Blocos afro foram fundamentais para
valorizar locais marginalizados em Salvador
“Nossa energia é
ancestral”. Esse será o tema do Carnaval de Salvador de 2024, que terá início
em 8 de fevereiro. A escolha é uma homenagem aos 50 anos da presença dos blocos
afros - como Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Olodum, Malê Debalê, Cortejo Afro, Bloco
Alvorada, Bankoma e Banda Didá - nos circuitos.
Para celebrar a
existência desses grupos e o que eles representam, o documentário “Sons do
Terreiro Mundo”, do A TARDE Play entrevistou os blocos afro e personalidades
para falar sobre a origem de blocos e afoxés e o papel deles para
desmarginalizar o Centro Histórico de Salvador.
Em 2024, o Olodum
completa 45 anos e, ao longo da sua trajetória, foi parte fundamental para
mudar a visão que as pessoas tinham do Pelourinho, segundo Marcelo Gentil,
presidente do bloco. “Essa comunidade não seria o que é hoje se não fosse o
Olodum. O Pelourinho era conhecido como a área de prostituição, de tráfico de
drogas, de práticas de furtos e roubos. E o próprio Olodum, que surgiu como
bloco de carnaval em 1979, também não tinha preocupação com nada disso. Passou
a ter essa preocupação quando se refundou em 1983 e passou a olhar para a
comunidade, principalmente para as crianças e adolescentes do Centro
Histórico”, relembrou.
“Criou naquele mesmo
ano o seu mais importante projeto social, o Rufar dos Tambores, que depois se
transformou em Escola Olodum, e, a partir daí, com o seu trabalho social e
musical, que começou a circular no Brasil e no mundo, as atenções se voltaram
para o Pelourinho. E, com isso, o poder público e os empresários da iniciativa
privada passaram a prestar atenção no Pelourinho”, destacou.
Na ocasião, Gentil,
que em setembro de 2024 vai completar 37 anos de Olodum, afirmou que o grupo
“só existe porque existe o Pelourinho”. “O Olodum só sobrevive porque convive
no dia-a-dia com a força da comunidade. Se a gente sair daqui vamos perder o tecido
social e seremos apenas mais um daqueles grandes artistas baianos e brasileiros
que fizeram muito sucesso em determinado período e depois sumiram e a gente nem
escuta mais”.
Cantor e integrante do
Olodum, Lazinho, pontuou que, no Centro Histórico, o bloco já fazia parte da
cultura de Salvador. “O carnaval acontecia aqui na Praça da Sé. [...] O Olodum
veio abrilhantar ainda mais o nosso sorriso e fazer parte de uma guerrilha social,
onde as pessoas viam a gente como marginal e delinquente. A gente provou para
as pessoas que quando você usa a arte e a cultura a seu favor ela pode lhe
levar a lugares infinitos. Foi o que o Olodum fez com todos nós”.
“E pretendemos galgar
lugares mais longes ainda. É um pouco do recado e da história que está sendo
contada de uma forma lógica, como
deveria. Agora, as pessoas sabem da nossa história contada por nós. [...] O
Olodum serve para contar uma história pela visão do negro”, enfatizou.
Lazinho afirma ainda
que o reconhecimento do Olodum como patrimônio “é o reconhecimento da história
que está sendo contada de forma correta. O Olodum não tem nenhum preconceito.
Aqui não existe xenofobia, homofobia. Aqui, nós elegemos a primeira mulher que
presidiu um bloco afro. Por aqui passou muita gente. Branco. Porque a gente
entende que a sociedade, independente da cor, nós somos humanos. Quando o
Olodum é reconhecido pelas instituições significa que nós fizemos algo de bom e
que nós estamos no caminho certo”.
• O maior balé afro do mundo
Outro grupo que
completa 45 anos em 2024, é o Malê Debalê. Presidente do bloco, Cláudio Araújo
destacou o papel fundamental do Malê para Itapuã, bairro onde surgiu o maior
balé afro do mundo. Ao A TARDE Play, ele citou, no entanto, o esquecimento por
parte das autoridades em relação ao local em que o grupo nasceu.
“O aeroporto que liga
Salvador ao mundo está bem aqui do lado de Itapuã, mas parece, às vezes, que
Itapuã é invisível para determinados segmentos. Aí eu falo da política, porque
as pessoas pensam que Itapuã não existe. E com essa ligação do aeroporto com a
Paralela ficou pior”, criticou.
Cláudio Araújo apontou
a importância fundamental do Malê para aquela área geográfica. “[...] O Malê
nasceu aqui em Itapuã. O Malê nasce e faz seus primeiros ensaios em cima da
Lagoa do Abaeté, nas areias brancas. Então, o poder que o Malê tem diante de Itapuã
é algo imensurável. O Malê nasce através de revoltas e, de uma forma muito
direta, ele representa essa terra que eu gosto de chamar de península
itapuanzeira”, completou.
Ø
Bloco Coruja: uma história de alegria no
Carnaval de Salvador
Quando se fala em
Carnaval de Salvador, o Bloco Coruja aparece como um símbolo da alegria e
da cultura baiana, tradição construída ao longo de mais de seis décadas. Mais
que um bloco, o Coruja personifica a essência da maior festa de rua do planeta,
aliando história e inovação para oferecer, a cada ano, uma experiência única a
seu folião.
Desde suas origens, em
1963, o Bloco Coruja se destaca como uma referência de animação e diversidade
cultural, acompanhando a história e evolução da festa de Momo. Sua trajetória,
marcada por grandes nomes da música baiana, a exemplo do cantor Ricardo Chaves,
o fortaleceram como um ícone da folia, conquistando rapidamente seu espaço no
coração dos foliões e no Carnaval de Salvador.
Com uma tradição
consolidada e uma legião de fãs, um novo capítulo da história do Bloco Coruja
começou a ser escrito quando a cantora Ivete Sangalo assumiu o comando do
bloco, em 2002. O sucesso foi imediato e, sob sua liderança, o Coruja
conquistou o título de melhor bloco do Carnaval de Salvador por anos
consecutivos, atraindo não apenas foliões, mas também personalidades nacionais
e internacionais.
Por conta desse
crescimento, em 2009, o Coruja passou a desfilar nos dois principais circuitos
da festa, refletindo o compromisso em proporcionar novas experiências a seus
foliões. Além da música envolvente, o "bloco mais animado de
Salvador" ficou conhecido por sua atmosfera descontraída e por sua
proximidade com o público, se tornando mais do que uma atração do Carnaval de
Salvador, uma experiência que transcende gerações.
·
Pausa em 2018 e
restrições pandêmicas
Com o nascimento das
filhas gêmeas de Ivete Sangalo, em 2018, o bloco precisou passar por um hiato,
retomando suas atividades em 2019 com três dias seguidos de desfile no circuito
Barra-Ondina. Já em 2020, em dois dias de festa, o Coruja somou mais de 15
horas de folia no Carnaval de Salvador.
Mesmo com os desafios
apresentados pela pandemia do coronavírus em 2021 e 2022, o "bloco mais
animado do Carnaval de Salvador" voltou em 2023 repleto de novidades e com
a promessa de realizar mais um evento inesquecível. Com o tema "De Volta
Para o Futuro", Ivete Sangalo levou para o circuito o seu EP recém lançado
"Chega Mais", trazendo sucessos como "Cria da Ivete",
"Só Love na Cabeça", "Rua da Saudade", "Se Saia"
e "Batucada".
·
Diversão garantida em
2024
Entre as diversas
opções de blocos e camarotes, o Coruja aparece como a melhor escolha para quem
busca vivenciar o melhor da folia baiana. Comandado pela musa Ivete Sangalo, o
"melhor bloco do Carnaval de Salvador" incarna a verdadeira essência
da festa de Momo e promete surpreender os foliões com uma combinação de muita
música e animação.
Fonte: A Tarde
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