quinta-feira, 28 de março de 2024

Dormir pouco aumenta risco de desenvolver pressão alta, mostra estudo

Dormir menos de sete horas por noite pode aumentar o risco de desenvolver pressão alta à longo prazo, de acordo com um novo estudo que será apresentado na Sessão Científica Anual do American College of Cardiology, no dia 7 de abril.

Estudos anteriores já haviam mostrado uma relação entre padrões de sono e hipertensão, mas as evidências sobre a natureza dessa associação ainda são inconsistentes, segundo os pesquisadores do atual estudo.

A pesquisa atual reuniu dados de 16 estudos realizados entre janeiro de 2000 e maio de 2023, avaliando a incidência de hipertensão em mais de 1 milhão de pessoas de seis países que não tinham histórico prévio de pressão alta. Essas pessoas foram acompanhadas por um período médio de cinco anos — o acompanhamento variou de 2,4 a 18 anos.

Segundo a análise, a curta duração do sono foi significativamente relacionada a um maior risco de desenvolver hipertensão após ajuste para fatores de risco demográficos e cardiovasculares, incluindo idade, sexo, educação, IMC (índice de massa corporal), pressão arterial e tabagismo.

A associação entre hipertensão e curta duração de sono foi ainda maior entre aqueles que dormiam menos de cinco horas por noite.

“Com base nos dados mais atualizados, quanto menos você dorme – ou seja, menos de sete horas por dia – maior a probabilidade de desenvolver pressão alta no futuro”, diz Kaveh Hosseini, professor assistente de cardiologia no Tehran Heart Center, no Irã, e autor principal do estudo.

“Vimos uma tendência entre maior duração do sono e maior ocorrência de hipertensão, mas não foi estatisticamente significativa. Dormir de sete a oito horas, conforme recomendado por especialistas em sono, também pode ser o melhor para o seu coração”, completa.

·        Dormir menos de sete horas por noite pode aumentar em 7% o risco de ter pressão alta

De acordo com o estudo, dormir menos de sete horas por noite está associado a um risco 7% maior de desenvolver pressão alta. Em pessoas que dormiam menos de cinco horas, esse risco aumenta para 11%. Para efeito de comparação, condições como diabetes e tabagismo aumentam o risco de hipertensão em, pelo menos, 20%, de acordo com Hosseini.

Para o autor do estudo, essa associação pode acontecer devido à perturbação no sono, que pode ser causada por um estilo de vida pouco saudável, com uma alimentação rica em gorduras saturadas e uso de álcool, além do trabalho noturno, uso de certos medicamentos, ansiedadedepressãoapneia do sono e outros distúrbios relacionados ao sono.

O estudo também observou que, quando comparadas com os homens, as mulheres que dormiam menos de sete horas por noite tiveram um risco 7% maior de desenvolver pressão alta.

“Dormir pouco parece ser mais arriscado nas mulheres”, disse Hosseini. “A diferença é estatisticamente significativa, embora não tenhamos certeza de que seja clinicamente significativa e deva ser mais estudada. O que vemos é que a falta de bons padrões de sono pode aumentar o risco de hipertensão, que sabemos que pode preparar o terreno para doenças cardíacas e derrames.”

O estudo apresenta limitações, como o fato de a duração do sono ter sido autorrelatada (ou seja, baseada no relato dos próprios participantes do estudo, o que pode não ser totalmente fiel à realidade). Além disso, nos estudos analisados pela pesquisa atual, houve variações na definição do que é uma curta duração de sono.

“Mais pesquisas são necessárias para avaliar a associação entre a duração do sono e a hipertensão arterial usando métodos mais precisos, como a polissonografia, um método para avaliar a qualidade do sono com mais precisão”, afirma Hosseini. “Além disso, as variações na duração do sono de referência sublinham a necessidade de uma definição padronizada na investigação do sono para melhorar a comparabilidade e generalização dos resultados em diversos estudos.”

¨      Dormir pouco aumenta risco de doenças cardiovasculares em mulheres, diz estudo

Dormir pouco, menos de sete horas por noite, pode aumentar o risco desenvolver doenças cardiovasculares em mulheres, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista Circulation. Os achados mostraram que o sono insuficiente pode estar associado a maiores chances de ter AVC (acidente vascular cerebral) e infarto do miocárdio.

Para chegar a essa conclusão, o estudo avaliou o hábito de sono e os dados de saúde de 2.964 mulheres entre 42 e 54 anos de idade. As participantes estavam na pré-menopausa e não passavam por terapia hormonal e não apresentavam doenças cardíacas. No total, o estudo durou 22 anos.

Ao longo da pesquisa, as participantes responderam questionários sobre seus hábitos de sono, incluindo se tinham sintomas de insônia, e sobre saúde mental e sintomas relacionados à menopausa, como ondas de calor. Além disso, os formulários também continham perguntas sobre medidas como altura e peso, além de condições cardíacas, como infarto, AVC e insuficiência cardíaca.

De acordo com o estudo, uma em cada quatro mulheres apresentavam sintomas de insônia, como dificuldade para dormir, de manter o sono (acordavam várias vezes durante a noite) e de dormir até mais tarde. 14% delas frequentemente lidavam com a curta duração do sono e cerca de 7% relataram sintomas habituais de insônia.

Segundo os pesquisadores, as participantes que apresentavam esses sintomas apresentavam riscos elevados de desenvolver doenças cardiovasculares mais tarde na vida. Além disso, aquelas que dormiam frequentemente menos de cinco horas por noite apresentavam um risco ainda mais alto de desenvolver essas doenças.

De acordo com a pesquisa, os riscos eram 75% maiores em comparação a quem não tinha sintomas intensos de insônia e dormiam mais horas por noite.

·        Como dormir melhor?

Para melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, a saúde como um todo, é importante investir em alguns hábitos. Em reportagem da CNN Rádio, o cardiologista e presidente da Associação Brasileira do Sono Luciano Drager listou algumas dicas:

  • Determinar horários para dormir e acordar;
  • Evitar cochilos durante o dia;
  • Organizar o ambiente para uma boa noite de sono;
  • Manter uma alimentação equilibrada durante o dia;
  • Evitar o uso de tecnologia antes de dormir;
  • Praticar exercícios físicos;
  • Praticar técnicas de relaxamento antes de dormir;
  • Cuidar da saúde mental.

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Adultos que dormem apenas três a cinco horas por dia podem ter um risco aumentado para desenvolver diabetes tipo 2. A descoberta é de estudo publicado na revista científica JAMA Network Open nesta terça-feira (5).

Ainda de acordo com a pesquisa, a privação do sono não pode ser compensada apenas com uma alimentação saudável na prevenção da doença crônica.

“Geralmente recomendo dar prioridade ao sono, embora compreenda que nem sempre é possível, especialmente quando sou pai de quatro adolescentes”, afirma Christian Benedict, professor associado e investigador do sono no Departamento de Biociências Farmacêuticas da Universidade de Uppsala e principal autor do estudo, em comunicado à imprensa.

Os pesquisadores, que pertenciam à Universidade de Uppsala, localizada na Suécia, usaram informações do banco de dados UK Biobank, que conta com dados de milhões de pessoas do Reino Unido. Para o estudo, eles analisaram as informações de 247.867 de pessoas, que responderam a perguntas sobre saúde e estilo de vida.

Ao longo de dez anos, os pesquisadores acompanharam os participantes e descobriram que, aqueles que dormiam entre três e cinco horas diárias, estavam com um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2.

Por outro lado, hábitos alimentares saudáveis estavam associados a um menor risco de desenvolver a doença. Porém, segundo os pesquisadores, mesmo aqueles que seguiam uma alimentação equilibrada apresentavam um risco maior de diabetes tipo 2 se dormissem menos de seis horas por dia.

“Os nossos resultados são os primeiros a questionar se uma dieta saudável pode compensar a falta de sono em termos do risco de diabetes tipo 2. [As descobertas] não devem causar preocupação, mas, sim, ser vistas como um lembrete de que o sono desempenha um papel importante na saúde”, explica Benedict, ainda em comunicado.

No entanto, o pesquisador ressalta que os efeitos da privação de sono pode variar de uma pessoa para outra, dependendo de fatores como genética e a real necessidade de sono do indivíduo.

O diabetes tipo 2 é uma doença crônica caracterizada pela resistência à insulina, hormônio que regula o nível de açúcar no sangue. É mais comum em adultos com hábitos de alimentação pouco saudáveis e com sedentarismo. Além disso, costuma ser acompanhada de outras comorbidades, como hipertensão arterial, colesterol elevado e obesidade ou sobrepeso.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem no Brasil, atualmente, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes, o que representa quase 7% da população nacional. A doença pode ser controlada através da mudança de hábitos, com a adoção de uma dieta saudável e prática de atividades físicas.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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