segunda-feira, 25 de março de 2024

EUA dizem que Estado Islâmico é 'único responsável' por ataque em Moscou, e que Ucrânia não tem envolvimento

A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Adrienne Watson, disse neste sábado (23) que o Estado Islâmico é o único responsável pelo ataque terrorista em Moscou na sexta-feira, e que a Ucrânia não teve qualquer envolvimento.

"No início de março, o Governo dos EUA partilhou informações com a Rússia sobre o planejamento de um ataque terrorista em Moscou. Também emitimos um aviso público aos americanos na Rússia em 7 de março. O Estado Islâmico é o único responsável por este ataque. Não houve qualquer envolvimento ucraniano", disse Watson.

Neste sábado, o presidente da Rússia, Vladimir Putinfez um pronunciamento ao país sobre o atentado terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico que deixou mais de cem mortos em uma casa de shows.

No pronunciamento, o primeiro de Putin depois do ataque, o líder russo afirmou que todos os terroristas que participaram do ataque foram detidos. Putin disse que o grupo tentava fugir para a Ucrânia quando foi capturado.

Sem fazer referência a qualquer grupo ou governo, ele disse ainda que "nossos inimigos não irão nos dividir". O presidente russo chamou o atentado de "ato terrorista selvagem" e também afirmou que a segurança foi reforçada em todo o país, tanto nas principais cidades quanto nas áreas de fronteira.

Em resposta à menção à Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky disse neste sábado (23) que Putin busca maneiras de desviar a culpa pelo massacre em Moscou.

Ele disse que era "absolutamente previsível" que Putin tivesse permanecido em silêncio por 24 horas antes de vincular o tiroteio à Ucrânia e que as centenas de milhares de "terroristas" que Putin enviou para lutar e serem mortos na guerra na Ucrânia "definitivamente seriam suficientes" para deter os terroristas em casa.

O atentado, reivindicado por um braço do grupo terrorista Estado Islâmico, aconteceu na casa de shows Crocus City Hall, na noite de sexta-feira (22), e é o pior dos últimos 20 anos na Rússia. Segundo autoridades russas, ao menos cinco homens armados invadiram o local enquanto a banda Picnic se preparava para se apresentar.

De acordo com o Kremlin, o chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em inglês) informou ao presidente Vladimir Putin que quatro terroristas foram detidos -- os outros sete haviam participado no planejamento do ataque.

O FSB informou que os suspeitos estavam indo em direção à fronteira com a Ucrânia e que tinham contatos no país vizinho.

Na manhã deste sábado, os agentes ainda estavam buscando por cúmplices, ainda de acordo com o Kremlin, que prometeu caçar todos os envolvidos no atentado.

·        Perseguição

O parlamentar russo Alexander Khinshtein, aliado de Putin, afirmou que os responsáveis pelo ataque foram detidos após uma perseguição na região de Bryansk, a cerca de 350 km de onde o atentado aconteceu.

Khinshtein disse que a perseguição começou após o motorista de um carro se recusar a obedecer a uma ordem de parada.

"Durante a perseguição, foram disparados tiros, e o carro capotou. Um terrorista foi detido no local, os demais fugiram para a floresta. Como resultado da busca, um segundo suspeito foi encontrado e detido", disse.

Segundo Khinshtein, buscas continuaram sendo feitas para localizar outros dois suspeitos que escaparam. Dentro do veículo onde estavam os suspeitos, as autoridades disseram ter encontrado armas e passaportes do Tadjiquistão.

Esse foi o pior atentado na Rússia desde a invasão de uma escola em 2004 em Beslan. O Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque em seu canal no Telegram.

·        Tiros e coquetel molotov

Homens armados matam ao menos 40 pessoas em casa de shows em Moscou

Um vídeo mostra homens atirando, além de gritos e pessoas assustadas. A casa de shows tem capacidade para 6.000 pessoas. 

O ataque começou no saguão da sala de shows. Em seguida, os homens entraram no auditório e abriram fogo contra as pessoas que aguardavam para assistir ao show.

Uma pessoa que estava no local afirmou que os homens entraram atirando e, em um momento, jogaram um coquetel molotov no local.

Quando a testemunha tentou fugir, descobriu que uma das saídas estava trancada. Ela atravessou o salão para tentar fugir de outro ponto de saída, mas também não conseguiu. Então, se refugiou no subsolo da casa de shows até que agentes dos serviços de emergência chegaram.

Foram ouvidas duas explosões no local, que pegou fogo. Os bombeiros conseguiram controlar as chamas, mas, segundo a agência de notícias Tass, o teto do Crocus City Hall pode cair a qualquer momento.

Ataque em casa de concertos em Moscou — Foto: Maxim Shemetov/Reuters

·        Putin foi informado

O governo da Rússia disse o presidente Vladimir Putin foi informado do ataque logo nos primeiros minutos e que tem sido constantemente atualizado dos fatos.

"O presidente recebe constantemente informações sobre o que está acontecendo e sobre as medidas sendo tomadas por todos os serviços relevantes. O chefe de Estado deu todas as instruções necessárias", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Um aliado do presidente, Dmitry Medvedev, disse que tanto os atiradores como as pessoas por trás do atentado serão perseguidos e mortos.

"Todos eles devem ser encontrados e destruídos sem pena, como terroristas. Morte por morte", afirmou em seu canal no Telegram.

A Rússia intensificou a segurança em aeroportos e estações em toda a capital, uma vasta região urbana que abriga 21 milhões de pessoas. Todos os eventos públicos de larga escala foram cancelados no país.

 

Ø  Atentado é 'ato repugnante' que deve ser investigado até as últimas consequências, dizem analistas

 

Especialistas consultados pela Sputnik afirmaram que os autores e idealizadores do brutal massacre no Crocus City Hall, perpetrado na noite de sexta-feira (22), nos arredores da capital russa, buscam perturbar a paz no país e abrem caminho para uma resposta "contundente".

O ataque, que segundo autoridades deixou pelo menos 60 mortos e mais de 100 feridos, incluindo várias crianças, foi classificado pelo governo russo como um "ato terrorista".

Vale ressaltar que, até o momento, não foram feitas declarações oficiais sobre quem estaria por trás do acontecimento trágico.

Imagens capturadas no momento dos eventos mostram um grupo de pessoas vestidas com camuflagem entrando no local por volta das 20h00 (16h00, no horário de Brasília), com armas de fogo, e começando a disparar contra uma multidão que aguardava o início do concerto da banda de rock russa Piknik.

Simultaneamente, o prédio que abriga o salão de concertos, com capacidade para 6,2 mil pessoas, foi incendiado em sua parte superior.

Para o cientista político internacionalista mexicano formado pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Nayar López Castellanos, trata-se "sem dúvida de um ato repugnante" que deve ser condenado da forma mais enérgica possível, como têm feito todos os países da América Latina.

Nesse sentido, o especialista destacou a rapidez e a contundência "dos governos com maior visão de paz na região, como México, Brasil, Cuba, Venezuela, Bolívia e vários outros, para repudiar esse massacre insensato [...] que deve ser investigado até as últimas consequências".

"O terrorismo não representa nada mais do que o uso indiscriminado e irracional da força contra civis e constitui um ultraje e um golpe não apenas à Rússia e seu povo, mas à civilização como um todo, pela brutalidade e desumanidade que implica", afirmou.

Ele avalia que "não é a mesma coisa uma confrontação direta entre exércitos militares nos termos estabelecidos pela Convenção de Genebra, do que um atentado dessa natureza contra a população civil não armada", acrescentou.

Castellanos afirma que, embora os responsáveis ainda não tenham sido identificados, é "surpreendente" que o atentado tenha ocorrido em Moscou, o centro do poder russo, poucos dias após a vitória eleitoral do presidente Vladimir Putin, que obteve mais de 87% dos votos em eleição com recorde de participação na história.

"Uma vez que a Rússia encontrar os responsáveis por planejar e executar esse massacre atroz, a resposta do governo russo será certamente dura e contundente", prevê o especialista, lembrando que há muitos atores internacionais que não desejam a paz na região e apostam em uma escalada bélica por diversas razões.

O professor de relações internacionais do Instituto Rosário Castellanos e da UNAM, Javier Gámez, afirmou à Sputnik que o ataque confirma mais uma vez que existe uma campanha atualmente para promover o conflito no território russo e em suas nações vizinhas, com objetivo de provocar reação do governo do país euroasiático.

O analista aponta que se trata de uma tentativa evidente de "desestabilização" da rotina russa, cuja economia tem mostrado uma resiliência surpreendente aos esforços de boicote econômico e diplomático do Ocidente nos últimos dois anos, buscando instalar o caos em uma nação próspera e pacífica.

Embora o especialista mexicano tenha deixado claro que não possui elementos suficientes para apontar os responsáveis pelo massacre, ele indica que o ataque pode se enquadrar na campanha de confrontação e hostilidade que vem sendo conduzida contra a Rússia ultimamente.

Nesse sentido, ele acrescenta que um ato terrorista desse nível muda o cenário e abre caminho para uma resposta militar decisiva por parte da Rússia aos atores por trás dessa ação "desprezível".

 

Ø  Ataque terrorista ao Crocus City Hall pode ser discutido no Conselho de Segurança da ONU

 

O ataque terrorista no teatro Crocus City Hall, na região de Moscou, poderá ser discutido em uma das próximas reuniões do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), disse à Sputnik o subsecretário geral de contraterrorismo da ONU, Vladimir Voronkov.

Um correspondente do Sputnik perguntou a Voronkov sobre a disposição do comitê em ajudar a Rússia na investigação do ataque terrorista e o possível envolvimento do Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia) no ataque ao Crocus.

"Como presumo, estas questões serão levantadas e discutidas em uma das próximas reuniões do Conselho de Segurança da ONU, que poderá dar instruções apropriadas ao Comitê sobre Contraterrorismo", disse Voronkov.

O ataque que aconteceu nesta sexta-feira (22) matou mais de 130 pessoas e deixou mais de uma centena de feridos. Os serviços especiais e agências de segurança da Rússia seguem investigando os envolvidos e quem pode estar por trás dos ataques. Os suspeitos já foram encontrados e estão presos.

 

Fonte: g1/Sputnik Brasil

 

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