quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Joice Hasselmann previu PF atrás de Zambelli

Após operação da Polícia Federal contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), um vídeo antigo da ex-deputada Joice Hasselmann ironizando a situação viraliza nas redes sociais. Na gravação, a ex-parlamentar falava sobre uma possível operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, e reproduz como seria a chegada dos agentes do alvo.

— Seis horas da manhã, ‘toc toc toc’, três batidinhas na porta. Aí quem está do lado de dentro pergunta: ‘quem é?’. A resposta: ‘É a Polícia Federal’” — fala Joice, no vídeo.

Joice e Zambelli tiveram uma relação conturbada durante o tempo que estiveram juntas na Câmara dos Deputados. Em um primeiro momento, as duas ainda apoiadoras do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegaram a fazer campanha juntas em 2018. Após o rompimento de Joice com o bolsonarismo, as duas se afastaram e iniciaram uma série de ataques, com direito a discussões pelas redes sociais.

Em julho, após o hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Netto, afirmar à Polícia Federal que Zambelli teria lhe pedido para invadir as contas de e-mail e o telefone de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joice chamou a ex-amiga de “burra”, “bandida” e personagem “folclórico” digno do “deboche” em vídeo publicano nas redes sociais.

Carla Zambelli foi alvo de mandados de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira por conta da relação com o hacker Walter Delgatti. Agentes estão no apartamento e no gabinete da parlamentar, em Brasília, e na casa do hacker, em São Paulo, que tem contra ele um mandado de prisão. Zambelli é investigada por supostamente contratar Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e tentar inserir no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o relato do hacker.

<><> No mesmo dia, Zambelli teve PF e Conselho de Ética

A devassa que policiais federais fizeram no apartamento e no gabinete parlamentar de Carla Zambelli na manhã desta quarta-feira não foi o único problema enfrentado pela deputada federal no dia. Às 11h30, Carla Zambelli encarou o parecer de João Leão (PP-BA) no Conselho de Ética da Câmara.

A PF investiga Zambelli por supostamente contratar o hacker Walter Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e tentar inserir no sistema do CNJ um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Já na Câmara, ela é acusada de ter extrapolado as prerrogativas parlamentares ao xingar o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) durante uma audiência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado que contou com a presença do ministro Flávio Dino (Justiça), em 11 de abril.

 

       Moraes diz que Zambelli e Delgatti iam fraudar eleição

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o hacker Walter Delgatti Neto agiu “sob ordens” da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), para “expandir narrativa fraudulenta contra o processo eleitoral brasileiro”.

Aliada de Bolsonaro, pró-armas e ex-ativista feminista: quem é Carla Zambelli, deputada alvo de operação da PF

A declaração de Moraes é baseada em posição de Polícia Federal (PF) e está na decisão autorizou a prisão de Delgatti e a realização de mandados de busca e apreensão contra Zambelli.

“Conforme relatado pela Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, sob ordens da Deputada Federal Carla Zambelli, invadiu os sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça, com o objetivo fundamental de encontrar supostas vulnerabilidades digitais dos sistemas do Poder Judiciário e, assim, de expandir narrativa fraudulenta contra o processo eleitoral brasileiro, com objetivo de tumultuá-lo, dificultá-lo, frustrá-lo ou impedi-lo”, escreveu Moraes.

De acordo com o ministro, isso contribuiria para a “disseminação das notícias fraudulentas sobre as condutas dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral e contra o sistema de votação no Brasil”.

À PF, Delgatti afirmou que conheceu Zambelli em setembro de 2022 e que ela solicitou que ele “invadisse a urna eletrônica ou qualquer sistema da Justiça Brasileira, visando demonstrar a fragilidade do sistema da Justiça Brasileira”.

O hacker, contudo, afirmou que “não conseguiu invadir o TSE, mesmo após diversas tentativas, pois o código fonte da urna eletrônica não fica hospedado em um computador com acesso à Internet, mas fica em um computador offline, não sendo possível o acesso externo”.

Zambelli teria dito que, caso não foi possível invadir a urna, que ele deveria tentar obter “conversas comprometedoras” de Moraes, por meio de uma invasão de seu celular ou e-mail.

 

       Hacker invadiu email de Moraes e não encontrou nada

 

Eleita em 2018 e reeleita em 2022 como uma das maiores aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) é alvo de busca e apreensão pela operação 3FA, realizada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, em Brasília. O objetivo da operação é esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). No mesmo escopo, a PF também cumpre um mandado de prisão contra o hacker Walter Delgatti. Agentes estão no apartamento e no gabinete da parlamentar, em Brasília, e na casa do hacker, em São Paulo.

A parlamentar foi a terceira deputada federal mais votada do país na última eleição, com 946 mil votos, perdendo apenas para Nikolas Ferreira (PL-MG) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), e a segunda mais votada em São Paulo. Zambelli se coloca como liberal na direita e conservadora nos costumes.

Um dos casos mais emblemáticos de Zambelli foi o episódio ocorrido às vésperas do segundo turno de 2022. Em meio a alta polarização entre os apoiadores de Lula e Bolsonaro, Zambelli, já reeleita, sacou uma arma e apontou para um homem na tarde no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo. Desde o episódio, a paulista sofre críticas e está isolada dentro do PL.

À época da crise, Bolsonaro chegou a considerar a aliados que aquele episódio de Zambelli, atribuído também à cena de Roberto Jefferson jogando granadas e dando tiros em policiais federais, havia contribuído para sua derrota na cidade de São Paulo.

Natural de Ribeirão Preto, Zambelli é gerente de projetos e trabalhava na KPMG, em São Paulo. É fundadora do grupo NasRuas, de 2011, e participou de atos do movimento feminista ucraniano Femen no Brasil, em 2010. Fotos publicadas na internet mostram Zambelli vestindo uma blusa com o logo do movimento, cordão de flores na cabeça — marca registrada do grupo feminista — e com a frase “quero nascer em casa” escrita na barriga em uma manifestação em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). O ato, realizado em 2012, era contra uma decisão do Conselho Regional de Medicina do estado do Rio de Janeiro de proibir médicos de realizarem partos em casa. A então ativista aparece ao lado de Sara Giromini, que foi presa pela PF em 2020. Em 2020, a deputada negou ter sido integrante do movimento, já que nunca fez topless em protestos e, justificando as imagens que circulam pela internet, e que apenas trocou de camisa com Sara para fazer uma foto.

Zambelli ganhou notoriedade em 2013 em meio aos protestos que tomaram as ruas do país. Nos anos seguintes, ela entrou de cabeça em manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff e aproximou-se de Jair Bolsonaro, liderando a tropa de choque no governo do ex-presidente.

— Aqueles episódios foram o despertar. Tínhamos feito manifestações no 7 de Setembro de 2011 e 2012, mas em 2013 foi diferente — lembra Zambelli, em entrevista ao GLOBO dez anos após os atos.

Durante os atos contra Dilma, se aproximou de Joice Hasselmann, com quem rompeu após as eleições de 2018 por Bolsonaro. A deputada também era próxima do ex-juiz da Lava-Jato Sérgio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública até abril de 2020. No período, em meio a crise pela saída de Moro, Zambelli trocou mensagens e sugeriu que ele teria uma vaga garantida como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) caso continuasse no cargo.

A operação da PF coincide com a apreciação dos processos contra ela no Conselho de Ética da Câmara. Os parlamentares apreciam nesta quarta-feira processos contra a deputada por ter constrangido o deputado Duarte (PSB-MA) durante audiência com Flávio Dino.

A deputada acumula inúmeros processos por divulgar notícias falsas e por danos morais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) multou Carla Zambelli pela veiculação de conteúdo sabidamente inverídico sobre o então candidato à presidência Lula. Ela foi multada em R$ 30 mil, por publicações que atribuíram ao petista supostos atos de corrupção e crimes financeiros.

Em outro caso, a deputada foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a indenizar Manuela D’Ávila por danos morais após associar a ex-parlamentar com a “esquerda genocida”. Em abril, Zambelli divulgou um pix pedindo contribuição financeira de apoiadores para pagar os processos.

Em dezembro, os perfis da deputada foram bloqueados a pedido do ministro Alexandre de Moraes. Moraes determinou ainda que o Ministério Público Eleitoral adote providências sobre a insistência da deputada em divulgar denúncias sem provas sobre fraude ao processo eleitoral, questionar o resultado das urnas e incentivar atos antidemocráticos.

Zambelli já protagonizou o seu embate com Bolsonaro. Em fevereiro, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a deputada criticou o aliado por não ter agido para desmobilizar as manifestações na porta de quartéis após a derrota para Lula nas eleições do ano passado. “Ele seria um remédio se tivesse dito que era para as pessoas saírem”, disse a parlamentar, que também questionou o fato de Bolsonaro, que se encontrava nos Estados Unidos à época, não voltar ao Brasil para liderar a oposição.

Após a declaração, Zambelli passou a ser vista como traidora pelo núcleo duro bolsonarista — termo que chegou a ser usado pelo próprio ex-presidente junto a interlocutores. Publicamente, ele até tentou desdenhar do episódio, mas deixou transparecer o incômodo: “Eu não li essa entrevista, nem vou ler”, afirmou Bolsonaro à CNN Brasil.

O hacker Walter Delgatti Netto disse em depoimento à Polícia Federal que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) o contratou para invadir as contas de e-mail e o telefone do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em depoimento, o hacker contou que a deputada fez o pedido em um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, na capital paulista, em setembro de 2022. À PF, ele disse que só conseguiu acessar o e-mail de Moraes, mas não encontrou nada de comprometedor, e que não obteve êxito ao tentar acessar o celular do magistrado.

Delgatti também alegou ter tentado invadir o sistema de segurança das urnas eletrônicas, mas também sem sucesso.

Zambelli, que chegou a levar o hacker a reuniões em Brasília, afirmou a interlocutores que sua intenção era discutir a possibilidade de ele integrar uma equipe de consultores contratados para fiscalizar as urnas eletrônicas. A parlamentar levou Delgatti a um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido, e outro com o então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.

Preso em 2019 na Operação Spoofing, Delgatti foi o responsável por invadir o Telegram e copiar diálogos de integrantes da Operação Lava-Jato. O plano de Zambelli era que ele fosse contratado como um especialista em ataques cibernéticos pelo Instituto Voto Legal, indicado pelo PL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para auditar as eleições em outubro — a instituição ainda aguarda o credenciamento da Corte.

 

       Carla Zambelli fez "limpa" no gabinete antes da operação da PF; até lixo foi revirado

 

Agentes da Polícia Federal (PF) que participaram da operação de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) nesta quarta-feira (2) tiveram uma surpresa ao chegarem no gabinete da parlamentar na Câmara: o local tinha passado por uma "limpa".

Segundo informações da PF repassadas à jornalista Andréia Sadi, não havia computadores, como é normal em gabinetes parlamentares, e até mesmo o lixo estava revirado. A suspeita é de que Zambelli tivesse informações antecipadas sobre a operação.

Em outros endereços de Carla Zambelli, a PF apreendeu armas, celulares, passaporte e documentos. A deputada deve prestar depoimento aos investigadores na próxima semana.

Prisão do "hacker" e operação contra Zambelli

O registro de uma transferência via Pix no valor de R$ 13,5 mil feito por assessores de Carla Zambelli (PL-SP) foi o principal motivo que fez com que a deputada bolsonarista virasse alvo da ação de busca e apreensão desencadeada nesta quarta-feira (2) pela Polícia Federal na Operação 3FA, que levou de volta à prisão Walter Delgatti Neto, o "hacker de Araraquara".

Em depoimento, Delgatti afirmou que recebeu o valor como parte do pagamento - o restante teria sido acertado em dinheiro vivo - "para ficar à disposição da deputada".

Um dos "serviços" prestados pelo hacker foi invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Disse à deputada que conseguiria emitir um mandado de prisão em desfavor do próprio ministro, como se fosse ele mesmo emitindo. A deputada ficou 'empolgada', fez o texto e enviou para o declarante publicar", diz o trecho do depoimento de Delgatti usado pela PF para pedir ao Supremo o mandado de busca e apreensão.

No falso mandado de prisão contra Moraes, inserido no sistema do CNJ no dia 4 de janeiro, Delgatti diz que incluiu o "faz o L" a pedido da deputada. "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", diz o documento falso.

Em nota, a PF informou que as ações ocorrem no âmbito da operação 4FA que investiga a invasão ao sistema do CNJ e a inserção de documentos e alvarás falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

A PF diz que, na ação, Delgatti cometeu dois crimes que o levaram de volta à cadeia: invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

"Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes", diz a PF.

Armas, passaporte e celular

Ao atender o pedido da Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes determinou a apreensão "armas, munições, computadores, tablets, celulares, passaportes e outros dispositivos eletrônicos bem como de quaisquer outros materiais relacionados aos fatos investigados".

Com a apreensão do passaporte, Carla Zambelli fica impedida de deixar o país.

O despacho também detalha que seja apreendido dinheiro e bens - joias, veículos, obras de arte e outros objetos - em "valores superiores a R$ 10.000, desde que não comprovada cabalmente, no local dos fatos, a origem lícita". E ordena a verificação da existência de "eventuais salas reservadas ou cômodos secretos", além da análise de conteúdo "em arquivos, mensagens eletrônicas e e-mails armazenados em eventuais computadores, servidores, redes, inclusive serviços digitais de armazenamento em nuvem".

A busca e apreensão foi cumprida na casa da deputada, no interior de São Paulo, e em outros três endereços em Brasília, incluindo o gabinete 885, de Carla Zambelli, no anexo 3 da Câmara dos Deputados.

 

Fonte: O Globo/Fórum

 

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