terça-feira, 29 de agosto de 2023

Economista: 'Estamos num mundo multipolar em que o BRICS é maior que o G7 e os EUA não aceitam'

O renomado economista norte-americano, Jeffrey Sachs, acredita que os EUA "estão um quarto de século atrasados".

O renomado economista norte-americano, Jeffrey Sachs, acredita que os EUA estão demonstrando uma relutância obstinada em aceitar a realidade de um mundo multipolar, o que aumenta o risco de conflitos globais.

Em uma entrevista recente ao Die Weltwoche suíço, Sachs criticou fortemente a abordagem de Washington ao atual cenário geopolítico.

"Já estamos num mundo pós-americano e pós-ocidental. Estamos num mundo verdadeiramente multipolar. Estamos num mundo onde os países do BRICS são maiores que os países do G7, [...] e os EUA não aceitam essa transição", comentou o especialista.

De acordo com Sachs, que foi conselheiro de numerosos líderes políticos, a Casa Branca continua convencida de que gere um mundo em que apenas a Rússia e a China são desafiadoras e o restante deveria aceitar esta realidade. "Na minha opinião, os EUA estão um quarto de século atrasados", disse ele.

O economista também explicou que a Europa, por sua vez, tem sido decepcionante porque não há uma única voz no continente neste momento que tenha uma "perspectiva geopolítica que seja sequer inteligível". Para Sachs, a maior surpresa é "a incapacidade da Europa de ter uma compreensão coerente desta" situação global atual.

"Poderíamos estar caminhando para um mundo de enormes conflitos e desastres, ou poderíamos estar caminhando para um mundo onde algum líder inteligente e não-octogenário dos EUA se levantasse e dissesse: 'Já não precisamos tanto da OTAN, mas sim, precisamos é ter relações normais com a China, a Índia, a Rússia, o Brasil e a UE' e de repente as coisas seriam muito diferentes", concluiu o especialista.

·         Macron vê no alargamento do BRICS a possível criação de 'uma ordem mundial alternativa'

O presidente francês comentou em uma conferência os eventos mundiais, incluindo o golpe no Níger e a expansão do BRICS, que, segundo ele, representa o risco de uma "fragmentação" mundial.

Emmanuel Macron, presidente da França, disse na segunda-feira (28) que a expansão do BRICS cria um risco de "fragmentação do mundo".

"A expansão do BRICS mostra uma intenção de construir uma ordem mundial alternativa à atual, que é vista como ocidental demais. Tudo isso no contexto do confronto entre os Estados Unidos e a China, o que também viola o direito internacional e a ordem aceita na área do comércio internacional", afirmou Macron, falando na conferência anual dos embaixadores da França.

De acordo com o mandatário, isso cria um risco que deve ser evitado, por isso a França "pretende conversar com todos" os parceiros. Ele também disse ver um risco de debilitação da Europa.

A seu ver, a ordem internacional "está sendo desafiada", argumentando que atualmente há mais conflitos e que "o sentimento antifrancês é muito difundido".

"A França e os diplomatas foram confrontados nos últimos meses com situações particularmente difíceis em certos países, seja no Sudão, onde a França tem sido exemplar, [ou] no Níger neste exato momento", continuou, em referência ao recente golpe de Estado no último país africano.

Além disso, Emmanuel Macron prometeu que Paris lutará por uma "paz duradoura" na Europa após o conflito na Ucrânia, e que será importante trabalhar em novos tratados sobre armamentos e equipamentos militares na Europa.

A última cúpula do BRICS (África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia) foi realizada na semana passada em Joanesburgo, África do Sul, sob a presidência do país anfitrião. Durante a cúpula, Cyril Ramaphosa, presidente sul-africano, fez um convite oficial à Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã para se juntarem ao BRICS. Ramaphosa revelou que a adesão plena dos novos países terá início em 1º de janeiro de 2024.

Recentemente, 22 países expressaram seu desejo de se juntar ao bloco, incluindo os seis que já foram convidados. Tal acontece após as sanções abrangentes impostas pelos países ocidentais à Rússia devido à sua operação militar especial na Ucrânia, o que elevou a porcentagem da economia mundial sancionada para os maiores níveis de todos os tempos.

·         Após ampliação do BRICS, UE deve estar pronta para aceitar novos membros até 2030, diz mídia

A União Europeia (UE) deve estar preparada para aceitar novos Estados-membros até 2030, declara ainda hoje (28) o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, iniciando um debate existencial sobre ampliação que deve dominar as discussões de alto nível dentro do bloco entre agora e o final do ano.

De acordo com o Financial Times (FT), a operação militar especial russa na Ucrânia teria ressuscitado a política de ampliação da UE. Bruxelas tornou a Ucrânia, a Moldávia e a Albânia países candidatos e instigou um debate interno sério sobre como o bloco poderia acomodar até oito novos membros.

Segundo a mídia, Michel deve argumentar hoje na Eslovênia que "se quisermos ser credíveis, temos de falar sobre o momento certo". Para o presidente do conselho, é preciso estabelecer um objetivo claropara o qual o bloco deve estar pronto com prazo de até 2030, que é alargar a união.

A ampliação do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com a adesão de novos seis Estados (Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã) desequilibra o jogo de forças habitual em que EUA e UE estão no topo da tomada de decisões de forma desigual e unilateral.

Segundo o FT, Michel deve instar os membros do bloco a considerarem o "alargamento como um dos nossos principais desafios", tanto para a UE como para os seus futuros Estados-membros, Moldávia, Albânia, Macedônia do Norte, Montenegro, Sérvia e Bósnia e Herzegovina.

O presidente deve tentar de forma ousada criar o consenso entre os 27 Estados do bloco para fazer com que seus líderes acreditem na possibilidade de expansão.

A chamada "capacidade de absorção", uma frase criada para abranger a multiplicidade de questões – desde orçamentos até ao poder de voto – que envolve a adesão de novos membros, deve ser bastante debatida e negociada nos próximos meses antes da concessão de novas adesões.

Os líderes da UE vão ter o seu primeiro debate dedicado ao tema em Granada, Espanha, no início de outubro.

Ainda de acordo com a mídia, em privado, há muitos Estados-membros que questionam como a UE pode acomodar a Ucrânia, um país candidato tão pobre, se não for pela vontade política de favorecer Kiev.

 

Ø  Universidade russa cria associação de organizações de ensino privado dos países do BRICS

 

Na XV Cúpula do BRICS realizada na África do Sul, a universidade privada russa de Sinergia anunciou a criação da parceria de organizações educativas privadas dos países do BRICS. Já foram enviados convites à adesão a mais de 124 organizações parceiras da Índia, China, Brasil e outros Estados.

O principal objetivo da parceria é desenvolver uma posição consolidada dos intervenientes do setor da educação nos países amigos sobre as questões mais importantes para eles, bem como estabelecer um diálogo com os organismos competentes.

A organização ajudará a abrir sucursais de instituições de ensino nos países do BRICS, desenvolvendo programas de rede e mobilidade acadêmica. Contribuirá também para aumentar a disponibilidade de uma educação de qualidade que satisfaça os requisitos do desenvolvimento econômico inovador e as necessidades da sociedade e dos cidadãos individuais.

No futuro, no âmbito da nova parceria, está previsto combinar os conceitos de programas educativos nacionais para criar uma qualificação comum das universidades dos Estados-membros.

Concretamente, trata-se do programa russo Prioridade 2030, que prevê aumentar o potencial científico e educativo das universidades. Serão igualmente tidos em conta os programas da rede universitária russa e da Liga das Universidades do BRICS.

A Universidade de Sinergia, iniciadora da criação da parceria, é um dos três líderes em número de estudantes estrangeiros na Rússia. A instituição conta agora com cerca de 7.000 estudantes de 89 países, e cerca de 2.000 estrangeiros estudam em formato presencial.

Cerca de metade é proveniente do Egito, de Marrocos, da Argélia, da Tunísia, do Quênia, da Nigéria, dos Camarões, do Gabão, da Somália, do Gana e da Etiópia. Em 2023, a Sinergia matriculou mais de 300 estudantes de países africanos.

"Há muitos anos que a Rússia coopera com os países africanos em muitas áreas, especialmente na educação. Dezenas de milhares de residentes do continente estudaram em nosso país, que mais tarde deram uma contribuição significativa ao desenvolvimento de seus Estados", declarou o presidente da corporação de Sinergia, Vadim Lobov.

Agora, prosseguiu recordando as afirmações do presidente russo, Vladimir Putin, esta cooperação está alcançando um novo nível: estão se fortalecendo os contatos não só a nível das universidades, mas também dos centros de formação profissional secundária.

"Há planos para criar escolas de língua russa na África. A Sinergia também está ativamente estreitando laços educacionais e econômicos com parceiros africanos. Tudo isso nos permitirá multiplicar o número de estudantes africanos em nossos programas educativos e abrir áreas de estudo completamente novas no futuro", destacou o funcionário.

Além dos países africanos, a Universidade de Sinergia está expandindo a cooperação com outros membros do BRICS. Por exemplo, já foi desenvolvido e implantado um programa de duplo diploma com uma universidade associada na China, e este ano a instituição abrirá ali um escritório. Está também previsto abrir escritórios na Índia.

"Como organização associada, apoiaremos sem dúvida esta inciativa. Acreditamos firmemente que servirá de plataforma para que estudantes e professores troquem ideias e pensamentos sobre gestão e campos afins. Trata-se de um novo capítulo para a Índia como nação em termos de relações educativas com a Rússia", declarou neste sentido o diretor do Departamento Internacional do Instituto de Estudos Avançados BSSS indiano, Amit Kumar Nag.

 

Ø  Empreiteiras ocidentais deslocam centros de produção para o Japão, relata mídia

 

Empresas como a britânica BAE e a americana Lockheed Martin estão em processo ou já completaram o passo, vendo uma alta demanda no país asiático, informa a Nikkei Asia.

Os maiores fabricantes de armas do mundo, incluindo empresas norte-americanas e europeias, estão transferindo suas operações e instalações de produção para o Japão, informou no domingo (27) a revista japonesa Nikkei Asia.

Em 8 de agosto a agência japonesa Kyodo citou fontes informadas como dizendo que o Ministério da Defesa do Japão pode solicitar um orçamento de defesa recorde de sete trilhões de ienes (R$ 234,12 bilhões) para o ano fiscal de 2024.

"As principais empreiteiras de defesa de todo o mundo estão transferindo o centro de gravidade de suas operações asiáticas para o Japão, à medida que Tóquio se prepara para aumentar drasticamente os gastos com defesa diante do agravamento da situação de segurança no Leste Asiático", escreve a revista.

Entre as montadoras estão a BAE Systems, do Reino Unido, que transferirá a supervisão de suas operações asiáticas da Malásia para o Japão até o final deste ano, e a Lockheed Martin, dos EUA, que já mudou sua sede asiática de Cingapura para o Japão.

Além disso, a francesa Thales formou uma parceria com a japonesa Mitsubishi para desenvolver e fabricar detectores de minas, e a empresa aeroespacial e de defesa norte-americana L3Harris Technologies abriu uma subsidiária no Japão em 2022 para atender às suas necessidades de fabricação, incluindo de drones.

Esse afluxo de empresas de defesa de outros países poderia afetar seriamente os fabricantes locais, mencionou a Nikkei Asia.

"Será difícil para nós continuarmos o negócio, a menos que seja garantido um aumento na lucratividade, além de um aumento no orçamento", avisou um executivo de uma grande empreiteira japonesa.

 

Ø  Putin discute Cúpula do G20 e relações bilaterais em conversa telefônica com Modi

 

Os líderes russo e indiano falaram por telefone, abordando questões como a energia e logística, mas também a Cúpula do G20, que será realizada em breve na Índia.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, conversou por telefone com Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, informou nesta segunda-feira (28) o serviço de imprensa do Kremlin.

Um dos temas foi a Cúpula do G20, que será realizada em breve em Nova Deli, Índia.

"Como escrevemos, a questão foi discutida. Esclarecemos mais sobre o formato de participação", disse Dmitry Peskov, porta-voz presidencial, à Sputnik, quando questionado se Putin e Modi discutiram a questão da participação na Cúpula do G20, e em que formato o presidente russo planeja participar da reunião.

"Vladimir Putin mais uma vez parabenizou calorosamente Narendra Modi pelo pouso bem-sucedido da estação espacial indiana Chandrayaan-3 na Lua, perto do polo sul. Foi confirmada a prontidão para desenvolver ainda mais a cooperação bilateral na esfera espacial", relatou também o comunicado do serviço de imprensa do Kremlin.

Além disso, os líderes dos países expressaram seu compromisso com a implementação de projetos de grande escala no setor de energia e de logística.

"Foram consideradas as questões atuais das relações russo-indianas, [que] estão se desenvolvendo progressivamente no espírito de uma parceria estratégica particularmente privilegiada. Foi mencionada uma dinâmica positiva de cooperação comercial e econômica. Foram expressos o compromisso mútuo com a implementação consistente de projetos de grande escala no setor de energia e o trabalho conjunto para expandir a infraestrutura de transporte e logística internacional", disse a declaração dos dois líderes.

Recentemente os dois países, junto com a anfitriã África do Sul, o Brasil e a China, participaram da Cúpula do BRICS em Joanesburgo. Durante a cúpula, Cyril Ramaphosa, presidente sul-africano, fez um convite oficial a Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã para se juntarem ao BRICS. Ramaphosa revelou que a adesão plena dos novos países terá início em 1º de janeiro de 2024.

Recentemente, 22 países expressaram seu desejo de se juntar ao bloco, incluindo os seis que já foram convidados. Tal acontece após as sanções abrangentes impostas pelos países ocidentais à Rússia devido à sua operação militar especial na Ucrânia, o que elevou a porcentagem da economia mundial sancionada para os maiores níveis de todos os tempos, aumentando a preocupação por outros países com a necessidade de mecanismos de comércio alternativos.

 

Ø  Moscou: anglo-saxões querem criar 'perímetro de conflitos' em torno da Rússia e China

 

Os anglo-saxões, a fim de manter seu modelo parasitário de existência, querem criar um "perímetro de conflitos" em torno da Rússia e da China, disse o vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia Aleksei Shevtsov.

"É preciso entender que os anglo-saxões não estão interessados na soberania e desenvolvimento dos Estados que controlam. Seu objetivo é obter os recursos necessários para manter seu modelo de existência parasitária", disse Shevtsov em entrevista à Rossiyskaya Gazeta.

"Além disso, é significativamente mais importante para eles formar um 'perímetro de conflito' em torno de seus oponentes geopolíticos, que hoje são a Rússia e China", ressaltou.

Os EUA e a União Europeia, ameaçando com sanções, buscam forçar os países da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) a cortar a cooperação com a Rússia em todas as áreas.

"Hoje, os EUA e a UE, por meio de ameaças de 'sanções secundárias', pressão política e chantagem, buscam forçar os países da CEI a cortar a cooperação com a Rússia em todas as áreas", disse o político russo.

Em relação à Moldávia, Shevtsov notou que o país está se aproximando ativamente da OTAN sem renunciar formalmente ao estatuto neutro consagrado na sua Constituição, ele disse que a situação atual na Moldávia acarreta riscos não só para a segurança deste país, mas também para a segurança regional.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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