quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Em e-mail, ajudante de ordens pediu que pedras preciosas recebidas por Bolsonaro fossem entregues em mãos a Cid

Em mensagem de e-mail, o ex-ajudante de ordens da Presidência Cleiton Henrique Holzschuk pediu para outros colegas ajudantes de ordens que pedras preciosas recebidas pelo então presidente Jair Bolsonaro fossem entregues em mãos para o tenente-coronel Mauro Cid. Segundo Holzschuk, a determinação partiu do próprio Cid, ajudante de ordens mais próximo de Bolsonaro.

As pedras foram presenteadas a Bolsonaro no dia 26 de outubro de 2022, durante comício de campanha pela reeleição em Teófilo Otoni (MG). Na data, o JN fez imagens do evento.

Os e-mails trocados pelos ajudantes de ordens estão em posse da CPI dos Atos Golpistas. O g1 teve acesso ao material.

Essa mensagem foi citada pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) na sessão da CPI desta terça-feira (1º), que ouviu o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Cunha.

“Eu quero compartilhar com a CPMI algo muito grave - muito grave - que nós achamos em meio a mil e-mails que chegaram à esta CPMI", disse a deputada ao se referir ao e-mail enviado por Holszchuck aos colegas.

Feghali afirmou ainda que as pedras não constam nos registros oficiais de presentes recebidos por Bolsonaro durante o governo.

"Essas pedras nunca foram registradas nem como presente ao Presidente da República e à Primeira-Dama, nem em lugar nenhum. Nós fomos olhar as 46 páginas dos 1.055 presentes recebidos pelo presidente e pela primeira-dama e não constam essas pedras preciosas", concluiu a deputada.

·         Comissão alega que itens não foram registrados como presentes recebidos pelo ex-presidente

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos extremistas de 8 de janeiro teve acesso a emails trocados entre integrantes da ajudância de ordens de Jair Bolsonaro (PL) que mostram o recebimento de pedras preciosas pelo ex-presidente, em 26 de outubro de 2022, durante a campanha eleitoral.

Segundo a CPMI, os itens não teriam sido registrados como presentes recebidos por Bolsonaro a mando do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, preso desde 3 de maio, por suspeita de fraudar cartões de vacinação.

O R7 entrou em contato com a defesa de Bolsonaro e a de Mauro Cid, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. A comissão alega que as comprovações de recebimento dos presentes foram encontradas em emails encaminhados ao colegiado.

As pedras preciosas teriam sido dadas a Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em Teófilo Otoni (MG). Nas mensagens, Mauro Cid teria instruído os demais ajudantes a guardarem o envelope e a caixa que continha os itens em um cofre.

De acordo com a CPMI, os presentes teriam sido dados ao ex-presidente como forma de financiamento dos atos de vandalismo de 8 de janeiro.

O caso foi apresentado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) na reunião da CPMI desta terça-feira (1°), a primeira desde o retorno do recesso parlamentar, que recebeu o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha.

·         Ordem de Mauro Cid

A mensagem sobre as joias aparece em uma conversa de e-mail em que, periodicamente, os ajudantes de ordens informam a equipe sobre assuntos do dia-a-dia do órgão, como contas para pagar e temas administrativos.

No dia 27 de outubro de 2022, surge uma nova mensagem no histórico do e-mail.

Holzschuk enviou um recado para outros dois ajudantes de ordens informando que um envelope contendo pedras preciosas e uma caixa de pedras preciosas foram enviados para o presidente e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

De acordo com o texto de Holzschuk, o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante mais próximo de Bolsonaro, ordenou que os bens não fossem cadastrados na lista de presentes recebidos por Bolsonaro.

Disse ainda que a orientação era para entregar as pedras em mãos para Cid.

O e-mail finaliza que, em caso de dúvida, os ajudantes poderiam procurar o sargento Marcos Vinícius Pereira Furriel.

"Foi guardado no cofre grande, 01 (um) envelope contendo predas preciosas para o PR [presidente] e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD [primeira-dama], recebidas em Teólifo Otoni em 26/10/22. A pedido do TC [tenente-coronel] Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele [Cid]. Demais duvidas, Sgt Furriel está ciente do assunto", escreveu Holzschuk.

Os ajudantes de ordem copiados na mensagem são Adriano Alves Teperino e Osmar Crivelatti.

O e-mail não relata quem presenteou Bolsonaro com as joias.

Outros oito emails foram trocados entre eles sobre o assunto. Duas mensagens fazem referência ao fato de que todos os presentes recebidos pelo presidente da República durante o mandato devem estar sob guarda do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH).

Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal pelos pacotes de joias da Arábia Saudita milionárias que entraram no país ilegalmente com uma comitiva do governo do então presidente. Mauro Cid também é investigado nesse caso. Cid foi preso em maio, em operação da PF que investiga fraude em cartão de vacinação para beneficiar Bolsonaro.

·         O que dizem as regras

Em 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) fixou entendimento a respeito do que deveria ser considerado acervo privado do presidente. O entendimento vale para presentes recebidos no mandato.

A Corte de Contas determinou que somente itens classificados como de "natureza personalíssima" ou de "consumo direto" deveriam ser excluídos do acervo público da União. Ou seja, somente esses itens poderiam ir para o acervo pessoal.

Oficialmente, as joias deveriam constar na lista do acervo museológico feito pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH).

O acervo da Presidência registrou três itens recebidos pelo ex-presidente Bolsonaro durante a viagem a Teófilo Otoni, mas não fez menção às pedras preciosas: uma placa entregue a ele pelo Sindicato Rural do Teófilo Otoni, um quadro sem a identificação de quem presentou e um item de consumo, não especificado, entregue por uma indústria local de bebidas.

·         PCdoB vai pedir investigações

O PCdoB vai pedir que a Polícia federal, o Tribunal de Contas da União e o Supremo Tribunal Federal investiguem a origem e o paradeiro das pedras preciosas, porque Bolsonaro ocupava a Presidência do país no período da troca dos e-mails.

Feghali também solicitou à CPI dos Atos Golpistas a quebra dos sigilos bancário, fiscal e de mensagens da ex-primeira dama, Michele Bolsonaro. E também que ela seja convocada para depor.

RELEMBRE A DENUNCIA:

Durante sessão da CPI do 8/1 nesta terça-feira (1º), a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que Jair Bolsonaro (PL) e Michelle Bolsonaro (PL) receberam, respectivamente, um envelope e uma caixa com pedras preciosas em outubro de 2022.

>>>> O que aconteceu:

·         Presente foi identificado pela Abin. 

Jandira Feghali disse que a Agência Brasileira de Inteligência identificou que Bolsonaro e Michelle receberam no dia 26 de outubro de 2022 um envelope e uma caixa com pedras preciosas durante ato de campanha em Teófilo Otoni, Minas Gerais, antes do segundo turno das eleições.

Segundo a deputada, a CPI analisou mais de 46 páginas com os 1.055 presentes recebidos por Bolsonaro durante o mandato, mas as pedras preciosas não constam nessa lista porque, apontou, não foram cadastradas.

De acordo com Feghali, e-mails mostraram que o então ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, teria orientado para que as pedras não fossem cadastradas, mas entregues pessoalmente a ele.

A parlamentar também sugeriu que essas pedras preciosas supostamente recebidas por Jair e Michelle são provenientes do garimpo ilegal.

Essas pedras nunca foram registradas, nem como presentes ao presidente da República e à primeira-dama, nem em lugar nenhum. Nós fomos olhar as 46 páginas dos 1.055 presentes recebidos pelo presidente e pela primeira-dama, e não constam essas pedras preciosas.

O relatório da Abin citado por Feghali, e entregue à CPMI, é uma investigação sobre garimpo ilegal, que apontou a participação de empresários do setor no financiamento dos golpistas.

O UOL entrou em contato com a defesa de Jair e Michelle Bolsonaro, mas não obteve retorno. Se a resposta for enviada, o texto será atualizado.

A defesa de Mauro Cid disse que não teve acesso aos e-mails e, portanto, "não tem como comentar". "Não tivemos acesso a esse material em que tal mensagem teria sido enviada."

·         Deputada pede convocação de Bolsonaro e Michelle

Jandira Feghali solicitou a convocação do ex-presidente e da ex-primeira-dama para depor na CPMI do 8 de Janeiroalém do retorno de Mauro Cid e dos ex-ajudantes de ordens citados nos e-mails referentes ao caso das pedras preciosas. Ela também pediu a quebra dos sigilos bancários deles.

Ao UOL News, a deputada afirmou que Bolsonaro se enquadra na investigação sobre os mandantes dos atos golpistas. Em relação à Michelle, a parlamentar destacou que o depoimento da ex-primeira-dama é importante para esclarecer pontos como o financiamento dos golpistas.

Requeremos muitas convocações e esperamos aprová-las nesta semana. A convocação da Michelle é necessária, não só pelo que se sabe do envolvimento financeiro do Mauro Cid e de assessores com dinheiro vivo em sua conta, mas por outros dados que surgirão no decorrer da CPMI. É preciso apurar se há envolvimento ou não dela na lavagem de dinheiro e na circulação de recursos que financiaram o golpe.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse, durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1 realizada nesta terça-feira, 1, que Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro receberam um envelope com pedras preciosas durante um ato de campanha em Teófilo Otoni (MG), em 26 de outubro de 2022.

A Agência Brasileira de Inteligência identificou o presente. A deputada informou que 46 páginas que incluíam 1.055 presentes foram analisadas pela CPI, estes presentes foram recebidos por Bolsonaro enquanto era presidente. No entanto, as pedras preciosas citadas por Jandira não estão na lista pois, segundo ela, não teriam sido cadastradas.

Segundo Feghali, e-mails revelaram que o tenente-coronel Mauro Cid teria instruído a não formalização do registro das pedras, mas sim a entrega direta a ele e que o envelope fosse guardado em um cofre. Além disso, ela sugere que as pedras supostamente recebidas por Jair e Michelle têm origem no garimpo ilegal.

Conforme a CPMI, os presentes teriam sido oferecidos a Bolsonaro como uma maneira de financiar os atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro.

Em sua conta no Twitter, Jandira escreveu que "o fato em si justifica a convocação, e quebra de sigilo bancário de Jair e Michelle Bolsonaro, além de outros auxiliares do ex-presidente, e também uma nova oitiva de Mauro Cid, cujas movimentações milionárias em suas contas bancárias não condizem com o salário que recebia."

 

Fonte: g1/UOL

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário