sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

'Washington de ponta-cabeça': o que a eventual vitória de Trump representa em termos globais?

O mundo está observando o avanço de Donald Trump para concorrer à presidência americana como candidato pelo Partido Republicano. Se vencer, Trump pode alterar o curso da política externa estadunidense de modo decisivo.

Aqui, estamos diante de uma provável repetição do pleito presidencial anterior, entre Joe Biden (que venceu as eleições em 2020 pelos democratas) e o próprio Donald Trump, candidato derrotado naquela ocasião.

Entretanto, muitos analistas nos Estados Unidos – e mesmo fora do país – parecem acreditar dessa vez em uma segunda vitória de Trump diante de Biden. A questão está no fato de que Trump é menos impopular hoje nos Estados Unidos do que Biden, segundo pesquisas de opinião, o que o credencia a certo favoritismo em relação ao democrata.

Com vitória de Trump, por sua vez, os aliados de Washington ficarão ainda mais alerta sobre os possíveis rumos da Casa Branca. Afinal, Trump acredita que a OTAN vem tirando vantagem dos Estados Unidos. Trump também prometeu que, se eleito, vai ser capaz de lidar com o conflito na Ucrânia no mesmo dia. Enquanto isso, vozes histéricas na Europa tentam manter o apoio americano a Kiev alegando que se a Rússia se sair bem-sucedida do conflito, o próximo passo de Moscou será a tomada dos Estados Bálticos e depois da Polônia, o que se trata de uma completa loucura.

A partir desse argumento estapafúrdio é que se vem justificando o apoio financeiro e armamentista à Ucrânia, que já mostrou por A mais B que não é capaz de vencer. Trump, por sua vez, parece avesso à continuidade do conflito na Europa, o que coloca muitos líderes no continente apreensivos quanto à perspectiva de uma possível vitória do republicano. Seja como for, as eleições americanas serão em novembro, logo as hostilidades na Ucrânia devem permanecer pelo menos por boa parte do ano de 2024.

A destruição resultante dos continuados combates colocará em ainda maior risco a economia ucraniana e o governo de Kiev em ainda maior dependência do Ocidente. O atual presidente americano Joe Biden parece bastante confortável com essa situação, e certamente não será a pessoa a iniciar um processo de negociação de paz para resolver a situação no Leste Europeu.

A Rússia, por sua vez, não abrirá mão dos novos territórios adicionados à Federação em setembro de 2022, e também não vai abrir mão da cláusula de neutralidade da Ucrânia em relação à OTAN. Por outro lado, se Trump pretende mesmo terminar com o conflito em "um dia", é preciso esclarecer a Zelensky que as demandas de segurança da Rússia são absolutamente inegociáveis. Ademais, a Ucrânia sabe que se os Estados Unidos cortarem o seu apoio, o Exército de Kiev não terá condições de levar muito adiante o conflito. Portanto, o tempo joga a favor da Rússia. Somente Joe Biden que ainda não percebeu isso.

É em vista disso que Zelensky e parte da liderança ocidental não veem com bons olhos a perspectiva de que os Estados Unidos, a partir de 2025, possam estar sob uma gestão radicalmente diferente. Afinal, a Europa, como já é sabido, não tem tantos tanques ou granadas para enviar à Ucrânia por tempo indeterminado. Alguns países europeus importantes, como a Alemanha e a França, por exemplo, têm feito inclusive pausas no fornecimento a Kiev, perguntando-se se serão capazes de satisfazer suas próprias necessidades de defesa no futuro, assim como suas próprias obrigações perante a Aliança Atlântica.

Trump, por outro lado, que detém uma profunda desconfiança por alianças que imponham limitações aos Estados Unidos, olha para a OTAN como um instrumento anacrônico, usado pelos europeus para se aproveitar dos favores de segurança fornecidos por Washington. Por vários momentos, antes e durante seu mandato presidencial de 2016 a 2020, Trump indicou que era chegada a hora dos países europeus pensarem na sua própria defesa e de pagarem por isso.

Advém dessa condição o pavor da Europa em ser deixada sozinha novamente, sobretudo pelo fato de o continente não ter aprendido a andar com as próprias pernas a partir da Segunda Guerra Mundial. Todas essas apreensões estão justamente relacionadas com um possível segundo mandato de Trump. Seja como for, até que as eleições ocorram no mês de novembro, o atual presidente americano Joe Biden encontra-se em uma fase conhecida como "lame duck" (ou pato manco, em tradução literal), na qual muito pouco se pode fazer em termos de política externa, por conta de suas ocupações com sua corrida eleitoral desse ano.

Isso faz com que os aliados dos Estados Unidos se vejam em um estado de espera, até mesmo de suspensão. Afinal, quando o presidente Biden ou a sua equipe de segurança nacional pensam em questões estratégicas e de defesa, eles têm em mente que, muito provavelmente, nem a equipe nem o próprio Biden estarão presentes em 2025 para levar a cabo suas ideias.

Trump, em função de seu slogan America First (América primeiro) pretende atender à escola de pensamento mais isolacionista da política externa americana, a mesma que fora exercida pelo país até a primeira metade do século XX. Isso quer dizer que Washington deverá implementar, segundo o republicano, políticas mais independentes, sem assumir muitos compromissos internacionais, seja com a ONU, a OTAN ou o G7. Em especial, dadas as divisões dentro do Congresso americano, é quase impossível que o próprio Biden possa manter em bom termo os compromissos atuais dos Estados Unidos, vide a crise administrativa com o estado do Texas e outras duas dezenas de estados federados em torno da questão migratória na fronteira sul com o México.

Além do mais, Biden também tem enfrentado críticas pelo modo como lidou com a crise no Oriente Médio envolvendo Israel e a Palestina e, não esqueçamos, pela maneira como os americanos deixaram o Afeganistão em 2021. Em suma, Trump logo deverá confirmar-se como o candidato dos republicanos no pleito de novembro ao longo das próximas primárias nos Estados Unidos.

Com as perspectivas dessa nomeação e uma provável vitória no final de ano, uma segunda presidência de Trump deverá abalar certamente alguns dos principais fundamentos da política externa estadunidense. Se a América de fato vier a se isolar a partir de 2025, por sua vez, veremos não somente mudanças geopolíticas na Europa e no próprio Oriente Médio, como também na própria Ordem Internacional, que dará passos ainda mais largos rumo à multipolaridade.

 

Ø  Homem é preso nos EUA após decapitar o pai, exibir a cabeça na internet e pregar discurso anti-Biden

 

Identificado como Justin Mohn, homem de 33 anos foi preso a cerca de 100 quilômetros de sua casa, onde decapitou o pai e exibiu a cabeça em um vídeo no YouTube enquanto proferia discurso contra o presidente dos EUA, Joe Biden.

De acordo com informações veiculadas pelo jornal O Globo, a gravação do vídeo ficou mais de seis horas disponível na internet até ser identificada pelas autoridades do estado da Pensilvânia, que solicitaram às redes sociais que o vídeo fosse apagado.

Com pouco mais de 14 minutos de duração, o vídeo que viralizou nesta quarta-feira (31) foi gravado na terça-feira (30). As imagens mostram Mohn proferindo discurso xenofóbico, defendendo a luta contra a imigração ilegal e pedindo um "levante armado" contra Biden.

Ele teria dito ainda que o pai foi funcionário do governo federal por mais de 20 anos, o chamando de traidor e disse que, após a morte, seu pai "jazia no inferno". Nesse momento ele mostrou a cabeça decapitada em uma sacola transparente.

O assassino morava na mesma casa que os pais. O corpo da vítima foi encontrado em um dos quartos do segundo andar da casa. Mohn foi preso dirigindo o carro do pai tentando deixar o estado.

 

Ø  China diz que Trump poderá abandonar Taiwan se vencer eleições nos EUA

 

A administração Biden escolheu defender Taiwan ao longo de sua gestão, no entanto, em relação ao republicano, a posição norte-americana não está muito clara.

Em meio ao despontar do ex-presidente Donald Trump como possível candidato às eleições norte-americanas deste ano, a China disse que uma eventual vitória do republicano poderia levar os Estados Unidos a abandonarem Taiwan.

"Os EUA sempre perseguirão a América primeiro, e Taiwan pode passar de uma peça de xadrez a uma peça descartada a qualquer momento", disse Chen Binhua, porta-voz do escritório em Pequim que cuida de assuntos relacionados à ilha nesta quarta-feira (31) segundo a agência Bloomberg.

De acordo com a mídia, Chen estava respondendo a uma pergunta sobre uma entrevista que Trump deu à Fox News em julho, na qual evitou responder diretamente se, como presidente, defenderia Taiwan se a China atacasse.

"Se eu responder a essa pergunta, ficarei em uma posição de negociação muito ruim. Dito isso, Taiwan ficou com todos os nossos negócios de chips. Costumávamos fabricar nossos próprios chips. Agora eles são fabricados em Taiwan. Devíamos tê-los impedido. Devíamos tê-los tributado. Deveríamos tê-los taxado", afirmou o republicano na época.

Donald Trump para Maria Bartiromo: "Se a China tomar Taiwan, eles potencialmente desligarão o mundo".

Tradicionalmente, Washington adotou uma política de ambiguidade estratégica, reconhecendo as reivindicações históricas da China à soberania sobre Taiwan, mas mantendo relações não oficiais com Taipé e prometendo assistência defensiva.

Essa política ficou clara durante a administração Biden. O atual presidente disse quatro vezes que defenderia Taiwan em uma eventual invasão chinesa, ao mesmo tempo que afirma respeitar o princípio da política de Uma Só China. Com Trump, o posicionamento sobre a Ilha não fica muito claro.

"Durante a maior parte da administração Trump, um dos segredos mais mal guardados em Washington foi que Trump não se importava com Taiwan. Houve alguns rumores de que, de fato, ele até disse isso durante reuniões com autoridades chinesas", disse Evan Medeiros, ex-diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para a Ásia no governo do presidente Barack Obama ao jornal Nikkei Asia.

EUA e China travaram uma guerra comercial durante o mandato do republicano (2017/2021), quando os laços entre as nações se desgastaram devido a uma série de questões, incluindo as origens do coronavírus, a espionagem, a tecnologia e os direitos humanos.

Pequim vê Taiwan como uma província renegada que pertence por direito à China no âmbito da política de Uma Só China, enquanto a ilha autogovernada não declarou formalmente a independência, mas afirma já o ser e mantém laços próximos com os EUA.

 

Ø  'Calúnia!': presidente do México critica os EUA por reportagem que o ligou ao narcotráfico

 

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, criticou os Estados Unidos nesta quarta-feira (31) em resposta a uma reportagem que o vincula ao narcotráfico.

O jornalista norte-americano Tim Golden, duas vezes ganhador do prêmio Pulitzer, publicou uma investigação na terça-feira no veículo ProPublica, alegando que o Cartel de Sinaloa contribuiu com US$ 2 milhões (R$ 4,3 milhões na cotação média de 2006; R$ 9,9 milhões na cotação atual) na primeira das três campanhas presidenciais de López Obrador, eleito em 2018.

Líder supremo aiatolá Ali Khamenei, ao centro, analisa grupo de cadetes das Forças

O presidente mexicano, durante sua coletiva de imprensa matinal habitual, não culpou o jornalista, os jornalistas ou os meios de comunicação, mas sim o governo dos Estados Unidos por permitir "práticas imorais" e contrárias à ética política.

Ele destacou que as agências do governo americano, especialmente o Departamento de Estado, são o verdadeiro problema, desafiando a Administração de Repressão às Drogas (DEA, na sigla em inglês) a elucidar a veracidade das alegações.

López Obrador enfatizou que a acusação de financiamento ilegal é "completamente falsa" e uma "calúnia", destacando a ausência de qualquer prova substancial. Apesar de suas críticas frequentes à atuação das agências do governo americano, o presidente mantém boas relações com seu colega Joe Biden.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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