domingo, 27 de agosto de 2023

Lula diz ser difícil negociar com franceses sobre UE-Mercosul: 'Querem tudo e não abrem mão de nada'

Após a cúpula do BRICS o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, comentou sobre outra investida da diplomacia brasileira que é o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

O arrastado acordo está desde 2019 para ser ratificado e, neste ano, ganhou mais um contratempo com novas exigências feitas pelos europeus em uma side letter (carta paralela, na tradução). Ou seja, um documento que não altera o original, mas traz novos pedidos e exigências adicionais.

O presidente comentou neste sábado (26) que está difícil chegar a um denominador comum, principalmente com os franceses, que nas novas exigências "querem que você abra mão de tudo e não abrem mão de nada".

"Respondemos à carta deles colocando aquilo que deve ser parte do acordo e dizendo que não aceitamos que uma carta entre amigos tenha ameaça. Estamos há 20 e poucos anos brigando por isso. Não é fácil negociar com os franceses, não é fácil. Eles querem que você abra mão de tudo e não abrem mão de nada. Eles valorizam o franguinho deles, o vinho deles", afirmou Lula de acordo com o jornal O Globo.

O governo brasileiro respondeu recentemente à carta da União Europeia e, segundo interlocutores ouvidos pela mídia, a resposta encaminhada prevê um mecanismo chamado "equilíbrio de concessões".

Por esse instrumento, se os europeus decidirem proibir a importação de determinado produto que teve origem em uma área desmatada, eles terão de abrir seu mercado para outro item exportado pelo Brasil, ou perderão a vantagem concedida a bens de seu interesse, escreve o jornal.

Por exemplo, se a UE proibir a importação de carne bovina teria que dar uma abertura adicional à carne de frango ou deixaria de vender no mercado brasileiro, com alíquotas menores, produtos de seu interesse, como automóveis.

A intenção é compensar os produtores nacionais que forem atingidos pela lei aprovada pelo Parlamento Europeu, que proíbe a importação de alimentos de áreas desmatadas até dezembro de 2020.

Outro ponto da contraproposta é, em vez de aplicar sanções comerciais, a UE deveria dar maior abertura a alimentos produzidos de forma sustentável.

A contraproposta brasileira também prevê ajustes em compras governamentais, que dá o mesmo tratamento a firmas nacionais e europeias em aquisições da União. Entre os pilares do texto, está a possibilidade de o Brasil exigir compensações a empresas europeias que forem escolhidas em licitações públicas, como investimentos e transferência de tecnologia.

O Brasil também quer dar margens de preferência de até 20% a empresas brasileiras de todos os portes: micro, pequenas, médias e grandes. Quanto mais comprometida com o maio ambiente, maior o percentual, relata a mídia.

O Acordo de Associação Mercosul-União Europeia teve suas negociações concluídas em 28 de junho de 2019, e ainda dependente do processo de revisão, assinatura e ratificação.

 

Ø  EUA aumentam em mais de 2 vezes as importações de urânio da Rússia em 2023

 

O comércio de urânio continua entre os dois países, com os suprimentos e os respectivos valores subindo aos maiores indicadores desde os anos 2000, segundo dados calculados pela Sputnik.

Os EUA compraram 416 toneladas de urânio da Rússia durante o primeiro semestre de 2023, excedendo assim a cifra do ano passado em 2,2 vezes, revelam cálculos da Sputnik baseados em dados oficiais dos EUA.

Segundo os cálculos, de janeiro a junho de 2022 os EUA tinham comprado 188 toneladas de urânio da Rússia, enquanto no período homólogo deste ano o valor subiu em cerca de 2,2 vezes.

A última vez que tais valores foram registrados foi em 2005, quando a Rússia exportou 418 toneladas de combustível para os EUA.

Os EUA pagaram assim US$ 696,5 milhões (R$ 3,39 bilhões) pelo urânio importado da Rússia, o maior valor desde 2002. Trata-se de um aumento do valor dos suprimentos de 2,5 vezes, enquanto a proporção das importações da Rússia subiu 13 pontos porcentuais, para 32%.

Em 8 de agosto o jornalista Clayton Morris disse que os EUA e a UE estão em pânico por causa de sua dependência do urânio da Rússia.

Os países ocidentais, incluindo os EUA, impuseram sanções abrangentes contra a Rússia a partir do começo da operação militar especial da Rússia na Ucrânia. Ao mesmo tempo, eles têm evitado mirar o setor de energia nuclear, que tem sido negligenciado pelo Ocidente em comparação com a Rússia.

·         Rússia não vai ceder aos ditames dos EUA e cooperação militar com Irã continuará, diz MRE russo

A declaração do Ministério das Relações Exteriores russo segue relatórios do início deste mês, nos quais Washington solicitou à República Islâmica que deixasse de fornecer à Rússia drones militares.

Ontem (25), em declarações concedidas pelo vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, o vice-ministro enfatizou que o vínculo entre Moscou e Teerã resistirá à pressão externa e que os laços militares Rússia-Irã prosseguirão independentemente das tentativas lideradas pelos Estados Unidos para minar a relação.

"Somos Estados independentes e não sucumbimos aos ditames dos Estados Unidos e seus satélites", afirmou Ryabkov citado pela mídia iraniana Press TV.

O diplomata ainda destacou que não houve nenhuma mudança na colaboração dos dois lados no setor militar: "Não há mudanças e a cooperação com o Irão continuará".

No entanto, o Irã criticou as tentativas de vincular a sua cooperação militar com a Rússia ao conflito na Ucrânia. Teerã também negou repetidamente ter fornecido drones a Moscou.

No mês passado, o porta voz do MRE iraniano, Nasser Kan'ani, disse num comunicado que qualquer tentativa de ligar o conflito na Ucrânia à cooperação entre o Irã e a Rússia é uma medida que serve apenas objetivos políticos.

Entretanto, as autoridades diplomáticas iranianas instaram as partes beligerantes no conflito Rússia-Ucrânia a procurarem a paz, substituirem os combates por canais diplomáticos e a tentarem encontrar uma solução pacífica para a crise através da retomada do diálogo entre os países vizinhos.

 

Ø  Novo escândalo: corrupção na Ucrânia afeta suprimentos humanitários às regiões controladas por Kiev

 

Um valor equivalente a vários milhões de reais foi lavado em esquemas, descobriu uma investigação das autoridades anticorrupção ucranianas.

Dois funcionários ucranianos de alto escalão estão envolvidos em um escândalo de corrupção, revelaram na sexta-feira (25) o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU, na sigla em ucraniano) e a Procuradoria Especializada Anticorrupção (SAPO, na sigla em ucraniano).

O dinheiro, dizem eles sobre a investigação, que ainda está decorrendo, era destinado ao auxílio humanitário nas partes ocupadas por Kiev, no caso nas regiões de Donetsk, Kherson, Sumy, Zaporozhie, Kiev, Khmelnitsky, Dnepropetrovsk e Poltava.

Assim, Taras Vysotsky, vice-ministro de Política Agrária e Alimentação, e um ex-vice-ministro da Economia não identificado, usaram indevidamente de março a agosto de 2022 cerca de 62 milhões de grívnias (R$ 8,18 milhões), com o primeiro se aproveitando da empresa ferroviária ucraniana Ukrzaliznytsya para um dos esquemas, disseram as autoridades anticorrupção.

"Depois de recebidos, os fundos foram transferidos para uma empresa estrangeira com indícios de fictícia para posterior legalização", segundo a declaração.

O NABU disse que "ele [Vysotsky] estava ciente do valor real de mercado dos produtos, pois recebia regularmente dados relevantes do serviço de estatísticas do Estado".

No início deste mês o presidente ucraniano Vladimir Zelensky substituiu todos os chefes de recrutamento militares regionais por soldados feridos, no que foi o mais recente escândalo de corrupção entre os vários que têm atingido a Ucrânia. Um outro é a saída de armas destinadas às forças de Kiev para outros mercados, apesar das promessas de controle dos suprimentos por seus aliados ocidentais.

 

Ø  Acadêmico: exercícios no Pacífico dos EUA e aliados buscam reafirmar 'dias de glória da Guerra Fria'

 

A postura dos EUA na região do Indo-Pacífico é baseada em tentativas de restaurar uma lógica do final do século XX que é extremamente perigosa na conjuntura atual, disse um cientista político à Sputnik. Os potenciais aliados dos EUA na região devem ser cautelosos em se juntar a esse projeto.

Os EUA e vários de seus aliados no Pacífico Ocidental têm realizado nos últimos dias uma série de grandes exercícios militares.

Estados Unidos, Japão, Austrália e Filipinas acumularam uma ampla frota de navios de assalto no mar do Sul da China para exercícios esta semana, incluindo o destróier portador de aeronaves JS Izumo (DDH-183) do Japão, o navio de assalto anfíbio australiano HMAS Canberra e a plataforma de desembarque das Filipinas BRP Davao del Sur. Ausente do grupo estava o porta-aviões USS Ronald Reagan, que retornou ao porto no Japão depois de realizar exercícios separados com muitos dos navios reunidos para esses exercícios.

Enquanto isso, a Coreia do Sul começou em 21 de agosto seus maiores exercícios de defesa no país em seis anos no âmbito dos exercícios anuais Ulchi Freedom Shield com os EUA, e as tropas americanas e australianas treinaram nos exercícios Malabar ao largo da costa leste da Austrália.

Joe Siracusa, cientista político e reitor de Futuros Globais da Universidade Curtin, Austrália, disse à Sputnik que esse tipo de manobras foi trazido dos "dias de glória da Guerra Fria", mas claramente não é aplicável no mundo moderno há décadas.

"Esses tipos de exercícios são importantes e reforçam a ideia de que os EUA estão tentando criar um escudo semelhante ao da OTAN naquela parte do mundo como um dissuasor para os chineses. Agora, a dissuasão é um objetivo. Como você chega lá é chamado de 'contenção'. E assim, esses exercícios militares – que são os exercícios australiano-japoneses, exercícios norte-americanos-sul-coreanos – todos devem se combinar para produzir uma espécie de abordagem monolítica para lidar com a China", explicou ele.

O especialista observou que tem estudado este assunto por mais de 50 anos e que, segundo ele, essa dissuasão e como ela se desenvolveu durante a Guerra Fria nunca pareceu funcionar perfeitamente após a Guerra Fria.

"Quero dizer que a dissuasão nunca impediu os norte-coreanos de fazer o que estavam fazendo. Nunca impediu os norte-vietnamitas de fazer o que estavam fazendo. Na verdade, isso nunca impediu a Rússia de fazer o que estava fazendo nos anos 60, 70 e 80", observou Siracusa.

O cientista político disse que estava preocupado que, nos próximos anos, países como os EUA, China e Rússia estariam em perigo direto de cruzar as linhas vermelhas uns dos outros – algo extremamente perigoso quando as partes estão todas armadas com armas nucleares.

"Estes exercícios em particular visam dar peso ao conceito de contenção dos EUA. Nos dias de glória da Guerra Fria ele pode ter funcionado. Não funciona agora e não tem funcionado nos últimos dez anos. Então, de certa forma, se algo não funciona, isso tende a ser mais provocador do que defensivo. Por isso, agora temos que ter muito cuidado com as linhas vermelhas que cruzamos no mar do Sul [da China] e no da China Oriental", concluiu Siracusa.

·         Relatório do Congresso dos EUA diz que 'riscos internos' minam chances de Taiwan combater China

Problemas internos taiwaneses como falta de energia, alimentos, água viriam à tona com rapidez caso a ilha entre em embate com a China, diz o documento, acrescentando que tática militar chinesa também promove desgastes nas forças taiwanesas.

Em uma análise divulgada nesta semana pelo setor de pesquisa asiática do Congresso norte-americano, o Congressional Research Service Asia, os Estados Unidos disseram que a busca de Taiwan para impedir uma eventual invasão chinesa poderá ser frustrada por desafios políticos e infraestruturais internos.

"A energia, os alimentos, a água, a Internet e outros sistemas de infraestruturas críticas do arquipélago são vulneráveis ​​a perturbações externas. A preparação da defesa civil é insuficiente, de acordo com alguns observadores, e os militares de Taiwan lutam para recrutar, reter e treinar pessoal", diz o relatório segundo a Bloomberg.

Um dos maiores desafios, continua o documento, é que as operações militares chinesas perto de Taiwan, como a última desta semana, podem enfraquecer a capacidade da ilha de saber se Pequim está a preparar-se para uma invasão real.

Se a China "usasse tais operações como cobertura para um ataque iminente, poderia reduzir significativamente o tempo que Taiwan teria para responder", afirma o relatório. Ao mesmo tempo, essas manobras proporcionam a Pequim oportunidades de treinamento e coleta de informações.

Também não está claro quais custos o povo da nação insular estaria disposto a suportar face a eventual entrada chinesa. O orçamento de defesa de Taiwan para 2023, de cerca de US$ 24,6 bilhões (R$ 116 bilhões) representa um aumento de quase 10% em relação a 2020.

Pequim vê Taiwan como uma província renegada que pertence por direito à China no âmbito da política de Uma Só China, enquanto a ilha autogovernada não declarou formalmente a independência, mas afirma já o ser e mantém laços próximos com os EUA.

Estes, por sua vez, expressaram nos últimos anos a vontade de "conter" a China e o seu desenvolvimento.

 

Ø  MRE da Rússia adverte Moldávia por levar apoio a Kiev longe demais: 'Cúmplice de crimes de guerra'

 

Nesta sexta-feira (25), a representante oficial do MRE russo, Maria Zakharova, alertou a Moldávia e disse que o país deve ter cuidado para não exagerar no seu apoio à Ucrânia, a ponto de se tornar cúmplice dos crimes cometidos pelos militares ucranianos.

"Gostaria de alertar Chisinau contra um envolvimento mais profundo no 'apoio' à Ucrânia, o que não só ameaçará a estabilidade e a segurança na região, mas também transformará a Moldávia em um cúmplice dos crimes de guerra cometidos pelo regime de Kiev", sublinhou Zakharova.

O Ocidente continua os seus esforços para arrastar o país do Leste Europeu, cuja neutralidade permanente está consagrada na sua Constituição, para o conflito ucraniano, acrescentou a diplomata.

No que diz respeito às recentes tensões nas relações diplomáticas entre Moscou e Chisinau, a Rússia fará todos os esforços para fornecer serviços consulares na Moldávia, tanto aos seus próprios cidadãos como aos moldavos, enfatizou Zakharova.

"Apesar de um corte radical de funcionários das missões diplomáticas da Rússia, a pedido do governo da Moldávia, o departamento consular russo em Chisinau retomou suas operações em 17 de agosto, após uma pausa forçada. Obviamente, manter o ritmo antigo seria um desafio. No entanto, apesar dos obstáculos criados para nós, faremos o nosso melhor para continuar a fornecer os serviços necessários aos cidadãos da Rússia e da Moldávia", acrescentou a representante.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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