terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

É verdade que o celibato dos padres tem a ver com não deixar herdeiros para que a riqueza da igreja permaneça com ela?

Para um católico médio essa afirmação é tão esdrúxula que beira a idiotice total. E te digo o porquê. Essa frase é claramente formulada e pensada por algum ateu ou alguém de fora da Igreja pois é exatamente o oposto da nossa fé.

O motivo principal do celibato sacerdotal:

1- Imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo

O Papa São Paulo VI, escreveu uma carta encíclica chamada Sacerdotalis Caelibatus a qual vou reproduzir aqui pequenos trechos para dar as razões do celibato sacerdotal.

* Sumo Sacerdote

9. O sacerdócio cristão, que é novo, só pode ser compreendido à luz da novidade de Cristo, Pontífice máximo e Sacerdote eterno, que instituiu o sacerdócio ministerial como participação do seu sacerdócio único.[6] Portanto o ministro de Cristo e administrador dos mistérios de Deus (1 Cor 4, 1), encontra também nele o modelo direto e o ideal supremo (cf. 1 Cor 11, 1).

* Celibato aponta o reino dos céus

22. Jesus que escolheu os primeiros ministros da salvação e quis que eles fossem participantes dos mistérios do reino dos céus (Mt 13, 11; cf. Mc 4,11; Lc 8, 10), cooperadores de Deus a título especialíssimo e seus embaixadores (2 Cor 5,20), Jesus que lhes chamou amigos e irmãos (cf. Jo 15, 15; 20, 17), e se consagrou por eles para que também eles fossem consagrados na verdade (cf. Jo 17, 19), prometeu superabundante recompensa a todos quantos abandonem casa, família, mulher e filhos pelo reino de Deus (cf. Lc 18, 29-30). E até recomendou, com palavras densas de mistério e de promessas, uma consagração mais perfeita ainda, ao reino dos céus, com a virgindade, em conseqüência dum dom especial (cf. Mt 19, 11-12). A correspondência a este carisma divino tem como motivo o reino dos céus (ibid. v 12); e, do mesmo modo, é neste reino (cf. Lc 18,29-30), no evangelho (Mc 10, 29-30) e no nome de Cristo (Mt 19, 29), que se encontram motivados os convites de Jesus às difíceis renúncias apostólicas no sentido duma participação mais íntima na sua própria sorte.

* Plenitude de amor

24. A correspondência à vocação divina é resposta de amor ao amor que Jesus Cristo nos mostrou de maneira sublime (cf. Jo 3, 16; 15, 13); é resposta coberta de mistério no amor particular pelas almas a quem Ele fez sentir os apelos mais instantes (cf. Mc 10, 21). A graça multiplica, com força divina, as exigências do amor; este, quando autêntico, é total, exclusivo, estável e perene, e estímulo irresistível que leva a todos os heroísmos. Por isso, a escolha do celibato consagrado foi sempre considerada pela Igreja "como sinal e estímulo da caridade": sinal de amor sem reservas, estímulo de caridade que a todos abraça. Numa vida de entrega tão inteira, feita pelos motivos que expusemos, quem poderá reconhecer sinais de pobreza espiritual ou de egoísmo, sendo ela e devendo ser, pelo contrário, exemplo raro e excepcionalmente expressivo duma vida impulsionada e fortalecida pelo amor, no qual o homem exprime a grandeza que é exclusivamente sua? Quem poderá duvidar da plenitude moral e espiritual duma vida, assim consagrada não a qualquer ideal, por mais nobre que seja, mas a Cristo e à sua obra em favor duma humanidade nova, em todos os lugares e em todos os tempos?

Em resumo, o sacerdote é aquele que mais perfeitamente deve imitar a Jesus Cristo, pois é um sinal de Deus na terra. O bom Deus poderia ter escolhido diversas formas de derramar suas graças e bençãos sobre nós na terra porém Ele quis que fosse por meio de seus sacerdotes. Quando um padre celebra um sacramento ele está ali agindo in persona Christi , em outras palavras, é o próprio Jesus Cristo ali agindo. Pelas mãos e palavras de um sacerdote no sacramento da confissão, por exemplo, uma pessoa que está condenada ao inferno, com o perdão sacramental, volta a Aliança e para o céu novamente. A realidade sacerdotal sempre esteve ligado ao celibato, desde os primórdios da Igreja há a tradição do celibato, ela foi somente fixada para a Igreja universal na idade média, mas a prática já era vivida em toda Igreja desde do primeiro século.

O celibato é o sinal da vida futura, pois o matrimônio é para essa vida, no céu estaremos todos "casados" com Deus. Talvez por isso incomode tanta gente, pois muitos vivem uma vida imoral e não consegue suportar sequer saber que alguém vive todo inteiro para Deus, de corpo e alma. Pensar que a Igreja se move por dinheiro ou por motivos terrenos é buscar tornar pequeno aquilo que é grande, pois em uma mente que só pensa nas coisas mundanas é inconcebível que exista outras pessoas, e uma instituição divina que se move pelas coisas eternas.

Ps: Quando eu falo aqui criticando a pergunta, eu sei que não foi você que inventou, mas para quem pensa assim.

 

       O celibato católico está mesmo baseado na Bíblia?

 

O Novo Testamento, em algumas passagens na boca do próprio Jesus Cristo e também de Paulo, parece sugerir que servir completamente a Deus e dedicar-se por completo à evangelização é uma condição que, se não exige, ao menos recomenda renunciar ao casamento. Um exemplo claro disso (já aviso que é óbvio que o uso das palavras "eunuco" e "castrar" são metafóricos nesta passagem, no sentido de pessoa que não vai se casar nem ter filhos):

9 Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.

10 Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.

11 Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.

12 Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber isso, que o receba.

No entanto, isso nunca foi colocado como uma obrigação, mas apenas uma expectativa ou um ideal, e de fato era assim que era entendido na Igreja Católica até o século XII, quando o celibato foi tornado obrigatório em razão de diversos problemas, em especial o notório e infelizmente já esperado problema de que, numa época em que a Igreja tinha muitíssimo poder temporal, e não só espiritual, começavam a se formar verdadeiras "dinastias familiares" locais no clero, com os cargos de sacerdote passando basicamente de geração em geração, quase como que "feudos espirituais", o que não podemos deixar de observar que, infelizmente, ocorreu e ocorre muito na porção protestante da cristandade, onde algumas igrejas criaram mecanismos, sem ser o celibato, para tentar coibir essa tendência perniciosa.

 

Fonte: Quora

 

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