ante a presença do embaixador Vladimir Sprinchan.

Entretanto, a Assembleia Nacional do Equador e o governo do Equador expressaram em declarações separadas o seu repúdio por este ataque.

¨      Ucrânia, EUA e Reino Unido estão por trás do atentado ao Crocus, diz diretor do FSB russo

O diretor do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em russo), Aleksandr Bortnikov, afirmou que a Ucrânia, os EUA e o Reino Unido estão envolvidos no ataque terrorista ao teatro Crocus City Hall, que ocorreu em 22 de março.

"Achamos que é assim. Pelo menos estamos falando sobre o fato de que temos. É uma informação geral, mas eles têm muita experiência."

Ele ressaltou ainda que os serviços secretos ucranianos contribuíram para organizar o atentado, que foi preparado por islamistas radicais. Para Bortnikov, neste contexto o Serviço de Segurança da Ucrânia deve ser reconhecido como organização terrorista.

Todavia, o mandante do atentado terrorista no Crocus City Hall ainda não foi identificado. Os 11 suspeitos detidos estão sendo ativamente interrogados, o número de cúmplices identificados vai aumentar. O FSB já sabe que a Ucrânia organizou treinamento de terroristas no território do Oriente Médio.

Atentado ao Crocus City Hall foi necessário aos serviços secretos ocidentais e à Ucrânia para desestabilizar a situação e para criar pânico na sociedade na Rússia, acredita o diretor do FSB.

Por sua vez, o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, tem certeza da possibilidade de que a Ucrânia esteja envolvida no ataque terrorista ao Crocus City Hall.

"Claro, a Ucrânia", disse ele, respondendo à pergunta dos jornalistas se o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) ou a Ucrânia está por trás da tragédia.

O ataque ao Crocus City Hall, localizado na cidade de Krasnogorsk, nos arredores de Moscou, ocorreu na noite de sexta-feira (22), quando um grande número de pessoas se preparava para assistir a um show da banda de rock russa Picnic.

Um correspondente da Sputnik que testemunhou o ataque relatou que pelo menos três homens camuflados invadiram o teatro, atirando nas pessoas à queima-roupa e jogando bombas incendiárias.

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou o ataque terrorista contra o Crocus City Hall como um elo entre as tentativas daqueles que lutam contra a Rússia, desde 2014, por meio do regime de Kiev. Ele ressaltou que todos os quatro autores do ataque terrorista foram capturados e presos, e que eles tentavam fugir em direção à Ucrânia, onde uma "janela" de escape foi preparada para eles cruzarem a fronteira para o lado ucraniano.

¨      Analista húngaro: responsabilidade do Daesh no ataque ao Crocus City Hall é questionável

A responsabilidade do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) pelo ataque ao Crocus City Hall é questionável, porque os criminosos se comportaram de forma atípica para os militantes da organização, não sendo excluída a "operação sob falsa bandeira", disse especialista húngaro.

"Hoje, a este respeito, vemos uma imagem que nos querem mostrar, não a realidade […]. Não pode ser descartada a possibilidade da chamada 'operação sob falsa bandeira' – isto é, quando os serviços de inteligência de um país contratam outro órgão ou grupo para realizar algum tipo de ação", disse Jozsef Horvath, conselheiro para a Política de Segurança do Centro Húngaro para os Direitos Fundamentais ao jornal Magyar Nemzet.

Ele observou que até agora o Daesh recrutava militantes "por crença, não por dinheiro". "Também é interessante que os criminosos tenham fugido após a operação e não agiram como homens-bomba", acrescentou o especialista, observando que os terroristas não deixaram uma bandeira do Daesh, o que é estranho para os atos terroristas dessa organização.

Segundo Horvath, o fato de que "os americanos se distanciaram muito rapidamente" da participação do ato também parece autoidentificativo. "Talvez até porque eles possam temer que os ucranianos estejam envolvidos neste ato terrorista", apontou ele.

O especialista político húngaro Georg Spottle expressou a confiança de que os serviços especiais russos em breve estabelecerão o cliente do crime e "darão um grande golpe no país ou organização por trás dele".

O ataque ao Crocus City Hall, localizado na cidade de Krasnogorsk, nos arredores de Moscou, ocorreu na noite de sexta-feira (22), quando um grande número de pessoas se preparava para assistir a um show da banda de rock russa Picnic. Segundo autoridades russas, pelo menos 137 pessoas morreram no ataque e mais de 100 ficaram feridas.

¨      Atentado em Moscou mostrou união russa; atuação de Kiev é possível, diz brasileiro que está no país

Na última sexta-feira, 22 de março, um atentado terrorista chocou o mundo ao ser executado na região de Moscou. Homens armados abriram fogo na sala de concertos Crocus City Hall, onde ocorreria um show do grupo Picnic, resultando na trágica morte de, ao menos, 182 pessoas.

O terrível episódio se tornou o segundo maior ato terrorista na história da Rússia. As autoridades russas detiveram 11 pessoas, incluindo quatro supostos autores do ataque, capturados próximo à fronteira da Ucrânia.

O presidente, Vladimir Putin, declarou que os terroristas estavam se dirigindo ao território ucraniano, onde "uma janela de passagem lhes foi preparada".

Ele disse também que o Kremlin está ciente de que a ação foi feita por radicais islâmicos, mas as motivações e demais informações sobre a autoria seguem sob investigação.

Enquanto a tragédia ocorria, a cerca de 20 quilômetros dali o conselheiro de Relações Internacionais do Fórum Internacional dos Municípios BRICS+, Henrique Domingues, estava na capital russa como observador das eleições presidenciais.

"Eu estava lá por conta da missão de observação eleitoral, e a notícia do ataque chegou através de amigos e diferentes canais de comunicação", disse em entrevista aos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho, do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil.

"A covardia dos terroristas foi algo realmente aterrorizante, chocante. Todo mundo aqui ficou muito abalado, porque a forma como aconteceu foi contra o povo pacífico russo", descreveu Domingues.

O brasileiro morador de São Petersburgo relatou que, apesar do choque inicial, também havia um senso de união e solidariedade entre os russos. "No dia seguinte, as pessoas se levantaram e foram doar sangue. As filas quilométricas nos pontos de doação de sangue para as vítimas são uma prova da resiliência do povo russo."

"O presidente reagiu de maneira muito adequada, aguardando algumas horas para se pronunciar e enfatizando a punição dos responsáveis pelo ataque", afirmou.

Quanto às especulações sobre a autoria do atentado, Domingues, que também é organizador do Festival Mundial da Juventude e observador do Referendo de Donbass, ressaltou a necessidade de aguardar as investigações. "Embora haja indícios de envolvimento do Estado Islâmico-Khorasan [EI-K, um ramo do Daesh, organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países, que atua no Afeganistão e no Paquistão] e possíveis conexões com o conflito na Ucrânia, é fundamental aguardar os resultados das investigações antes de tirar conclusões precipitadas."

"Se for comprovada a participação ucraniana, pode haver uma retaliação mais contundente por parte da Rússia, possivelmente mirando em centros de tomada de decisão", opinou.

·        Autoria do atentado em Moscou

Amanda Marini, pesquisadora em ciências militares da Escola de Guerra Naval (EGN), comenta que o alerta emitido pela Embaixada americana no início do mês sinalizava um indício sobre a movimentação de grupos terroristas na região asiática.

Sobre a autoria do ataque, ela menciona que, embora o Daesh tenha reivindicado responsabilidade por meio das redes sociais, o que foi aderido pelos Estados Unidos, vale considerar outras possíveis linhas de investigação.

Para o historiador, escritor e criador do canal Guerra Patriótica, João Cláudio Pitillo, foi "muito conveniente empurrar esse problema para a conta do Estado Islâmico".

"Você isenta qualquer outro aliado estadunidense. Você isenta possíveis forças internas e você coloca na conta de uma organização que, em tese, não teria legitimidade ou não teria crédito para se defender."

Pitillo destacou a importância de investigar a velocidade com que Washington atribuiu a culpa ao Daesh.

"A velocidade e a certeza com a qual os EUA afirmaram isso precisa ser investigada. Essa afirmação é perigosa, porque ela traz os EUA também para a cena do crime, porque como é que eles descobriram isso?", questionou.

Ele também levantou questões sobre o alerta emitido pela Embaixada americana antes do atentado. "É importante também que a Federação da Rússia esclareça esse comunicado estadunidense, porque é muito suspeito os EUA fazerem um alerta desse no início do mês e, para você fazer esse alerta, você tem que ter indícios."

Ele entende que é preciso investigar todas as possibilidades, incluindo uma eventual ligação com a Ucrânia — "Existem setores fascistizados da sociedade ucraniana que cometeram e estão dispostos a cometerem as maiores barbaridades."

"O terrorismo tem o interesse de te desestabilizar internamente. É uma ação política e militar."

·        Histórico entre a Rússia e o Daesh

A pesquisadora Amanda Marini ressaltou o papel da Rússia no combate ao grupo terrorista na Síria, bem como as dinâmicas geopolíticas envolvidas nessa interação. "A Rússia luta e sempre falou abertamente que estava na Síria para lutar contra o Estado Islâmico-Khorasan. E nisso de a Rússia se posicionar, fez com que eles passassem a ter grandes divergências com o EI-K."

Marini também aborda o impacto geopolítico desse atentado e destaca a necessidade de compreender as raízes e motivações por trás dos grupos terroristas, além de tomar medidas para conter sua ascensão.

"É preciso a gente olhar para todas as causas que levam os grupos terroristas a agir, a chamar pessoas, a cortar o fornecimento de armas, o fornecimento de dinheiro, o fornecimento de mídia. Não ficar propagando suas ideologias", ressalta Marini.

Por fim, ela ressalta as características de diferentes grupos no Oriente Médio, tais como o Hamas. "Pode ter alguma coisa em comum em termos de ação, mídia, financiamento, mas de maneira alguma a gente pode confundir a ação, atitudes, ideologias, o que cada grupo quer fazer por trás e tem uma ambição para realizar."

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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