terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Ex-FDI: operações israelenses em Gaza estão um 'caos total' graças à privatização da logística

Tel Aviv iniciou uma invasão em grande escala da Faixa de Gaza em 27 de outubro, três semanas depois de o Hamas ter lançado os ataques surpresa da Operação Al-Aqsa Flood no sul de Israel.

As operações militares israelenses em Gaza estão em um estado de "caos total" graças à terceirização de seus serviços de logística e reparos para empreiteiros privados, alertou o major-general reformado das Forças de Defesa de Israel (FDI) Itzhak Brik.

"Há uma bagunça total sobre a qual a mídia não está comentando", disse Brik, um veterano da Guerra do Yom Kippur de 1973 e da Guerra do Líbano de 1982, conhecido por suas críticas francas à organização e cultura das FDI modernas, ao jornal de língua hebraica de Israel Maariv no sábado (24).

"Por trás dos nossos excelentes soldados, existe um caos total. Equipamentos, logística, alimentos, tudo o que precisa ser feito não está funcionando bem, porque o Exército confiou tudo a empresas privadas", queixou-se o oficial superior reformado.

Oferecendo um exemplo, Brik mencionou que, no sistema atual, não há capacidades no Exército que possam reparar imediatamente tanques danificados ou quebrados e enviá-los de volta para a frente de batalha, com "dezenas" permanecendo "presos até serem rebocados".

"É claro que a mídia não fala sobre isso, mas essas coisas não funcionam", disse o ex-general, se referindo às rigorosas leis de censura de Israel durante a guerra, que permitem ao Estado restringir a cobertura de tópicos sensíveis e pouco elogiosos relacionados ao conflito em Gaza.

Brik disse que se encontrou com Benjamin Netanyahu seis vezes desde o início da crise em outubro passado para discutir os problemas das FDI. "Eu disse a ele que o Exército não está pronto para ir imediatamente para a guerra, porque há soldados que não treinam há cinco anos e há falta de equipamento", revelou o ex-general.

Segundo o antigo comandante, foi a sua intervenção pessoal que levou as FDI a adiarem a invasão de Gaza por duas semanas.

"Hoje, [Benjamin Netanyahu] tem pessoas muito radicais em sua coligação que o ameaçam e dizem que se ele não seguir sua direção, vão desmantelar o governo, e o governo é mais importante para ele do que o país. Este é o nosso principal problema", lamentou Brik.

Desde que se aposentou do cargo de comissário de Reclamações dos Soldados do Ministério da Defesa, há seis anos, Brik se tornou um crítico ferrenho do fraco estado de prontidão das FDI, sugerindo em 2018 que "se uma guerra estourar hoje, a Guerra do Yom Kippur parecerá uma viagem de aniversário". Em 2020, ele expressou preocupação com a "perda do espírito de luta" das FDI, dizendo que os soldados estavam mal treinados e careciam de motivação e prontidão para o autossacrifício. No início de 2023, Brik alertou que o Exército não estava preparado para a ameaça de ataques com mísseis e drones às suas bases e sofria graves problemas logísticos graças à privatização dos serviços militares. A falta de transparência no recrutamento de oficiais superiores, uma estrutura organizacional confusa do Exército e a falta de responsabilização entre os comandantes foram outros problemas importantes, disse ele.

A guerra em Gaza se tornou o conflito mais mortal envolvendo Israel desde a Guerra do Líbano em 1982, com as FDI confirmando a morte de cerca de 578 soldados desde 7 de outubro, 239 deles desde o início da ofensiva israelense no enclave palestino sitiado. Israel enfrentou pesadas baixas em tanques e outros veículos blindados durante seu ataque, com uma matéria referenciada por uma análise de imagens de satélite sugerindo que cerca de 88 veículos blindados entre 383 enviados para o noroeste de Gaza foram danificados ou estão desaparecidos, para uma taxa total de vítimas possível de quase 25%, em meados de novembro de 2023. As brigadas al-Qassam do Hamas afirmam ter eliminado "milhares" de soldados israelenses e destruído mais de 1.100 veículos militares, incluindo quase 1.000 tanques Merkava, ou cerca de 45% das formidáveis forças blindadas de Israel.

Um número desproporcionalmente grande de civis foi morto no conflito, sendo cerca de 814 israelenses e mais de 29.600 residentes palestinos de Gaza perecendo na crise até o momento, em meio aos ataques aéreos punitivos e operações terrestres de Israel, com mais de 7.000 desaparecidos e presumivelmente mortos e mais de 85% da população de Gaza deslocada internamente.

·        'Lobos sedentos de sangue': líder supremo do Irã critica o Ocidente pela guerra em Gaza

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chamou as lideranças ocidentais de "lobos sedentos de sangue" ao criticar a atitude desses líderes em relação à guerra de Israel na Faixa de Gaza.

Khamenei disse que a civilização ocidental, "que não para de falar hipocritamente sobre direitos humanos, opõe-se veementemente à execução de um criminoso [no Irã], mas quando o regime sionista aniquila quase 30 mil pessoas em três ou quatro meses, eles fecham os olhos como se nada tivesse acontecido".

"Alguns ocidentais dizem abertamente, por exemplo, porque é que Israel comete massacres. Dizem algo verbalmente, mas na prática o apoiam, dão-lhes armas e dão-lhes os bens que necessitam", disse o líder supremo iraniano, num encontro realizado neste sábado (24) com os organizadores do Congresso Nacional de Comemoração dos 24 mil Mártires do Khuzistão.

Segundo Khamenei, por trás destas aparências "preparadas" dos políticos ocidentais, o que existem são "cães loucos" e "lobos impiedosos".

"Essa é a democracia liberal do Ocidente. Eles não são liberais nem democratas. Eles mentem, fazem o que querem com hipocrisia", afirmou Khamenei.

Em seu discurso, o líder disse que jovens dos EUA e da Europa procuram no Alcorão a causa da resistência do povo de Gaza diante de problemas terríveis.

"Esta resistência — que deixou o inimigo desesperado na sua tentativa de eliminá-la — surge da força do Islã. Chegou a um ponto em que nos Estados Unidos e na Europa os jovens vão ao Alcorão, para ver o que é que está nele. O Alcorão torna as pessoas que nele acreditam capazes de resistir", disse Khamenei, segundo a reportagem da IRNA.

O conflito entre Israel e Hamas começou no último dia 7 de outubro, quando militantes do grupo palestino atacaram Israel a partir da Faixa de Gaza, causando a morte de 1,1 mil pessoas e deixando mais de 5,5 mil feridos. Em resposta, o Exército israelense iniciou uma incursão em Gaza, onde já causou a morte de quase 30 mil palestinos, além de 60 mil feridos e outros milhares de desabrigados.

 

Ø  Com Biden, o 'presidente mais incompetente', EUA arriscam a perder 'a 3ª Guerra Mundial', diz Trump

 

O ex-presidente norte-americano atacou o legado do atual mandatário, que acusou de estar destruindo o país de várias formas.

Os EUA perderão a Terceira Guerra Mundial antes mesmo de ela começar se "o presidente mais incompetente" da história do país norte-americano, Joe Biden, continuar no poder, afirmou no sábado (24) Donald Trump.

"Em breve estaremos perdendo a Terceira Guerra Mundial. Nem mesmo começaremos a Terceira Guerra Mundial e já estaremos perdendo a Terceira Guerra Mundial. Com armas como ninguém jamais viu antes", disse o ex-presidente dos EUA (2017-2021) durante um discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), em Washington, EUA.

"É isso que está em jogo nesta eleição. Nosso país está sendo destruído, e a única coisa que está entre vocês e essa destruição sou eu, é verdade", continuou ele.

Ele lembrou que, há quatro anos alertou que, se Biden se tornasse presidente, "nossas fronteiras seriam abolidas, nossa classe média seria dizimada e nossas comunidades seriam assoladas por derramamento de sangue, caos e crimes violentos".

"Estávamos certos sobre tudo", disse ele, acrescentando que, no caso de mais quatro anos com Biden à frente dos EUA, "o pior ainda está por vir".

 

Ø  Iraque atinge consenso interno sobre retirada de forças dos EUA do país, diz conselheiro iraquiano

 

Bagdá iniciou conversações formais com Washington em janeiro sobre uma "retirada faseada" das forças dos EUA do Iraque em meio a repetidas violações da soberania do país, inclusive após os ataques dos EUA a milícias antiterroristas aliadas do governo que lutam contra o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em diversos países).

O conselheiro de segurança nacional do Iraque, Qasim al-Araji, anunciou que foi atingido um consenso entre todas as principais facções políticas do Iraque sobre o fim da presença da coligação militar liderada pelos EUA no país do Oriente Médio.

"Há um consenso sobre a retirada das forças estrangeiras. O governo iraquiano vai assinar acordos bilaterais de segurança com os países que fazem parte da coligação contra o grupo terrorista Daesh", disse al-Araji à margem da Conferência de Diálogo Internacional de Bagdá, no sábado (24).

"As nossas forças de segurança se desenvolveram muito e ganharam grande experiência em lidar com os desafios do terrorismo", assegurou al-Araji, dando a entender que a missão dos EUA de "treinar, aconselhar e ajudar" no Iraque, que substituiu a sua missão de combate no final de 2021, é não é mais necessária.

O Conselho de Segurança Nacional do Iraque, liderado por al-Araji, é um órgão poderoso encarregado de coordenar a segurança nacional, a inteligência e a estratégia de política externa do país, e reporta diretamente ao primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani.

As bases dos EUA no Iraque e os seus postos avançados ilegais na Síria foram alvo de intensos ataques de foguetes, mísseis e drones por milícias a partir de meados de outubro de 2023, em resposta ao apoio persistente de Washington a Israel após o início da guerra em Gaza.

Os EUA responderam aos ataques alvejando milícias estreitamente afiliadas às forças de segurança do Iraque, como no dia 4 de janeiro, matando Mushtaq Talib al-Saidi, o líder da milícia Harakat-al-Nujaba, afiliada às Forças de Mobilização Popular, levando as autoridades iraquianas a exigem negociações sobre o fim da presença dos EUA no país. O Ministério das Relações Exteriores do Iraque classificou a morte de al-Saidi como um "ataque não provocado a um órgão de segurança iraquiano que opera de acordo com os poderes que lhe foram concedidos pelo comandante-em-chefe das Forças Armadas" e chamou a agressão de "escalada perigosa" à qual Bagdá se reserva o direito de responder.

Washington irritou ainda mais os seus homólogos iraquianos ao mentir aos meios de comunicação social sobre ter avisado Bagdá antes dos seus ataques, com o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, admitindo no início de fevereiro que os EUA só de fato "informaram os iraquianos imediatamente após a ocorrência dos ataques".

unilateralmente dentro do Iraque sem informar os seus "parceiros" iraquianos. Em janeiro de 2020, os EUA assassinaram o vice-comandante das Forças de Mobilização Popular do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis, junto com o comandante da Força Quads do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica Iraniana, Qassem Soleimani, em um ataque não provocado de drones no Aeroporto Internacional de Bagdá. Esse incidente levou o parlamento do Iraque a emitir uma resolução exigindo que todas as forças dos EUA fossem expulsas imediatamente do país, mas Washington resistiu, reclassificando a sua presença no país como uma missão de "treinar, aconselhar e ajudar".

Na vizinha Síria, que também enfrentou ataques dos EUA contra combatentes antiterroristas, o Ministério das Relações Exteriores disse que "não ficou nem um pouco surpreso" ao ver as forças norte-americanas atacarem alvos no leste do país, "onde nossas forças estão lutando contra os remanescentes da organização terrorista Daesh, enquanto os Estados Unidos trabalham para restabelecer a atividade terrorista do Daesh."

As forças dos EUA mantêm o controle sobre a parte nordeste da Síria, ocupando as áreas mais ricas em petróleo e alimentos, roubando recursos que o país devastado pela guerra durante uma década — guerra alimentada pela CIA — necessita para completar sua reconstrução.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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