terça-feira, 29 de agosto de 2023

Muita retórica, pouco resultado: como a África recebe promessas de Lula sobre cooperação?

Brasil apresenta cartilha de boas intenções durante viagem do presidente Lula a África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe. No entanto, instabilidade do engajamento do Brasil no continente gera frustração entre os parceiros africanos, alertou analista em entrevista à Sputnik Brasil.

Neste domingo (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou viagem oficial de uma semana ao continente africano. Durante sua estadia, o brasileiro realizou visitas bilaterais e multilaterais na África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe.

Um dos principais objetivos da viagem é retomar a presença do Brasil no continente africano, reduzida significativamente na última década.

"O Brasil andou para trás. Durante sete anos, os presidentes não tiveram coragem de vir ao continente africano. Eu resolvi [...] dizer ao continente africano que o Brasil está de volta a África", disse Lula durante sua visita a Angola. "Vir para África não é um sacrifício, é um orgulho, embora muitos não gostem disso."

Em Luanda, o governo brasileiro assinou 25 acordos de cooperação em áreas como comércio, saúde, educação e desenvolvimento agrícola. Para impulsionar a retomada dos contatos bilaterais, o Brasil acenou com a possibilidade de voltar a fornecer linhas de crédito para importação de produtos brasileiros e realização de projetos de infraestrutura em Angola.

"Vamos voltar a fazer financiamento para os países africanos. Vamos voltar a fazer investimentos para Angola, que é um bom pagador das coisas que o Brasil investiu aqui", disse o presidente brasileiro.

A visita de Lula foi bem recebida pela comunidade diplomática angolana. Em entrevista à Sputnik Brasil, o embaixador angolano Rui Orlando Xavier demonstrou expectativa quanto à cooperação em setores como agricultura e indústria de transformação.

"Essa visita do presidente Lula vem em um momento muito oportuno, há muitos projetos a serem desenvolvidos e o Brasil é um dos países que pode ajudar Angola a concretizá-los", disse o embaixador à Sputnik Brasil. "O Brasil hoje tem uma voz firmada na comunidade internacional e a presença do presidente Lula na África é prova disso."

Já durante sua passagem pelo arquipélago de São Tomé e Príncipe para a participação na 14ª Cúpula da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Lula apoiou o engajamento da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da Fundação Oswaldo Cruz em projetos da área de saúde nos países-membros do bloco.

A cartilha de boas intenções ao continente africano apresentada pelo Brasil durante a estadia de Lula ainda inclui a reabertura de embaixadas brasileiras em países como Libéria e Serra Leoa, além da possível inauguração de representação em Ruanda, reportou a BBC News Brasil.

Para o pesquisador sênior em Governança e Diplomacia Africana no Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA), Gustavo de Carvalho, os países do continente diminuíram as suas expectativas em relação ao Brasil nos últimos anos.

"A imagem do Brasil no continente africano segue positiva, ainda que a expectativa do papel brasileiro tenha diminuído de forma considerável", disse Carvalho à Sputnik Brasil.

Segundo ele, houve forte frustração quanto à "forma abrupta com que o Brasil se desengajou do continente, depois de anos de intensos contatos".

"Entre 2003 e 2010, tivemos de fato um grande crescimento nas trocas comerciais, nos investimentos, em programas educacionais e culturais", relatou Carvalho. "No período de Dilma Rousseff [2011-2016] vemos uma desaceleração no engajamento brasileiro, que foi mantida até os anos de Jair Bolsonaro [2019-2022]."

Outro fator que motiva a frustração dos parceiros africanos em relação ao Brasil é o excesso de promessas não cumpridas, acredita o analista brasileiro baseado na África do Sul.

"O Brasil prometia demais, criava argumentos sofisticados para o interlocutor, mas que nem sempre se materializavam", lamentou Carvalho. "O que vimos de fato foram experiências pontuais, realizadas por agências tradicionais de cooperação, como a Embrapa, focadas em áreas de interesse do Brasil – e não necessariamente dos parceiros locais."

Apesar do "vai e vem" brasileiro na África, a plataforma que se mostrou mais resiliente às mudanças de governo em Brasília foi o BRICS.

"Durante esses anos de ausência brasileira, o que se manteve continuado mesmo foi o papel do BRICS, garantindo que a posição do Brasil não se debilitasse tanto", disse Carvalho, que também citou o papel do Itamaraty na manutenção das relações com parceiros africanos durante os anos de desengajamento do Palácio do Planalto.

O especialista ainda nota a ampla aceitação que a figura pessoal do presidente Lula tem no continente, o que fortalece o objetivo da diplomacia brasileira de retomar sua agenda africana.

"A volta do Brasil ao continente africano não deveria ser uma volta porque nós nunca deveríamos ter saído do continente africano", declarou Lula para empresários em Angola.

Entre os dias 21 e 27 de agosto, o presidente Lula cumpriu agenda oficial na África. Entre os dias 22 e 24, participou da 15ª Cúpula do BRICS em Joanesburgo, África do Sul. Nos dias 25 e 26, cumpriu agenda oficial em Angola, de onde seguiu para São Tomé e Príncipe, para participar da 14ª Cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), no dia 29 de agosto.

 

Ø  EUA desestabilizam situação no sul da Síria para implementar seus planos, diz especialista

 

Os Estados Unidos estão desestabilizando a situação no sul da Síria para implementar seus planos, disse o especialista militar e estratégico sírio Kamal al-Jaffa.

Anteriormente, várias mídias árabes e ocidentais relataram que na província de As-Suwayda, no sul da Síria, foram realizadas manifestações nos últimos dias para exigir melhores condições econômicas.

O governador provincial afirmou que o governo provincial estava respondendo às demandas dos cidadãos e pediu à população que "não fosse atraída para o que foi relatado nas mídias sociais e em alguns sites".

"Essa questão é muito séria, e se o movimento se desenvolver, pode haver uma intervenção americana. O plano de As-Suwayda é uma oportunidade apropriada e histórica que a América pode esperar para realizar", disse al-Jaffa.

De acordo com o especialista, estamos falando de "planos intensos e ações dos EUA para fechar as fronteiras da Síria com a Jordânia e o Iraque". Ele ressaltou que até hoje "não foram mobilizados suficientes grupos armados capazes de lutar contra a Síria e seus aliados nessas fronteiras".

Além disso, Kamal al-Jaffa acrescentou que os EUA "estão tentando fechar as fronteiras da Síria com a província iraquiana de Anbar e intensificar as atividades de grupos armados no sul do país, perto das fronteiras com a Jordânia".

Anteriormente, Dmitry Polyansky, vice-embaixador permanente da Rússia na ONU, chamou a presença ilegal de tropas dos EUA na Síria um dos principais fatores desestabilizadores e pediu sua retirada.

As Forças Armadas dos EUA controlam ilegalmente territórios no norte e nordeste da Síria nas províncias de Deir ez-Zor, Al-Hasakah e Raqqa, onde se localizam os maiores campos de petróleo e gás da Síria. A Damasco oficial chamou repetidamente a presença dos militares americanos em seu território de "ocupação e pirataria estatal" com o objetivo descarado de roubar petróleo.

•        EUA planejam colocar em campo milhares de sistemas autônomos para combater a China, diz Defesa

Em sua corrida contra a China para manter a hegemonia mundial, os EUA estão apelando para diversas estratégias que vão desde sanções comerciais até ameaças de expansão de sua influência no Indo-Pacífico sobre a questão de Taiwan.

Os Estados Unidos vão desenvolver agora milhares de sistemas militares autônomos nos próximos dois anos, em um esforço para combater a China, disse a vice-secretária de Defesa dos EUA, Kathleen Hicks, nesta segunda-feira (28).

"Vamos colocar em campo sistemas autônomos atribuíveis em uma escala de vários milhares, em vários domínios, nos próximos 18 a 24 meses", disse Hicks em comunicado via mídia social.

O esforço, apelidado de Replicator, deve contrariar o arsenal da China com tecnologia superior dos EUA, feita em colaboração com a indústria comercial, afirmou o comunicado.

Sistemas autônomos, também conhecidos como drones ou veículos aéreos não tripulados (VANT), têm sido cada vez mais utilizados em campos de batalha em todo o mundo, tanto para fins de vigilância quanto para fins ofensivos.

 

       EUA estão se preparando para que conflito ucraniano continue no próximo ano, observa mídia

 

Avaliando os resultados da ofensiva "frustrante" e "decepcionante" da Ucrânia, Washington chegou à conclusão de que o conflito ucraniano continuará no próximo ano, escreve o colunista do Washington Post David Ignatius.

Avaliando o progresso lento da ofensiva ucraniana, a administração do presidente dos EUA Joe Biden concluiu que o conflito na Ucrânia provavelmente continuará no próximo ano. Ao fazê-lo, os Estados Unidos e seus aliados devem continuar a fornecer apoio militar.

Como escreve o observador do jornal, em Washington a contraofensiva ucraniana é determinada como "frustrante" e "decepcionante", mas, no entanto, não há planos para buscar uma saída diplomática rápida do conflito: "A maioria das autoridades americanas parecem mais convencidas do que nunca da necessidade de estar firme com Kiev".

"Não avaliamos que o conflito seja um impasse", afirmou o assessor de segurança nacional Jake Sullivan a repórteres na quarta-feira (23), respondendo a relatos de que altos funcionários americanos estavam pessimistas sobre os militares da Ucrânia.

Ao mesmo tempo, autoridades americanas admitem que é improvável que as tropas ucranianas cheguem ao mar Negro e interrompam a rota terrestre da Rússia para a Crimeia antes do início do inverno europeu, como esperavam.

Embora Washington não perca a esperança de que neste ano os militares ucranianos possam romper as posições russas e se mover para o leste e oeste, eles entendem que não será possível terminar o conflito até o final do ano.

Além disso, Ignatius especificou que a prontidão para continuar apoiando Kiev não significa que Washington esteja satisfeito com a forma como o comando ucraniano está conduzindo sua contraofensiva.

Assim, em Washington acreditam que a Ucrânia gasta sua munição, que os EUA e seus aliados fornecem lá. Estima-se que, desde o início do conflito, os militares ucranianos dispararam dois milhões de tiros de armas da artilharia de 155 mm, que quase esgotaram as reservas. Por isso, Kiev é chamada a concentrar o fogo de artilharia nos alvos mais importantes.

O Pentágono também pede que a Ucrânia confie menos nos drones para obter informações sobre o campo de batalha e use mais forças de reconhecimento terrestres que possam avaliar melhor as posições russas.

Tropas ucranianas estão fazendo 'improvisação perigosa' com bombas de fragmentação, diz jornalista

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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