quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Estudo dá novas pistas sobre a causa de doença inflamatória intestinal grave

Cientistas identificaram uma variante genética que aumenta o risco de desenvolvimento de uma doença inflamatória intestinal grave. A chamada doença de Crohn é uma condição inflamatória que pode afetar qualquer parte do tubo digestivo, desde a boca até o ânus, e tem origem ainda não conhecida.

Pacientes com o estágio moderado a grave usualmente estão com a saúde bastante comprometida e apresentam um ou mais dos seguintes sintomas: febre, perda de peso, dor abdominal acentuada, anemia e diarreia frequente.

A variante gera alterações no DNA que levam à perda da função proteica, o que, por sua vez, altera a forma como o corpo reconhece e lida com bactérias, tornando-o menos eficaz no combate às infecções.

O estudo foi conduzido por especialistas do hospital Cedars-Sinai, dos Estados Unidos. Os resultados, referentes à doença de Crohn perianal, a manifestação mais debilitante do problema, foram publicados no periódico científico Gut.

“A doença de Crohn perianal fistulizante pode ser uma condição realmente miserável”, disse o coautor sênior do estudo Dermot McGovern, diretor de pesquisa translacional no Cedars-Sinai em comunicado. “Nossas terapias atuais realmente não são muito boas para tratá-la, consequentemente este estudo aborda uma área muito significativa de necessidades médicas não atendidas. Ao entender as causas subjacentes, podemos começar a desenvolver novas estratégias de tratamento para pacientes diagnosticados com essa condição inflamatória crônica, a maioria dos quais atualmente requer cirurgia e muitas vezes requer múltiplas cirurgias”, prossegue.

A doença de Crohn perianal é uma complicação da doença de Crohn, um distúrbio inflamatório crônico que afeta o trato digestivo. A complicação causa inflamação e ulceração da pele ao redor do ânus, bem como de outras estruturas na região perianal. A forma perianal ocorre em até 40% das pessoas diagnosticadas e tem respostas limitadas ao tratamento, resultando em baixa qualidade de vida.

“Temos muito mais sucesso na identificação de variantes genéticas associadas ao risco de desenvolver doenças, mas o que fizemos aqui foi focar especificamente em uma manifestação muito complicada e grave da doença de Crohn. E essa é uma abordagem incomum na pesquisa genética”, disse Talin Haritunians, professora-assistente de pesquisa que faz parte do Laboratório McGovern e coautora do estudo.

Para descobrir variantes genéticas com ligação direta com a manifestação grave, os pesquisadores analisaram dados genéticos de três grupos independentes de pacientes com doença de Crohn. A avaliação incluiu um conjunto de indivíduos atendidos no hospital Cedars-Sinai, uma grupo genético internacional recrutado em mais de 20 países e voluntários recrutados em sete centros médicos de pesquisa acadêmica nos Estados Unidos.

Os três grupos totalizaram 4.000 pacientes com doença de Crohn perianal e mais de 11.000 pacientes com doença de Crohn sem essa complicação. A equipe de cientistas comparou as populações para ver se conseguia detectar áreas do genoma associadas ao desenvolvimento da manifestação.

A equipe identificou 10 novos pontos genéticos e 14 outros já conhecidos da doença inflamatória intestinal associados ao desenvolvimento de complicações perianais.

Durante a análise, a equipe se concentrou em uma única alteração em um gene específico, chamado SNP, associado à doença de Crohn perianal. Essa variante genética afeta uma proteína chamada Fator de Complemento B (CFB), o que leva a uma perda de função dessa proteína importante para combater infecções, o que pode ser o motivo pelo qual os pacientes com essa alteração genética têm maior probabilidade de ter a doença.

Os especialistas realizaram várias análises para confirmar que realmente há uma perda de função na CFB, que pode ter um impacto significativo no organismo.

“No caso em que você tem essa mutação que leva a uma proteína não funcional, você não obtém a cascata de sinalização normal e o corpo não reconhece a bactéria como prejudicial e, portanto, essas bactérias não são eliminadas”, disse a coautora do estudo Kathrin Michelsen, professora-assistente de pesquisa de Medicina e Ciências Biomédicas no Cedars-Sinai. “Assim, para os pacientes com doença de Crohn perianal, existem conexões que se formam do reto para a área da pele. E esses túneis estão cheios de bactérias que não estão sendo eliminadas.”

De acordo com os pesquisadores, essa variante genética também pode estar associada a outras doenças. As descobertas podem abrir caminhos para o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento da condição a longo prazo.

“Essas variantes genéticas muitas vezes predispõem a mais de uma condição, e acreditamos que essa descoberta pode ter ramificações para outras doenças também, não apenas para a doença de Crohn”, disse McGovern.

Os cientistas buscam identificar a função de variantes genéticas adicionais associadas à doença de Crohn perianal e outras áreas de necessidades médicas não atendidas nas doenças inflamatórias intestinais.

 

Ø  Chiclete realmente fica no estômago por 7 anos se o engolirmos?

 

Se você é uma das muitas pessoas que engoliu um chiclete por acidente, uma pergunta provavelmente surgiu na sua cabeça logo após aquela sensação surpreendente. Quanto tempo ele ficará lá? Existe uma noção bem disseminada de que o chiclete permanecerá no estômago por sete anos após ser engolido.

Não é verdade.

 “É uma lenda antiga inventado”, disse Simon Travis, professor de gastroenterologia clínica na Universidade de Oxford, no Reino Unido. “Não tenho ideia de onde veio o mito – só posso imaginar que foi inventado por alguém queria impedir que seus filhos mascassem chiclete”.

Engolir chiclete só faz mal ao corpo se for feito em excesso, disse Travis, o que é muito raro. Ele explicou que engolir três ou mais chicletes por dia seria considerado excessivo.

“Se você engolir o chiclete, ele passará pelo estômago, chegará ao intestino e sairá inalterado na outra extremidade”, disse Travis. “Há casos de chicletes que se alojam no intestino de crianças pequenas se engolirem muito e aí causa obstrução. Mas em mais de 30 anos de prática gastro especializada, nunca vi um caso”.

Dr. Aaron Carroll, um ilustre professor de pediatria e diretor de saúde da Universidade de Indiana, escreveu vários livros desmascarando mitos sobre o corpo. Carroll concordou que engolir chiclete não fará mal nenhum, mas ele não o encorajaria ativamente.

“Não tem valor nutricional”, disse ele. “A goma é feita de adoçantes e aromatizantes. A base da goma é uma mistura de elastômeros, resinas, gorduras, emulsificantes e ceras. Então, eu não diria que é saudável”.

·         Há quanto tempo as pessoas mascam chiclete?

Antes de o chiclete ser comercializado e vendido nos pacotes que vemos hoje, ele era usado pelos povos antigos para matar a sede e a fome, de acordo com Jennifer Mathews, professora de antropologia na Trinity University em San Antonio, Texas, e autora de “Chicle: The Chewing Gum of the Americas, From the Ancient Maya to William Wrigley” (“Chicle: a goma de mascar das américas, dos antigos maias a William Wrigley”, na tradução livre).

Os maias mastigavam uma substância chamada chicle, que vem da árvore sapoti predominante no sul do México e na América Central, disse Mathews.

“Chicle é um látex natural que vem de algo chamado árvore sapote Chico, ou sapoti”, explicou Mathews. “Se você corta um pé dessa árvore, o látex começa a escorrer como forma de proteção. Forma uma barreira para proteger a árvore. Bem, você pode simplesmente arrancá-lo da árvore e começar a mastigá-lo”.

Da mesma forma, os índios Pima, onde hoje são os Estados Unidos, mastigaram a seiva durante milhares de anos antes que os colonos europeus adquirissem o hábito e este fosse comercializado, disse Mathews.

·         Quando se preocupar sobre engolir chiclete

A menos que você esteja com dor ou tenha engolido muito chiclete, Travis e Carroll disseram que você não precisa ir ao médico se engolir acidentalmente um pedaço inteiro.

“É um problema teórico”, disse Carroll. “Teoricamente, teria que ser algo grande o suficiente para causar um bloqueio [intestinal] em uma criança pequena, mas isso não é algo com que as pessoas comuns precisem se preocupar”.

No entanto, para pessoas com problemas no trato gastrointestinal, que é uma série de órgãos unidos em um tubo longo e torcido da boca ao ânus, a ingestão de chiclete pode causar problemas.

“Se as coisas estiverem abertas e não houver bloqueios, não houver estreitamentos, as coisas vão correr bem”, disse a gastroenterologista acadêmica Dra. Leila Kia, professora associada de medicina na Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, em Chicago.

“Se houver um estreitamento ou se você tiver uma inflamação muito grave por qualquer motivo, ou se tiver um problema de motilidade, onde seu estômago ou cólon não está esvaziando da maneira que deveria, então certamente engolindo algo como chiclete ou algo que não pode se quebrar, isso pode ficar por aí e realmente causar problemas”, disse Kia

doença de Crohn é uma causa comum de inflamação no trato gastrointestinal e pode causar estreitamento, de acordo com Kia. Ela disse que os médicos geralmente recomendam uma dieta com baixo teor de resíduos para os pacientes de Crohn, que evita certos alimentos como frutas e vegetais crus, nozes e sementes, pipoca e chicletes.

Alguns tipos de câncer e cirurgias podem causar esse estreitamento. “Certamente, se você engolisse muitos chicletes, isso poderia se tornar um problema se você tivesse apenas um estômago minúsculo ou se sua anatomia tivesse sido reorganizada, o que é essencialmente o que acontece quando você faz uma cirurgia gástrica”, disse Kia.

Mesmo assim, Kia nunca removeu chiclete do corpo de ninguém, embora tenha removido dentaduras que ela acha que foram engolidas inadvertidamente.

 

Fonte: CNN Brasil

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário