quarta-feira, 8 de novembro de 2023

71% dos afroempreendedores baianos faturam até 4 salários mínimos, aponta Sebrae

A pesquisa inédita Propósitos dos Afroempreendedores Baianos realizada pelo Sebrae Bahia apresenta o perfil do afroempreendedorismo no estado. Ouvindo clientes da organização com perfil variado, desde aqueles que buscam formalização quanto os que já têm empreendimentos estabelecidos, a sondagem revela predominância feminina, sendo que 54% são mulheres.

Os dados indicam ainda que 71% dos afroempreendedores faturam até 4 salários mínimos e 87% atuam nos setores de comércio e serviços. A maioria (79%) aponta para acesso a crédito e financiamento como as principais dificuldades para empreender.

O analista da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Bahia, Anderson Teixeira, destaca que o afroempreendedorismo representa um universo de pequenos negócios que movimenta a economia nas comunidades, periferias e bairros dos diversos municípios do Brasil. Com base em dados do IBGE, 79% dos empreendedores da Bahia são negros e é sobre esse público que a investigação do Sebrae se debruça com atenção. "A pesquisa busca compreender as motivações e os principais desafios que esses empreendedores encontram no dia a dia, na gestão dos negócios”, explica.

“Apesar da renda mensal baixa e dos obstáculos enfrentados no dia a dia na gestão do negócio, principalmente nos assuntos que envolvem crédito e finanças, os afroempreendedores permanecem otimistas, confiantes no fortalecimento dos seus negócios”, ressalta Anderson.

O analista acrescenta ainda que a pesquisa aponta as oportunidades tanto para que o Sebrae quanto instituições que atuam no empreendedorismo possam criar e aperfeiçoar ações focadas nesse público. “Apesar de serem maioria na Bahia, os afroempreendedores enfrentam maior dificuldade para abrir e manter seus negócios”, afirma.

A pesquisa foi realizada entre os dias 31 de julho e 23 de agosto, e entrevistou 332 empreendedores na Bahia. O relatório completo pode ser acessado nesse link -https://datasebrae.com.br/wp-content/uploads/2021/02/Pesquisa-Proposito-dos-Afroepreendedores-Baianos_05.10.2023.pdf

•        Afroempreendedorismo feminino

Um dos destaques da pesquisa é a presença feminina no afroempreendedorismo. Elas são maioria, mas enfrentam muitos desafios na hora de empreender. A busca por autonomia e independência é a principal motivação das mulheres negras para empreender.  A pesquisa indica que 64% dessas empreendedoras apontaram para essa motivação na hora de decidir abrir um próprio negócio.

A pouca oferta de investimentos (36%), o acesso limitado a recursos financeiros (36%) e ausência de mentoria e apoio adequados (23%) foram as principais dificuldades ressaltadas pelas empreendedoras.

A microempreendedora individual Débora Santos de Almeida, de 30 anos, é um exemplo dessa realidade enfrentada por mulheres negras empreendedoras. Há dois anos, por necessidade, ela precisou iniciar um negócio próprio. Com apenas R$ 25 na conta, ela começou a produzir e vender churros. Hoje, Débora está com o negócio em crescimento, mas encontra ainda dificuldades para obter financiamento. “O investimento é necessário para alavancar a empresa, mas é muito difícil conseguir acessar crédito e financiamento, mesmo apresentando um plano de negócios bem detalhado”, afirma.

Ainda segundo a pesquisa, o rendimento médio da maioria das afroempreendedoras é baixo. O levantamento indica que 51% das empreendedoras negras têm rendimento mensal de até dois salários mínimos, ou seja, R$ 2.640.

“Vemos que há muitos desafios para superarmos. No caso das mulheres negras empreendedoras, nota-se essa dificuldade, sobretudo, de acesso a crédito e financiamento para iniciar um negócio próprio, que, para a maioria delas, representa, autonomia, independência e sobrevivência”, conclui Anderson Teixeira.

•        Empreender tem poder

Débora Santos é também uma das empreendedoras em destaque na campanha do Sebrae Bahia "Empreender tem poder". O foco é orientar as empresárias baianas e combater a discriminação, promovendo a diversidade e inclusão. De acordo com a pesquisa do Sebrae intitulada "Desafios e Oportunidades do Empreendedorismo Feminino na Bahia", realizada em abril de 2023, 56% das empreendedoras declararam já terem sofrido algum tipo de preconceito por serem mulheres e empreendedoras.

“A nossa estratégia foi focar em casos reais de mulheres pretas que empreendem, superam desafios e inspiram outras mulheres, para posicionar a instituição e fortalecer a marca Sebrae no recorte da interseccionalidade racial e de gênero”, afirma Camila Passos, gerente adjunta de Marketing e Comunicação do Sebrae Bahia.

A campanha dá voz a histórias das empreendedoras Débora, Najara Black e Geo Nunes, que contam suas trajetórias inspiradoras nos negócios. Enquanto tiveram que enfrentar o preconceito, as empresárias criaram negócios prósperos e voltados ao antirracismo, como a grife de roupas N Black e a empresa Amora Brinquedos.

 

       Pequenos negócios respondem por 71% dos empregos criados até setembro

 

Micro e pequenas empresas responderam por 1,1 milhão (ou 71%) do total de 1,5 milhão de novos empregos formais gerados entre janeiro e setembro de 2023 no Brasil. Os meses de agosto e setembro foram os que apresentaram saldo mais positivo, registrando respectivamente 219.330 e 211.764 novas contratações com carteira assinada. 

Os números constam do relatório divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base nos dados ajustados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Segundo o Sebrae, das mais de 211 mil vagas geradas no mês de setembro, 147.173 foram em micro e pequenas empresas (69,5% do total). Das cerca de 219 mil vagas celetistas geradas em agosto, 160.899 foram pequenos negócios – o que corresponde a 73,17% do total de postos criados no mês.

Empresas de médio e grande portes geraram, no acumulado do ano, 307,9 mil novas vagas – número que corresponde a 19,2% dos cerca de 1,5 milhão novos empregos gerados entre janeiro e setembro de 2023.

Na avaliação do presidente do Sebrae, Décio Lima, esses números positivos refletem a retomada da prosperidade do país.

“A geração de empregos garante que o Brasil se torne novamente o país da empregabilidade, permitindo que o brasileiro volte a consumir e gerar renda”, disse ele ao ressaltar que a economia do país “se fortalece” com um PIB (soma dos bens e serviços produzidos no país) em expansão, com o superávit da balança comercial, e com a inflação controlada.

“O empreendedorismo é um dos caminhos para o país resgatar a dignidade e a inclusão social”, complementa Décio Lima.

•        Destaques

Segundo o Sebrae, o setor de serviços foi o que mais contribuiu, em setembro, para a criação de postos de trabalho. “Considerando o universo das micro e pequenas empresas, foram 68,4 mil vagas preenchidas. Em segundo lugar aparece o comércio com 37,3 mil vagas, seguido pela construção com 19,8 mil empregos gerados.”

“No acumulado de 2023, o cenário continua o mesmo com as micro e pequenas empresas liderando em termos de criação de vagas, com destaque nos setores de serviços (590,6 mil), construção (218 mil) e comércio (162 mil)”, detalha o levantamento.

Entre as empresas de médio e grande porte, o destaque em setembro ficou com os setores de serviços (26,5 mil), indústria da transformação (24,4 mil) e comércio (6 mil). No acumulado do ano, o destaque ficou com serviços (177,6 mil), indústria da transformação (90 mil) e construção (26 mil).

•        Atividades

De acordo com a Classificação Nacional por Atividades Econômicas (CNAE), as atividades que mais geraram empregos formais em setembro – entre micro e pequenas empresas – foram as de restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas (11 mil empregos gerados); e de construção de edifícios (6,6 mil empregos).

Entre as empresas de médio e grande porte, as atividades que mais se destacaram foram as de fabricação de açúcar em bruto (16,7 mil empregos gerados), locação de mão de obra temporária (5,3 mil) e limpeza em prédios e em domicílios (2,9 mil).

 

Fonte: Tribuna da Bahia/Agencia Brasil

 

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