quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Ramagem imprimiu informações sigilosas para entregar a ‘núcleo político’, diz PF

A Polícia Federal (PF) revelou, em um documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), imprimiu informações sigilosas sobre inquéritos policiais no Rio de Janeiro.

Segundo a PF, esses documentos foram possivelmente impressos para serem entregues ao “núcleo político” envolvido no esquema de espionagem ilegal dentro da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A análise da PF está registrada na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou uma operação de busca e apreensão em endereços ligados ao esquema de espionagem ilegal.

Carlos Bolsonaro, vereador e filho do ex-presidente, foi alvo da operação, com agentes revistando a casa da família em Angra dos Reis e apreendendo itens. De acordo com a PF, Ramagem imprimiu os documentos sigilosos em fevereiro de 2020, quando era diretor da agência. A polícia afirma que esses documentos foram possivelmente destinados ao núcleo político.

“A premissa investigativa ganha concretude com a identificação de informações sigilosas impressas pelo delegado Alexandre Ramagem, possivelmente para entregar aos destinatários do núcleo político”, afirmou a PF.

A avaliação da polícia destaca que a lista impressa por Ramagem inclui o número do inquérito, o nome do investigado, o cargo político e o partido da pessoa.

A PF refere-se ao esquema dentro da Abin como ação de uma organização criminosa e destaca que indícios de um núcleo político foram encontrados na espionagem realizada contra um servidor do Ibama. Esse servidor foi demitido pelo governo posteriormente, alegadamente devido à sua atuação no combate ao desmatamento.

Na mesma decisão que autorizou a operação desta segunda, o ministro Moraes afirmou que as provas indicam, de forma significativa, a existência de uma organização criminosa infiltrada na Abin.

“Desse modo, os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na ABIN também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras”, escreveu o ministro.

·        PF suspeita que Bolsonaro seguia sendo informado pela Abin após fim do mandato

Novas informações surgem relacionadas à operação da Polícia Federal (PF) que investiga a existência de uma “Abin paralela” durante o governo Bolsonaro. Segundo o G1, fontes da PF levantam suspeitas de que Jair Bolsonaro (PL) possa ter continuado a receber informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mesmo após deixar o cargo de presidente.

Além disso, especula-se que o ex-presidente pode ter tido acesso antecipado às operações contra o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o vereador Carlos Bolsonaro.

Um dia antes da operação que fez buscas nos endereços ligados a Ramagem, Bolsonaro publicou uma mensagem enigmática nas redes sociais, alertando para semanas decisivas. Essa mensagem precedeu a ação da PF, o que levanta questionamentos sobre a possibilidade de Bolsonaro ter tido acesso prévio às investigações em curso.

Além disso, o ex-presidente ao lado dos três filhos, Carlos, Eduardo e Flávio, realizaram uma live na noite de domingo (28) e não estavam em casa, em Angra, quando a PF chegou para concluir os mandados de busca e apreensão contra Carlos.

Nesta segunda-feira (29), Carluxo foi alvo de uma nova fase da investigação, e fontes indicam que assessores do vereador, também alvos da operação, solicitavam informações a Ramagem. A ação da PF incluiu buscas na residência de Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Brasília, Formosa (GO) e Salvador.

Ao G1, o Republicanos, partido de Carlos, informou que o vereador está “de saída” da legenda, mas até o momento, o filho do ex-presidente não se pronunciou sobre a operação. Carluxo é vereador desde 2001, com influência significativa nas campanhas de Jair Bolsonaro à Presidência. Durante o mandato do pai, ele chefiava o “gabinete do ódio”, estrutura destinada a atacar adversários e instituições.

Essa operação é uma continuidade da ocorrida na quinta-feira (25), quando Alexandre Ramagem foi alvo de buscas. Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que alega que Ramagem usou a Abin para espionagem ilegal em favor da família Bolsonaro.

Os alvos incluíam autoridades como Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, e uma promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigava milícias e as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes. A decisão de Moraes indica que o monitoramento visava favorecer Jair Renan e Flávio em investigações das quais eram alvos.

A PF deve convidar Carlos Bolsonaro para depor no âmbito da investigação sobre o uso da Abin para espionagem ilegal. O vereador, investigado por envolvimento em organização criminosa, tem o direito de depor em até 3 dias.

 

Fonte: DCM

 

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