terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Relembre 13 fatos que marcaram o mundo em 2023

A coroação de um novo rei no Reino Unido, o fim da emergência global do coronavírus, a ascensão de um líder de extrema-direita na Argentina, uma nova guerra no Oriente Médio, protestos, novas viagens a Lua. Nos últimos 12 meses, o mundo vivenciou momentos que ficarão marcados na história.

No derradeiro dia de 2023, o Correio Braziliense relembra 13 fatos que marcaram o ano; confira:

·        Tensão agravada entre EUA e China

Ainda no começo do ano, em 4 de fevereiro, os Estados Unidos abateram um balão, que sobrevoava o espaço aéreo estadunidense e tinha 60 metros de altura. O objeto abatido rapidamente foi acusado de espionagem e aumentou a tensão do país com a China.

Na época, a China afirmou que o balão tinha finalidade meteorológica e que teria desviado o curso. Mesmo assim, a tensão entre os países se manteve, tendo inclusive o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, adiado uma visita diplomática a Pequim.

·        Roteristas, diretores e atores de Hollywood em greve

Em 2023 Hollywood parou em um movimento que não era visto desde 2008 e que durou 191 dias, a partir da paralização dos roteiristas. O primeiro a engatar no movimento foi o Sindicato dos Roteiristas de Hollywood (WGA, na sigla em inglês), seguidos posteriormente pelo Sindicato dos Atores e Profissionais de mídia de Hollywood (SAG-AFTRA, em inglês), em julho.

Entre as demandas do WGA, estavam propostas de melhores salários em meio a grande concorrência de streamings e a regulamentação de inteligência artificial e ferramentas como o ChatGPT, potencial instrumento que desvalorizaria o trabalho de roteiristas.

Já o SAG-AFTRA entrou em greve após proporem a revisão dos royalties das plataformas de streaming, para as quais as produções são enviadas após saírem dos cinemas, e os estúdios negarem. Além disso, o uso indiscriminado de inteligência artificial dentro das produções também era um dos pontos essenciais para a conclusão do acordo. A greve chegou ao fim em 8 de novembro oficialmente, quando o SAG-AFTRA aceitou os termos de negociação.

·        Fim da emergência global de covid-19

Três anos e quatro meses depois de declarar a covid-19 uma emergência sanitária internacional, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, decidiu suspender a classificação em 5 de maio.

O decreto, contudo, ficou marcado pelo alerta e ressalve de que, apesar da fase de emergência ter se encerrado, a covid ainda existe e as recomendações de cuidados permaneceram as mesmas.

·        Reino Unido coroa novo rei

Pela primeira em 70 anos, o Reino Unido presenciou a coroação de um novo monarca, após a morte da rainha Elizabeth II, em 8 de setembro de 2022. O primogênito Charles, que já ocupava o cargo de rei desde o falecimento da rainha, foi coroado, diante de 2.200 convidados, na Abadia de Westminster, em Londres, em 6 de maio.

A cerimônia foi marcada pela coroação da esposa dele, Camilla, como rainha consorte, pela participação do neto mais velho, George, na cerimônia, e pela presença dos dois filhos de Charles, William e Harry, após rumores de estreitamento da relação na família.

·        Protestos por justiça e contra a reforma da Previdência

A França foi palco para duas longas ondas de protestos marcados por violência. A primeira, em maio, ocorreu devido a insatisfação da população com as reformas previdenciárias anunciadas pelo presidente Emmanuel Macron.

A segunda, ocorreu em julho, após a morte de um jovem de 17 anos com um um tiro à queima-roupa por um agente durante um blitz em Nanterre, subúrbio de Paris. A onda de distúrbios foi a mais grave em 18 anos.

·        Mega-acidente de trem na Índia mata 275 pessoas

Em 2 de junho um mega-acidente envolvendo um trem matou 275 pessoas na cidade cidade de Balasore, no estado de Odisha, na Índia. Ao todo quatro vagões do trem Coromandel Express descarrilaram.

A causa do acidente foi divulgada dias depois pelas autoridades e teria ocorrido por conta de uma falha no sistema de sinalização. Mais de 900 pessoas ficaram feridas.

·        A implosão do submersível da OceanGate

Em 18 de junho, o mundo se surpreendeu com a notícia do desaparecimento do submersível Titan, da empresa OceanGate, que fazia turismo subaquático para os destroços do Titanic. Foram quatro dias de buscas pelo submersível até que em 22 de junho a Guarda Costeira dos EUA confirmou a morte dos tripulantes, por causa de uma "implosão catastrófica"

5 pessoas estavam na embarcação quando ela explodiu: Stockton Rush, presidente da OceanGate; Shahzada e Suleman Dawood, pai e filho que faziam parte de uma das famílias mais ricas do Paquistão; Paul-Henry Nargeolet, especialista renomado sobre o Titanic; e Hamish Harding, presidente da Action Aviation, empresa de serviços de vendas e operações de aviação com sede em Dubai.

·        Tomada de poder no Niger e no Gabão

O ano do continente africano ficou marcado por dos golpes de Estado com 32 dias de diferença. O primeiro ocorreu no Níger (em 26 de julho) com o exército derrubando o presidente do país, Mohamed Bazoum e criticou o que chamaram de "contínua deterioração da situação de segurança e má gestão econômica e social".

segundo ocorreu no Gabão, em 30 de agosto, quando um porta-voz da junta militar golpista anunciou na televisão estatal que o então presidente Ali Bongo Ondimba estava sendo mantido em prisão domiciliar, acompanhado da família e de médicos. Os militares justificaram a ação de colocar um fim no regime como forma de "defender a paz".

·        Índia faz pouso histórico no polo sul da Lua

A missão indiana Chandrayaan-3 fez história ao se tornar a primeira a conseguir pousar uma espaçonave nos arredores do polo sul da Lua.

Até então, EUA, a antiga União Soviética e a China haviam conseguido chegar perto do equador lunar, mas nenhuma missão com destino ao polo sul foi bem-sucedida.

·        Terremotos e desastres naturais

2023 foi um ano em que foram registrados vários desastres naturais. Os terremotos foram um dos mais mortais. No Marrocos, em setembro, o terremoto mais forte em 120 anos, registrou magnitude 6,8 e matou mais de mil pessoas.

Além deste, houve terremotos na Turquia e Síria, em fevereiro, e na China e nas Filipinas, em dezembro.

·        Crise humanitária na Faixa de Gaza

Em 7 de outubro, o grupo fundamentalista islâmico Hamas, da Palestina, invadiu Israel um ataque surpresa e com mais de 2,5 mil foguetes. Após a invasão, Israel declarou guerra contra o grupo.

O conflito, que ainda não acabou, movimentou várias esferas da política mundial, com vários países intervindo para achar soluções diplomáticas na troca de reféns, até discussões mais intensas sobre a origem do conflito.

A Faixa de Gaza, território de 41 km de comprimento e 10 km de largura entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo e que é controlada pelo Hamas, se tornou campo de batalha no conflito, sendo a principal zona de ataques. Mais de 10 mil pessoas já morreram na guerra.

·        Ascensão de Milei na Argentina

O povo argentino definiu em 19 de novembro quem seria o novo presidente do país. Na disputa no segundo turno estavam o ministro da Economia Sergio Massa e o economista da extrema direita, Javier Milei.

Milei foi um candidato controverso com promessas de "dinamitar" o Banco Central, cortar os gastos públicos, reduzir ao mínimo o papel do Estado e acabar com a "casta política e ladra" e se elegeu com 55% dos votos.

O novo presidente tomou posse em 10 de dezembro e viu, ainda no primeiro mês de mandato, a população indo às ruas protestar contra as primeiras medidas anunciadas pelo governo.

·        COP28 e declaração que "deixou a desejar"

A 28ª edição da Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas ocorreu em 2023, na Arábia Saudita, e tinha previsão de término em 12 de dezembro. No entanto, o evento foi extendido até o dia 14 para conseguir chegar a um consenso sobre combustíveis fósseis.

O acordo final, foi considerado um avanço ao determinar uma redução gradual do uso de combustíveis fósseis a fim de diminuir a emissão de gases de efeito estufa. Contudo, o texto não agradou a todos, uma vez que não especifica com poderá ser feita a transição energética e nem sobre quais recursos devem ser utilizados. A maior critica, no entanto, foi ao fato de que o texto não cita metas para alcançar a redução e não fala na eliminação total dos combustíveis fósseis.

 

Ø  Com 2023 chegando ao fim, Putin quer que o mundo pense que ele está vencendo a guerra na Ucrânia

 

À medida que 2023 chega ao fim, o presidente russo, Vladimir Putin, tem tudo a ver com uma vibração: projetar confiança enquanto navega para a inevitável reeleição em março.

As eleições presidenciais na Rússia talvez sejam melhor descritas como uma espécie de teatro político.

Putin não tem rivais sérios; seu oponente mais proeminente, Alexey Navalny, está numa prisão 64 quilômetros ao norte do Círculo Polar Ártico; e os meios de comunicação flexíveis retratam o presidente em exercício como o homem indispensável da Rússia.

Mas a votação desta primavera é um ritual público importante para o líder do Kremlin, que deverá assegurar o poder até ao final da década.

Putin anunciou a sua candidatura de uma forma quase casual. Após uma cerimônia dos “heróis da Rússia” no início de dezembro, Putin manteve uma conversa diante das câmaras com um grupo de militares que tinham lutado na Ucrânia – e que, sem surpresa, imploraram ao presidente para concorrer em 2024.

“Em nome do nosso povo, do Donbas como um todo e das nossas terras reunificadas, gostaria de lhe pedir que participe nestas eleições”, disse Artyom Zhoga, representante da região de Donetsk ocupada pela Rússia.

“Afinal, há muito trabalho a ser feito. Você é nosso presidente e nós somos sua equipe. Precisamos de você e a Rússia precisa de você.”

A resposta horrível de Putin?

“Não vou negar que em momentos diferentes tive pensamentos diferentes [sobre isso]”, disse ele. “Mas agora você está certo, chegou a hora de tomar uma decisão. Vou concorrer ao cargo de presidente da Federação Russa.”

Foi um momento claramente planejado para mostrar Putin como um querido líder nacional. E também apontou para o que Putin gosta de anunciar como um sinal de conquista da invasão em grande escala da Ucrânia, a anexação pela Rússia de quatro regiões da Ucrânia, em desafio ao direito internacional.

Mas se Putin estiver concorrendo como presidente em tempo de guerra, ele terá de manipular os fatos.

A Rússia não controla totalmente as regiões ucranianas que reivindicou em setembro de 2022; a guerra no terreno tem sido extremamente dispendiosa em termos de vidas e equipamento russo; e a Frota Russa do Mar Negro sofreu uma séria surra.

Além disso, a guerra chegou literalmente à Rússia. Nos últimos meses, drones ucranianos atacaram profundamente o território russo.

Sábado (30) viu mais de 20 mortos em um dos incidentes mais mortíferos da guerra para civis russos.

Embora Kiev mantenha algum nível de negação, tais ataques tiveram alguns efeitos psicológicos perturbadores – especialmente quando os drones conseguiram violar o espaço aéreo em torno do Kremlin, em maio.

Mas o maior revés da guerra na Ucrânia ocorreu em junho, quando o chefe mercenário russo Yevgeny Prigozhin lançou uma insurreição no meio de uma rivalidade com os altos escalões militares da Rússia e marchou sobre Moscou.

Os paramilitares do Grupo Wagner de Prigozhin pararam perto da capital russa, num acordo obscuro aparentemente intermediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

Mas as imagens das forças paramilitares avançando praticamente sem oposição em direção a Moscou – e o abate de aviões militares russos pelos mercenários – foram um duro golpe para a imagem de Putin como garantidor da estabilidade interna russa.

Dois meses depois do motim, Prigozhin estava morto: o chefe mercenário morreu num ainda misterioso acidente de avião no final de agosto.

Putin sobreviveu ao maior desafio à sua permanência no poder em mais de duas décadas, mas a rebelião minou um dos principais pilares do seu governo: a aura de invulnerabilidade do presidente.

“Muitos ultrapatriotas ficaram perplexos com a misericórdia inicialmente demonstrada para com Prigozhin e interpretaram-na como um sinal de fraqueza: tanto do Estado como do próprio Putin”, escreveu a analista política russa Tatiana Stanovaya no rescaldo do acidente.

“Mesmo no caso improvável de a morte de Prigozhin ter sido um acidente genuíno, o Kremlin fará, sem dúvida, tudo o que estiver ao seu alcance para que as pessoas acreditem que foi um ato de retribuição. Putin vê isto como a sua contribuição pessoal para o fortalecimento do Estado russo.”

No final do ano, a máquina de relações públicas do Kremlin parecia ter varrido todo o caso Prigozhin para debaixo do tapete.

Na maratona de Putin, na conferência de imprensa anual, o nome de Prigozhin nunca foi pronunciado, embora Putin tenha admitido “revezes que o Ministério da Defesa deveria ter evitado” quando se tratava de empresas militares privadas.

Como sempre, o resumo anual foi uma aula magistral, com Putin apresentando com confiança a mensagem de que a Rússia estava novamente na frente e apresentando estatísticas para reforçar o seu ponto de vista.

A economia, disse ele, regressava ao crescimento do PIB, recuperando do declínio de 2,1% do ano anterior, e a produção industrial da Rússia está crescendo. A taxa de desemprego do país, vangloriou-se, caiu para um mínimo histórico, 2,9%.

A Rússia resistiu de fato às sanções e a sua economia está em pé de guerra: de acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, as despesas com a defesa têm sido o principal motor do crescimento econômico.

E isso parece destinado a continuar, já que Putin prometeu gastar tudo o que fosse necessário para levar a cabo a sua guerra contra a Ucrânia.

E a situação no campo de batalha na Ucrânia deu a Putin outra oportunidade de projetar autoconfiança.

A tão alardeada contraofensiva da Ucrânia não conseguiu produzir qualquer avanço, e o pedido da administração Biden de mais de US$ 60 bilhões em ajuda à Ucrânia ficou paralisado no Congresso devido às exigências republicanas sobre a segurança das fronteiras e a política de imigração.

A Hungria bloqueou a última proposta de acordo de ajuda da União Europeia (UE) à Ucrânia.

Putin quer claramente que o mundo – bem como o seu eleitorado – acredite que ele está ganhando e conta com o apoio para que a Ucrânia vacile.

Questionado sobre quando haverá paz na Ucrânia, Putin ofereceu a mesma fórmula aberta que utilizou para justificar a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

“Haverá paz quando alcançarmos os nossos objetivos, que você mencionou”, disse ele. “Agora voltemos a esses objetivos – eles não mudaram. Gostaria de lembrar como as formulamos: desnazificação, desmilitarização e um estatuto neutro para a Ucrânia.”

Na sexta-feira (29), os militares russos lembraram ao mundo o que “desnazificação” significa, na prática, inundar as cidades ucranianas com o maior ataque de mísseis e drones desde o início da invasão.

Os ataques implacáveis ​​contra civis ucranianos, contudo, podem ter um efeito não intencional.

Após a última onda de ataques, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, e a França apelaram a um apoio contínuo à Ucrânia.

O que resta saber em 2024 é até que ponto os aliados da Ucrânia poderão ser criativos no cumprimento desses compromissos.

 

Fonte: Correio Braziliense/CNN Brasil

 

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