quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Um 'morto-vivo' em busca de sangue que perambula pela Europa e atende pelo nome de OTAN

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os aliados europeus dos Estados Unidos acostumaram-se a uma relação de subordinação para com seu patrono do outro lado do Atlântico. Para além disso, é pelo território da Europa que a OTAN, principal símbolo dessa subordinação, vem perambulando desde a década de 1990, em busca do sangue de suas novas vítimas.

Por certo, esse sistema de aliança militar multilateral representado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é diferente de qualquer forma de aliança que já existiu na história. Afinal, quando a organização foi estabelecida pela primeira vez, em 1949, tendo a União Soviética como sua principal ameaça, já indicava-se que a aliança pretendia estabelecer a coordenação unificada de todos os planos de defesa nacional dos seus países-membros. Tempos depois, quando a Alemanha Ocidental foi integrada à OTAN, em 1955, sua estrutura militar tornou-se ainda mais complexa e a atribuição permanente de tropas de combate no território europeu passou a ficar a cargo de um comando militar coordenado e supervisionado pelos Estados Unidos.

Por muitos anos, a OTAN também serviu como uma frente diplomática única, garantindo a submissão política dos europeus a Washington diante das mudanças que vinham ocorrendo na União Soviética e na China de Mao. A dinâmica principal da Aliança Atlântica, portanto, desde muito cedo adquiriu contornos de formulação de uma postura comum (que na verdade era ditada pela Casa Branca) em decorrência de uma suposta ameaça do comunismo soviético e chinês.

Eram os balanços da preparação militar soviética que definiam a agenda diplomática da OTAN, bem como as atividades de seus comitês, quer no planejamento de exercícios conjuntos, quer na aquisição de armas ou disposição de forças no território europeu ocupado pelos americanos. Diante desse contexto, vários cenários de combate contra Moscou foram pensados periodicamente, tornando-se a base conceitual para os exercícios anuais e semestrais que mantinham as tropas da OTAN em estado de prontidão. Com isso, a Aliança Atlântica esteve em alerta permanente durante os primeiros 40 anos de sua existência.

Todavia, como as tropas da OTAN nunca foram atacadas diretamente por um adversário à altura, a aliança nunca foi realmente testada em uma situação de guerra real, o que fez com que seu grau de coesão fosse mantido quase que à força pelos Estados Unidos. Durante a Guerra Fria, que recebeu esse nome justamente pela ausência de um conflito direto entre as duas superpotências, ainda assim foram pensados cenários em torno de uma guerra total envolvendo Moscou e a OTAN. Se a aliança decidisse, por exemplo, pela utilização de armas nucleares contra a União Soviética, imaginava-se que não só os países europeus seriam obliterados em resposta, como também os próprios Estados Unidos seriam devastados no processo.

Por outro lado, se a aliança decidisse pela utilização ofensiva de tropas convencionais, os europeus provavelmente sofreriam por mais tempo — e de forma isolada — os efeitos de um atrito direto com o Exército Vermelho, enquanto os Estados Unidos assistiriam ilesos do outro lado do oceano, decidindo o melhor momento de intervir. Diante desses cenários nada animadores, nenhum conflito — como se esperava — acabou ocorrendo entre as duas partes, resultando no fato de que a OTAN na prática nunca correu riscos reais à sua existência, ainda mais com o fim da União Soviética, em 1991.

Durante a década de 1990, por sua vez, tornou-se claro que a Federação da Rússia não representava qualquer tipo de ameaça imediata à OTAN, com o governo russo da época procurando na verdade aderir às instituições ocidentais, e não as antagonizar. Por vários anos, portanto, a burocracia da aliança entrou em verdadeira estagnação, demonstrando sua falta de capacidade para articular e justificar a necessidade de sua existência. O caminho escolhido pela OTAN, então, foi recorrer a intervenções militares diretas em regiões que não eram de sua responsabilidade e que estavam fora de seu escopo original de ação, como os Bálcãs, no final dos anos 1990, e o Norte da África e o Oriente Médio, em meados dos anos 2000.

Tal situação fez com que os países europeus perdessem inteiramente sua autonomia perante os novos desígnios políticos da Casa Branca com relação à atuação da OTAN, que agora estendia-se para muito além de suas funções originais. Em qualquer caso, a Aliança Atlântica obedecia pura e simplesmente aos interesses geopolíticos de momento dos Estados Unidos, seu principal financiador e mantenedor militar, apesar de um grande desconforto causado em parcelas da população europeia, que, corretamente, não viam mais sentido na continuidade da OTAN.

Era mais do que claro, como já mencionado, que o simples compromisso ocidental de que "uma ameaça a um determinado país-membro era uma ameaça a todos" (como versava o Artigo 5 da carta de fundação da OTAN) perdera totalmente o sentido, pois tal ameaça não existia, a não ser para os formuladores de políticas em Washington. A OTAN, portanto, deixou de representar um compromisso de segurança mútua estabelecido na Guerra Fria para se tornar uma instituição que formalizava a "presença dos Estados Unidos" na Europa; logo a manutenção de sua estrutura, assim como as suas frequentes reafirmações de propósito e toda a sua pompa política, nada mais era do que um disfarce para a obtenção dos objetivos americanos no continente, contra os quais os europeus não tinham condição de protestar.

Quando a OTAN, por fim, começou suas ondas de expansão para o leste no início do século XXI, ficou evidenciado que tal movimento atendia aos interesses geopolíticos estadunidenses, que ainda viam na Rússia uma ameaça dormente à sua hegemonia nas relações internacionais, por atuar (sobretudo durante os anos 2000) como um ator político independente. Os americanos se ressentiam com um mundo que vinha se tornando cada vez mais multipolar, empreendendo então todos os esforços possíveis para defender sua posição privilegiada no tabuleiro europeu e global. O resultado de tudo isso foi que a OTAN, um verdadeiro "morto-vivo" do tempo da Guerra Fria, continua perambulando livremente pelo território europeu. E o faz atualmente se alimentando do sangue dos ucranianos. Quando este terminar, restará ao "morto-vivo" escolher quem será a sua próxima vítima.

 

Ø  Parlamento turco vota a favor da Suécia na OTAN e Estocolmo suspende embargo a exportações de Ancara

 

A Suécia decidiu suspender embargo às exportações de defesa da Turquia logo após uma comissão parlamentar turca aprovar o pedido de adesão de Estocolmo à OTAN.

A Suécia suspendeu o embargo à exportação de equipamento militar defensivo para a Turquia, após a aprovação por uma comissão parlamentar turca da candidatura de adesão de Estocolmo à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), informou a imprensa turca nesta quarta-feira (27).

Na terça-feira (26), a comissão de relações exteriores da Grande Assembleia Nacional da Turquia deu luz verde à candidatura de Estocolmo para aderir à aliança militar ocidental, após atrasos que dificultaram a expansão do bloco de 31 membros — principalmente da Turquia e da Hungria.

Espera-se que a aprovação do comitê leve a adesão da Suécia à OTAN a ser debatida e ratificada pelo parlamento de Ancara. Ainda não foi definida uma data para a votação pela legislatura, após a qual seria necessária a aprovação formal do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Pouco depois, Estocolmo agiu para suspender o embargo às exportações de defesa a Ancara e começou a emitir licenças de exportação a pedido de empresas turcas, disse o meio de comunicação Yeni Safak na quarta-feira, citando comentários do vice-ministro das Relações Exteriores, Burak Akcapar.

"Após o início do processo [para aprovar a adesão da Suécia à OTAN], as candidaturas apresentadas pelas empresas turcas foram concluídas positivamente", disse Akcapar, segundo o jornal.

O embargo foi imposto pela Suécia em outubro de 2019 em oposição a uma operação militar turca contra a milícia curda na Síria. Anteriormente, o presidente Erdogan ameaçou bloquear a entrada da Suécia na OTAN – bem como a da sua vizinha nórdica, a Finlândia.

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, saudou a intenção da Turquia de ratificar o pedido de Estocolmo à OTAN e apelou à Hungria para também aprovar a medida "o mais rapidamente possível".

"A adesão da Suécia tornará a OTAN mais forte", acrescentou Stoltenberg na terça-feira.

A remoção do embargo poderá levar a um aumento do comércio de defesa entre a Turquia e a Suécia, bem como a uma possível colaboração estratégica.

A Turquia, membro da OTAN desde 1953, solicitou que a Suécia e a Finlândia mudassem as suas posições em relação aos grupos militantes curdos que Ancara considera organizações terroristas, e que a Suécia retirasse o seu embargo à venda de armamento defensivo.

 

Ø  Chefe da política externa da UE, Borrell recebe 'prêmio Borat de diplomacia' por gafes constantes

 

Josep Borrell, chefe da política externa da União Europeia, recebeu uma condecoração questionável quando o jornal Politico EU lhe concedeu o "Prêmio Borat de diplomacia".

O jornal concedeu esta distinção ao diplomata europeu por uma série de gafes que fizeram manchetes desde sua ascensão ao cargo em 2019. Em 2022, ele anunciou que Bruxelas enviaria caças para a Ucrânia – uma decisão que só seria tomada vários meses mais tarde.

Ele foi ridicularizado em agosto deste ano, depois de parabenizar o Equador por realizar "eleições pacíficas" pouco depois do chocante assassinato de um dos candidatos.

"Se há uma coisa a qual os europeus podem contar desde que Josep Borrell se tornou o czar da política externa da UE no final de 2019, é que ele nunca perde uma oportunidade de dizer disparates", escreveu o artigo.

O comentário mais controverso de Borrell veio em 2022 durante um discurso em que ele se referiu à Europa como um "jardim" que deve permanecer distinto da "selva" do mundo não europeu. As declarações foram amplamente criticadas como sendo racialmente depreciativas, e Borrell mais tarde pediu desculpas.

Politico EU escreveu também que o alto representante da União Europeia para assuntos externos e política de segurança "parece estar empenhado a oferecer aos europeus lembretes diários de sua inépcia diplomática".

O prêmio de Politico é nomeado em homenagem a Borat, o personagem cômico criado pelo ator britânico Sacha Baron Cohen.

 

Ø  CIA luta para combater perdas 'terríveis' de sua rede de espionagem na China

 

Ao longo dos últimos anos, o governo chinês tem intensificado a repressão de supostos espiões que trabalham para os EUA no país.

A Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês) está lutando para reconstruir sua desmantelada rede de espionagem na China, relataram ao The Wall Street Journal (WSJ) autoridades estadunidenses na condição de anonimato.

Segundo eles, o objetivo é restaurar as "capacidades de informação humana" da CIA na República Popular da China, onde a agência perdeu sua rede de agentes há uma década.

As fontes referiram-se ao que descreveram como agentes de contraespionagem de Pequim, que "quase cegaram" os agentes da CIA na China na época, quando os oficiais relataram que pelos menos "duas dúzias de funcionários" que forneciam informações aos EUA foram executados ou colocados atrás das grades.

As autoridades alegaram que os EUA atualmente se debatem com uma compreensão limitada dos planos secretos do presidente chinês Xi Jinping e seus associados sobre questões-chave de segurança, incluindo as relativas a Taiwan.

"Não temos uma visão real dos planos e intenções de liderança [chineses] na China", disse uma fonte.

As autoridades dos EUA acrescentaram que os detalhes do que deu errado não são conhecidos ao público e não está claro se alguns dos funcionários da CIA foram responsabilizados. Um funcionário observou que as perdas da agência na China eram "terríveis".

As alegações vieram depois que o diretor da CIA, William Burns, disse em uma entrevista ao WSJ que a China continua no topo da lista de objetivos da agência.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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