quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Queda do dólar em 2023 e esforços do BRICS ilustram o começo da desdolarização global, diz analista

Para analista, além do enfraquecimento do dólar ter sido naturalmente observado no mercado financeiro no ano passado, as políticas do BRICS ajudam para que o mundo abra cada vez mais espaço para transações com diversos tipos de moedas e reduza a hegemonia da moeda norte-americana.

O dólar sofreu uma queda de 2,7% face a outras importantes moedas globais em 2023. A queda, a maior do gênero desde 2020 quando o dólar caiu 5,5%, ocorre em meio das transformações tectônicas em curso nos contornos da economia global à medida que os Estados Unidos tentam utilizar a sua moeda como meio de pressão econômica contra rivais geopolíticos.

Para o pesquisador associado do Institute for Global Dialogue - um think tank com sede na África do Sul - Ashraf Patel, "o declínio do dólar é uma tendência e um fenômeno de longo prazo e estamos apenas nas fases iniciais deste processo", disse o pesquisador à Sputnik.

"A expansão do BRICS, a ordem de múltiplas moedas correntes e a mudança para uma 'moeda BRICS' é certamente um fator central à medida que o comércio mundial [e] os padrões de investimento econômico estão se diversificando", disse Patel, referindo-se ao conceito de moeda discutido extensivamente antes da cúpula do BRICS na África do Sul em agosto passado.

Seja através da moeda de outra nação ou sob a forma de uma nova unidade monetária do BRICS, os benefícios potenciais de uma alternativa estável ao dólar como hegemonia do comércio mundial para os países do Sul Global não podem ser exagerados, analisa Patel.

"A desdolarização significaria, claro, menos espaço para os EUA usarem e abusarem das moedas das nações para objetivos políticos, como tem sido a sua prática política padrão durante décadas [...] as portas da desdolarização já se abriram e uma nova diversificação financeiro-econômica e comercial global é a nova norma", ressaltou.

A moeda norte-americana vem perdendo vantagem progressivamente no mercado mundial. Nas transações entre China e Rússia, por exemplo, 95% do comércio entre os dois países já não passa pela moeda estadunidense.

 

Ø  'Os BRICS são o futuro da humanidade', diz Maduro em entrevista

 

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou durante entrevista que o grupo BRICS é o "futuro da humanidade" e espera que seu país seja incorporado como membro permanente do BRICS+ durante a cúpula da Rússia.

"Os BRICS são o futuro da humanidade. O bloco tem um poder econômico definitivo e conta com um poderoso banco", afirmou o presidente venezuelano em entrevista ao jornalista Ignacio Ramonet.

Maduro disse que a Venezuela aposta no BRICS como uma engrenagem para um "mundo multipolar", ou seja, um mundo mais equilibrado, o que vai de encontro, segundo o presidente, "com o conceito geopolítico bolivariano."

Ele acrescentou ainda que a provável inclusão da Venezuela no BRICS+ seria importante para o desenvolvimento de grandes mercados para os produtos venezuelanos, além do ganho político, social, institucional e cultural com as grandes civilizações que compõem o grupo, conforme destacou. Maduro aproveitou para destacar as boas relações com a atual presidente do Banco do BRICS, Dilma Rousseff.

Em relação ao desenvolvimento de um mundo multipolar, Maduro disse que enxerga, concomitantemente a esse movimento, um declínio dos EUA. "Há uma nova época no mundo. A época dos impérios ocidentais está passando, definitivamente."

Maduro afirmou que os EUA sempre serão uma potência caso se mantenham unidos. Entretanto, pode sucumbir como potência mundial como aconteceu com o Reino Unido. "A Grã-Bretanha foi um superimpério militar, econômico, naval, comercial e acabou declinando", argumentou.

Ainda em relação ao BRICS, o líder venezuelano reprovou a atitude do presidente da Argentina, Javier Milei, de não aderir ao grupo. Por atitudes como essa, o venezuelano classificou que Milei está levando a Argentina de volta ao século XIX.

"O projeto de Milei é tirar a Argentina do mundo multipolar e convertê-la em vassala do mundo unipolar imperial e destruir o Estado, a economia e a identidade argentina. Retirar a Argentina da participação no BRICS é uma das coisas mais torpes e imbecis que Milei fez contra a Argentina, porque retirando a Argentina do BRICS ele está atuando contra os argentinos", ressaltou.

·        Maduro: apesar dos gastos militares, a Rússia está ganhando a guerra a toda a OTAN

A Rússia está ganhando a guerra econômica lançada contra ela pelos países ocidentais, disse nesta segunda-feira (1º) o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em uma entrevista ao jornalista Ignacio Ramonet.

"Neste momento, a Rússia está ganhando a guerra a toda a OTAN, apesar de todas as suas despesas militares. Em meio a um enorme esforço porque a sancionaram economicamente, [...] a Rússia venceu a guerra contra as sanções, e a Rússia tem hoje melhores indicadores econômicos de crescimento, de estabilidade econômica, de florescimento econômico do que toda a Europa, incluindo os EUA, atualmente", disse o líder venezuelano.

Segundo ele, estes fatos demonstram "a grande força interna da Rússia como nação poderosa, nação produtiva, de sua economia".

Um sistema de mísseis de defesa aérea russo S-400 Triumph circula na Praça

De acordo com Maduro, "Ocidente está obcecado com a russofobia, com a ideia de destruir" a nação euroasiática, e destacou que existe apenas um caminho para resolver o conflito ucraniano.

"Sentar-se para falar com o [presidente russo Vladimir] Putin, com a Rússia, com base no respeito e em um acordo que satisfaça a necessidade de garantir a segurança e a paz para a Rússia e para toda a região", destacou ele.

 

Ø  Economia da Rússia ultrapassou a da Alemanha e é a 5ª maior do mundo, diz ex-chanceler da Áustria

 

A economia russa conseguiu esse feito dois meses após o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, realizado em junho, afirmou Karin Kneissl.

Karin Kneissl, ex-ministra das Relações Exteriores da Áustria, disse no domingo (31) que a economia da Rússia passou para o quinto lugar no mundo, ultrapassando a Alemanha, apenas dois meses depois que o presidente russo Vladimir Putin fez uma previsão correspondente.

"Lembro-me de que, no Fórum Econômico [Internacional] de São Petersburgo, o presidente [russo Vladimir] Putin indicou em seu discurso plenário que a Rússia está em sexto lugar entre as dez maiores economias do mundo, mas que, ao mesmo tempo, poderia ultrapassar a Alemanha. E foi exatamente isso que aconteceu dois meses depois", declarou Kneissl em uma entrevista ao jornalista Flavio von Witzleben, resumindo o ano.

O Ocidente intensificou a pressão de sanções sobre a Rússia após o início da operação especial da Rússia na Ucrânia. A interrupção das cadeias logísticas levou a um aumento nos preços dos combustíveis e dos alimentos na Europa e nos EUA. Os próprios países ocidentais têm expressado repetidamente a opinião de que as sanções antirrussas são ineficazes.

Putin disse anteriormente que a política de conter e enfraquecer a Rússia é uma estratégia de longo prazo do Ocidente, e que as sanções causaram um sério golpe em toda a economia global. Segundo ele, o principal objetivo do Ocidente é piorar a vida de milhões de pessoas. Moscou tem afirmado repetidamente que a Rússia resolverá todos os problemas que o Ocidente criar para ela.

A previsão oficial para o crescimento do PIB da Rússia em 2023 é de 2,8% no Ministério do Desenvolvimento Econômico e de 3% no Banco Central do país, embora Putin tenha previsto que o número final excederá todas as expectativas e será de 3,5%. Os principais impulsionadores foram a manufatura, a construção, a agricultura e a forte demanda do consumidor.

 

Ø  Dívida pública dos EUA ultrapassa US$34 trilhões pela 1ª vez

 

A dívida pública total do governo federal dos Estados Unidos atingiu US$34 trilhões (cerca de R$ 167 trilhões) pela primeira vez, informou nesta terça-feira (2) o Departamento do Tesouro dos EUA

O anúncio é feito em meio a uma queda de braço entre membros do Congresso e o governo de Joe Biden sobre financiamento federal que deve se intensificar nas próximas semanas.

Integrantes do Partido Republicano exigiram na semana passada que a liderança do partido no Congresso ponha fim aos gastos além dos níveis obrigatórios, ao apontarem para a crescente dívida, que descreveram como uma "calamidade fiscal".

O órgão competente indicou ainda que fatores como cortes de impostos, programas de estímulo, aumento dos gastos governamentais e diminuição das receitas fiscais têm aumentado a margem da dívida.

Em junho de 2023, o presidente americano Joe Biden assinou a lei que autoriza o aumento do limite da dívida dos Estados Unidos. Esta medida permitiu às autoridades norte-americanas evitar o incumprimento.

Nessa altura, o valor da dívida era de US$ 31,95 trilhões (cerca de R$ 155,55 trilhões) mas em meados do mesmo mês, a dívida nacional ultrapassou a marca dos US$ 32 trilhões (R$ 155,8 trilhões).

 

Ø  Acordo de livre-comércio entre China e Nicarágua entra em vigor no Ano-Novo

 

O acordo foi assinado no final de outubro e permite a exportação de 71% dos produtos da Nicarágua para o país asiático, algo que o presidente do país centro-americano chamou de "o melhor presente de Natal".

A Nicarágua e a China iniciaram formalmente na segunda-feira (1º) o comércio sob um novo acordo de livre-comércio, que permite que o país centro-americano exporte a maioria de seus produtos para o maior mercado asiático e sem tarifas, relata a agência britânica Reuters.

As exportações incluirão carnes e frutos do mar, como peixes, camarões, lagostas e pepinos-do-mar, além de açúcar, amendoim e rum, enquanto os itens não alimentícios incluem couro, carvão vegetal e madeira, além de peças de automóveis.

O acordo exclui produtos chineses que poderiam ser problemáticos para as principais indústrias nicaraguenses, como carne e suas vísceras, café, arroz e açúcar. Um total de 71% dos produtos nicaraguenses foram incluídos nas exportações para a China no acordo assinado em 31 de outubro.

Daniel Ortega, presidente do Nicarágua, chamou o acordo de "o melhor presente de Natal" durante seu discurso em 22 de dezembro.

"Nossos irmãos estão aqui para apertar as mãos, não para nos atacar", disse ele.

"Que os imperialistas da terra aprendam como governar, como trabalhar pela paz", acrescentou.

A Nicarágua terminou as relações diplomáticas com Taiwan no final de 2021 e, desde então, tem se voltado cada vez mais para a China.

·        China critica Países Baixos após bloqueio da venda de máquinas para fabricar chips

As restrições de venda de máquinas de litografia ultravioleta profunda, necessárias para criar circuitos de chips, começaram não oficialmente ainda antes do inicio do novo ano, indica mídia.

As restrições de exportação de máquinas de criação de chips de alta gama da holandesa ASML para a China entraram em vigor na segunda-feira (1º), nota a agência norte-americana Bloomberg.

No entanto, a maior notícia foi que as remessas dos sistemas de litografia, que usam lasers para ajudar a criar circuitos de chips, deixaram de ser enviadas antes do prazo final.

A ASML tinha licenças para enviar três máquinas de litografia ultravioleta profunda a empresas chinesas até o final de dezembro, quando as novas restrições deveriam entrar em vigor. No entanto, as autoridades norte-americanas pediram que a empresa interrompesse imediatamente as remessas para os clientes chineses, o que aconteceu imediatamente após a solicitação, disseram fontes da Bloomberg.

"Isso afeta um pequeno número de clientes na China", acrescentou a agência, notando que o número exato de máquinas envolvidas é desconhecido.

A medida seria uma resposta à pressão dos EUA para restringir a venda de tal tecnologia a Pequim.

O governo da China expressou, nesta terça-feira (2), sua rejeição à decisão, com Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, instando Amsterdã a "ser imparcial, respeitar os princípios do mercado e a lei, tomar medidas práticas para proteger os interesses comuns dos dois países e de suas empresas e manter a estabilidade das cadeias de suprimento internacionais".

A China foi o maior comprador da ASML no último trimestre de 2023, respondendo por 46% das vendas da empresa. O gigante asiático tornou-se, assim, o terceiro maior mercado para a empresa, atrás de Taiwan e da Coreia do Sul.

Peter Wennink, CEO da ASML, expressou em 2023 sua oposição à decisão, argumentando que as medidas farão Pequim redobrar os esforços para criar uma indústria de chips avançados nacional.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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