Queda do dólar em 2023 e esforços do BRICS ilustram o começo da
desdolarização global, diz analista
Para analista, além do enfraquecimento do dólar ter
sido naturalmente observado no mercado financeiro no ano passado, as políticas
do BRICS ajudam para que o mundo abra cada vez mais espaço para transações com
diversos tipos de moedas e reduza a hegemonia da moeda norte-americana.
O dólar sofreu uma queda de 2,7% face a outras
importantes moedas globais em 2023. A queda, a maior do gênero desde 2020
quando o dólar caiu 5,5%, ocorre em meio das transformações tectônicas em curso
nos contornos da economia global à medida que os Estados Unidos tentam utilizar
a sua moeda como meio de pressão econômica contra rivais geopolíticos.
Para o pesquisador associado do Institute for
Global Dialogue - um think tank com sede na África do Sul - Ashraf Patel,
"o declínio do dólar é uma tendência e um fenômeno de longo prazo e
estamos apenas nas fases iniciais deste processo", disse o pesquisador à
Sputnik.
"A expansão do BRICS, a ordem de múltiplas
moedas correntes e a mudança para uma 'moeda BRICS' é certamente um fator
central à medida que o comércio mundial [e] os padrões de investimento
econômico estão se diversificando", disse Patel, referindo-se ao conceito
de moeda discutido extensivamente antes da cúpula do BRICS na África do Sul em
agosto passado.
Seja através da moeda de outra nação ou sob a forma
de uma nova unidade monetária do BRICS, os benefícios potenciais de uma
alternativa estável ao dólar como hegemonia do comércio mundial para os países
do Sul Global não podem ser exagerados, analisa Patel.
"A desdolarização significaria, claro, menos
espaço para os EUA usarem e abusarem das moedas das nações para objetivos
políticos, como tem sido a sua prática política padrão durante décadas [...] as
portas da desdolarização já se abriram e uma nova diversificação
financeiro-econômica e comercial global é a nova norma", ressaltou.
A moeda norte-americana vem perdendo vantagem
progressivamente no mercado mundial. Nas transações entre China e Rússia, por
exemplo, 95% do comércio entre os dois países já não passa pela moeda
estadunidense.
Ø 'Os BRICS
são o futuro da humanidade', diz Maduro em entrevista
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou
durante entrevista que o grupo BRICS é o "futuro da humanidade" e
espera que seu país seja incorporado como membro permanente do BRICS+ durante a
cúpula da Rússia.
"Os BRICS são o futuro da humanidade. O bloco
tem um poder econômico definitivo e conta com um poderoso banco", afirmou
o presidente venezuelano em entrevista ao jornalista Ignacio Ramonet.
Maduro disse que a Venezuela aposta no BRICS como
uma engrenagem para um "mundo multipolar", ou seja, um mundo mais
equilibrado, o que vai de encontro, segundo o presidente, "com o conceito
geopolítico bolivariano."
Ele acrescentou ainda que a provável inclusão da
Venezuela no BRICS+ seria importante para o desenvolvimento de grandes mercados
para os produtos venezuelanos, além do ganho político, social, institucional e
cultural com as grandes civilizações que compõem o grupo, conforme destacou.
Maduro aproveitou para destacar as boas relações com a atual presidente do
Banco do BRICS, Dilma Rousseff.
Em relação ao desenvolvimento de um mundo
multipolar, Maduro disse que enxerga, concomitantemente a esse movimento, um
declínio dos EUA. "Há uma nova época no mundo. A época dos impérios
ocidentais está passando, definitivamente."
Maduro afirmou que os EUA sempre serão uma potência
caso se mantenham unidos. Entretanto, pode sucumbir como potência mundial como
aconteceu com o Reino Unido. "A Grã-Bretanha foi um superimpério militar,
econômico, naval, comercial e acabou declinando", argumentou.
Ainda em relação ao BRICS, o líder venezuelano
reprovou a atitude do presidente da Argentina, Javier Milei, de não aderir ao
grupo. Por atitudes como essa, o venezuelano classificou que Milei está levando
a Argentina de volta ao século XIX.
"O projeto de Milei é tirar a Argentina do
mundo multipolar e convertê-la em vassala do mundo unipolar imperial e destruir
o Estado, a economia e a identidade argentina. Retirar a Argentina da
participação no BRICS é uma das coisas mais torpes e imbecis que Milei fez
contra a Argentina, porque retirando a Argentina do BRICS ele está atuando
contra os argentinos", ressaltou.
·
Maduro: apesar dos gastos militares, a Rússia está ganhando a guerra a toda
a OTAN
A Rússia está ganhando a guerra econômica lançada
contra ela pelos países ocidentais, disse nesta segunda-feira (1º) o presidente
da Venezuela, Nicolás Maduro, em uma entrevista ao jornalista Ignacio Ramonet.
"Neste momento, a Rússia está ganhando a
guerra a toda a OTAN, apesar de todas as suas despesas militares. Em meio a um
enorme esforço porque a sancionaram economicamente, [...] a Rússia venceu a
guerra contra as sanções, e a Rússia tem hoje melhores indicadores econômicos
de crescimento, de estabilidade econômica, de florescimento econômico do que
toda a Europa, incluindo os EUA, atualmente", disse o líder venezuelano.
Segundo ele, estes fatos demonstram "a grande
força interna da Rússia como nação poderosa, nação produtiva, de sua
economia".
Um sistema de mísseis de defesa aérea russo S-400
Triumph circula na Praça
De acordo com Maduro, "Ocidente está obcecado
com a russofobia, com a ideia de destruir" a nação euroasiática, e
destacou que existe apenas um caminho para resolver o conflito ucraniano.
"Sentar-se para falar com o [presidente russo
Vladimir] Putin, com a Rússia, com base no respeito e em um acordo que
satisfaça a necessidade de garantir a segurança e a paz para a Rússia e para
toda a região", destacou ele.
Ø Economia da
Rússia ultrapassou a da Alemanha e é a 5ª maior do mundo, diz ex-chanceler da
Áustria
A economia russa conseguiu esse feito dois meses
após o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, realizado em junho,
afirmou Karin Kneissl.
Karin Kneissl, ex-ministra das Relações Exteriores
da Áustria, disse no domingo (31) que a economia da Rússia passou para o quinto
lugar no mundo, ultrapassando a Alemanha, apenas dois meses depois que o
presidente russo Vladimir Putin fez uma previsão correspondente.
"Lembro-me de que, no Fórum Econômico
[Internacional] de São Petersburgo, o presidente [russo Vladimir] Putin indicou
em seu discurso plenário que a Rússia está em sexto lugar entre as dez maiores
economias do mundo, mas que, ao mesmo tempo, poderia ultrapassar a Alemanha. E
foi exatamente isso que aconteceu dois meses depois", declarou Kneissl em
uma entrevista ao jornalista Flavio von Witzleben, resumindo o ano.
O Ocidente intensificou a pressão de sanções sobre
a Rússia após o início da operação especial da Rússia na Ucrânia. A interrupção
das cadeias logísticas levou a um aumento nos preços dos combustíveis e dos
alimentos na Europa e nos EUA. Os próprios países ocidentais têm expressado
repetidamente a opinião de que as sanções antirrussas são ineficazes.
Putin disse anteriormente que a política de conter
e enfraquecer a Rússia é uma estratégia de longo prazo do Ocidente, e que as
sanções causaram um sério golpe em toda a economia global. Segundo ele, o
principal objetivo do Ocidente é piorar a vida de milhões de pessoas. Moscou
tem afirmado repetidamente que a Rússia resolverá todos os problemas que o
Ocidente criar para ela.
A previsão oficial para o crescimento do PIB da
Rússia em 2023 é de 2,8% no Ministério do Desenvolvimento Econômico e de 3% no
Banco Central do país, embora Putin tenha previsto que o número final excederá
todas as expectativas e será de 3,5%. Os principais impulsionadores foram a
manufatura, a construção, a agricultura e a forte demanda do consumidor.
Ø Dívida
pública dos EUA ultrapassa US$34 trilhões pela 1ª vez
A dívida pública total do governo federal dos
Estados Unidos atingiu US$34 trilhões (cerca de R$ 167 trilhões) pela primeira
vez, informou nesta terça-feira (2) o Departamento do Tesouro dos EUA
O anúncio é feito em meio a uma queda de braço
entre membros do Congresso e o governo de Joe Biden sobre financiamento federal
que deve se intensificar nas próximas semanas.
Integrantes do Partido Republicano exigiram na
semana passada que a liderança do partido no Congresso ponha fim aos gastos
além dos níveis obrigatórios, ao apontarem para a crescente dívida, que
descreveram como uma "calamidade fiscal".
O órgão competente indicou ainda que fatores como
cortes de impostos, programas de estímulo, aumento dos gastos governamentais e
diminuição das receitas fiscais têm aumentado a margem da dívida.
Em junho de 2023, o presidente americano Joe Biden
assinou a lei que autoriza o aumento do limite da dívida dos Estados Unidos.
Esta medida permitiu às autoridades norte-americanas evitar o incumprimento.
Nessa altura, o valor da dívida era de US$ 31,95
trilhões (cerca de R$ 155,55 trilhões) mas em meados do mesmo mês, a dívida
nacional ultrapassou a marca dos US$ 32 trilhões (R$ 155,8 trilhões).
Ø Acordo de
livre-comércio entre China e Nicarágua entra em vigor no Ano-Novo
O acordo foi assinado no final de outubro e permite
a exportação de 71% dos produtos da Nicarágua para o país asiático, algo que o
presidente do país centro-americano chamou de "o melhor presente de
Natal".
A Nicarágua e a China iniciaram formalmente na
segunda-feira (1º) o comércio sob um novo acordo de livre-comércio, que permite
que o país centro-americano exporte a maioria de seus produtos para o maior
mercado asiático e sem tarifas, relata a agência britânica Reuters.
As exportações incluirão carnes e frutos do mar,
como peixes, camarões, lagostas e pepinos-do-mar, além de açúcar, amendoim e
rum, enquanto os itens não alimentícios incluem couro, carvão vegetal e
madeira, além de peças de automóveis.
O acordo exclui produtos chineses que poderiam ser
problemáticos para as principais indústrias nicaraguenses, como carne e suas
vísceras, café, arroz e açúcar. Um total de 71% dos produtos nicaraguenses
foram incluídos nas exportações para a China no acordo assinado em 31 de
outubro.
Daniel Ortega, presidente do Nicarágua, chamou o
acordo de "o melhor presente de Natal" durante seu discurso em 22 de
dezembro.
"Nossos irmãos estão aqui para apertar as
mãos, não para nos atacar", disse ele.
"Que os imperialistas da terra aprendam como
governar, como trabalhar pela paz", acrescentou.
A Nicarágua terminou as relações diplomáticas com
Taiwan no final de 2021 e, desde então, tem se voltado cada vez mais para a
China.
·
China critica Países Baixos após bloqueio da venda de máquinas para
fabricar chips
As restrições de venda de máquinas de litografia
ultravioleta profunda, necessárias para criar circuitos de chips, começaram não
oficialmente ainda antes do inicio do novo ano, indica mídia.
As restrições de exportação de máquinas de criação
de chips de alta gama da holandesa ASML para a China entraram em vigor na
segunda-feira (1º), nota a agência norte-americana Bloomberg.
No entanto, a maior notícia foi que as remessas dos
sistemas de litografia, que usam lasers para ajudar a criar circuitos de chips,
deixaram de ser enviadas antes do prazo final.
A ASML tinha licenças para enviar três máquinas de
litografia ultravioleta profunda a empresas chinesas até o final de dezembro,
quando as novas restrições deveriam entrar em vigor. No entanto, as autoridades
norte-americanas pediram que a empresa interrompesse imediatamente as remessas
para os clientes chineses, o que aconteceu imediatamente após a solicitação,
disseram fontes da Bloomberg.
"Isso afeta um pequeno número de clientes na
China", acrescentou a agência, notando que o número exato de máquinas
envolvidas é desconhecido.
A medida seria uma resposta à pressão dos EUA para
restringir a venda de tal tecnologia a Pequim.
O governo da China expressou, nesta terça-feira
(2), sua rejeição à decisão, com Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores da China, instando Amsterdã a "ser imparcial,
respeitar os princípios do mercado e a lei, tomar medidas práticas para
proteger os interesses comuns dos dois países e de suas empresas e manter a
estabilidade das cadeias de suprimento internacionais".
A China foi o maior comprador da ASML no último
trimestre de 2023, respondendo por 46% das vendas da empresa. O gigante
asiático tornou-se, assim, o terceiro maior mercado para a empresa, atrás de
Taiwan e da Coreia do Sul.
Peter Wennink, CEO da ASML, expressou em 2023 sua
oposição à decisão, argumentando que as medidas farão Pequim redobrar os
esforços para criar uma indústria de chips avançados nacional.
Fonte: Sputnik Brasil
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