quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Demência: estudo mostra sinal que pode prever risco até dez anos antes

Um novo estudo descobriu um sinal que pode indicar risco de demência de cinco a dez anos antes do surgimento dos sintomas – que incluem perda de memória, problemas na fala e na escrita e dificuldade de compreender informações. Segundo os pesquisadores, o estreitamento de uma faixa de tecido cerebral chamada substância cinzenta cortical fica mais fina em pessoas que desenvolvem declínio cognitivo.

Os resultados foram publicados no Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association. No estudo, os pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, analisaram mais de mil participantes de um estudo chamado Framingham Heart Study e mais 500 voluntários da Califórnia. No total, os participantes tinham, em média, 70 e 74 anos. Todos foram submetidos a um exame de ressonância magnética no cérebro.

O estudo comparou pessoas com e sem demência no momento da ressonância magnética. Também foram analisados os exames feitos 10 anos antes para comparar os resultados.

“Voltamos e examinamos as ressonâncias magnéticas cerebrais feitas dez anos antes e depois as misturamos para ver se conseguíamos discernir um padrão que distinguisse de forma confiável aqueles que, mais tarde, desenvolveram demência daqueles que não desenvolveram”, disse a Sudha Seshadri, co-autora do estudo e investigadora sênior do Framingham Heart Study, em comunicado.

Os resultados mostraram que faixas mais finas da substância cinzenta cortical do cérebro estavam relacionadas ao declínio cognitivo e ao desenvolvimento de demência, enquanto faixas mais grossas da mesma região tiveram resultados melhores nos exames de ressonância magnética.

“Embora sejam necessários mais estudos para validar este biomarcador, começamos bem”, disse Claudia Satizabal, principal autora do estudo. “A relação entre desbaste e risco de demência comportou-se da mesma forma em diferentes raças e grupos étnicos”, completa.

·        Descoberta pode ajudar no diagnóstico precoce e em novos estudos

Na visão dos autores do estudo, as descobertas podem ajudar a identificar precocemente pessoas com alto risco de desenvolver demência.

“Ao detectar a doença precocemente, temos uma janela de tempo melhor para intervenções terapêuticas e modificações no estilo de vida, e para fazer um melhor acompanhamento da saúde do cérebro para diminuir a progressão dos indivíduos para a demência”, comenta Satizabal.

Além disso, os resultados podem ajudar a minimizar custos em ensaios clínicos futuros, já que pode ser possível selecionar participantes que ainda não desenvolveram demência – mas que apresentam o risco através do biomarcador de afinamento da substância cinzenta – para esses estudos. Por exemplo, eles podem participar de estudos para medicamentos experimentais da demência.

O próximo passo, segundo os autores do estudo, é identificar quais fatores de risco podem estar associados ao afinamento da substância cinzenta cortical. Para Satizabal, esses fatores podem incluir dieta, exposição a poluentes ambientais, risco cardiovascular e genética.

“Observamos o APOE4, que é o principal fator genético relacionado à demência, e não estava de forma alguma relacionado à espessura da massa cinzenta”, disse Satizabal. “Achamos que isso é bom, porque se a espessura não for determinada geneticamente, então existem fatores modificáveis, como dieta e exercícios, que podem influenciá-la”, finaliza.

 

Ø  Alzheimer: estudo mostra o que pode causar a morte de neurônios

 

O Mal de Alzheimer é uma das formas de demência mais comuns, mas, mesmo com grande ocorrência da doença, a ciência ainda não tem sua causa totalmente esclarecida. Um dos pontos conhecidos é que a perda de neurônios pode ser um dos fatores principais para o desenvolvimento da doença.

Em um estudo publicado na revista Nature Communications, pesquisadores da Northwestern University descobriram uma possível nova causa para a degeneração de neurônios na doença de Alzheimer. Segundo os autores, um mecanismo presente no RNA (ácido ribonucleico) pode estar envolvido na morte de diversas células, incluindo os neurônios.

Para chegar a essa hipótese, os pesquisadores analisaram cérebros de três diferentes fontes: modelos de camundongos com doença de Alzheimer, neurônios derivados de células-tronco de pessoas com e sem a doença e adultos com mais de 80 anos, mas com capacidade de memória equivalente a indivíduos entre 50 e 60 anos.

Segundo Marcus Peter, professor na Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University e autor principal do estudo, cada pessoa tem diferentes classes de RNA em suas células: o RNA mensageiro (RNAm) longo, que codifica proteínas importantes para o funcionamento das células e que possui milhares de nucleotídeos, e o RNA curto, que possui entre 19 e 22 nucleotídeos. Essa segunda classe de RNA atua suprimindo a atividade do RNAm, o que resulta no bloqueio da síntese de proteínas.

Os pesquisadores descobriram que uma espécie de “código” embutido em RNA curto com apenas seis nucleotídeos poderiam matar células importantes.

“Chamamos a sequência curta de ‘código da morte’. As células morrem porque os RNAs que carregam o código suprimem seletivamente os RNAm que codificam proteínas que são críticas para a sobrevivência de todas as células”, explicou Marcus Peter ao Medical News Today.

·        Como a descoberta pode levar a uma possível causa de Alzheimer

Ainda de acordo com o autor do estudo, as células cerebrais são protegidas pelos RNA mensageiros, principalmente quando eles estão disponíveis em grande quantidade. No entanto, com o avanço da idade, a quantidade de RNA “protetores” diminui, enquanto a de RNA “tóxicos” aumenta.

Isso significa que, quanto maior a quantidade de RNA “tóxico” no cérebro, maior é o risco para mais mortes celulares e, consequentemente, maior a chance de desenvolvimento de Alzheimer.

Para os autores do estudo, essa descoberta é importante para abrir caminho para novas pesquisas em torno do desenvolvimento de medicamentos para tratar o Alzheimer e outras doenças degenerativas.

Para Marcus Peter, as próximas etapas da pesquisa incluem mais testes em animais e neurônios derivados de pacientes com a doença, além de testar medicamentos que possam aumentar o nível de RNA protetores ou reduzir a atividade dos RNA “tóxicos”.

 

Ø  Alzheimer: Quais as principais dúvidas dos brasileiros sobre a doença?

 

O Brasil é o quinto país no mundo que mais pesquisa sobre a doença de Alzheimer no Google, segundo dados levantados pela CNN através do Google Trends. Porto Rico, Espanha, Estados Unidos e Chile ficam à frente do país, nesta ordem.

De acordo com dados levantados na plataforma desde 2004, os anos de 2019 e 2022 compõem os de maior número de buscas no mundo sobre a doença. O valor de 100 presente no gráfico de pesquisa representa maior pico de popularidade de um termo. Um valor de 50 significa metade da popularidade e a pontuação pontuação de 0 significa que não havia dados suficientes sobre o termo.

Já no Brasil, os anos de pico das pesquisas sobre Alzheimer correspondem a 2004 e 2005, seguidos por 2022, que registrou pontuação de 89 em março.

·        O que os brasileiros mais buscam sobre Alzheimer no Google:

O Google Trends também elenca as principais dúvidas dos brasileiros sobre a doença de Alzheimer. São elas:

  • O que é o Alzheimer?
  • Quais os sinais de Alzheimer precoce?
  • Quais são as 7 fases do Alzheimer?
  • Quais são as formas de tratamento do Alzheimer?
  • Alzheimer é genético?
  • Qual a diferença de demência e Alzheimer
  • Existem jogos para idosos que podem ajudar com o Alzheimer?

A CNN ouviu especialistas para respondê-las.

·        O que é o Alzheimer?

De acordo com Fábio Porto, neurologista e diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer, Regional São Paulo (ABRAz-SP), a doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa, que se caracteriza principalmente pela perda progressiva da memória recente.

“A pessoa afetada pode ter dificuldade em aprender novas informações, embora possa lembrar bem as informações do passado. Isso ocorre porque a doença afeta intensamente os hipocampos, a região do cérebro responsável pela memória recente”, explica ele.

·        Quais os sinais de Alzheimer precoce?

De acordo com Diogo Haddad, neurologista do Hospital Nove de Julho e pesquisador da Doença de Alzheimer, os sintomas iniciais e principais são sempre relacionados à perda de memória. Problemas com linguagem, atenção e execução das tarefas diárias são pontos de atenção, mas, de acordo com o profissional, todas elas devem estar ligadas à memória.

·        Quais são as formas de tratamento do Alzheimer?

Diogo Haddad destaca a importância de buscar ajuda médica ao menor sinal de comportamento que pode estar relacionado ao Alzheimer.

“Essa fase pré-clínica talvez seja a grande galinha dos ovos de ouro do Alzheimer. Hoje conhecemos essa entidade como comprometimento cognitivo leve (CCL), momento onde conseguimos encontrar um déficit cognitivo dentro de testes neuropsicológicos, porém, onde não existe qualquer perda da funcionalidade. Esse pode ser um grande momento para tratamento da doença”, enfatiza o neurologista.

Além do tratamento médico, o processo familiar e de apoio é muito essencial.

“Tento sempre colocar que a doença de Alzheimer deve vir em conjunto com um tratamento de todos que estão ao redor da doença. Ela carrega como fardo o acometimento das pessoas que estão ao redor da pessoa com a doença, que devem estar preparados para lidar com as alterações, não apenas de memória, mas também de comportamento e de execução de atividades corriqueiras”, afirma Diogo.

·        Quais são as 7 fases do Alzheimer?

Fábio Porto explica que a progressão da doença pode ser dividida em várias fases, que podem variar, mas basicamente seguem a progressão de fase normal, declínio cognitivo subjetivo, comprometimento cognitivo leve até demência.

  • Fase 1: A pessoa tem um marcador da doença no cérebro, mas a cognição está normal e não apresenta sintomas.
  • Fase 2: Ocorre um declínio cognitivo, mas muito leve, às vezes chamado de declínio cognitivo subjetivo. A pessoa percebe que não está igual, mas os testes de memória apresentam resultados normais.
  • Fase 3: Conhecida como comprometimento cognitivo leve, a pessoa tem um declínio cognitivo perceptível, mas não apresenta dificuldade funcional significativa. A pessoa tem um problema de memória, mas consegue viver bem, fazer as coisas cotidianas, mesmo que com pequenas dificuldades.
  • Fase 4: Início da demência leve, com perda funcional para atividades mais complexas, como trabalhar, lidar com finanças e planejar um jantar.
  • Fase 5: Demência moderada, onde a pessoa tem dificuldade para escolher a própria roupa.
  • Fase 6: Demência moderada grave, com dificuldades para se vestir, tomar banho e usar o banheiro. Pode ocorrer incontinência.
  • Fase 7: Fase grave da doença, onde a pessoa não consegue mais falar, andar ou deglutir.

>>>> Alzheimer é genético?

Segundo Fábio, existem sim genes de risco na doença de Alzheimer, mas estes não são garantia de que a doença será de fato desenvolvida.

O profissional explica que, embora a doença de Alzheimer seja genética, é uma genética de risco ou de chance aumentada, também conhecida como “genética não-Mendeliana”. “Isso significa que ter um gene de risco não garante que você desenvolverá a doença, mas aumenta a probabilidade”, explica ele.

·        Qual a diferença entre demência e Alzheimer?

Diogo explica que a Doença de Alzheimer não é diferente da demência, e sim um tipo desse grupo de sintomas. “A demência pode ser um denominador e sintoma para um monte de doenças, como o próprio Alzheimer, é importante não confundir”, diz ele.

Em resumo, enquanto a demência se refere aos sintomas, a doença de Alzheimer é uma das causas deles.

·        Existem jogos para idosos que podem ajudar com o Alzheimer?

Segundo Fábio, jogos podem ser ferramentas eficazes para aumentar o estímulo cognitivo. Podem ser responsáveis por retardar o progresso da doença em pessoas com demência e reduzir o risco em indivíduos saudáveis.

O profissional indica jogos como Caça-Palavras e Sudoku, que envolvem a memória.

“A recomendação é unir a estimulação cognitiva – treinamento de memória, atenção e linguagem – com atividades prazerosas e de lazer. Isso torna a atividade mais agradável, incentivando a pessoa a continuar praticando por mais tempo”, explica ele.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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