ONG aciona TPI para denunciar crimes de guerra contra jornalistas
Em denúncia ao Tribunal Penal Internacional,
Repórteres Sem Fronteiras detalhou mortes de nove jornalistas desde o início da
guerra entre Hamas e Israel – sendo oito palestinos e um israelense.A ONG
Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anunciou nesta quarta-feira (01/11) que
apresentou ao Tribunal Penal Internacional (TPI) uma denúncia por crimes de
guerra cometidos contra meios de comunicação e jornalistas na Faixa de Gaza e
em Israel.
Na denúncia, a RSF aborda a morte de oito
jornalistas palestinos em bombardeios israelenses contra Gaza desde o início da
ofensiva no enclave em resposta aos ataques terroristas do Hamas contra Israel.
A RSF também menciona
o assassinato de um jornalista israelense pelo
Hamas que cobria o ataque de terroristas do Hamas a uma comunidade agrícola
israelense em 7 de outubro.
Há também referência à “destruição intencional,
total ou parcial”, das sedes de mais de 50 meios de comunicação em Gaza,
detalhou a RSF.
A organização indica que tem conhecimento de que 34
jornalistas morreram desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, sendo
que pelo menos 12 no exercício da sua atividade (10 em Gaza, um em Israel e
outro no Líbano).
A RSF insiste que mesmo que os jornalistas
palestinos mortos em Gaza fossem considerados vítimas de alvos militares, como
afirmam as autoridades israelenses, “estes ataques causaram, em qualquer caso,
danos manifestamente excessivos e desproporcionais entre os civis”.
Por esta razão, a RSF entende que a ação israelense
se enquadra na classificação de crimes de guerra.
No seu processo perante a procuradoria do TPI, a
organização também atribui ao grupo fundamentalista palestino Hamas uma ação
que merece a mesma qualificação: o assassinato do jornalista israelense Roee
Idan, do portal Ynet, que filmava os primeiros momentos do ataque terrorista ao
kibutz Kfar Azza, onde morava.
Idan, que havia saído de casa na madrugada do dia 7
de outubro, registrou a chegada dos invasores de parapente e enviou o vídeo
para o site em que trabalhava antes de ser assassinado.
Gravidade
O TPI, em princípio,tem competência sobre os casos
porque os episódios ocorreram na Palestina ou porque os perpetradores são
palestinos, mesmo que os alegados crimes de guerra tenham sido cometidos por
palestinos fora do seu território, neste caso em Israel.
A razão é que a Palestina é parte na convenção
deste órgão judicial internacional (assinou-a e ratificou-a), ao contrário de
Israel, que se recusou a entrar no sistema de controle.
O secretário-geral da RSF, Christophe Deloire,
declarou que “a amplitude, a gravidade e a repetição dos crimes internacionais
contra jornalistas, em particular em Gaza, necessitam de uma investigação
prioritária por parte do procurador do TPI”.
“Temos pedido isso desde 2018. Os trágicos
acontecimentos atuais demonstram a extrema urgência da sua mobilização”,
acrescentou.
Deloire referia-se assim ao fato de esta ser a
terceira denúncia de supostos crimes de guerra cometidos contra jornalistas
palestinos em Gaza.
A primeira foi formalizada em 2018 motivada pela
morte de vários jornalistas durante a chamada “Marcha do Grande Retorno”; e a
segunda em maio de 2021, após o bombardeio de cerca de 20 sedes de meios de
comunicação pelas forças israelenses.
Além disso, a Repórteres Sem Fronteiras também
apoiou a denúncia apresentada pela emissora Al Jazeera pelo assassinato da sua
jornalista palestina Shirin Abu Akleh na Cisjordânia em maio de 2022.
A procuradoria do TPI não informou durante todo
esse tempo o que fez com essas denúncias.
O procurador da corte internacional, que tem
investigações ativas sobre os ataques do Hamas de 7 de outubro e a ofensiva
israelense em Gaza lançada em represália, pode conduzir estas investigações
sigilosamente e nem sequer tem de apresentar relatórios no caso de emitir
mandados de detenção contra pessoas potencialmente culpadas.
Ø Israel já perdeu 16 militares desde início de invasão de Gaza
Episódio com maior número de baixas envolveu
veículo blindado atingido por um míssil antitanque do Hamas, matando 11
soldados israelenses. Netanyahu lamenta perdas, mas afirma que ofensiva
terrestre vai continuar.Dezesseis soldados israelenses já morreram após o
início das operações terrestres das Forças de Defesa de Israel (FDI) na Faixa
de Gaza, segundo informações divulgadas por Tel Aviv nesta quarta-feira
(01/11).
O episódio com maior número de baixas ocorreu na
terça-feira, quando um veículo blindado de transporte de pessoal foi atingido
por um míssil guiado antitanque, matando 11 soldados e deixando vários feridos.
Em um incidente separado, vários soldados foram mortos quando o veículo em que
estavam atingiu uma mina. Em outro episódio, dois soldados foram mortos quando
uma granada atingiu o prédio em que estavam.
Apesar do número de baixas crescentes, o premiê de
Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que as forças do país devem continuar com a
ofensiva terrestre em Gaza. Ele também rejeitou a possibilidade de um
cessar-fogo com o Hamas, apesar de apelos internacionais e alertas de agências
da ONU sobre uma catástrofe iminente para a população sitiada do enclave
palestino.
“Estamos em uma guerra difícil. Será também uma
longa guerra. Temos conquistas importantes, mas também perdas dolorosas”, disse
Netanyahu em um comunicado divulgado por seu gabinete na noite de quarta-feira.
As últimas baixas elevam para 320 o número de
soldados das FDI que foram mortos desde que o grupo palestino Hamas, que
comanda Gaza, lançou uma ofensiva terrorista contra Israel em 7 de outubro.
Além de quase três centenas de militares mortos durante a ofensiva terrorista
do Hamas, confrontos com membros do grupo Hisbolá ao longo da fronteira norte
de Israel com o Líbano provocaram a morte de outros oito soldados.
Comentando sobre as baixas israelenses na manhã de
quarta-feira, o ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant, disse na rede X: “A
perda de soldados das FDI em batalhas com terroristas do Hamas em Gaza é um
golpe severo e doloroso”.
“Nossas conquistas significativas nos combates
poderosos nas profundezas da Faixa de Gaza estão cobrando, para nossa tristeza,
um preço alto”, acrescentou.
A fase de operações terrestres em Gaza teve início
na última sexta-feira, quase três semanas após o Hamas ter massacrado 1.400
israelenses. Em represália, Israel passou a lançar pesados ataques aéreos
contra Gaza, além de ter iniciado uma ofensiva terrestre. Do lado palestino as
baixas também têm sido alta. Autoridades de saúde de Gaza ligadas ao Hamas
afirmam que 8.796 pessoas foram mortas no enclave palestino.
Passados cinco dias, em vez de partir para uma
invasão total, os israelenses parecem ter adotado uma estratégia de avanço
fracionado por setores. Netanyahu falou no último sábado de maneira vaga de uma
“segunda fase” da guerra enquanto militares citaram uma “expansão das operações
terrestres”.
Segundo a imprensa americana, os Estados Unidos,
principal aliado de Israel, aconselharam o país a evitar por enquanto uma
ofensiva terrestre total em Gaza. Outros fatores também parecem pesar: Israel
tem que lidar com a fronteira com o Líbano, no norte, onde opera o grupo
fundamentalista Hisbolá, muito maior do que o Hamas. A tomada de mais de 200
reféns pelo Hamas parece ser outro complicador para uma ofensiva total.
Na terça-feira, tropas israelenses avançaram sobre
a Faixa de Gaza com tanques e buldôzeres blindados. Imagens divulgadas pelo
Exército israelense mostram soldados avançando num cenário de desolação, entre
edifícios reduzidos a pilhas de destroços pelos incessantes bombardeios
efetuados por Israel desde 7 de outubro.
A incursão terrestre das tropas israelenses
permitiu por enquanto o resgate de Ori Megidish, uma soldado israelense que
havia sido sequestrada pelo Hamas. O Exército israelense celebrou a libertação
na segunda-feira, afirmando que a militar apresentou informações de
inteligência que poderão ser utilizadas em futuras operações.
Fonte: Deutsche Welle
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