terça-feira, 29 de agosto de 2023

Sob suspeita, Ministério da Saúde explica critérios para prioridade de Faustão em fila de transplante

O Ministério da Saúde emitiu uma nota, na noite deste domingo, 27, esclarecendo os critérios que tornaram o apresentador Fausto Silva como prioritário na fila de espera por um transplante de coração. Segundo a pasta, Faustão foi priorizado em razão de seu estado muito grave de saúde. Ele recebeu um novo coração na tarde de hoje.

"A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados", diz a nota.

"Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica", complementa o texto, que reafirma que pacientes da rede pública e privada estão na mesma lista.

A pasta aproveitou o comunicado para divulgar dados sobre os transplantes de coração no Brasil. Apenas na última semana, entre 19 e 26 de agosto, foram realizadas 13 cirurgias do tipo, sendo sete no estado de São Paulo, que é a unidade da federação com maior volume de transplantes.

No primeiro semestre deste ano foram realizados 206 transplantes de coração no País, o que representa aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.

"O Brasil tem o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo. A estrutura é gerenciada pelo Ministério da Saúde, que assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade. Os pacientes, por meio do SUS, recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante", finaliza o texto publicado pela pasta.

 

       Faustão ocupava 2º lugar na fila de prioridade do transplante de coração

 

O apresentador Fausto Silva, que passou por um transplante cardíaco neste domingo (27), ocupava o segundo lugar na fila de espera por um coração, segundo a Central de Transplantes do Estado de São Paulo.

A equipe médica responsável por Faustão recebeu a oferta do órgão na madrugada deste domingo (27). Segundo o Ministério da Saúde, o apresentador foi priorizado na fila de espera em razão de seu estado de saúde, que era considerado grave. No caso do transplante de coração é levado em conta a gravidade do quadro do paciente.

"A seleção gerada para a oferta do coração deste receptor, através do sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Destes, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente ocupava a segunda posição nesta seleção", afirmou a Central de Transplantes do Estado de São Paulo.

A equipe médica do paciente que ocupava a primeira posição decidiu pela recusa do órgão e, desta forma, a oferta seguiu para o segundo paciente da seleção, que era o apresentador. Faustão tem o tipo sanguíneo B, segundo a Central, o tempo de espera por um transplante de coração, para potenciais receptores desse grupo é de 1 a 3 meses.

De acordo com o boletim médico divulgado pelo Hospital Albert Einstein, onde ele está internado desde 5 de agosto, a cirurgia aconteceu no início da tarde e durou cerca de 2h30.

"O procedimento foi realizado com sucesso e Fausto Silva permanece na UTI, pois as próximas horas são importantes para acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição", diz o boletim.

•        Como funciona a fila?

No caso do transplante de coração é levado em conta a gravidade do quadro do paciente. Quem necessita de internação constante (com uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a circulação do sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em casa, por exemplo. A espera não leva em conta se o paciente fará a cirurgia em um hospital público ou na rede particular.

O primeiro passo é que o médico responsável cadastre o paciente na lista única de transplantes, a lista é gerida e organizada pela Secretaria Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde.

>>>> Veja abaixo um resumo de como funciona o processo, com informações do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos

•        A lista funciona por ordem cronológica de cadastro, ou seja, por ordem de chegada;

•        Também é levado em consideração a gravidade do quadro - quem necessita de internação constante (com uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a circulação do sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em casa;

•        tipo sanguíneo - um paciente só pode receber um órgão de um doador que tenha o mesmo tipo sanguíneo que ele;

•        porte físico - alguém alto e mais pesado não pode receber o coração de um doador muito mais baixo e magro que ele;

•        e distância geográfica - o órgão precisa ser retirado do doador e transplantado no receptor em um intervalo de até 4 horas, isso é chamado de tempo de isquemia, o tempo de duração deste órgão fora do corpo, ou seja: não é possível fazer a ponte entre duas pessoas que estejam muito distantes uma da outra.

•        o tempo de isquemia, inclusive, determina que se um carro ou avião será usado para o transplante, com custos arcados pelo SUS;

 

       Faustão conseguiu coração depois de 1º paciente na fila recusar o órgão

 

O apresentador Fausto Silva conseguiu receber um novo coração neste domingo, 27, depois da equipe de um outro paciente recusar o órgão. A informação foi dada pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Segundo a CNN, haviam 12 pacientes que atendiam aos requisitos para receber o coração. Desses, quatro estavam priorizados, e Faustão ocupava a segunda posição nessa lista de prioridade.

O apresentador foi operado ainda na tarde deste domingo, sendo que o Hospital Israelita Albert Einstein foi acionado na madrugada para avaliar a compatibilidade do órgão.

A cirurgia durou cerca de 2h30 e foi tida como bem sucedida. Apesar disso, Faustão permanece internado na UTI,  já que as próximas horas são importantes para acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição.

•        Fila de prioridade

Especulações na internet de que Faustão teria "furado a fila" para receber o novo órgão fez com que o Ministério da Saúde também se pronunciasse. Em nota, a pasta esclareceu que o apresentador foi priorizado em razão de seu estado muito grave de saúde.

"A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados", diz a nota.

"Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica", complementa o texto, que reafirma que pacientes da rede pública e privada estão na mesma lista.

•        Filho rebate acusação de que Faustão furou fila

Filho do Faustão, João Guilherme Silva repostou um story, no Instagram, em que rebate mensagens de que seu pai teria furado a fila de transplante de órgãos para sua cirurgia de coração, realizada neste domingo (27), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Na publicação original, há um pedido para que as pessoas se informem sobre o processo "antes de julgar". O conteúdo ainda leva o usuário a um post que explica alguns dos trâmites necessários para o transplante de órgãos.

"Não façam ilações ou acusações irresponsáveis de furação de filas ou interesses escusos", diz o post.

 

       Quase um terço dos transplantes de coração no Brasil foram realizados com menos de 30 dias de fila

 

Quase um terço dos transplantes de coração feitos no Brasil de 1º de janeiro até este domingo (27), foram realizados em pessoas que estavam a menos de 30 dias na fila, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

•        Menos de 30 dias - 72 pessoas

•        De 30 a 90 dias - 65 pessoas

•        De 3 a 6 meses - 39 pessoas

•        De 6 meses a 1 ano - 48 pessoas

•        Mais de 1 ano - 38 pessoas

Neste ano, até o momento, foram realizados 262 transplantes de coração no país - incluindo o do apresentador Faustão.

“Esse tempo de espera mais curto é normal nos casos de prioridade. A agilidade reforça mais uma vez a eficiência do sistema de transplantes no país”, afirma Gustavo Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

 

       'A espera é muito dolorosa; o celular pode tocar a qualquer momento', diz mulher que fez transplante de coração

 

A analista de gerenciamento de risco Thayane Angelo, de 32 anos, desenvolveu um transtorno de ansiedade em 2019, enquanto aguardava um "coração novo". Foram 8 meses na fila do transplante, com a malinha do hospital pronta, sem deixar o celular descarregar por um minuto sequer (veja mais no vídeo acima).

"É uma espera muito dolorosa, podem te ligar a qualquer momento. Eu ia piorando a cada dia", diz.

Nesta reportagem, entenda as etapas enfrentadas por Thayane antes e depois da ligação que ela recebeu em 3 de dezembro daquele ano, quando ouviu de sua médica: "temos um possível coração aqui para você".

A paciente conversou com o g1 em 21 de agosto de 2023, quase quatro anos após o transplante e um dia depois de assistir ao jogo do Vasco no Maracanã. "Pude voltar a acompanhar as emoções de uma partida e gritar 'gol' em paz, sem passar mal", conta, rindo.

🫀Por que o transplante de Thayane foi necessário?

Ela nasceu com miocardiopatia hipertrófica e dilatada — uma doença caracterizada pela dilatação e enrijecimento dos músculos cardíacos, tornando-os incapazes de bombear sangue em quantidade suficiente para o organismo. Resultado: Thayane se sentia cansada até para tarefas simples, como caminhar ou fincar os pés na areia quando ia à praia.

"Em 2019, fiquei muito mal, não conseguia mais comer, tomar banho sozinha nem lavar meu cabelo. No calor, eu desmaiava. Foi aí que, em fevereiro, entrei para a fila do transplante."

Como foi a espera na fila?

"Foi um baque", conta Thayane. "Desenvolvi ansiedade, porque você não pode ficar com o telefone fora de área. Não viajei, porque fiquei com medo de me ligarem e eu não conseguir voltar a tempo para a minha cidade."

A fila para um transplante de coração leva em conta a gravidade do quadro do paciente. Quem necessita de internação constante (com uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a circulação do sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em casa, por exemplo. No Brasil, até a última atualização desta reportagem, eram 386 pacientes à espera de um coração.

"O médico me deu um login para eu acompanhar minha posição na espera. Cheguei a ficar em 1º lugar, empatada com outra pessoa, mas o coração que apareceu não era compatível com alguém do meu peso", diz. "Dois meses depois, minha vez chegou."

📱O que fazer ao receber a notícia da chegada do órgão?

Assim que Thayane atendeu a ligação da médica, tomou banho, pegou a bolsa com seus pertences (que estava arrumada há meses) e correu para o hospital. A rapidez — tanto do transporte do órgão quanto do paciente — é essencial para o sucesso do transplante, explica Samuel Padovani Steffen, cirurgião cardiovascular da Rede D'Or.

"Há um prazo de 4 horas entre tirar o coração do doador e terminar a cirurgia de implante no receptor", explica. "Se o órgão demorar 1 hora para chegar ao hospital, o médico terá 3 horas para fazer o coração voltar a bater na outra pessoa."

Thayane conta que nem pensava na cirurgia em si. "Foquei em imaginar que voltaria a andar de bicicleta, a correr, a ir para a praia. Minha psicóloga falou comigo no caminho para o hospital e nem acreditou na minha calma."

🏥Quanto tempo a paciente ficou internada?

Em geral, os transplantados ficam, em média, 30 dias no hospital, explica o cirurgião Steffen. É importante garantir que não haverá uma rejeição do organismo ao novo órgão.

No caso de Thayane, foram 28 dias de internação. "Quando fui para casa, já pude caminhar na rua. Em dois meses, comecei a reabilitação cardíaca, que é igual a uma academia, só que com um médico ao lado", afirma.

🏃Há alguma limitação?

"Do ponto de vista cardiovascular, a pessoa pode retomar sua rotina", explica o médico. "É só proteger o coração. A medicina evolui a cada dia. Nós dizemos: '[o órgão] vai durar para sempre, toque sua vida."

Thayane segue os cuidados à risca.

"Eu sei que transplante é um tratamento, então, faço a manutenção certinha: musculação, corrida na esteira, alimentação saudável... É uma vida 98% 'normal'. Se eu tiver uma gripe, vou ficar mais 'derrubada' que vocês. Quando vou ao estádio, uso máscara. Mas consigo ver meu time no Maracanã", diz.

Desde a cirurgia, Thayane conversa com outros pacientes que estão na fila do transplante. "Tento dar um gás neles. Quando conto minha história, eles se animam! E deixo sempre a mensagem da importância de doar órgãos. Conversem com a família de vocês."

 

Fonte: Terra/g1

 

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