Para a indústria de eucalipto no Brasil, os lucros estão acima dos
povos e meio ambiente
Valorizado pela sua madeira resistente a cupins
para fins de construção e utilizado na
fabricação de produtos como celulose e papel higiênico, além do seu óleo, que tem
inúmeros benefícios para a saúde e para o lar, o eucalipto gera grandes lucros
em todo o mundo. Nativo da Austrália e da Tasmânia, a árvore pré-histórica tem
sido plantada em tamanha quantidade que as plantações de eucalipto cobrem cerca
de 25 milhões de hectares em todo o mundo – mais do que toda a área terrestre
do Reino Unido. De acordo com as previsões, até 2028, o mercado global óleo de
eucalipto deverá ultrapassar os 213 milhões de dólares, enquanto o mercado
mundial de celulose proveniente do eucalipto aumentará para quase 17 bilhões de
dólares.
Mas a indústria do eucalipto tem um lado obscuro.
As plantações de eucalipto em regiões que abrangem a América do Sul, o sul da
África, o sul da Europa e a Austrália têm impactos prejudiciais significativos
nas comunidades locais e em sua biodiversidade. As comunidades localizadas
perto das plantações de eucalipto são suscetíveis a enfrentar escassez de água
– uma vez que estas plantações utilizam grandes quantidades de água – e
poluição do solo causada por agroquímicos, incluindo a exposição ao glifosato,
que tem sido associada a vários problemas de saúde, incluindo o aumento do
risco de câncer.
Além disso, a presença de folhas e raízes de
eucalipto impede o crescimento de outras plantas no mesmo solo, porque elas contêm um óleo biocida que inibe a
sobrevivência e a decomposição da maioria das bactérias do solo que entrem em
contato com elas.
O Brasil é o maior produtor mundial de eucalipto.
Com uma estimativa de 7,6 milhões de hectares de plantações de eucalipto, o
Brasil tem 30% do total de árvores de eucalipto do mundo. No leste do Brasil,
particularmente nos estados da Bahia e do Espírito Santo, estas plantações
substituíram o ecossistema diversificado e nativo da Mata Atlântica, com alguns
municípios chegando a ter quase três quartos da sua área coberta por plantações
de eucalipto. Grandes empresas como Suzano, Fibria e Veracel dominam esse
setor, exportando eucalipto como celulose para a fabricação de produtos como
papel higiênico.
• Nova
ameaça florestal: o eucalipto geneticamente modificado
As variedades de eucalipto geneticamente
modificadas (GE) devem agravar uma nova onda de destruição ecológica e social.
O Brasil aprovou sete variedades de árvores geneticamente modificadas. As
plantações atuais roubam água de regiões, destroem o habitat de animais
selvagens e transformam grandes extensões de terra no Cerrado – um bioma
tropical extenso e biodiverso situado no leste do Brasil – em fazendas de
monocultura não naturais e destrutivas: fileiras e mais fileiras de eucaliptos
não nativos sem vegetação em seu entorno. Muitas comunidades tradicionais e
povos indígenas se opõem à expansão dessas plantações no país.
As variedades de eucalipto geneticamente modificado
são resistentes aos pesticidas, aumentando a utilização de produtos químicos
tóxicos, como o Roundup, o herbicida à base de glifosato desenvolvido pela
Monsanto na década de 1970, que é o herbicida mais utilizado no mundo e foi
adquirido pela Bayer em 2018. Outras características modificadas, como o
aumento das taxas de crescimento, poderiam tornar as árvores mais lucrativas
para o setor de papel e celulose, mas significativamente mais prejudiciais ao
meio ambiente.
• Oposição
internacional ao eucalipto geneticamente modificado
A Campanha STOP GE Trees (“Parem as Árvores
Geneticamente Modificadas”, em tradução livre) é uma aliança internacional de
organizações que trabalham para impedir a introdução de árvores geneticamente
modificadas nos ambientes naturais, de modo a evitar a destruição ecológica e
os danos às comunidades locais. É uma iniciativa da nossa organização sediada
nos EUA, a Global Justice Ecology Project (GJEP), com o apoio do World
Rainforest Movement, sediado no Uruguai, que promove a causa da justiça social
nas florestas.
Uma delegação internacional da campanha, organizada
pela GJEP, viajou ao Brasil em julho de 2023 para se reunir com comunidades
indígenas e quilombolas (descendentes de escravos afro-brasileiros), membros do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ministérios do governo e
acadêmicos. O objetivo da delegação era conhecer a história da resistência
contra a indústria de papel e celulose no país e discutir como as variedades
geneticamente modificadas de eucalipto resistentes a herbicidas podem aumentar
o uso de herbicidas tóxicos e ampliar a degradação ecológica, os impactos na
saúde e a injustiça social.
A FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social
e Educacional), um grupo que apoia comunidades que se opõem às plantações de
eucalipto há uma década, organizou a logística da delegação, que incluiu
representantes da Argentina, Canadá, Chile, Irlanda, Japão, Nova Zelândia e
Estados Unidos. Representantes locais se juntaram à delegação quando ela
visitou vários ministérios brasileiros para registrar demandas oficiais e
testemunhos de membros de comunidades quilombolas e do MST do norte do Espírito
Santo e do sul da Bahia sobre os impactos devastadores das plantações de
eucalipto, bem como as novas ameaças impostas pelas árvores de eucalipto
geneticamente modificadas.
"As demandas que registramos foram de várias
comunidades do MST com as quais nos reunimos, que estão fazendo um importante
trabalho agroecológico e têm uma escola agroecológica inteira para treinar as
pessoas da região sobre como cultivar organicamente", disse Anne
Petermann, coordenadora internacional da STOP GE Trees. Ela observou que
"também houve depoimentos de membros de comunidades tradicionais
quilombolas da região que estão sofrendo, de forma muito direta, os impactos
das plantações de eucalipto".
A delegação também apresentou oficialmente aos
ministérios e à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança petições da
Rainforest Rescue, uma organização ambiental sem fins lucrativos com sede em
Hamburgo, na Alemanha, assinadas por mais de 100 mil pessoas que se opõem à
liberação de eucaliptos geneticamente modificados no Brasil.
Durante a reunião oficial da delegação, Moisés
Savian, secretário do Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil,
identificou os interesses corporativos que impulsionam o eucalipto
geneticamente modificado.
"Na minha visão, não faz sentido ter um
[eucalipto] transgênico associado ao glifosato", afirmou Savian. Os seus
comentários davam destaque ao herbicida Roundup, cada vez mais onipresente,
perigoso e provavelmente cancerígeno. "Ele está muito mais ligado aos
interesses de mercado das empresas que querem vender herbicidas", observou
o secretário.
• O
incentivo kafkiano dos créditos de carbono
Outra motivação por trás do impulso para a
utilização do eucalipto geneticamente modificado é o incentivo kafkiano que
representa o recebimento de créditos de carbono pelo plantio de árvores.
Corporações como a Suzano – que tem sido chamada de "a maior exportadora
de celulose do mundo" – podem ser recompensadas por plantar enormes monoculturas
industriais de eucalipto – uma vez que estão tecnicamente plantando árvores,
são elegíveis para créditos de carbono – mesmo que, para isso, primeiro
desmatem e removam as florestas nativas, densas em carbono, liberando assim
grandes quantidades de carbono da floresta e do solo.
A indústria da celulose no Brasil acelerou a taxa
de crescimento dos seus eucaliptos. Isto está aumentando a já enorme demanda
por recursos hídricos. A expansão das monoculturas de eucalipto é tão
problemática para a hidrologia e a biodiversidade das regiões que elas são
frequentemente chamadas de "desertos verdes".
"Parecem verdes à distância, mas são árvores
de crescimento extremamente rápido, plantadas em linhas e colunas perfeitas,
ideais para a colheita mecânica. As enormes plantações não abrigam a vida
selvagem e a única biodiversidade que se encontra nelas são as formigas e
cupins", explicou Petermann, que chefiou a delegação que foi ao Brasil.
Uma das consequências mais pérfidas das falsas
soluções para as alterações climáticas é a ideia de que o carbono vivo ou
biológico pode compensar o carbono dos combustíveis fósseis. Uma paisagem em
expansão de plantações industriais de monoculturas de árvores no Brasil – que
roubam a biodiversidade das florestas, deslocam comunidades e animais selvagens
e esgotam os recursos hídricos das regiões – simboliza a fraude ecológica dos
créditos de carbono.
João, membro de uma comunidade quilombola, disse à
delegação que quando o eucalipto começou a ser plantado no Espírito Santo e na Bahia,
"eles removeram a cobertura vegetal nativa e todos os nutrientes do solo.
As pessoas [aqui] costumavam fazer agrofloresta, usavam culturas de cobertura,
[e] deixavam a terra descansar – mas agora, com o eucalipto, não há descanso
para o solo". A área total de plantação de eucalipto na Bahia é estimada
em cerca de 658 mil hectares, o que coloca o estado como o terceiro maior
produtor de eucalipto cultivado industrialmente no país.
A Dra. Ricarda Steinbrecher, bióloga da
Universidade de Londres, que participou de um fórum organizado pela delegação,
alertou para as consequências indesejadas das árvores geneticamente
modificadas, afirmando que "os riscos das árvores geneticamente
modificadas são extremamente altos em termos de impacto na biodiversidade, nas
pessoas que vivem em torno delas, no ecossistema global e no clima".
Não só as atuais plantações de eucalipto são
destrutivas, como a premissa de que são superiores às florestas naturais na
captura de carbono também não é sólida. Em 2020, especialistas publicaram uma
carta no Instituto de Física afirmando que "as florestas são superiores, e
insubstituíveis pelas plantações, como fontes de sequestro de C [carbono]
terrestre". Elas são colhidas em ciclos de crescimento incrivelmente
curtos para a produção de papel e celulose, o que libera o carbono de volta
para a atmosfera. Mas o esquema é lucrativo para a Suzano e outras empresas de
celulose, já que elas lucram com a produção de celulose e papel e com os
créditos de carbono pelo plantio de árvores.
• A Declaração
de Belém
O Brasil abriga inúmeros biomas, sendo o mais
famoso deles a Floresta Amazônica. Conhecida como "os pulmões da
Terra" devido às enormes quantidades de dióxido de carbono que a floresta
inala e ao oxigênio que exala, a Amazónia é foco de muitas iniciativas e
acordos de conservação.
No início de agosto de 2023, o presidente do
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, organizou a Cúpula da Amazônia em Belém,
capital do estado brasileiro do Pará, durante a qual foi lançado mais um acordo
de conservação. As oito nações signatárias do Tratado de Cooperação Amazônica
(TCA) divulgaram a Declaração de Belém, um documento que visa unificar os
objetivos comuns das nações signatárias, centrados na preservação da Amazônia e
nos direitos dos povos indígenas que a habitam. A Conferência das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas (COP30) está marcada para Belém em 2025.
No entanto, num comunicado à imprensa, o Center for
International Environmental Law (CIEL) afirmou que a Declaração de Belém ficou
aquém dos compromissos para acabar com o desmatamento na Amazônia e não abordou
as questões relacionadas com o uso contínuo de combustíveis fósseis.
Nikki Reisch, directora do Programa de Clima e
Energia do CIEL, declarou:
"A Declaração de Belém não se compromete... a acabar
com o desmatamento até 2030, nem a resolver os principais fatores de perda de
floresta tropical –– a agricultura industrial e as indústrias extrativas e
destrutivas que expõem as florestas primárias à destruição de terras."
"Está absolutamente ausente da declaração
qualquer menção à ameaça que a produção e utilização contínuas de petróleo e
gás representam para a Amazônia e seus os ecossistemas, comunidades e clima que
dela dependem. Pelo contrário, a exploração e desenvolvimento de novos projetos
de óleo e gás continuam – mesmo na boca da própria Amazônia – em oposição
direta aos compromissos dos líderes no sentido de impedir que a região chegue
ao ponto de não retorno. Permitir a expansão da extração de combustíveis
fósseis na Amazônia é incompatível com os direitos humanos, incluindo os
direitos dos Povos Indígenas, a proteção da biodiversidade e os objetivos
climáticos."
Uma deferência semelhante aos interesses da
indústria assola o Cerrado, onde as plantações de eucalipto e o agronegócio
continuam atropelando comunidades tradicionais e indígenas, destruindo um
sistema ecológico natural menos conhecido, mas igualmente precário, a despeito
das manifestas preocupações e propostas ecológicas.
• A
demanda por celulose
Como a demanda global por celulose continua
aumentando, espera-se que o Brasil seja o local da expansão mais significativa
destas instalações de produção na América do Sul.
Duas regiões que a delegação da Campanha STOP GE
Trees visitou provavelmente enfrentarão os impactos negativos do enorme
crescimento das plantações de eucalipto para alimentar a indústria de papel e
celulose.
As comunidades quilombolas com as quais a delegação
se reuniu afirmaram que, no Espírito Santo, a maior parte das terras municipais
foi transformada em plantações pela Suzano. Elas explicaram também que os
incentivos fiscais e os investimentos em infraestrutura na região de Três
Lagoas por parte dos governos local e federal buscam atrair investimentos da
indústria de celulose e papel para o estado do Mato Grosso do Sul, onde grande
parte da floresta nativa do Cerrado foi convertida em plantação de eucalipto na
última década.
O negócio é tão lucrativo que a Suzano está
construindo a maior fábrica de papel e celulose do mundo no Mato Grosso do Sul.
A enorme instalação está sendo construída por dez mil trabalhadores, a maioria
dos quais vivem amontoados em acampamentos próximos. A expectativa é que a
fábrica empregue 10 mil pessoas quando estiver concluída. O Projeto Cerrado,
como a Suzano o denomina, está localizado em uma cidade rural com cerca de 25
mil habitantes. O projeto ameaça trazer graves danos ambientais ao habitat
natural e à biodiversidade, à água e ao ar, e um influxo populacional
devastador e acelerado.
Além disso, a empresa chilena Arauco está
planejando a construção de uma fábrica ainda maior no Mato Grosso do Sul após a
conclusão prevista da gigantesca usina da Suzano.
• Roubando
terras de comunidades indígenas
A soberania fundiária das comunidades tradicionais
tem sido uma questão política fundamental no Brasil, e a invasão de terras
pertencentes a comunidades tradicionais e indígenas pelo agronegócio foi um
tema que a delegação ouviu repetidamente durante suas viagens pelo país,
inclusive nas áreas afetadas no Espírito Santo, sul da Bahia e Mato Grosso do
Sul. Fruto do passado colonial do Brasil e de décadas de ditadura militar, a
distribuição de terras no país é altamente desigual. Os interesses do
agronegócio foram incrivelmente agressivos no passado e continuam com essa
caraterística atualmente.
"O que nos fez perder nossa terra, nossa
cultura, foram todas essas perseguições do agronegócio", afirmou José de
Souza, instrutor da escola indígena Ofaié, no Mato Grosso do Sul. Os Ofaié
"já foram um povo grande", disse ele, ressaltando que essas ameaças
do agronegócio quase os levaram "à extinção". Já tendo contado com
uma população de dezenas de milhares de pessoas, os Ofaié vivem agora em apenas
45 hectares, depois de terem sido deslocados à força por duas vezes. "Não
é uma coisa que acabou", disse Souza. "Eles destruíram nossas
florestas e água". A escola onde Souza leciona enfatiza a cultura e a
língua Ofaié em aulas frequentemente ministradas ao ar livre. A terra Ofaié é
pequena, mas é um oásis de floresta nativa cercado por vastas extensões de
plantações industriais de monocultura.
• A
luta pela terra: o MST
O eucalipto é tão central para a luta pela terra
dos Ofaié quanto é para o MST, um dos movimentos populares mais importantes da
América do Sul. O grupo tem quase 2 milhões de membros, com centenas de milhares
de brasileiros vivendo em acampamentos do MST como agricultores. O MST busca
reverter a grande desigualdade na distribuição de terras no Brasil, ocupando
terras para a criação de fazendas comunais.
O movimento é um foco de controvérsia em Brasília, com
legisladores alinhados com o ex-presidente Jair Bolsonaro tentando proibí-lo.
Ainda assim, os juízes já aceitaram várias vezes a interpretação do MST da lei
brasileira que permite que terras improdutivas sejam tomadas. O MST
ocasionalmente incluiu as plantações de eucalipto na definição de
"improdutivas" e as ocupou e as redirecionou para fazendas
comunitárias.
O movimento tem sido tão bem-sucedido em sua
estratégia de ocupação que estima-se que 460 mil famílias vivam atualmente em
acampamentos criados pelo movimento. O MST está atento ao futuro, com escolas
de agroecologia que ensinam como cultivar culturas e alimentos usando métodos
agroecológicos. Atualmente, são os maiores exportadores de arroz orgânico da
América Latina.
O governo Biden financia expansão da indústria do
eucalipto
Enquanto o MST, povos indígenas e comunidades
tradicionais no Brasil lutam contra a expansão das plantações industriais de
eucalipto, o governo Biden está financiando sua expansão.
De acordo com um artigo de junho de 2023 no
Mongabay, "Biden prometeu fundos da Corporação Financeira de
Desenvolvimento Internacional dos EUA para conservar a Amazônia e outros biomas
críticos da América Latina". No entanto, de acordo com descobertas
publicadas pelo Mongabay, o investimento, se aprovado pelo Congresso, será
principalmente "canalizado para o eucalipto produzido em massa na savana
do Cerrado brasileiro".
O Mongabay informou que 50 milhões de dólares do
financiamento iriam para o plano do Timberland Investment Group (TIG) de
expandir suas "operações de florestas plantadas", que instalou seu
mais novo escritório perto do Projeto Cerrado da Suzano no Mato Grosso do Sul.
PL 490: limitação dos direitos das terras indígenas
Durante a visita da delegação à capital do Brasil,
Brasília, para se reunir com ministros e legisladores, os povos indígenas
realizaram uma grande manifestação para se opor a uma proposta de lei, o PL
490, que seus defensores afirmam que traria previsibilidade e justiça para as
disputas de terra no Brasil. Os seus opositores, no entanto, argumentam que a
proposta iria, na verdade, reverter as conquistas duramente obtidas pelas
comunidades indígenas para ter seus direitos à terra oficialmente reconhecidos.
Proposto por parlamentares bolsonaristas, o PL 490
retrocederia as reivindicações de terras indígenas a outubro de 1988 – quando a
atual Constituição brasileira foi adotada, após a ditadura militar. Como as
terras foram tomadas durante a ditadura, trata-se de um esquema de grilagem de
terras utilizado pelas indústrias extrativistas para negar as reivindicações de
direitos territoriais dos grupos indígenas e até mesmo para apagar as
conquistas obtidas no passado. A Câmara dos Deputados aprovou este projeto de
lei em maio de 2023.
A pressão pelo PL 490 ressalta como a soberania da
terra é uma questão fundamental na política brasileira e está intrinsecamente
ligada ao meio ambiente do país e aos direitos das comunidades tradicionais. As
monoculturas de eucalipto desempenham um papel central na disputa pelo direito
à terra, uma questão central para a política brasileira e, em última análise,
ligada aos direitos das comunidades tradicionais e à saúde ambiental do mundo.
Com o fantasma dos eucaliptos desenvolvidos para resistir a pesticidas e a
adoção de falsas soluções para as mudanças climáticas pelo governo Biden, a
balança está sendo ainda mais inclinada a favor da indústria de papel e
celulose nessa luta.
"O Brasil e o mundo estão perdendo terreno no
que diz respeito à utilização de eucaliptos geneticamente modificados",
afirmou Petermann. "A relevância da perda do Cerrado para as plantações de
eucalipto geneticamente modificado não pode ser subestimada."
Fonte: Por Steve Taylor e Orin Langelle, para
Globetrotter - tradução de Raul Chiliani. Revisão de Pedro Marin, para Opear Mundi
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