terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

'Última resistência ou retorno político?': como a imprensa internacional repercutiu ato de Bolsonaro

imprensa internacional repercutiu no seu noticiário o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo no domingo (25/2).

"Última resistência ou retorno político?", perguntou o jornal francês Le Monde em uma reportagem escrita por um correspondente no Brasil.

"Encurralado por investigações judiciais e gravemente ameaçado de prisão, Jair Bolsonaro assumiu a liderança, no domingo, 25 de fevereiro, em uma grande manifestação de apoio a si mesmo."

O jornal disse que havia um grande número de manifestantes no ato, mas destacou o comedimento de muitos dos presentes.

"A multidão estava lá, é claro. Mas estamos longe do entusiasmo das mobilizações anteriores. Sob um lindo sol, os rostos permaneceram fechados, e as palavras eram controladas. O medo de serem presos por convocarem um golpe é real entre esses bolsonaristas que agora seguram seus ataques contra os odiados juízes do Supremo Tribunal Federal."

O correspondente do Le Monde também relatou que as bandeiras de Israel na multidão eram "quase tão numerosas quanto as do Brasil".

"No final deste dia, Bolsonaro terá demonstrado a sua capacidade de mobilização e a resiliência da sua popularidade junto da sua base. Politicamente, ele terá, portanto, ganho alguns pontos. Mas no plano jurídico, o assunto está longe de ser ouvido", escreveu o jornal, enumerando alguns dos processos aos quais Bolsonaro responde no momento.

"Já condenado a oito anos de inelegibilidade pelos seus ataques ao sistema de votação eletrônica do Brasil, poderá o 'capitão' ver a sua cavalgada política terminar atrás das grades? Na extrema direita, alguns já parecem estar preparando a sucessão e imaginando um bolsonarismo sem Bolsonaro. O candidato mais sério continua sendo o ex-ministro e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Presente no Paulista, ele prestou homenagem ao 'amigo' e ex-presidente", diz a reportagem.

Outro jornal francês que noticiou a manifestação na avenida Paulista foi o Le Figaro.

"Apesar destes escândalos, Jair Bolsonaro ainda é considerado o líder da oposição e continua adorado pelos seus apoiantes. Mesmo tendo sido declarado inelegível até 2030 no ano passado por desinformação, o ex-presidente pretende usar sua influência para eleger aliados durante as eleições municipais de outubro, em um país ainda muito polarizado."

·        Foto de multidão

O espanhol El País disse que "o bolsonarismo demonstrou orgulho, força e apoio ao líder nas ruas após um ano de discrição".

"O ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, 68 anos, conseguiu este domingo em São Paulo o grande evento que procurava em resposta à acusação de que planejou um golpe de Estado juntamente com vários generais que eram ministros", escreveu o jornal.

"Cerca de 185 mil fiéis, segundo uma contagem de acadêmicos, apoiaram-no juntamente com quatro governadores aliados e dezenas de parlamentares. Três dias depois de permanecer em silêncio ao ser questionado pela polícia sobre a suposta trama golpista, Bolsonaro queria uma foto de multidão para rebater o que considera uma perseguição judicial."

O jornal destacou a fala de Bolsonaro de que não havia "tanques nas ruas" e que, portanto, não houve tentativa de golpe. Segundo o jornal, Bolsonaro "ignorou que no século 21 os golpes são perpetrados distorcendo as leis".

O El País disse que o ex-presidente está "cada vez mais encurralado pela justiça".

"Os oito casos investigados pelo Supremo têm um pouco de tudo: divulgação de notícias falsas, posse de joias valiosas que eram presentes de Estado e má gestão da covid-19."

Na imprensa britânica, o ato de Bolsonaro foi noticiado por Daily Mail, Independent e Guardian.

O Daily Mail enumerou as acusações contra Bolsonaro, mas concluiu: "Mesmo assim, Bolsonaro ainda é considerado o líder da oposição e é adorado por seus fervorosos apoiadores".

"O protesto de domingo à tarde é visto como um teste decisivo ao seu apoio antes das eleições municipais de outubro, nas quais se espera que a sua influência desempenhe um papel fundamental na nação ainda polarizada."

O Independent destacou que Bolsonaro ainda tem muitos apoiadores no Brasil, apesar das investigações policiais contra ele.

"O evento mostrou que a mensagem de Bolsonaro ainda ressoa entre muitos brasileiros, alguns dos quais evidentemente são a favor de qualquer tentativa de golpe que o coloque no poder. Um homem desfilou com chapéu militar e gritou: 'Brasil, nação, salve nossas forças. As Forças Armadas não dormiram!'", escreveu o Independent.

O Guardian destacou na sua manchete: "Dezenas de milhares de pessoas participam de manifestação em apoio ao ex-presidente do Brasil".

O ato bolsonarista foi destaque também no Times of Israel, jornal que fez críticas a Lula na semana passada pela fala em que o presidente traça paralelos entre a ação de Israel em Gaza e o Holocausto nazista.

O título do jornal diz: "Em refutação a Lula, o ex-líder do Brasil Bolsonaro agita a bandeira de Israel em comício em massa".

"O ex-presidente foi fortemente pró-Israel durante o seu mandato. Em uma das suas primeiras medidas depois de vencer as eleições presidenciais de 2018, Bolsonaro prometeu seguir o exemplo do seu modelo político, o então presidente dos EUA, Donald Trump, e transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém."

Veículos alemães — como o Sueddeutsche Zeitung e o Spiegel — também noticiaram o ato na avenida Paulista.

 

Ø  ‘Se te prenderem, será para destruição deles’, diz Malafaia sobre Bolsonaro, em ataque ao STF

 

Coube ao pastor Silas Malafaia, organizador do ato convocado por Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, fazer os ataques mais diretos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao afirmar que se prenderem Jair Bolsonaro será “para a destruição deles”.

Em seu discurso na tarde deste domingo, 25, antes da esperada fala de Bolsonaro, Malafaia apontou diversos questionamentos à atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos contra o presidente que, entre outras coisas, investiga a tentativa de um golpe de Estado. Ele também fez ataques a Luís Roberto Barroso, presidente da Corte. E afirmou que não teme ser preso, mas que vergonha seria “fugir” no momento do que chamou de “a maior perseguição política da história”.

“Toda essa engenharia do mal, toda essa maldade contra Bolsonaro, covarde, ao arrepio da lei e da Constituição… Presidente, você com Deus é maioria sempre. E eu vou dizer uma palavra que eu disse para você algumas vezes no telefone. Eu não desejo isso pra você, mas vou deixar aqui uma palavra: ‘Se eles te prenderem você vai sair de lá exaltado. Você vai sair de lá exaltado. Se eles te prenderem, não vai ser pra sua destruição, mas para a destruição deles. Você vai sair de lá exaltado”, enfatizou.

Sobre Alexandre de Moraes, Silas Malafaia afirmou que ele “tem sangue nas mãos” em razão da morte de um dos presos pelos ataques golpistas de 8 de Janeiro na Penitenciária da Papuda, completando que “ele vai dar conta a Deus”. Ele ainda criticou falas dos ministros do Supremo.

 

Ø  ‘Quem pede anistia já sabe que será condenado’, diz Paulo Teixeira sobre fala de Bolsonaro

 

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse neste domingo (25) que “quem pede anistia é que já sabe que será condenado”. A postagem do ministro no X (antigo Twitter) refere-se a declarações feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em manifestação mais cedo na Avenida Paulista em São Paulo. Durante o ato, Bolsonaro pediu aos deputados e senadores um projeto para anistiar os presos dos atos de 8 de janeiro de 2023, e disse que as penas que estão sendo aplicadas fogem da razoabilidade. “Anistia para os pobres coitados que estão presos em Brasília”, disse.

Teixeira também afirmou, no X, que a manifestação deste domingo estava com “cara de velório”. “Abençoado por um pastor, com muitos candidatos a herdeiros do patrimônio do ‘de cujus’.”

Além de Bolsonaro, discursaram no ato o pastor Silas Malafaia, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o senador Magno Malta (PL-ES) e os deputados Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG).

 

Fonte: BBC News Brasil/IstoÉ

 

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