Reforma Tributária:
Bolsonaro e bolsonarismo perderam
Não
confundam bolsonaristas, bolsonarismo e Bolsonaro. Cada um tem sua vida, ainda
que o DNA seja comum. Conheço bolsonaristas que não militam no bolsonarismo, ou
seja, gente que vota em Bolsonaro – e votaria outra vez -, mas não prega, por
exemplo, golpe de Estado e nem receita cloroquina contra a Covid-19.
O
bolsonarismo, por sua vez, representa um conjunto de valores extremistas e
autocráticos, consubstanciados em ideologias de ordem religiosa,
principalmente, e premissas falsas sobre política, “aprendidas” no grupo de
WhatsApp da tia e pelas manchetes de blogs de extrema direita. Com ou sem
Bolsonaro, o bolsonarismo veio para ficar.
Já
Bolsonaro – o Jair – não passa de uma caricatura política de menor expressão
(obviamente, não me refiro ao potencial eleitoral, que é gigantesco), um
sujeito conhecida e reconhecidamente tosco, bruto, ignorante, beligerante e, o
que é melhor para o tal “sistema”, totalmente manipulável – principalmente
através do medo.
DIA
HISTÓRICO
Ontem,
06 de junho, o Brasil assistiu a uma derrota acachapante do ex-verdugo do
Planalto e seu séquito de idiotas. Contra tudo e contra todos, inclusive
aliados, Bolsonaro e seus radicais postaram-se contra a Reforma Tributária,
aprovada por estrondosos 382 votos a favor e apenas 118 votos contra na Câmara
dos Deputados.
O
ótimo é inimigo do bom, ou vice-versa, e essa Reforma, se está longe de ser uma
maravilha, exceto para templos religiosos e outros grupos beneficiados, é a
reforma possível e extremamente necessária para o momento. Por isso, ser
contra, é sinal de burrice e sinônimo de nenhum apego pelo País – olha o
bolsonarismo aí, gente!!
Reforma,
aliás, desenhada no governo do próprio patriarca do clã das rachadinhas e das
mansões milionárias, compradas com panetones de chocolate e muito dinheiro
vivo. Ou seja, era para o “mito” abraçar a ideia e ainda sair dizendo: “é
minha”. Mas aí Bolsonaro não seria Bolsonaro, não é mesmo? Assim “não
causaria”, como diz a garotada.
Um
oceano de ideias vazias e ideais recém-saídos das cavernas não sobrevive
politicamente sem uma rinha para chamar de sua. Ao criticar a Reforma,
recomendar voto contra e até se indispor publicamente contra seu maior aliado
político, o governador de São Paulo Tarcísio Freitas, o devoto do tratamento
precoce tenta manter-se ativo.
Bolsonaro,
ontem, perdeu três vezes: perdeu a causa, perdeu parceiros e, principalmente,
perdeu mais uma oportunidade de ficar calado, como fez um ano e meio durante a
pandemia do novo coronavírus. Com um líder de oposição assim, Lula pode
respirar tranquilo, e pretensos candidatos ao Planalto, mais ainda.
Ø
Crise
na direita: Bolsonaro se isolou e é de extrema-direita, diz Marcos Pereira
O
deputado federal Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos, fez duras
críticas nesta quinta-feira, 6, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por ter
se posicionado contra a Reforma Tributária e se irritado com o posicionamento
favorável de alguns dos seus aliados.
De
acordo com o parlamentar, o comportamento de Bolsonaro estaria isolando-o na
política brasileira e resultando em constantes derrotas.
“Os
episódios de hoje (quinta-feira) não isolam Bolsonaro, porque ele já se isolou
e vem se isolando pelo seu próprio comportamento. Entregou a eleição para o
Lula por causa do comportamento dele. Vem se isolando quando começa a brigar
com o Judiciário, quando lá no início do governo briga com o Parlamento, quando
ele é contra a vacina”, disse Pereira ao jornal O Globo.
A
fala do presidente nacional do Republicanos vem depois de um desentendimento
entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), em relação à Reforma Tributária.
Contrário
ao projeto de reforma, Bolsonaro teria se irritado com Tarcísio, que decidiu
declarar apoio à proposta, que estaria associada à gestão do líder político
rival, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Devido
a isso, Marcos Pereira também definiu o ex-presidente da República como um
representante da “extrema-direita”, enquanto o Republicanos seria de
“centro-direita”. Entre 2018 e 2022, porém, ambos foram aliados.
“Nós
somos de centro-direita, e ele [Bolsonaro] é de extrema direita. Os extremos
são duas faces da mesma moeda. Tanto a extrema esquerda quanto a extrema
direita fazem mal para a sociedade. O governador é de centro-direita, não é
radical”, afirmou o presidente do Republicanos.
Ø
Bolsonaro sofre 1ª
grande derrota na oposição ao medir forças com Lira e Tarcísio
A
acachapante aprovação da reforma tributária na Câmara na noite desta
quinta-feira (6) representou a primeira grande derrota de Jair Bolsonaro (PL)
como líder da oposição, em um cenário em que mediu forças contra dois
principais aliados quando presidente: Arthur Lira (PP-AL) e Tarcísio de Freitas
(Republicanos).
O
texto foi aprovado em dois turnos, sendo 382 votos a favor na primeira etapa de
votação e 375 na segunda, incluindo 20 do próprio PL.
Desde
que foi derrotado por Lula (PT) em outubro do ano passado, o ex-presidente
passou por momentos de recolhimento e depressão durante a transição, partiu no
final de dezembro para uma viagem aos EUA que durou 89 dias e, no último dia
30, acabou se tornando inelegível até 2030 por decisão do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral).
Em
toda a sua carreira política, que se iniciou no final dos anos 80, como
vereador no Rio de Janeiro, Bolsonaro sempre esteve alheio às grandes
articulações partidárias, mesmo quando foi eleito presidente da República.
Sua
vitória, em 2018, se deu pelo então nanico PSL, em um cenário de antipolítica e
de direita que varreu os candidatos bancados pelos grandes partidos.
Bolsonaro
logo rompeu com a sigla (hoje União Brasil, fruto da fusão com o DEM) e tentou
montar sua própria, a Aliança pelo Brasil, mas o projeto acabou em fracasso.
Durante
seu governo, o presidente também falhou na tentativa de montagem de uma base de
apoio no Congresso formada pela articulação com as frentes parlamentares, não
com os partidos.
Ele
só conseguiu uma base de apoio sólida quando se aliou ao centrão de Lira, em
2020, e pavimentou o caminho que levaria o deputado à presidência da Câmara, em
2021.
Na
discussão da atual reforma tributária, o ex-mandatário rechaçou inteiramente o
texto e defendeu, ao menos, o adiamento para ampliar as discussões.
Mais
ainda, Bolsonaro elegeu a pauta como prioritária no embate político com o
governo Lula. Soltou duas notas públicas contra o texto, reuniu parlamentares e
batalhou para que o partido se posicionasse contra o texto.
O
primeiro comunicado chamava a proposta de "reforma do PT" e dizia que
era um "verdadeiro soco no estômago dos mais pobres". No segundo,
disse que Lula se reúne com o Foro de São Paulo e não pode apoiar o PT em nada.
"Nos
roubar a liberdade e nos escravizar é sua meta. Do exposto, a todos aqueles que
se elegeram com nossas bandeiras de 'Deus, Pátria, Família e Liberdade', peço
que votem contra a PEC da Reforma Tributária", afirmou.
Na
votação, os 20 deputados do PL que não seguiram a recomendação do ex-presidente
vem, na maior parte, do Nordeste e integram o centrão, não o chamado
"bolsonarismo raiz".
A
pressão do ex-presidente, embora não tenha surtido o efeito de levar o PL em
bloco contra a reforma, diminuiu o número que o próprio presidente do partido,
Valdemar Costa Neto, avaliava que apoiaria a proposta: cerca de 30
parlamentares.
Apesar
do resultado, aliados rechaçam a pecha de derrota: dizem que Bolsonaro se
propôs a fazer oposição ao texto e se recolocar no cenário político, na semana
seguinte à sua declaração de inelegibilidade, o que representaria um sinal de
que ele não pretende abandonar a arena política.
Além
disso, pontuam, a reforma foi encabeçada por Lira.
O
presidente da Câmara chegou a dizer nesta quinta que mandou mensagem sobre o
tema para Bolsonaro, mas disse não ter tido resposta até o final da tarde.
Fato
é que a reforma tributária rachou a direita pela primeira vez desde que o
ex-presidente deixou o Planalto, colocando, nesse caso, Bolsonaro e Tarcísio em
campos opostos.
O
governador de São Paulo tem sido frequentemente apontado como herdeiro do
bolsonarismo, em decorrência da inelegibilidade do ex-presidente.
Tarcísio
teve uma reunião com o ex-presidente na manhã de quinta para tentar convencê-lo
a mudar de ideia e, segundo relatos, Bolsonaro ficou magoado com o aliado,
embora tenha dito que entende o posicionamento do seu ex-ministro, por ser
governador hoje.
O
ponto alto da tensão ocorreu na reunião interna do partido, quando Tarcísio
tentou "virar votos" e foi hostilizado, mal conseguindo falar no
trecho gravado que acabou vindo a público.
Bolsonaro
chegou a interromper o discurso de Tarcísio, quando seu ex-ministro defendia a
participação da direita na reforma tributária, afirmando que "se o PL
estiver unido, não aprova nada" —nessa hora, ele
recebeu aplausos de seus correligionários.
O
ex-ministro e deputado federal Ricardo Salles (SP) chegou a dizer que Tarcísio
não representaria a direita. Na mesma esteira, o governador acabou virando alvo
da artilharia bolsonarista.
Apesar
do estremecimento, Tarcísio e Bolsonaro chegaram a se falar de novo e a
situação já estava mais tranquila, segundo disseram aliados na noite desta
quinta.
Valdemar
Costa Neto também procurou minimizar o atrito entre o governador e o
ex-presidente. "O Bolsonaro gosta muito do Tarcísio, e o Tarcísio fez um
favor para nós de ter ido para reunião que ele não tinha programado",
disse à reportagem.
• Não vamos ter dificuldade no Senado, diz
Haddad sobre tributária
O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 6ª feira (7.jul.2023) que o
governo não terá “grandes dificuldades no Senado” para aprovar a reforma
tributária. A proposta foi aprovada em 2º turno na Câmara dos Deputados na
noite da última 5ª feira (6.jul.2023) com 375 votos a favor e 113 contra.
“Eles
[senadores] estão se sentindo muito contemplados pelo trabalho que o Aguinaldo
[Ribeiro, relator da proposta] fez. Ele já considerou a PEC 110 que já tava no
Senado, fez um trabalho de mediação muito grande”. Haddad deu a declaração em
fala a jornalistas na entrada do Ministério da Fazenda.
Segundo
o ministro, além das PECs 110 e 45, houve um “incremento substantivo de
propostas que foram acolhidas”, o que lhe dá otimismo para a votação na Casa
Alta.
Sobre
o novo modelo de arrecadação proposto, Haddad disse que não haverá “briga
federativa”. O texto propõe a unificação de impostos federais, estaduais e
municipais.
“Quando
se tem uma arrecadação centralizada, tudo é muito mais automático. Não se tem
grandes deliberações, vai pagar no destino e pronto final, todo mundo vai
receber automaticamente”, disse.
“Assim
que resolver a regulamentação, entra em automatismo muito grande”, completou.
Ø
Com
articulação de Tarcísio e derrota para Bolsonaro, bancada de SP vota 75% a
favor da reforma tributária
A
articulação direta do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos), pela reforma tributária ajudou a garantir o apoio de três em
cada quatro deputados federais do Estado a favor da proposta, em seu batismo
político nacional em posição que contrariou o seu mentor, o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL).
Dos
70 deputados paulistas -- a maior unidade da federação em termos de representação
na Câmara --, os parlamentares deram 53 votos a favor, 16 contra e houve apenas
uma abstenção, da deputada Sâmia Bomfim (PSOL). Foram 75,71% dos votos
possíveis favoráveis.
O
apoio à reforma tributária na bancada paulista foi suprapartidário, englobando
parlamentares dos mais diversos espectros políticos, passando por legendas de
esquerda, como PSOL, PDT e PT, e de centro e direita, como PSD, MDB, PP,
Republicanos e até PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O
ex-presidente antagonizou com Tarcísio, que foi seu ministro dos Transportes e
padrinho político no ano passado na corrida ao Palácio dos Bandeirantes.
Menos
de uma semana após sofrer sua maior derrota na carreira política, ao ser
considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro
decidiu se envolver diretamente na reforma tributária, posicionando-se contra
ela e tentando, sem sucesso, adiar sua votação na reta final. Amargou nova
derrota que poderia ter evitado.
Tarcísio
reuniu em jantar no Palácio dos Bandeirantes parte da bancada paulista no
domingo passado e esteve em Brasília em reuniões com governadores, o presidente
da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
deputados do seu partido, o Republicanos, e até mesmo com o PL, de Bolsonaro,
defendendo a aprovação da proposta. Na quinta pela manhã, no encontro do PL,
chegou a ser hostilizado e até chamado pelo ex-presidente de inexperiente
politicamente.
Durante
as articulações, o governador paulista -- que tem sido aventado como principal
candidato para herdar o espólio eleitoral de Bolsonaro na sucessão presidencial
de 2026 -- chegou a falar que o Estado toparia perder arrecadação no curto
prazo desde que a reforma fosse aprovada pelo Congresso.
O
empenho pessoal de Tarcísio foi reconhecido antes e depois da votação, quando
recebeu uma série de desagravos e elogios, inclusive de Lira, com quem
conversou várias vezes nos últimos dias, segundo fontes dos dois lados.
Em
entrevista coletiva nesta sexta, Lira -- que apoiou Bolsonaro nas eleições
passadas -- fez questão de relatar uma conversa telefônica com o ex-presidente
na qual fez uma espécie de desagravo a Tarcísio, que se tornou alvo de ataques
de bolsonaristas pelo apoio à reforma.
"Fiz
a ele (Bolsonaro) uma observação de que o governador Tarcísio foi muito correto
com o tratamento da PEC e que é um amigo que precisa, acima de tudo, ser
preservado", destacou.
TIRIRICA,
BOULOS E ROSÂNGELA MORO
Na
lista dos deputados por São Paulo que votaram a favor da reforma, estão três
integrantes do PL: o humorista Tiririca; Luiz Carlos Motta, presidente da
Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários); e Antonio
Carlos Rodrigues, coordenador da bancada federal no Estado e que foi ministro
dos Transportes na gestão Dilma Rousseff.
Rodrigues
credita o apoio em peso da bancada paulista ao governador paulista.
"Foi
exatamente isso, ele Tarcísio ficou aqui a semana inteira e ele é a favor do
Estado de São Paulo. Além de político, ele é muito capaz e conhece mais do que
ninguém a reforma", destacou.
Os
outros 14 deputados do PL paulista foram contrários, entre eles o filho de
Bolsonaro, Eduardo, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Na
bancada de São Paulo houve votos favoráveis à reforma de dois presidentes de
partido, Baleia Rossi, do MDB, que foi o primeiro subscritor da PEC ainda em
2019, e Marcos Pereira, do Republicanos, legenda do governador do Estado.
Pereira
disse que a aprovação da reforma foi resultado do conjunto de atuação de vários
personagens, mas destacou que a atuação do Tarcísio foi muito importante.
"Ele
está se consolidando como político habilidoso e sem ser extremista",
afirmou, ao ser questionado sobre a atuação nacional do governador, que
contrariou Bolsonaro.
O
presidente do Republicanos, entretanto, não quis falar sobre se essa atuação de
Tarcísio o credenciaria para concorrer ao Planalto em 2026. Disse que não se
está pensando nisso. "Está muito longe", ressaltou.
Também
apoiaram a reforma dois pré-candidatos a prefeitura de São Paulo, Guilherme
Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB).
Outros
nomes notáveis que se manifestaram a favor foram o apresentador de TV Celso
Russomano (Republicanos), Kim Kataguiri (União) e Rosângela Moro (União),
mulher do senador e ex-juiz da operação Lava Jato, Sérgio Moro (União-PR), um
adversário do governo Lula. Constou também Jonas Donizette (PSB), ex-prefeito
de Campinas e ex-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), entidade
que chegou a divulgar campanha na TV contra a reforma.
Fonte:IstoÉ/A
Tarde/FolhaPress
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