sábado, 26 de agosto de 2023

Os Bolsonaro, uma família-empresa do balacobaco

Pais não escolhem filhos. Filhos não escolhem pais. Mas Bolsonaro escolheu os dele: Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro. E rejeitou Jair Renan Bolsonaro. Certa vez, referiu-se a Laura, sua única filha, como uma “fraquejada”.

Rogéria, a primeira mulher de Bolsonaro, é mãe dos três zeros – Flávio, Carlos e Eduardo. Ana Cristina Valle, a segunda mulher, é mãe de Jair Renan. Os quatro estão enrolados com a Justiça. Michelle, a terceira mulher, é mãe de Laura.

Se perguntarem a Michelle se Bolsonaro é um bom pai, ela certamente responderá que sim, é um ótimo pai, embora muito ocupado. Se perguntarem às outras, dirão que não, ou nada dirão. Rogéria comeu o pão que o diabo amassou nas mãos de Bolsonaro.

Separada do marido, mas com o apoio dele, elegeu-se vereadora no Rio de Janeiro. Ao tentar se reeleger, Bolsonaro escalou Flávio para derrotá-la, mas ele não topou. Então, convenceu Carlos a ser candidato, e o filho derrotou a própria mãe.

Escalada por Bolsonaro, Ana Cristina, mãe de Jair Renan, cuidou do esquema da rachadinha nos gabinetes de Flávio e de Carlos. Saiu-se bem. Mas brigou com o marido, ou ele com ela. Então foi trocada por Fabrício Queiroz. Hoje, mora na Europa.

Ana Cristina quis fazer carreira política em Brasília. Alugou (ou comprou) uma mansão e fez Jair Renan se aproximar do pai presidente. Ana Cristina recebeu doações para sua campanha. Desistiu depois. Não devolveu as doações. É mal de família.

Sem ter modelos melhores, Jair Renan mirou no pai e nos irmãos que sempre mantiveram distância dele, e começou a fazer negócios. Mandou às favas a história de escrúpulos. Escrúpulos só atrapalham. Jair Renan mudou-se para Camboriú, Santa Catarina.

Arranjou um emprego à beira mar. Planeja ser candidato a vereador. Esbalda-se em festas com tudo pago. Afinal, era o filho do presidente da República. Passou a assediar mocinhas com o apelo que lhe parecia irrecusável: “Sou filho do presidente…”. Foi.

Jair Renan foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal que apura crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Ele se diz tranquilo. Nunca foi tranquilo. Já cuspiu no rosto da mãe.

O pai não saiu em defesa de Jair Renan; já saiu e sairá em defesa de Flávio, seu herdeiro político, de Carlos, o filho que mais o preocupa por sua instabilidade emocional, e de Eduardo, que substituiu como ideólogo da família o finado Olavo de Carvalho.

Flávio, ao seu modo às vezes bruto, saiu em defesa de Jair Renan:

“Pelo que eu conheço do Renan, ele não tem a menor capacidade de fazer [o que a polícia lhe atribui]. Está trabalhando. Me causa estranheza porque é uma pessoa que não tem onde cair morta e está sendo investigada por lavagem de dinheiro.”

Se o irmão não tem onde cair morto, por que Flávio, dono de uma mansão de 6 milhões de reais em Brasília, não o ajuda? Por que Carlos e Eduardo não o ajudam? Por que Bolsonaro, 17 milhões de reais mais rico com as doações via pix, não ajuda o filho?

 

       Empresa de Jair Renan, o 04, abocanhou R$ 4,5 mi em contratos de mídia

 

O senador Flávio Bolsonaro (PL) saiu em defesa do irmão Jair Renan após o “04” ser alvo de busca e apreensão da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), no âmbito da Operação Nexum. Na ocasião, o parlamentar afirmou que o caçula do clã “não tinha onde cair morto”. Mas não é isso que mostra o balanço da empresa que o influenciador e gamer geriu durante um ano. O faturamento gira em torno de R$ 4,5 milhões.

A coluna apurou que, no período de um ano, entre julho de 2021 e julho de 2022, a empresa de mídia RB Eventos e Mídia Eirelli, investigada pela PCDF, abocanhou as cifras milionárias após firmar supostos contratos de propaganda e mídia. Os valores são vultosos para uma firma sem expressão no mercado de comunicação e que ostentava o modesto capital social de apenas R$ 105 mil.

Logo depois de receber valores mensais que superaram os R$ 300 mil, a empresa misteriosamente fechou, mesmo com todo o “sucesso financeiro”. A RB funcionou entre novembro de 2020 e março de 2023, quando Jair Renan passou a administração da empresa para Marcus Aurélio Rodrigues dos Santos. A coluna apurou que a transação ocorreu na forma de “doação”, sem qualquer valor envolvido no negócio.

<><> Jair Renan doou empresa que faturou R$ 4,5 milhões para dono de clube de tiro

Investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) por envolvimento em um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, Jair Renan Bolsonaro, o filho "04" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), doou para o dono de um clube de tiro a empresa em que era sócio e que faturou R$ 4,5 milhões em contratos de propaganda com a mídia.

Renan Bolsonaro foi sócio da empresa de mídia RB Eventos e Mídia Eirelli, alvo da investigação. A empresa tem capital social de apenas de R$ 105 mil, mas teve o faturamento milionário em contratos com a mídia entre julho de 2021 e julho de 2022, quando Bolsonaro era presidente.

Em março de 2023, Jair Renan passou a administração da empresa para Marcus Aurélio Rodrigues dos Santos em forma de "doação", sem receber qualquer valor em troca.

Marcus Aurélio Rodrigues dos Santos é dono da 357 Cursos e Treinamentos Táticos – Armas, Munições e Acessórios, sediada em Brasília.

Renan e a mãe, Ana Cristina Valle, frequentaram o clube de tiro onde tiveram aulas com o 'coach' Maciel de Carvalho, principal alvo da investigação da PC-DF.

Empresário ligado a Renan, Carvalho era instrutor de tiro no clube e está envolvido em um suposto esquema de tráfico de armamentos.

Ele chegou a ser preso em janeiro deste ano em uma operação da Polícia Civil do DF, sob suspeita de cometer crimes de posse, porte e comércio ilegal de armas. No dia da prisão, a polícia apreendeu 15 pistolas, dois rifles e 200 projéteis de munição no endereço dele em Águas Claras.

Em nota à Veja em maio de 2023, o assessor jurídico da 357 Armas e Acessórios, o advogado Bernardo Clarkson, afirmou que "a empresa foi doada" por Jair Renan em regime de "urgência".

"Não houve compra e venda. Houve transferência, uma vez que seria dado baixa. A empresa foi doada. Serão alteradas tanto a razão social, quanto a atividade econômica", diz o texto, que ressalta que "os planos futuros para a empresa serão revelados em momento oportuno”.

Após a empresa passar a faturar cerca de R$ 300 mil, a empresa teria fechado "misteriosamente", segundo reportagem do Metrópoles.

•        Empresário fake

Na investigação que envolve Jair Renan, a polícia descobriu uma organização criminosa que criou um empresário fake chamado Antônio Amâncio Alves Mandarrari, cuja identidade foi usada para abertura de conta bancária e para figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de “laranja”.

A quadrilha forjava relações de faturamento e outros documentos das empresas usando dados de contadores que sequer sabiam da existência da empresa.

Os investigados são suspeitos dos crimes de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro.

 

       Jair Renan, o 04, cadastrou e-mail de empresa como “brasileiropressor”

 

Quarto filho da prole do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan, ou simplesmente o “04”, sempre foi mais conhecido pelas declarações polêmicas do que propriamente pelo tino empresarial. O caçula do clã foi alvo de busca e apreensão pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Dot/Decor), unidade da Polícia Civil do DF (PCDF), nessa quinta-feira (24/8).

O influenciador digital e gamer não deixou de lado o posicionamento de extrema direita nem no momento de cadastrar o e-mail da empresa de mídia RB Eventos e Mídia Eirelli, investigada pela PCDF. O endereço eletrônico “brasileiropressor@gmail.com” foi criado em nome da firma, que, atualmente, encontra-se baixada.

A empresa funcionou entre novembro de 2020 e 10 de março de 2023, quando Jair Renan passou a administração da empresa para Marcus Aurélio Rodrigues dos Santos. A coluna apurou que a transação ocorreu na forma de “doação”, sem qualquer valor envolvido no negócio. No mesmo mês, o “04” foi nomeado para um cargo no Senado Federal, no gabinete do ex-secretário de Pesca do governo do pai, o senador Jorge Seif (PL).

Jair Renan, nascido em 1998, é filho de Bolsonaro com uma das ex-esposa dele, Ana Cristina Siqueira Valle. Também conhecido como 04, é o quarto dos cinco descendentes do ex-presidente da República.

•        A operação

A ação, batizada de Operação Nexum, cumpriu outros quatro mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva por crimes contra a fé pública e associação criminosa, além de prejuízo do erário do Distrito Federal.

O principal alvo da operação, e mentor do suposto esquema, é Maciel Carvalho, 41 anos. Ele foi empresário de Jair Renan e coleciona registros criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo.

Maciel acabou atrás das grades nessa quinta, em Águas Claras. Outro alvo de mandado de prisão é Eduardo dos Santos, que já era procurado pela polícia por uma ocorrência de homicídio. Ele continua foragido. Este ano, Maciel já foi alvo de duas operações da PCDF: a primeira, a Succedere, da Dot/Decor, investigou crimes tributários praticados por uma organização criminosa especializada em emissão ilícita de notas fiscais.

Outra operação, a Falso Coach, da Coordenação de Repressão ao Crime Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), apurou o uso de documentos falsos para o registro e comércio de armas de fogo e a promoção de cursos e treinamentos de tiro por meio de uma empresa em nome de um “laranja”. Nesta ação, Maciel foi preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo.

A nova investigação é resultado de materiais apreendidos nas operações que revelaram um esquema de fraudes com crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, com o objetivo final de blindar o patrimônio dos envolvidos.

•        “Laranja” e “testa ede ferro”

A investigação apontou a existência de uma associação criminosa cuja estratégia de obter indevida vantagem econômica passa pela inserção de um terceiro, “testa de ferro” ou “laranja”, para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas “fantasmas”, utilizadas pelo alvo principal e seus comparsas.

De acordo com os elementos de prova, o principal investigado e um de seus comparsas fizeram nascer a falsa pessoa de Antônio Amâncio Alves Mandarrari, cuja identidade foi usada para abertura de conta bancária e para figurar como proprietário de pessoas jurídicas na condição de “laranja”.

Os policiais civis ainda descobriram que os investigados forjam relações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, utilizando-se para isso de dados de contadores sem o consentimento destes, inserindo declarações falsas com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, bem como mantêm movimentações financeiras suspeitas entre si, inclusive com o possível envio de valores para o exterior.

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Sudoeste, onde Jair Renan tem um apartamento, e em Santa Catarina, onde o filho “04” do ex-presidente trabalha como assessor de senador Jorge Seif (PL).

Foram cumpridos ainda mandados de busca em endereços de dois supostos comparsas, sendo um deles um “testa de ferro” usado pelo grupo para figurar como proprietário das empresas.

Também houve cumprimento de mandados na Asa Sul, em um mesmo endereço em que estão registradas uma empresa vinculada ao principal investigado e outra vinculada a um dos demais envolvidos, o qual também foi alvo de busca em sua residência localizada em Balneário Camboriú (SC).

Além disso, foi cumprido um mandado de prisão preventiva em desfavor do mentor do esquema. Outro investigado teve decretada sua prisão, porém encontra-se foragido e também é procurado por crime de homicídio ocorrido em Planaltina.

As diligências visam apreender bens e documentos especificamente relacionados aos fatos apurados no âmbito da investigação policial, bem como colher outros elementos de convicção relacionados aos investigados.

•        Operação Nexum

O nome da operação faz alusão ao antigo instituto contratual do direito romano, “nexum”, representando a passagem do dinheiro e transferência simbólica de direitos. A operação teve a participação de 35 policiais do Decor e da Divisão de Inteligência Policial da PCDF, bem como da Polícia Civil do Estado de Santa Catarina.

Os investigados são suspeitos dos crimes de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro.

 

       Quantos CPFs tem o amigo de Jair Renan preso em operação da PCDF

 

Na manhã desta quinta-feira (24) o filho ‘zero-quatro’ de Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan, foi alvo da Operação Succedere, da Polícia Civil do Distrito Federal, que cumpriu ordem de busca e apreensão em sua residência, que fica em Santa Catarina. Além dele, o influenciador digital Maciel Carvalho, suspeito de tráfico de armas, foi o principal alvo da operação e acabou preso.

Advogado e ex-pastor, além de empresário e instrutor de tiro de Jair Renan Bolsonaro - que também entrou na mira da polícia -, Carvalho foi preso em janeiro na primeira fase da operação (Falso Coach) em Águas Claras, no Distrito Federal, suspeito de usar documentos falsos para comprar um arsenal.

E foi justamente na análise desses documentos, que apresentaram variações no nome completo e na data de nascimento, que a polícia encontrou um detalhe bastante curioso sobre Maciel Carvalho: ele chegou a ter 10 CPFs diferentes e tentou emitir um segundo RG em seu nome.

 “Desde o ano de 2016, Maciel Alves de Carvalho vem utilizando documentos falsos (RG e CPF) em diversos órgãos do Distrito Federal e do restante do país, inclusive junto à Polícia Civil do DF, cartórios, Detran, dentro outros, a fim de ocultar seus extensos antecedentes criminais e passar falsa credibilidade à sociedade, para possuir, portar e comercializar arma de fogo via redes sociais e loja física (em nome de pessoa interposta), além de promover cursos e treinamentos com armas variadas”, diz um trecho do inquérito.

A lei brasileira proíbe o uso de mais de um CPF por pessoa. Quando um segundo número é identificado, logo é cancelado.

•        Succedere

A operação Succedere, desencadeada nesta quinta-feira, é um desdobramento da Falso Coach e trouxe mais detalhes da atuação de Carvalho.

Conforme informações do G1, o grupo utilizava uma identidade falsa de Antônino Amâncio Alves Mandarri, para abrir contas bancárias. Além disso, os investigados são suspeitos de terem forjado registros de faturamento e outros documentos das empresas sob investigação, e teriam usado dados de contadores sem o consentimento destes.

A investigação é conduzida pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária (DOT), vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil.

 

       Jair Renan é massacrado e "CPFs" ficam entre as principais repercussões nas redes

 

Perfis nas redes sociais deixaram a sigla "CPFs" no trending topic (tópico em tendência), um dos principais assuntos do Twitter. Internautas repercutiram a informação de que o empresário Maciel Carvalho, amigo de Jair Renan Bolsonaro,  chegou a ter 10 registros de Cadastros de Pessoa Física. Carvalho foi preso na manhã desta quinta-feira (24), em Brasília (DF).

Policiais civis do Distrito Federal apreenderam um celular, um disco rígido (HD) e anotações de Jair Renan, filho de Jair Bolsonaro (PL). Investigadores apuram crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Internautas reagiram à descoberta dos CPFs por investigadores. "Amigo do filho mais novo do inelegível tinha 10 CPFs. Impressionante como esse pessoal anda com tantos criminosos, mas não estão envolvidos em nada, né?", escreveu um perfil no Twitter.

 

Fonte: Metrópoles/Fórum/Brasil 247/g1

 

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