quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Guerra Israel-Hamas: Hospitais da Faixa de Gaza entram em colapso

As Forças de Defesa de Israel (IDF) descartaram a entrada de combustível na Faixa de Gaza, enquanto intensificavam os bombardeios ao enclave palestino. Sem condições de abastecer os geradores e funcionando além de sua capacidade, hospitais começaram a enfrentar as consequências de um "colapso total" do sistema de saúde. Somente na segunda-feira (23/10), os ataques aéreos de Gaza deixaram pelo menos 750 mortos, afirmou o grupo extremista Hamas — na noite de terça-feira (24), foram 50 vítimas em uma hora.

As IDF anunciaram que soldados frustraram uma infiltração de terroristas do Hamas no sul do território israelense, ao avistarem mergulhadores saindo de um túnel e entrando no mar. Entre quatro e nove membros da facção teriam sido mortos em uma troca de tiros. O Hamas também voltou a disparar foguetes contra o centro de Israel, o que levou ao acionamento das sirenes antiaéreas em Tel Aviv. Por sua vez, a ex-refém Yocheved Lifschitz, 85 anos, libertada na segunda-feira, contou que "viveu o inferno" em um emaranhado de túneis na Faixa de Gaza e não poupou críticas ao governo de Benjamin Netanyahu. 

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) advertiu que encerrará as atividades na Faixa de Gaza, na noite de hoje, por causa da falta de combustível. "Se não obtivermos combustível com urgência, seremos obrigados a interromper as nossas operações a partir de amanhã (hoje) à noite", afirmou a agência na plataforma X (antigo Twitter).

Diretor geral do Hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza, Muhammad Abu Salamiya admitiu ao Correio: "A situação é catastrófica". "Nosso hospital não consegue mais acomodar o número atual de feridos. Tivemos que colocá-los nos corredores, deitados no chão. Também somos obrigados a operar os pacientes no chão, porque todas as salas de cirurgia estão lotadas", relatou o médico. "Somente no Al Shifa recebemos 7 mil feridos e 2.500 cadáveres. Isso em um único hospital. Não temos medicamentos nem suprimentos médicos. A unidade de terapia intensiva funciona com cinco vezes mais pacientes do que comportaria. O sistema de saúde em Gaza está colapsado." Os 200 médicos e 300 enfermeiros comandados por Abu Salamiya trabalham 24 horas por dia; estão proibidos de abandonar o prédio. 

De acordo com Abu Salamiya, o Hospital Al Shifa sofre com um blecaute. "Estamos trabalhando com geradores, que precisam de combustível, o qual se esgotará em poucas horas. O nosso hospital se tornará um cemitério, porque não podem operar sem eletricidade", explicou o diretor. "Além dos pacientes, estamos dando refúgio a 40 mil desabrigados e outros moradores que se sentem mais seguros dentro do Al Shifa. Eles estão espalhados pelos corredores e pelo pátio." 

Porta-voz do Ministério da Saúde palestino, Ashraf Al-Qudra disse à reportagem que "não há mais instalações médicas disponíveis na Faixa de Gaza". "O sistema de saúde colapso por completo", reforçou, confirmando o diagnóstico de Abu Salamiya. Ele acrescentou que 12 hospitais e 32 centros de atendimento médico no enclave palestino estão sem combustível e não podem mais funcionar. "Nós tememos que os geradores parem no restante dos hospitais em um prazo de 24 horas. Buscamos disponibilizar pequenos geradores, a fim de estender, por mais algumas horas, os serviços capazes de salvar vidas. As equipes de médicas realizaram dezenas de cirurgias usando lanternas de celulares, ante a queda de energia."

Embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine frisou ao Correio que a responsabilidade pelos habitantes de Gaza "pertence ao Hamas". "O Ministério da Saúde é dirigido pelo Hamas, uma organização terrorista que massacrou 1.400 israelenses inocentes e que provou sua credibilidade durante o disparo de foguete da Jihad Islâmica sobre um hospital de Gaza", lembrou. "De acordo com o direito internacional, somos obrigados a permitir a entrada de equipamento humanitário na Faixa de Gaza, mas não temos a obrigação de fornecê-lo. Nós fazemos isso. Bastante vermos o número de carregamentos entrando na Faixa de Gaza durante os combates."

·         "Abandonados"

Yocheved Lifschitz, a israelense de 85 anos que foi solta pelo Hamas com Nurit Cooper, 79, relatou aos jornalistas que foi levada por "uma imensa rede de túneis sob Gaza que se pareciam com uma teia de aranha" e que sofreu agressão no trajeto entre o kibbutz Nir Or e o enclave palestino controlado pelo grupo extremista. Ela disse que os captores a carregaram em uma moto e a golpearam com bastões, deixando-a com hematomas e dificuldades respiratórias. "Vivi um inferno, não tinha ideia de que me encontraria nessa situação", afirmou. "Eles me agrediram no caminho; não quebraram minhas costelas, mas me machucaram muito." Lifschitz revelou ter ficado dentro dos túneis por duas ou três horas, antes de ser colocada em uma sala com 25 reféns e, depois, em um cômodo separado, ao lado de quatro pessoas. 

A idosa acrescentou que foi "bem tratada" e era monitorada por um médico a cada dois ou três dias. As refeições dos reféns eram as mesmas servidas aos extremistas do Hamas: pão pita com cream cheese, queijo derretido e pepinos. Segundo Lifshitz, semanas antes dos atentados de 7 de outubro, moradores de Gaza "enviaram balões incendiários para queimar nossas lavouras". "O Exército, de uma forma, ou de outra, não levou isso a sério. O governo (de Benjamin Netanyahu) nos abandonou."

EU ACHO...

"É extremamente difícil ver o que ocorre em meu hospital. Eu me preocupo com os feridos, com as famílias, com as esposas e os filhos dos feridos e mortos. Peço ao mundo que façam com que Israel detenha aagressão a Gaza. Precisamos de combustível, de suprimentos médicos. Também apelo para que retiremos os feridos da Faixa de Gaza e que montemos hospitais de campanha." - Muhammad Abu Salamiya, diretor geral do Hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza

·         Guterres condena ataque à população civil

O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou, no Conselho de Segurança, as "violações claras do direito humanitário" em Gaza, provocando a ira do chanceler israelense, Eli Cohen. "Nenhuma das partes em um conflito está acima do direito humanitário internacional", disse Guterres, ao lembrar que até mesmo as guerras "têm regras". O dirigente da ONU condenou o Hamas pelo ataque de 7 de outubro, mas ao mesmo tempo disse que "é importante reconhecer" que esses ataques "não vieram do nada". Ele acrescentou que a população palestina foi objeto de "56 anos de ocupação sufocante". "Senhor secretário-geral, em que mundo você vive?", questionou Eli Cohen, após lembrar que Israel "não apenas tem o direito de se defender, mas também o dever". O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, pediu a "renúncia imediata" de Guterres. 

 

Ø  Agência da ONU diz que pode interromper ações em Gaza por falta de combustível

 

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) disse, nesta terça-feira (24/10), que ficará sem combustível nos próximos dois dias, o que colocará em risco as ações humanitárias em Gaza. De acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), três comboios com 54 caminhões com ajuda chegaram a região desde sábado (21/10), quando o Egito abriu a fronteira para a entrada de mantimentos. No entanto, segundo a agência, não veio combustível.  

A UNRWA recebeu os mantimentos, que incluem alguns alimentos, água potável e medicamentos, e ajuda na distribuição junto a outras agências da ONU. Quase 600 mil pessoas deslocadas internamente estão abrigadas em 150 instalações da UNRWA em Gaza. 

A maior concentração dos deslocados está em Khan Younis e Rafah, com quase 430 mil deslocados internos em 93 abrigos da UNRWA. Segundo a agência, o número representa um aumento de 10 mil pessoas apenas nas últimas 24 horas. 

Em entrevista à TV Globo e à GloboNews, o embaixador brasileiro, Alessandro Candeas, disse que os brasileiros que estão em Gaza receberam a orientação de estocar comida, porque a situação na região pode se agravar. Cerca de 30 brasileiros aguardam a abertura da fronteira para serem repatriados. 

As mortes na Faixa de Gaza subiram para 6.546, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. Só nas últimas 24 horas teriam sido 750 mortes. O número total de vidas perdidas no conflito entre Israel e Hamas é de 7.948.

 

Ø  Inação do Conselho de Segurança é 'imperdoável', diz ministro palestino

 

A inação do Conselho de Segurança da ONU, que não conseguiu chegar a uma posição unida sobre a guerra entre Israel e o Hamas, é "imperdoável", declarou o ministro palestino das Relações Exteriores, Riyad al-Maliki, nesta terça-feira (24).

Após denunciar os "massacres (...) cometidos por Israel", Al-Maliki afirmou que o Conselho de Segurança "tem o dever de detê-los". As declarações foram dadas durante um debate sobre a situação palestina, que acontece nesse órgão, liderado pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, cujo país preside a organização em outubro.

<><> Biden: Para falar em cessar-fogo em Gaza, Hamas tem que libertar reféns

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse, nesta segunda-feira (23/10), que só se pode falar em cessar-fogo em Gaza se o grupo islamista palestino Hamas libertar todos os reféns sequestrados em Israel durante o ataque de 7 de outubro.

"Os reféns devem ser libertados, depois poderemos falar", afirmou Biden na Casa Branca, quando perguntado se apoiaria um acordo de "reféns pelo cessar-fogo".

Pouco antes, o Hamas informou ter libertado outras duas mulheres sequestradas em Israel. Na sexta-feira, já tinha libertado uma mãe e uma filha americanas: Judith e Natalie Raanan.

Nesta segunda, Israel revisou para cima o número de reféns confirmados para 222 pessoas capturadas quando homens armados do Hamas cruzaram a fronteira e atacaram vários kibutzim, um festival de música, cidades e bases militares no sul de Israel.

As autoridades israelenses afirmam que mais de 1.400 pessoas morreram, a maioria civis, no ataque do Hamas, em 7 de outubro, o mais letal desde a criação do Estado de Israel, em 1948.

Em Gaza, o Ministério da Saúde dirigido pelo Hamas afirma que mais de 5.000 pessoas, a maioria também civil, morreram durante os bombardeios em represálias de Israel.

Além disso, Biden referiu-se a uma conversa telefônica com o papa Francisco, no domingo, na qual falaram sobre a guerra entre Israel e Hamas e a situação humanitária em Gaza.

"O papa e eu estamos de acordo, ele tinha muito, muito, muito interesse no que estávamos fazendo", disse Biden.

O presidente americano afirma ter explicado ao pontífice "a estratégia". "O papa nos apoiou em termos gerais", acrescentou.

 

Ø  Líder do Hezbollah se reúne com chefes do Hamas e da Jihad Islâmica

 

O líder do movimento pró-iraniano Hezbollah se reuniu com líderes do Hamas e da Jihad Islâmica para discutir como apoiar estes movimentos palestinos em sua guerra contra Israel, disse o grupo libanês nesta quarta-feira (25).

O comunicado do Hezbollah não especificou quando, nem onde, seu secretário-geral, Hassan Nasrallah, reuniu-se com o número dois do gabinete político do Hamas, Saleh al Aruri, e com o líder da Jihad Islâmica, Ziad Nakhaleh. Ele apenas especificou que a reunião ocorreu no Líbano. 

O anúncio acontece em um contexto muito tenso no sul do Líbano desde o início da guerra entre o Hamas e Israel, em 7 de outubro. Desde aquele dia são registrados confrontos diários entre o Hezbollah e seus aliados com as forças israelenses na fronteira sul do Líbano. 

Os três homens analisaram "os últimos acontecimentos na Faixa de Gaza desde o início da Operação Dilúvio de Al-Aqsa", nome que o Hamas deu à sangrenta operação de 7 de outubro em solo israelense. Segundo Israel, 1.400 pessoas morreram na ofensiva e cerca de 220 foram sequestradas. 

Também conversaram sobre "o que as partes do eixo da resistência devem fazer nesta fase crítica, para conseguir a vitória (...) em Gaza e na Palestina" e "parar a agressão selvagem" de Israel, disse o Hezbollah em um comunicado.

Os três grupos constituem o chamado "eixo de resistência", pró-Irã e hostil ao Estado de Israel, e coordenam suas ações com outras facções palestinianas, sírias e iraquianas. 

Na reunião, também se discutiu "o confronto em curso nas fronteiras libanesas".

 

Fonte: Correio Braziliense/AFP

 

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