domingo, 30 de julho de 2023

Noblat: O que Bolsonaro fez com o dinheiro que recebeu para pagar multas que não pagou

Era uma vez um presidente da República que jamais se envergonhou de ficar com o dinheiro dos outros. Assim construiu sua fortuna desde os primeiros mandatos como deputado federal.

No princípio era o verbo, isto é, a verba. Ela estava no princípio com Bolsonaro, subtraída dos salários de funcionários do seu gabinete. Tudo foi feito por ele; e nada foi feito sem ele.

Uma vez derrotado ao tentar se reeleger, Bolsonaro pensou em dar um golpe para permanecer no poder. Como lhe faltou apoio, teve outra ideia: tomar dinheiro alheio para viver confortavelmente.

Primeiro, fez com que o PL, com dinheiro público, lhe pagasse as contas – salário equivalente ao de ministro da mais alta Corte do país; aluguel do palacete onde mora; despesas com viagens.

Não satisfeito, empregou a mulher no partido com bom salário e o direito às mesmas vantagens. Mas isso lhe pareceu pouco. Então, teve outra ideia: pedir doações para pagar suas dívidas.

Sim, ele as tem. Só de multas por não usar máscaras de proteção à época da pandemia da Covid-19, ele deve ao Estado de São Paulo R$ 936.839,70. Deve também a outros estados.

O apelo por doações foi atendido por bolsonaristas aflitos com a situação do seu guia e mestre. Entre janeiro e 4 do mês em curso, ele recebeu pouco mais de R$ 17 milhões. Espera novas doações.

E o que fez com o dinheiro? Pagou as multas e devolveu o resto? Pagou as multas e doou a sobra – e que sobra! – para entidades de caridade? Não. Fez o que achou melhor para seu bolso.

Não pagou as multas. E, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, investiu R$ 17 milhões em fundos de renda fixa. Na Justiça, aposta em anular as multas.

Os filhos amestrados, à sua imagem e semelhança, donos de mandatos eletivos conseguidos à sombra dele, naturalmente saíram em defesa do pai, alvo de mais uma infâmia.

Não contestaram as informações vazadas, mas vitimaram Bolsonaro. Além de classificá-lo como o melhor presidente da República que o país já teve. Foi o pior desde o fim da ditadura.

Foi também o que mais enriqueceu com a política.

 

       O destino dos R$ 17 milhões recebidos via Pix por Bolsonaro. Por Paulo Capelli

 

Segundo assessores de Bolsonaro, grande parte dos R$ 17 milhões recebidos pelo ex-presidente via Pix permanecem na conta corrente, no Banco do Brasil. Descontadas as despesas com processos judiciais e multas — motivo da campanha de arrecadação — os valores, sustentam, não teriam sido aplicados em nenhum fundo nem utilizados para grandes compras.

“O presidente não mexeu em nada”, garante um fiel escudeiro.

No último dia 20, a coluna mostrou que o compliance do banco encerrou uma conta com dólares que Bolsonaro mantinha no BB Americas, braço do Banco do Brasil nos Estados Unidos. Na ocasião, a instituição afirmou ter “protocolos rígidos de acompanhamento das movimentações financeiras de seus clientes”.

 

       Vaquinha não explica transferências, alerta jornalista

 

De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgado nesta quinta-feira (27), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,1 milhões em seis meses. A data exata é entre 1º de janeiro e 4 de julho, num total de 769 mil transferências.

O Coaf afirma que as transações "atípicas" podem ter relação com a campanha de doações organizada em junho para o pagamento de multas.

Uma lebre, no entanto, foi levantada pelo jornalista Reinaldo Azevedo em sua coluna desta sexta-feira (28), no UOL.

Segundo o jornalista, aliados de Bolsonaro começaram a divulgar sua chave Pix em 23 de junho, depois que veio a público a informação de que a Justiça de São Paulo havia decidido bloquear R$ 87 mil de sua conta, conforme se noticiou no dia 14 do mês passado.

Antes do dia 23, portanto, inexistia pedido para depósitos na conta do ex-presidente. O jornalista lembra ainda que Bolsonaro deixou o Brasil em 30 de dezembro do ano passado e só retornou em 30 de março. Portanto, esteve ausente do país em três dos seis meses.

Reinaldo Azevedo chama a atenção para a necessidade de se descobrir quanto o ex-presidente recebeu antes do dia 23 de junho, quando a chave de seu Pix foi divulgada, e quanto entrou depois.

“Se os R$ 17,1 milhões podem ser atribuídos ao chamamento dos bolsonaristas para pagar a multa — como especula o Coaf —, então essa tempestade de Pix teria ocorrido entre 23 de junho e 4 de julho: em meros 13 dias, não em seis meses: por dia, média de R$ 1,545 milhão e de 69.909 operações. É sério isso?”, pergunta o jornalista.

E encerra: “mas, então, quero saber o que justifica as transferências anteriores à divulgação da chave. Ele recebia chuva de Pix mesmo quando estava homiziado em Orlando?”

 

       TSE avança em ações que acusam Bolsonaro de abuso no 7 de Setembro

 

O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves, determinou a tramitação conjunta de quatro ações que acusam o ex-presidente Jair Bolsonaro de abusos durante as comemorações do Bicentenário da Independência em 7 de setembro do ano passado em Brasília e no Rio de Janeiro.

O ministro fixou um calendário de audiências de testemunhas, que deverão ser ouvidas ao longo do mês de agosto na sede do TSE. Ele também determinou a possibilidade de compartilhamento de provas e solicitou informações a órgãos envolvidos no caso.

São três Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) que pedem a declaração de inelegibilidade de Bolsonaro em razão do 7 de Setembro. As ações foram propostas pela coligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha de 2022, pela então candidata à Presidência Soraya Thronicke (União) e pelo PDT. Também há uma representação especial ajuizada por Thronicke sobre o tema.

•        Corregedor multa Bolsonaro e Braga Netto por 'má fé' em imagens do Bi da Independência

O corregedor da Justiça Eleitoral Benedito Gonçalves multou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto em R$ 55 mil cada, por má-fé e descumprimento de decisão do Tribunal Superior Eleitoral que vedou o uso de imagens capturadas durante o Bicentenário da Independência em atos de campanha.

A dupla ainda foi intimada a apresentar os documentos que mostrem a origem dos recursos utilizados para o custeio dos atos de campanha realizados em Brasília e no Rio de Janeiro no 7 de setembro passado.

As determinações constam de decisões assinadas nesta sexta-feira, 28. As multas foram impostas a Bolsonaro e Braga Netto no bojo de uma ação em que a campanha de Lula alega desvio de finalidade das comemorações do Bicentenário da Independência.

Já a ordem de esclarecimento sobre os gastos com o 7 de setembro de 2022 também foi dada no bojo de uma ação de investigação judicial eleitoral em que o PDT imputa a Bolsonaro e Braga Netto suposto abuso de poder político e econômico.

Bolsonaro já foi condenado pelo TSE no âmbito de uma ação movida pelo PDT. Antes do recesso judiciário a Corte tornou o ex-presidente inelegível por oito anos em razão de ataques às urnas eletrônicas em evento com embaixadores às vésperas do período eleitoral.

Nas decisões dadas nesta sexta-feira, 28, Benedito Gonçalves ainda agendou as datas de uma série de oitivas que vão instruir as ações que alegam suposto 'desvio de finalidade' na conduta de Bolsonaro durante a comemoração do 7 de setembro do ano passado. Serão ouvidos:

- governador do DF Ibaneis Rocha, no dia 21 de agosto;

- senador Ciro Nogueira, no dia 23 de agosto;

- ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Carvalho, no dia 28 de agosto;

- governador do Rio Cláudio Castro, no dia 22 de agosto;

- ex-deputado Daniel Silveira, no dia 30 de agosto;

 

       Nova ação do TSE acende sinal de alerta em bolsonaristas

 

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão muito preocupados com a recente multa aplicada pelo corregedor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves. O ministro determinou que tanto Bolsonaro quanto Braga Netto devem arcar com o valor de R$ 110 mil e ainda exigiu a prestação de contas referentes aos atos de campanha ocorridos em 7 de Setembro de 2022. Essa decisão tem gerado apreensão no círculo próximo de Bolsonaro, que teme possíveis desdobramentos legais.

Ao contrário da ação que tornou o ex-presidente inelegível até 2030, os outros 15 processos que repousam no TSE podem afetar até 70 pessoas. Dessa vez foi o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

Benedito determinou que Bolsonaro explique a nota fiscal, no valor de R$ 34.720, emitida para Malafaia. O dinheiro teria custeado o trio elétrico utilizado por Bolsonaro no comício na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

A aliados, Malafaia disse que o TSE está “perseguindo a igreja evangélica”, mas se mostrou preocupado com a ação. O pastor é acusado de abuso de poder político e econômico na ação que trata o Bicentenário da Independência (AIJE 0600972-43.2022.6.00.0000). Além dele, Luciano Hang e outros empresários também são investigados.

Há ações contra Bolsonaro que também implicam militares, políticos, perfis nas redes sociais e até “jornalistas” como Silvio Navarro, Rodrigo Constantino, Bernardo Kuster e Leandro Ruschel. Todos são investigados por disparo massivo de conteúdos falsos contra Lula (PT).

 

Fonte: Metrópoles/UOL/Agencia Estado

 

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