terça-feira, 4 de julho de 2023

Por que a Covid-19 é leve para alguns e mortal para outros? Estudo traz pistas

Desde o início da pandemia de Covid-19, cientistas buscam entender os diferentes impactos ao organismo humano causados da infecção pelo coronavírus. A doença de transmissão respiratória se tornou um quebra-cabeças com sintomas e danos que vão além daqueles associados ao sistema respiratório.

A vacinação previne o desenvolvimento de quadros graves e diminui os riscos de complicações e de morte. No entanto, antes mesmo da ampla aplicação dos imunizantes, uma dúvida permanecia: por que algumas pessoas sofrem apenas casos leves, permanecendo assintomáticas ou com sintomas gripais, enquanto outras desenvolvem quadros graves e até mesmo morrem?

Uma das respostas pode estar em características genéticas, de acordo com um novo estudo conduzido por pesquisadores da NYU Abu Dhabi. Os cientistas analisaram a associação entre uma classe de pequenas moléculas de RNA que regulam genes (ou microRNAs) e a gravidade da Covid-19 entre 259 pacientes não vacinados de Abu Dhabi.

A investigação, liderada pelo professor associado de biologia Youssef Idaghdour, contou com a colaboração de médicos de vários hospitais da capital dos Emirados Árabes Unidos. O grupo de pesquisa identificou microRNAs associados a uma resposta imune enfraquecida e à internação em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Os especialistas detectaram alterações presentes nessas pequenas moléculas nos estágios iniciais da infecção que estão associados a características específicas do sangue e à morte das células imunológicas, permitindo que o vírus escape do sistema imunológico e se prolifere.

Os resultados do estudo demonstram que a composição genética de um paciente afeta a função imunológica e a gravidade da doença. Para os pesquisadores, os dados oferecem novos insights sobre como o prognóstico e o tratamento do paciente podem ser melhorados.

“Essas descobertas melhoram nossa compreensão de por que alguns pacientes resistem melhor à Covid-19 do que outros. Este estudo demonstra que os microRNAs são biomarcadores promissores para a gravidade da doença, de forma mais ampla, e alvos para intervenções terapêuticas”, afirma Idaghdour, em comunicado.

Os resultados do estudo foram publicados no periódico científico Human Genomics. No artigo, a equipe de pesquisa apresenta a análise de vários conjuntos de dados, incluindo marcadores genéticos, de pacientes no momento de admissão hospitalar, combinados informações de registros eletrônicos de saúde.

Os pesquisadores analisaram 62 variáveis clínicas e níveis de expressão de 632 microRNAs medidos na admissão hospitalar, bem como identificaram 97 delas associadas a oito marcadores sanguíneos significativamente associados à admissão na UTI.

“Os métodos deste estudo podem ser aplicados a outras populações para aprofundar nossa compreensão de como a regulação genética pode servir como um mecanismo central que afeta a Covid-19 e, potencialmente, a gravidade de outras infecções”, diz o pesquisador.

 

Ø  Infecção por Covid aumenta o risco de infertilidade masculina

 

A ciência está sempre descobrindo novas consequências da infecção por Covid no organismo. Agora, pesquisadores em fertilidade humana da Espanha descobriram que a contaminação pelo coronavírus pode diminuir a concentração de espermatozoides nos homens por mais de três meses. Além disso, a qualidade do sêmen também piorou, mesmo entre os que enfrentaram apenas quadros leves da doença.

Estudos anteriores já haviam mostrado prejuízos na fertilidade a curto prazo para os pacientes da Covid-19. No entanto, este é o primeiro a apontar que as sequelas duram mais de três meses.

Os pesquisadores do estudo espanhol perceberam que a qualidade do sêmen de alguns homens atendidos em clínicas no país era pior após a infecção pelo coronavírus do que antes. Foi então que eles se debruçaram em estudos que pudessem explicar se havia alguma relação de causa e efeito.

·         O estudo

A equipe de cientistas recrutou, entre fevereiro de 2020 e outubro de 2022, 45 homens com média de idade de 31 anos e diagnóstico confirmado de Covid-19. Todos frequentavam clínicas reprodutivas na Espanha e já tinham dados de análises de amostras de sêmen coletadas antes da infecção pelo coronavírus.

Então, os pesquisadores compararam as informações com várias amostras coletadas no intervalo entre 15 e 100 dias após a infecção. Eles perceberam que a motilidade do espermatozoide (capacidade de se mover e nadar para frente) e a contagem total de espermas foram os aspectos que mais mudaram. Mesmo os homens que forneceram novas amostras cem dias depois não demonstraram melhora nos dois indicadores.

·         Impacto da Covid

Além disso, também houve uma diferença significativa no volume do sêmen, na concentração de esperma e no número de espermatozoides vivos, indicam os resultados da pesquisa. Metade dos homens teve contagens totais de esperma 57% menores após a infecção em comparação com as amostras coletadas anteriormente.

O corpo humano leva cerca de 78 dias para criar um novo esperma. No entanto, mesmo após uma média de 100 dias depois da infecção pelo coronavírus não houve uma melhora na qualidade ou na concentração do esperma.

"Presumimos que a qualidade do sêmen melhoraria assim que novos espermatozoides fossem gerados, mas não foi o caso. Não sabemos quanto tempo pode levar para a qualidade do sêmen ser restaurada e pode ser que a Covid-19 tenha causado danos permanentes, mesmo em homens que sofreram apenas uma infecção leve", diz a professora Rocio Núñez-Calonge, consultora científica do instituto espanhol.

 

Ø  Mesmo casos leves de Covid-19 causam alterações no cérebro, aponta estudo

 

Até mesmo os casos mais leves de Covid-19 são capazes de causar alterações no cérebro.

Esta é a conclusão de estudos conduzidos pela Unicamp, sob orientação da professora de neurologia Clarissa Yasuda.

Entre as sequelas, estão manifestações neuropsiquiátricas, como fadiga, ansiedade, depressão e sonolência.

À CNN Rádio, a pesquisadora afirmou que começou a colher dados de pacientes voluntários já no começo da pandemia, em 2020.

“Um número muito grande de pessoas relatou sintomas e problemas”, disse.

Segundo ela, a Covid longa tem uma estimativa de afetar entre 10 e 30% da população com diagnóstico positivo.

“É bastante, devemos ter milhões de pessoas só no Brasil”, completou.

Clarissa ainda ponderou que este número ainda pode ser subnotificado, já que nem todos os infectados tiveram o diagnóstico de Covid-19.

Segundo a professora, “ainda estamos no escuro” sobre o real impacto do Sars-cov-2 e das consequências da Covid longa.

“Não temos tratamento específico, e a síndrome é um conjunto de sinais e sintomas, cada pessoa pode ter manifestações diferentes.”

Entre essas manifestações, estão, além das alterações cognitivas, problemas cardíacos, dos rins, de coagulação e mesmo diabetes.

 

Fonte: CNN Brasil/Saúde em Dia

 

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