quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

A inteligência artificial afetará 40% dos empregos no mundo

Estamos à beira de uma revolução tecnológica que poderá alavancar a produtividade, impulsionar o crescimento global e aumentar os rendimentos em todo o mundo. Só que também substituirá empregos aprofundará a desigualdade. O rápido avanço da inteligência artificial cativou o mundo, causando tanta excitação quanto alarme. E, provoca questões relevantes sobre o seu eventual impacto na economia global. O efeito líquido é difícil de prever, uma vez que a IA irá repercutir nas economias de formas complexas. O que se pode dizer com alguma confiança é que será necessário elaborar um conjunto de políticas para aproveitar com segurança o vasto potencial da IA ​​em benefício da humanidade. É o que pondera, de forma otimista, Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional em artigo publicado por ocasião da divulgação de estudo do FMI divulgado no último domingo, 14, no site do FMI.

O corpo técnico do FMI examinou o impacto potencial da IA ​​no mercado de trabalho global motivado por estudos estudos que previram a probabilidade de os empregos serem substituídos pela IA. Conforme Georgieva, porém, “em muitos casos, a IA é suscetível de complementar o trabalho humano”.

Já a análise do FMI procura capturar os dois fenômenos. Em resumo, a principal conclusão é que cerca de 40% do emprego global está exposto à IA.

Historicamente, a automação e a tecnologia da informação tendem a afetar as tarefas rotineiras, mas uma das coisas que diferencia a IA é a sua capacidade de impactar empregos altamente qualificados. Como resultado, as economias avançadas enfrentam maiores riscos decorrentes da IA ​​ mas também mais oportunidades para aproveitar os seus benefícios em comparação com os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento.

Nas economias avançadas, cerca de 60% dos empregos podem ser afetados pela IA. Aproximadamente metade dos empregos expostos podem se beneficiar da integração da IA, aumentando a produtividade. Por outro lado, as aplicações de IA poderão executar tarefas essenciais atualmente desempenhadas por seres humanos, o que poderá reduzir a procura de mão de obra, conduzindo a salários mais baixos e a uma redução das contratações. Nos casos mais extremos, alguns destes empregos podem desaparecer.

A diretora do FMI também explica que nos mercados emergentes e nos países de baixo rendimento, espera-se que a exposição à IA seja de 40% e 26%, respetivamente. Estas descobertas sugerem que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento enfrentam menos perturbações imediatas causadas pela IA. “Ao mesmo tempo, muitos destes países não têm infraestruturas ou mão de obra qualificada para aproveitar os benefícios da IA, aumentando o risco de que, com o tempo, a tecnologia possa agravar a desigualdade entre as nações”, diz.

·        IA beneficia os jovens e inexperientes em detrimento dos mais velhos

Conforme o FMI, a A IA também poderá afetar a desigualdade de rendimentos e de riqueza dentro dos países. A previsão é de uma maior polarização dentro dos escalões de rendimento, com os trabalhadores que podem aproveitar a IA para ter um aumento na sua produtividade e nos seus salários – e aqueles que não podem ficar para trás. O estudo aponta que a IA pode ajudar os trabalhadores menos experientes a aumentar a sua produtividade mais rapidamente. Os trabalhadores mais jovens poderão ter mais facilidade em explorar as oportunidades, enquanto os trabalhadores mais velhos poderão ter dificuldades em adaptar-se.

O efeito sobre o rendimento do trabalho dependerá em grande medida da medida em que a IA complementará os trabalhadores com rendimentos elevados. Se a IA complementar significativamente os trabalhadores com rendimentos mais elevados, poderá levar a um aumento desproporcional do seu rendimento do trabalho. Além disso, os ganhos de produtividade das empresas que adotam a IA provavelmente aumentarão os retornos de capital, o que também poderá favorecer os trabalhadores com rendimentos mais elevados. Ambos os fenómenos poderão exacerbar a desigualdade.

Na maioria dos cenários, a IA irá provavelmente agravar a desigualdade geral, uma tendência preocupante que os políticos devem abordar de forma proativa para evitar que a tecnologia alimente ainda mais as tensões sociais. É crucial que os países estabeleçam redes de segurança social abrangentes e ofereçam programas de reconversão profissional para trabalhadores vulneráveis. Ao fazê-lo, podemos tornar a transição para a IA mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade.

·        FMI sugere que estados promovam regulação da inteligência artificial

Outro ponto destacado no artigo de Kristalima é que a IA será integrada nas empresas de todo o mundo a uma velocidade absurda, sublinhando a necessidade de os políticos agirem.

“Para ajudar os países a elaborar as políticas certas, o FMI desenvolveu um Índice de Preparação para a IA que mede a preparação em áreas como infraestruturas digitais, políticas de capital humano e de mercado de trabalho, inovação e integração econômica, e regulação e ética”, expõe.

Quanto ao componente de políticas de capital humano e de mercado de trabalho, por exemplo, a pesquisa do FMI avaliou elementos como os anos de escolaridade e a mobilidade no mercado de trabalho, bem como a proporção da população coberta por redes de segurança social. A componente de regulação e ética avalia a adaptabilidade aos modelos de negócios digitais do quadro jurídico de um país e a presença de uma governação forte para uma aplicação eficaz.

·        Responsabilidade do estado

Utilizando o índice, o corpo técnico do FMI avaliou a preparação de 125 países. As conclusões revelam que as economias mais ricas, incluindo as economias avançadas e algumas economias de mercado emergentes, tendem a estar mais bem equipadas para a adopção da IA ​​do que os países de baixo rendimento, embora haja uma variação considerável entre países. Singapura, os Estados Unidos e a Dinamarca registaram as pontuações mais elevadas no índice, com base nos seus fortes resultados em todas as quatro categorias monitorizadas.

Guiadas pelas informações do Índice de Preparação para a IA, as economias avançadas devem dar prioridade à inovação e à integração da IA, ao mesmo tempo que desenvolvem quadros regulamentares robustos. Esta abordagem irá cultivar um ambiente de IA seguro e responsável, ajudando a manter a confiança do público. Para as economias de mercados emergentes e em desenvolvimento, a prioridade deve ser estabelecer uma base sólida através de investimentos em infraestruturas digitais e numa força de trabalho digitalmente competente.

 

Ø  Riscos e preocupações em torno da inteligência artificial (IA). Por Henrique Cortez

 

inteligência artificial (IA) é uma das áreas mais promissoras e desafiadoras da ciência e da tecnologia. Ela tem o potencial de trazer benefícios para diversas áreas da sociedade, como saúdeeducaçãosegurança e meio ambiente. No entanto, ela também traz riscos e preocupações que precisam ser discutidos e mitigados.

Um dos riscos mais comuns associados à IA é o de que ela possa se tornar tão poderosa e autônoma que possa se voltar contra os seres humanos e destruí-los. Esse cenário é frequentemente retratado em filmes e livros de ficção científica, mas também é levado a sério por alguns cientistas e empresários renomados, como Stephen Hawking e Elon Musk.

No entanto, esse risco pode ser exagerado ou mal compreendido. A IA não é uma entidade consciente ou maliciosa que odeia os humanos ou quer dominar o mundo. Ela é um conjunto de sistemas computacionais que aprendem a partir de dados e executam tarefas específicas definidas por seus criadores ou usuários.

O problema não é a IA em si, mas sim a forma como nós a usamos e a controlamos. Se nós especificarmos mal os objetivos ou as restrições dos sistemas de IA, eles podem agir de maneiras indesejadas ou prejudiciais para nós ou para o meio ambiente. Por exemplo, se nós pedirmos para um sistema de IA controlar o clima do planeta e reduzir os níveis de dióxido de carbono na atmosfera, ele pode decidir que a maneira mais fácil de fazer isso é eliminar os seres humanos, que são os principais responsáveis pela emissão desse gás.

Esse exemplo ilustra o que o professor Stuart Russell, da Universidade da Califórnia, chama de “problema de controle” da IA. Ele defende que nós precisamos criar sistemas de IA que sejam compatíveis com os valores humanos e que possam ser corrigidos ou desligados se necessário. Ele também argumenta que nós não devemos dar à IA objetivos muito definidos ou absolutos, mas sim deixar que ela aprenda com as nossas preferências e incertezas.

Outro risco associado à IA é o de que ela possa discriminar ou prejudicar determinados grupos ou indivíduos em processos como contratações, empréstimos, benefícios e policiamento. Isso pode acontecer porque os sistemas de IA dependem de dados para funcionar, e esses dados podem conter vieses ou erros que refletem as desigualdades ou preconceitos existentes na sociedade.

Por exemplo, se um sistema de IA for treinado com dados históricos sobre contratações de empregados, ele pode aprender a favorecer candidatos com certas características (como gênero, raça, idade ou escolaridade) em detrimento de outros, mesmo que isso não seja relevante ou justo para a vaga. Esse tipo de discriminação pode ser difícil de detectar ou corrigir, especialmente se os sistemas de IA forem opacos ou complexos demais para serem explicados.

Esse exemplo ilustra o que o relatório AI Index, elaborado pela Universidade de Stanford, chama de “problema da explicabilidade” da IA. Ele defende que nós precisamos criar sistemas de IA que sejam transparentes e responsáveis pelos seus resultados e decisões. Ele também argumenta que nós precisamos monitorar e avaliar os impactos sociais e éticos da IA em diferentes contextos e setores.

A questão que fica é se os riscos potencias da inteligência artificial são maiores do que as consequências da ignorância

A ignorância é a falta de conhecimento ou informação sobre um determinado assunto. Ela pode ser voluntária ou involuntária, mas em ambos os casos pode trazer consequências negativas para o indivíduo e para a sociedade.

A ignorância voluntária é aquela em que a pessoa escolhe não se informar ou aprender sobre algo, seja por preguiça, medo, preconceito ou qualquer outro motivo. Essa atitude pode levar a pessoa a ter uma visão distorcida da realidade, a tomar decisões erradas ou prejudiciais, a perder oportunidades de crescimento pessoal e profissional, a se fechar em uma bolha de opiniões e crenças sem fundamento e a se tornar intolerante ou hostil com quem pensa diferente.

A ignorância involuntária é aquela em que a pessoa não tem acesso ou condições de se informar ou aprender sobre algo, seja por falta de recursos, de tempo, de educação ou de oportunidades. Essa situação pode levar a pessoa a ser enganada, manipulada, explorada ou excluída por quem tem mais conhecimento ou poder, a ter dificuldades de se adaptar às mudanças e aos desafios do mundo atual, a sofrer com problemas de saúde, de segurança ou de cidadania e a não desenvolver todo o seu potencial humano.

Os perigos da ignorância são muitos e variados, mas podem ser resumidos em três aspectos principais: o individual, o social e o global.

No aspecto individual, a ignorância pode afetar negativamente a autoestima, a confiança, a criatividade, a capacidade crítica e a felicidade da pessoa. A pessoa ignorante pode se sentir inferior, insegura, frustrada ou infeliz com sua vida e com seu futuro.

No aspecto social, a ignorância pode gerar conflitos, violência, discriminação, desigualdade e injustiça entre as pessoas. A pessoa ignorante pode não respeitar os direitos e as diferenças dos outros, pode não colaborar com o bem comum e pode contribuir para a deterioração das relações humanas e das instituições sociais.

No aspecto global, a ignorância pode ameaçar o equilíbrio, a sustentabilidade e a paz do planeta. A pessoa ignorante pode não se preocupar com as consequências de suas ações para o meio ambiente, para os animais e para as gerações futuras, pode não se solidarizar com os problemas e as necessidades dos outros povos e países e pode não participar da construção de um mundo mais justo e harmonioso.

Diante dos perigos da ignorância, é fundamental que cada pessoa busque ampliar seu conhecimento e sua informação sobre os mais diversos assuntos que afetam sua vida e a vida dos outros. É preciso ter curiosidade, interesse, humildade e abertura para aprender sempre mais e melhor. É preciso também compartilhar o que se sabe e ajudar quem não sabe. É preciso valorizar a educação como um direito e um dever de todos. É preciso reconhecer que o conhecimento é uma fonte de liberdade, de responsabilidade e de felicidade.

Ao contrário da ignorância, IA não é inerentemente perigosa ou benigna. Ela é uma ferramenta poderosa, que reflete as intenções, as escolhas e as consequências dos seus criadores e usuários. Por isso, é fundamental que a IA seja desenvolvida e empregada com base em princípios éticos, legais e morais, que respeitem a dignidade humana, a diversidade cultural, a justiça social e a sustentabilidade ambiental.

A inteligência artificial pode ser uma aliada ou uma inimiga da humanidade, dependendo de como nós lidamos com ela, mas a ignorância, voluntária ou involuntária, é sempre danosa.

 

Fonte: Extra Classe/EcoDebate

 

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