quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Parlamentares ucranianos veem condições para negociar o fim do conflito com a Rússia

Deputado ucraniano preso por traição diz que número de parlamentares dispostos a se demitir é alto e muitos já consideram as condições necessárias para negociar o fim do conflito.

As condições necessárias para discutir o fim do conflito ucraniano estão aumentando a cada dia. A afirmação foi feita pelo deputado ucraniano da Suprema Rada, o parlamento unicameral da Ucrânia, Aleksandr Dubinsky, atualmente preso pelo governo ucraniano por suspeita de traição.

Em relatos postados por seus advogados no Telegram, Dubinsky comentou as declarações feitas recentemente por David Arakhamia, líder do partido Servo do Povo, do presidente ucraniano Vladimir Zelensky, que alertou que o parlamento se aproxima de uma grave crise devido à intenção de vários deputados de se demitirem. Segundo Arakhamia, 17 integrantes do Servo do Povo, além de parlamentares de outras legendas, manifestaram essa intenção.

Segundo Dubinsky, o motivo dessa tendência é o medo. "Se li bem os sinais, estão a ser criadas cada vez mais condições necessárias a fim de começar a discutir os parâmetros para acabar com a guerra", afirmou o deputado.

Na opinião do deputado, a posição irreconciliável de Zelensky está ligada ao término de seus cinco anos de mandato, o que torna as declarações categóricas do presidente um slogan político.

As eleições presidenciais estavam programadas para ocorrer na Ucrânia na primavera europeia de 2024. No entanto, as autoridades do país prorrogaram a lei marcial, portanto, a votação não será realizada.

•        Em meio a contradição de versões, porta-voz de Zelensky nega demissão de chefe do Exército ucraniano

Parlamentares ucranianos repercutiram uma suposta demissão do comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, em meio aos atritos dele com o governo de Vladirmir Zelensky, nesta segunda-feira (29).

Ainda que o porta-voz do presidente, Sergei Nikiforov, tenha negado a demissão, o correspondente do The Economist no país, Oliver Carroll, disse que a notícia "parece ser verdadeira".

Os rumores da possível saída de Zaluzhny do comando das tropas em meio à operação militar especial russa no país, diante da falta de efetividade das operações ucranianas no campo de batalha, são ventilados há semanas no país, mas ganharam força hoje (29).

Porém, o Ministério da Defesa ucraniano, além do porta-voz do presidente, classificou como 'falsos' os relatos sobre a demissão, enquanto o jornalista britânico do The Economist na Ucrânia, Oliver Carroll, escreveu em sua conta que a saída de Zaluzhny parece ser verdadeira. O secretário de imprensa presidencial, Sergei Nikiforov, também negou a informação.

Porém, os problemas se intensificaram ainda mais após o ataque ao avião com prisioneiros do país que seriam liberados após acordo com a Rússia. Na ocasião, 65 ucranianos morreram após a aeronave ser abatida com mísseis que, segundo investigações de Moscou, foram disparados pelas próprias Forças Armadas do país.

Conforme declarou o deputado Aleksei Honcharenko, em troca da destituição, foi oferecido ao ex-comandante o cargo de embaixador para um dos países da União Europeia, porém ele recusou.

De acordo com as informações ventiladas previamente por deputados e pela mídia ucraniana, o presidente Zelensky teria cogitado o nome de Kirill Budanov como novo comandante-geral das Forças Armadas da Ucrânia, em uma suposta troca de Zaluzhny.

<< Ucrânia: tensões na cúpula preocupavam até aliados

A crescente rixa entre o presidente da Ucrânia e o comandante Valery Zaluzhny estava prejudicando a campanha militar de Kiev, defendia o principal aliado do país, os Estados Unidos.

As tensões vieram a público em novembro do ano passado, quando o general deu uma entrevista à mídia britânica The Economist, em que afirmou que a situação no front do conflito estava em um impasse.

A declaração enfureceu Zelensky, que depende da narrativa de que está vencendo o confronto para angariar fundos das nações ocidentais.

Em conversa telefônica com o comandante supremo das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Europa, general Christopher Cavoli, Zaluzhny falou no início deste mês sobre a difícil situação no front do conflito com a Rússia.

"Mantive uma conversa telefônica com o comandante supremo das forças conjuntas da OTAN na Europa e comandante das Forças Armadas dos EUA na Europa, general Christopher Cavoli. Falei sobre a situação no front. A situação operacional e estratégica segue sendo difícil, mas controlada", escreveu Zaluzhny em sua conta no Telegram na época.

Recentemente, Zaluzhny ficou extremamente irritado durante uma discussão sobre a lei de mobilização na Suprema Rada, parlamento unicameral da Ucrânia.

"Eu preciso de pessoas […]. Com que tropas eu devo lutar? Ou voltem-se para o mundo e peçam pessoas de lá, ou vão lutar vocês mesmos", disse o líder militar.

<<<< Veja um resumo sobre a crise no comando da Ucrânia:

▪️ Após o fracasso da contraofensiva da Ucrânia no ano passado, diversos veículos de mídia começaram a relatar uma aparente ruptura entre o presidente e seu comandante. A situação aparentemente foi complicada após Zelensky considerar Zaluzhny como um possível rival nas próximas eleições.

▪️ Zaluzhny foi nomeado comandante das Forças Armadas da Ucrânia em julho de 2021.

▪️ A imagem de Zaluzhny como um general capaz sofreu um golpe durante a segunda metade de 2023, quando a muito esperada contraofensiva terminou em desastre total, com milhares de soldados morrendo em vão.

▪️ Em novembro, o assessor próximo de Zaluzhny foi morto em circunstâncias suspeitas enquanto celebrava seu 39º aniversário.

▪️ Em dezembro, dispositivos de escuta inativos foram supostamente descobertos no escritório de Zaluzhny.

 

       Ministro da Defesa ucraniano admite violações no valor de US$ 1,3 milhão em unidade militar

 

O Ministério da Defesa da Ucrânia, durante inspeções surpresa, descobriu violações relativas ao fornecimento de produtos em uma das unidades militares das Forças Armadas no valor de US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 6,4 milhões), disse o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, nesta segunda-feira (29).

No dia 8 de janeiro, Umerov disse que nos últimos quatro meses, inspeções internas no setor de compras de defesa resultaram na descoberta de "muitas violações" no valor de mais de US$ 263 milhões (aproximadamente de R$ 1,3 bilhão).

"A equipe do ministério continua as inspeções não planejadas de armazéns com produtos em unidades militares. Descobrimos a não entrega de alimentos no valor de mais de 50 milhões de grívnias [US$ 1,3 milhão]. Monitoramos as violações e tratamos cada caso separadamente. Como resultado da viagem anterior, na semana passada, o Ministério da Defesa mudou o fornecedor de algumas unidades militares", disse Umerov nas redes sociais.

No início de janeiro, o procurador-geral ucraniano Andrei Kostin disse que em 2023 foram abertos 220 processos criminais relacionados à corrupção no registro militar, o que é quatro vezes superior ao de 2022, acrescentando que também foram abertos processos criminais contra sete funcionários do Ministério da Defesa.

As autoridades ucranianas têm realizado inspeções aos gabinetes de recrutamento militar a todos os níveis visando atos de corrupção, tendo o gabinete de investigação estatal afirmado que existem mais de 110 casos contra pessoal suspeito de violações.

Em setembro de 2023, Umerov foi nomeado ministro da Defesa da Ucrânia, designando a luta contra a corrupção como a sua principal prioridade.

A lei marcial foi introduzida na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. No dia seguinte, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky assinou um decreto sobre a mobilização geral. Sob a lei marcial, homens de idades entre 18 e 60 anos estão proibidos de deixar a Ucrânia.

•        Serviços de Emergência russos obtêm dados preliminares das caixas pretas do Il-76 abatido por Kiev

Informações preliminares já foram obtidas das caixas pretas do avião de transporte militar Il-76 abatido por um míssil ucraniano perto da cidade russa de Belgorod, informou um representante dos Serviços de Emergência russos à Sputnik.

"Os dados preliminares já foram obtidos, o processo técnico de desencriptação demora cerca de meia hora, depois começa a interpretação", explicou o representante.

As caixas pretas — registradores dos parâmetros de voo e das conversas da tripulação — encontradas no local do acidente foram levadas para um laboratório especial. Segundo o serviço, o seu estado técnico era bom e permitia sua decifração.

Na última quarta-feira (24), o Exército ucraniano abateu o avião militar russo Il-76 que transportava 65 prisioneiros ucranianos sobre a região russa de Belgorod para uma missão de troca, coordenada de antemão. Todos os ocupantes da aeronave, incluindo seis tripulantes e três oficiais acompanhantes, perderam suas vidas.

Segundo o presidente da russo, Vladimir Putin, o Serviço de Inteligência Ucraniano (SBU, na sigla em ucraniano) tinha conhecimento de que prisioneiros ucranianos viajavam a bordo do Il-76.

"Foi um ataque premeditado ou lançado por engano, em qualquer um dos casos é um crime", afirmou.

A julgar pelas evidências, o míssil foi lançado a partir de um sistema de defesa aérea francês ou norte-americano. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que a derrubada do Il-76 põe em causa a possibilidade de se chegar a um acordo com Kiev.

A mídia ucraniana escreveu primeiro que o Il-76 foi abatido pelo seu Exército, mas depois removeu essa informação de seus sites.

A Ucrânia reconheceu indiretamente ter abatido o Il-76 quando sua Inteligência disse lamentar que a Rússia "não tenha notificado a necessidade de garantir a segurança do espaço aéreo" perto de Belgorod. A mídia ucraniana chegou a divulgar a tese de que o Il-76 carregava mísseis para os sistemas S-300.

Kiev se declarou oficialmente a favor da realização de uma investigação internacional para esclarecer as circunstâncias do incidente.

"Se se trata de uma investigação internacional sobre as ações criminosas do regime de Kiev, é necessário realizá-la", comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

•        Fragata da Rússia treina destruição de submarino 'inimigo' no mar do Sul da China

A fragata Marshal Shaposhnikov executou uma operação com um helicóptero Ka-27 para testar um ataque a um possível inimigo, que ocorreu na região Ásia-Pacífico.

A fragata da Frota do Pacífico da Rússia identificou e destruiu um submarino "inimigo" durante exercícios no mar do Sul da China como parte de uma missão de longo alcance, informou o ramo militar.

O cruzador de mísseis Varyag, navio-almirante da Frota do Pacífico, e a fragata Marshal Shaposhnikov, partiram na última segunda-feira (22) de Vladivostok, no Extremo Oriente russo, para manobras na região da Ásia-Pacífico.

"A tripulação da fragata Marshal Shaposhnikov, do destacamento de navios de guerra da Frota do Pacífico, que executa tarefas designadas na região da Ásia-Pacífico, realizou um exercício antissubmarino no mar do Sul da China. Durante a busca por um submarino do inimigo condicional, as tripulações da fragata trabalharam em interação com o helicóptero embarcado Ka-27 da Aviação da Frota do Pacífico na variante antissubmarino", disse o comunicado.

Após a detecção do submarino alvo na área especificada e a confirmação de suas coordenadas pela tripulação do helicóptero, foi simulado um bombardeamento com torpedos e bombas de profundidade antissubmarino, utilizando o algoritmo completo de ação nestas situações.

 

       UE cogita sabotar a economia da Hungria para forçar o país a aprovar ajuda militar a Kiev, diz mídia

 

Documento acessado pelo Financial Times revela que o bloco delineou uma estratégia para atacar as fraquezas econômicas da Hungria, forçando o governo do país a reconsiderar sua decisão.

A União Europeia (UE) estuda cessar todo o financiamento à Hungria caso o governo do país não concorde em levantar seu veto ao fornecimento de ajuda militar a Kiev pelo bloco, em uma cúpula marcada para ocorrer em 1º de fevereiro, em Bruxelas. A informação foi divulgada pelo jornal Financial Times.

Em dezembro de 2023, a Hungria vetou a ampliação do orçamento da UE para 2024-2027 para acomodar 50 bilhões de euros (cerca de R$ 265 bilhões) em ajuda macrofinanceira à Ucrânia. Na ocasião, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse aos jornalistas que esperava que os líderes da UE aprovassem por unanimidade a ajuda financeira à Ucrânia no início de 2024, com a próxima cúpula extraordinária da UE marcada para 1º de fevereiro.

Segundo um documento acessado pelo Financial Times, Bruxelas delineou uma estratégia para atacar as fraquezas econômicas da Hungria, colocar em risco a sua moeda e causar um colapso na confiança dos investidores, em uma tentativa de prejudicar o emprego e o crescimento econômico do país, de modo que Budapeste reconsiderasse a sua decisão de fornecer fundos da UE à Ucrânia.

"No caso de não haver acordo na [cúpula] de 1º de fevereiro, outros chefes de Estado e de governo declarariam publicamente que, à luz do comportamento não construtivo do primeiro-ministro húngaro [Viktor Orbán], não poderiam imaginar que fundos da UE poderiam ser fornecidos a Budapeste", diz o jornal, citando o documento.

Sem o financiamento, "os mercados financeiros e as empresas europeias e internacionais poderão estar menos interessados em investir na Hungria" e tais medidas "poderiam desencadear rapidamente um novo aumento no custo de financiamento do déficit público e uma desvalorização da moeda", acrescenta o jornal.

Além disso, de acordo com o jornal, o documento do Conselho da UE expôs as vulnerabilidades econômicas da Hungria, incluindo o seu déficit público muito elevado, a inflação, a moeda fraca e os maiores pagamentos da dívida em proporção do PIB na UE. O documento destaca também que o emprego e o crescimento da Hungria dependem, em grande medida, do financiamento estrangeiro, que se baseia em elevados níveis de financiamento da UE.

O ministro húngaro para os Assuntos da UE, Janos Boka, disse ao jornal que Budapeste enviou uma nova proposta a Bruxelas no sábado (27) para chegar a um consenso, dizendo que o governo estava, agora, aberto a usar o orçamento da UE para a ajuda à Ucrânia se fossem adicionadas outras cláusulas que dariam a Budapeste a oportunidade de mudar sua decisão mais tarde.

Boka acrescentou ainda que se a tentativa de chegar a um consenso falhar, Budapeste dará preferência à proposta inicial da Hungria de criar um fundo separado para a Ucrânia fora do orçamento da UE.

Os países ocidentais, incluindo os Estados-membros da UE, têm fornecido ajuda financeira e militar a Kiev desde o início da operação militar da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de 2022. A UE forneceu até agora um total de quase 85 bilhões de euros (cerca de R$ 453 bilhões) em apoio humanitário, econômico e militar à Ucrânia e ao seu povo, afirmou a Comissão Europeia no final de dezembro de 2023.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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