sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Adoçantes artificiais aumentam a probabilidade de depressão, aponta estudo

Adoçantes artificiais aumentam a probabilidade de depressão, é o que aponta um estudo dos pesquisadores da Universidade de Harvard e do Hospital Mass General Brigham, em Massachusetts. Os especialistas avaliaram mais de 30 mil dietas de mulheres brancas com idades entre 42 e 62 anos. O resultado mostrou que cerca de 7 mil foram clinicamente diagnosticadas com depressão.

Os pesquisadores sugeriram que o consumo de alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, molhos e refeições prontas, poderia ser o culpado pela depressão. Além disso, adoçantes artificiais como o aspartame – que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou como possível agente cancerígeno – foram associados a taxas mais elevadas.

Apesar das conclusões, os especialistas alertam que ainda não há evidências suficientes que liguem diretamente os alimentos à depressão. No estudo publicado no JAMA, os pesquisadores pediram que as mulheres participantes da pesquisa preenchessem questionários sobre seus hábitos alimentares a cada quatro anos.

Os pesquisadores usaram duas definições para depressão: estrita e ampla. Na depressão estrita, os pacientes relataram que foram diagnosticados com a doença por um médico e usavam antidepressivos regularmente. Na depressão ampla, por outro lado, os pacientes tinham diagnóstico clínico e/ou tomavam antidepressivos.

Segundo o estudo, dos 31.712 participantes, 2.122 apresentavam depressão grave, enquanto 4.820 apresentavam depressão ampla. Ainda de acordo com os pesquisadores, os alimentos ultraprocessados podem levar a uma maior probabilidade de depressão, embora não tenham certeza do motivo para tal reação.

Os adoçantes artificiais e as bebidas adoçadas artificialmente foram itens diretamente associados a um maior risco de depressão, ativando certos compostos no cérebro. Os pesquisadores não entraram em detalhes sobre esse processo e no estudo não está claro sobre quanto tempo as mulheres da pesquisa foram avaliadas.

Os pesquisadores afirmaram que, embora as descobertas sejam promissoras, são necessárias mais pesquisas. “Este estudo fornece uma visão sobre o papel potencial dos adoçantes artificiais na saúde física e mental, mas isso precisa ser confirmado através de mais pesquisas além dos dados observacionais”, disse Sharmali Edwin Thanarajah, neurologista na Alemanha.

 

Ø  Adoçantes artificiais, sim ou não?

 

O gosto da população pelo consumo de doces sempre foi alto, visto que a história do açúcar remonta a milhares de anos. Os principais marcos e eventos relacionados ao açúcar ao longo do tempo são marcados desde sua origem na Índia, pois acredita-se que a cana-de-açúcar, planta da qual o açúcar é extraído, seja originária da região do atual subcontinente indiano. Por volta do 4º milênio A.C, a cana-de-açúcar já era cultivada e seu suco era extraído e consumido. O antigo Egito e Mesopotâmia o utilizavam como produto valioso e raro, principalmente para fins medicinais e em preparações culinárias especiais.

Com o desenvolvimento das ciências, ao longo dos anos, foi possível constatar que o açúcar deve ser consumido com moderação, visto que o consumo excessivo tem sido associado a problemas de saúde, como o ganho de peso, cáries dentárias e aumento do risco de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e cardiopatias. Os adoçantes artificiais são substitutos do açúcar que geralmente possuem um sabor doce, mas com menos ou nenhuma caloria.

Existem vários tipos de adoçantes culinários disponíveis no mercado, são estes a Stevia, Eritritol, Xilitol, Sucralose, Aspartame, entre outros. A identificação da prevalência do consumo de adoçantes no Brasil e as suas características evidenciam que o uso é feito por indivíduos que apresentaram diabetes mellitus isolado ou associado a hipertensão, a hipercolesterolemia e também ao excesso de peso. A sua maior prevalência está entre aqueles com excesso de peso, com relação aos eutróficos, dado o estímulo à adoção de estilos de vida saudáveis, incluindo o controle de peso. Isso potencializou a substituição do açúcar pelos adoçantes, produzidos em alta escala pela indústria.

Em geral, os adoçantes foram considerados seguros para consumo pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e por outras agências reguladoras em todo o mundo. Entretanto, a nova recomendação da OMS em 2023, pautada em revisão sistemática de evidências científicas sugere que o uso prolongado de adoçantes não proporciona benefícios à saúde humana a longo prazo, tanto para adultos, quanto para crianças.

O consumo excessivo de adoçantes artificiais pode estar associado a um maior risco de ganho de peso, diabetes tipo 2, alterações na microbiota intestinal, câncer e outras condições de saúde como doenças cardiovasculares, podendo levar à mortalidade em adultos.  A recomendação da OMS se aplica aos adoçantes do tipo cessulfame-K, aspartame,  advantame, ciclamato,  neotame, sacarina, sucralose, estévia, mas também aqueles alimentos e bebidas que fazem uso destes adoçantes, alertando sobre refrigerantes “light” e “zero”. Mediante isso, a nova diretriz aponta essas substâncias como não nutritivas.

·         Recomendações Nutricionais

A orientação nutricional para a população em geral, parte da necessidade de reduzir açucares livres, nome dado ao açúcar adicionado em alimentos como sucos, chás, cafés, entre outros. Optando por fontes de açúcares mais saudáveis, como aqueles encontrados nas frutas “frutose”.

Vamos às dicas nutricionais para substituir os adoçantes em seu dia a dia. Aqui estão algumas opções:

  1. Moderação – Comece a apreciar o sabor dos alimentos em sua forma original, reeducando o paladar. Comece pelo cafezinho ou o chá sem açúcar e adoçante, ou diminua gradualmente as quantidades utilizadas. Com o tempo, seu paladar pode se adaptar e você pode perceber que precisa de menos doçura do que antes.
  2. Açúcar natural: Em vez de usar adoçantes, você pode optar por adoçar suas preparações com açúcares naturais, como mel, xarope de bordo (maple syrup) ou tâmaras. Por qual motivo? Irão lhe proporcionar doçura e sabor aos preparos.
  3. Frutas maduras: É possível fazer bolos, tortas, panquecas e até muffins sem utilizar açúcar branco (sacarose) em suas receitas. Use frutas maduras e amassadas, como bananas ou maçãs, para adoçar, ótima recomendação para aumento fibras e nutrientes na alimentação.
  4. Essência de baunilha: A essência de baunilha pode ser utilizada para adicionar um toque de doçura e sabor às suas receitas sem a necessidade de adoçantes extras. Verifique que está utilizando essência de boa qualidade para obter o melhor resultado, outra possibilidade é aromatizar o açúcar mascavo ou demerara com uma fava de baunilha, atribuindo perfume e doçura aos preparos.
  5. Especiarias: Experimente adicionar especiarias para as receitas e bebidas, pois são responsáveis em realçar o sabor natural dos alimentos sem a necessidade de adoçantes adicionais. São estes noz-moscada, cardamomo, cravo, canela, anis-estrelado, entre outros.

A alimentação saudável e equilibrada não possui excessos, tanto pelo uso de açúcares como de adoçantes, devemos zelar pelo uso adequado de cada macronutriente em nossa alimentação, principalmente no que se refere ao aporte energético (carboidratos) da dieta.  Buscar um estilo de vida saudável vai ao encontro do consumo de alimentos in natura, evitando o consumo de processados e ultraprocessados, como preconiza o guia alimentar para a população brasileira.

 

Fonte: Correio Braziliense/Central de Notícias da Uninter 

 

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