quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Organização Mundial do AVC alerta que 90% dos derrames são preveníveis

Uma em cada quatro pessoas com mais de 35 anos vai sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, em algum momento da vida – e 90% desses derrames poderia ser prevenido por meio do cuidado com um pequeno número de fatores de risco, incluindo hipertensão ou pressão alta, tabagismo, dieta e atividade física. O alerta é da Organização Mundial do AVC. 

No Dia Mundial de combate ao AVC, lembrado neste domingo (29), a entidade destaca que a doença é uma das maiores causas de morte e incapacidade no mundo, pode acontecer com qualquer um em qualquer idade, e é algo que afeta a todos: sobreviventes, familiares e amigos, além de ambientes de trabalho e comunidades.  

A estimativa é que mais de 12 milhões de pessoas no mundo tenham um AVC este ano e que 6,5 milhões morram como resultado. Os dados mostram ainda que mais de 110 milhões de pessoas vivem com sequelas de um AVC. A incidência aumenta significativamente com a idade – mais de 60% dos casos acontece em pessoas com menos de 70 anos e 16%, em pessoas com menos de 50 anos. 

"Mais da metade das pessoas que sofrem um derrame morrerão como resultado. Para os sobreviventes, o impacto pode ser devastador, afetando a mobilidade física, a alimentação, a fala e a linguagem, as emoções e os processos de pensamento. Essas necessidades complexas podem resultar em desafios financeiros e cuidados para o indivíduo e para os seus cuidadores", alerta a organização. 

·         Entenda 

De acordo com o neurologista e coordenador do serviço de AVC do Hospital Albert Einstein, Marco Túlio Araújo Pedatella, o AVC acontece quando há uma obstrução do fluxo de sangue pro cérebro. Ele pode ser isquêmico (quando há obstrução de vasos sanguíneos) ou hemorrágico (quando os vasos se rompem). Em ambos os casos, células do cérebro podem ser lesionadas ou morrer. 

"Os principais fatores de risco que temos hoje pro AVC são pressão alta, diabetes, colesterol elevado, sedentarismo, fumo, uso excessivo de bebida alcoólica, além de outros fatores que a gente não consegue interferir muito, como idade, já que acaba sendo mais comum em pacientes mais idosos, sexo masculino, pessoas da raça negra e orientais e histórico familiar, que também é um fator de risco importante." 

·         Jovens 

Apesar de o AVC ser mais frequente entre a população acima de 60 anos, os relatos de casos entre jovens têm se tornado cada vez mais comuns. Pedatella lembra que, nesses casos, os impactos são enormes, uma vez que a doença pode gerar incapacidades importantes a depender do local e do tamanho da lesão no cérebro.  

"Acometendo um paciente jovem, uma pessoa que, muitas vezes, vai deixar de trabalhar, vai precisar fazer reabilitação, gerando enorme gastos. Em vários casos, dependendo da sequela, esse paciente precisa de ajuda até pra andar, então, vai tirar um familiar do trabalho pra poder auxiliar. Então acaba aumentando muitos os gastos de seguridade social, além dos gastos com tratamento e reabilitação." 

"Infelizmente, a gente não tem um remédio que trate, que cure essas lesões. Os pacientes melhoram com a reabilitação, mas dependendo da lesão, do tamanho, da localização, podem ficar com alguma sequela mais incapacitantes." 

·         Reconhecendo sinais 

O especialista explica que reconhecer os sinais de um AVC e buscar tratamento rapidamente não apenas salva a vida do paciente, mas amplia suas chances de recuperação. "O AVC é um quadro repentino, súbito. Acontece de uma vez." 

"A pessoa tem perda de força ou de sensibilidade de um ou de ambos os lados do corpo; perda da visão de um ou de ambos os olhos; visão dupla; desequilíbrio ou incoordenação motora; vertigem muito intensa; alteração na fala, seja uma dificuldade para falar, para articular palavras, para se fazer ser compreendido ou compreender; além de uma dor de cabeça muito intensa e diferente do padrão habitual". 

"É recomendado que, na presença de qualquer um desses sinais, entre em contato com o serviço de urgência para que o paciente possa ser avaliado por um médico e afastar a possibilidade de um AVC. A gente tem uma janela muito estreita, no AVC isquêmico, pra poder tratar esse paciente e evitar sequelas incapacitantes – até quatro horas e meia com tratamento medicamentoso e até seis horas com procedimento endovascular."

 

·         Dormência de um lado do corpo pode ser sintoma de AVC; conheça sinais de alerta

 

Cerca de 9,7 milhões de pessoas morrerão em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2050, de acordo com a estimativa da Organização Mundial do AVC, em um artigo publicado na revista científica The Lancet Neurology.

A previsão representa um aumento de 50% em relação aos dados de 2020, quando o número de mortes por ano decorrentes de AVC era de cerca de 6,6 milhões.

Segundo a entidade, trata-se da segunda principal causa de óbitos em todo o mundo. Mas especialistas afirmam que os danos podem ser reduzidos, principalmente, com a agilidade do atendimento médico.

“O tempo é essencial no tratamento do AVC, pois quanto mais rápido o tratamento for iniciado, melhores são as chances de recuperação e minimização dos danos cerebrais. Ligar para os serviços de emergência e informar que suspeita de um AVC é o mais recomendado”, orienta a neurologista e pesquisadora do Hospital Israelita Albert Einstein Gisele Sampaio.

Para que o tratamento ocorra de maneira ágil, o primeiro passo é saber reconhecer os sintomas. Segundo informações do Ministério da Saúde, são sinais de AVC:

  • Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
  • Confusão mental;
  • Alteração da fala ou compreensão;
  • Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
  • Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
  • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

A neurologista explica que quando esses sintomas surgem, o acidente vascular já está em andamento. O paciente deve, então, ser levado imediatamente a um hospital. Se for necessário, é possível acionar o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu – 192) ou os Bombeiros (193).

O AVC acontece em decorrência da alteração do fluxo de sangue ao cérebro, por conta do entupimento ou rompimento dos vasos que desempenham essa função.

>>> O quadro pode se dar de duas maneiras, segundo informações do Ministério da Saúde:

# Acidente vascular isquêmico ou infarto cerebral:

-  É o subtipo mais comum, responsável por 80% dos casos de AVC. Ocorre pelo entupimento dos vasos cerebrais, devido a uma trombose (formação de placas em uma artéria principal do cérebro) ou embolia (quando um trombo ou uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e pela rede sanguínea chega aos vasos cerebrais).

# Acidente vascular hemorrágico: 

- Menos comum, é o subtipo mais grave de AVC, com altos índices de mortalidade. Acontece quando os vasos sanguíneos se rompem. Quando o rompimento ocorre no interior do cérebro, resulta em hemorragia intracerebral. Em outros casos, ocorre a hemorragia subaracnoide, com o sangramento entre o cérebro e a aracnoide (uma das membranas que compõe a meninge).

·         Como tratar o AVC?

De acordo com o neurocirurgião e especialista em doenças cerebrovasculares Victor Hugo Espíndola, existem dois tipos de tratamento disponíveis para esse quadro.

“Uma medicação que a gente faz na veia, mas só pode ser feita até 4 horas e meia de sintomas; e o cateterismo, que a gente reserva para os casos mais graves. Esse tratamento pode fazer até 24 horas de sintomas, mas o ideal é que seja feito nas primeiras 6 horas”, explica. 

Outra parte importante do tratamento é a reabilitação do paciente. De acordo com a Saúde, o objetivo é fazer com que a pessoa “restabeleça sua mobilidade, habilidades funcionais e independência física e psíquica”.

O médico ressalta que cuidados prévios também são essenciais. “As pessoas têm que ter consciência que até 80% dos AVCs podem ser evitados, e a gente consegue isso com bons hábitos de vida: controlando pressão, diabetes, obesidade, evitando sedentarismo e interrompendo tabagismo, por exemplo”.

 

Fonte: Agencia Brasil/CNN Brasil

 

 

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