terça-feira, 31 de outubro de 2023

Candida auris: entenda os perigos do superfungo

Candida auris é o fungo resistente a medicamentos que tem causado preocupação em todo o mundo por ser uma ameaça à saúde global. Isso porque ele é um patógeno fúngico emergente, responsável por infecções adquiridas em hospitais. Foi descrito pela primeira vez em 2009, após ser encontrado no ouvido de uma paciente no Japão. Inicialmente, foi considerado um patógeno raro, mas sua incidência aumentou rapidamente, com casos sendo relatados em vários países dos cinco continentes, podendo ser confundido com outras condições.

O fator que mais preocupa especialistas é o potencial do superfungo para apresentar ou desenvolver multirresistência a antifúngicos, além da alta taxa de mortalidade. Para se ter uma ideia, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos aponta que os surtos de Candida auris podem ser fatal para 30 a 60% dos pacientes.

•        Difícil de identificar

Esse microrganismo não só é resistente a medicamentos, mas também exige métodos laboratoriais específicos para ser corretamente identificado. Além disso, ele pode permanecer viável nos ambientes de saúde por longos períodos. Isso porque a maior parte dos desinfetantes, e medidas de prevenção, utilizados em hospitais são ineficazes para eliminá-lo. Por isso, ficou conhecido como “superfungo”: o Candida auris é difícil de identificar, difícil de combater e difícil de remover dos ambientes.

•        Identificação

Em dezembro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária emitiu um alerta sobre o primeiro caso de infecção por Candida auris no Brasil, em um paciente internado em um hospital da Bahia. O fungo foi identificado a partir de uma amostra de ponta de cateter, que foi analisada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz, em Salvador, e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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•        O que é esse superfungo?

Candida auris é um fungo que pode causar infecções potencialmente fatais se entrar na corrente sanguínea. Recebeu o nome auris, do latim “orelha”, porque foi identificado pela primeira vez como uma causa rara de infecção de ouvido em uma paciente japonesa em 2009.

No entanto, os pesquisadores descobriram que, na verdade, seu surgimento se deu na Coreia do Sul, em 1996. O primeiro caso relatado nos Estados Unidos foi em 2015. O Candida auris também pode causar outras infecções invasivas graves, incluindo aquelas associadas ao cérebro, coração e feridas cirúrgicas.

•        Onde foi relatado?

Casos isolados de Candida auris foram relatados no Brasil, Áustria, Bélgica, Chile, Costa Rica, Egito, Grécia, Itália, Irã, México, Noruega, Polônia, Taiwan, Tailândia e Emirados Árabes Unidos.

Múltiplos casos de Candida auris foram relatados em mais de trinta países, como Austrália, Canadá, China, Colômbia, França, Israel, Cingapura, Arábia Saudita e Rússia, entre outros. Em alguns deles, a transmissão extensa do superfungo foi documentada em mais de um hospital.

Vale lembrar que outros países também podem ter casos de Candida auris não detectados ou não relatados. Isso devido a dificuldade de identificação do fungo por suas unidades de controle e prevenção de doenças.

•        Quem corre mais risco?

Os surtos geralmente ocorrem em hospitais, lares de idosos e instalações de vida assistida. Por isso, a probabilidade de ocorrer uma infecção por C. auris em pacientes ou residentes desses locais é maior. O superfungo pode se espalhar pelo contato com pacientes ou equipamentos contaminados e é capaz de sobreviver por semanas.

•        Causas

Estão sob alto risco de infecção os pacientes com condições médicas subjacentes graves, incluindo um sistema imunológico enfraquecido, ou que foram tratados com vários agentes antimicrobianos. Além disso, os pacientes que dependem de aparelhos invasivos, como uso de cateter venoso central ou outros dispositivos médicos, tais como tubos de alimentação ou tubos de respiração de ventiladores, são mais vulneráveis à infecção.

Pessoas saudáveis correm pouco risco de desenvolver a infecção, mesmo quando expostas ao fungo. No entanto, ainda exige cautela, porque o Candida auris é capaz de permanecer na pele de qualquer pessoa por até três meses, podendo se espalhar para outras pessoas e, eventualmente, afetar as mais suscetíveis.

•        Quais são os sintomas?

Os sintomas mais comuns são febre e calafrios, mas podem variar de pessoa para pessoa. A infecção por C. auris é de difícil reconhecimento e detecção, uma vez que os pacientes infectados já estão debilitados por outras doenças.

As suspeitas são maiores quando os antifúngicos ministrados não aliviam os sintomas. Para diagnosticar a doença causada por C. auris, os profissionais da área médica obtêm culturas de sangue, urina e outros locais do paciente, que devem ser examinadas em laboratórios com tecnologia especializada.

•        Prevenção e controle de infecções

Ao visitar um paciente com Candida auris, você pode ajudar a prevenir sua propagação com higiene adequada. Lave bem as mãos com água e sabão por pelo menos quinze segundos e seque-as com papel-toalha, antes e depois da visita. Se não houver água e sabão disponíveis, use um desinfetante para as mãos à base de álcool.

Profissionais da saúde devem usar aventais e luvas, conforme orientação da equipe do ambiente hospitalar, ao cuidar dos pacientes. Pacientes com infecção por Candida auris não devem compartilhar o quarto com os demais pacientes.

•        Qual é o tratamento?

As infecções por diversas espécies de Candida são tratadas com medicamentos antifúngicos, resistentes a infecção por candida auris. No entanto, o Candida auris, especificamente, é resistente a duas das três principais classes de agentes antimicrobianos.

Além disso, algumas cepas estão se tornando cada vez mais resistentes à terceira. Por isso, conseguem permanecer viáveis por longos períodos no ambiente. As infecções resistentes são tratadas com altas doses de várias classes de antifúngicos diferentes. Em caso de suspeita, procure orientação médica imediatamente.

 

Fonte: eCycle

 

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