Mudanças
climáticas: o que são e consequências
Mudanças climáticas, mudança do clima, ou alteração
climática são as variações climáticas na
temperatura, precipitação e nebulosidade em escala global. Mas, antes de
entender o que são, é preciso estabelecer que há uma diferença entre “clima” e
“tempo”.
·
Qual é a diferença entre clima e tempo?
Você
já ouviu alguém reclamar que o tempo está fechando quando parece que vai
chover? Ou que o clima de algum lugar é muito quente? Pois é. Clima e tempo não
são a mesma coisa.
Quando
dizemos que o “tempo” está ruim, estamos nos referindo a alterações locais do
clima, dentro de períodos de tempo mais curtos, como minutos, horas, dias e até
semanas. Já o “clima” se refere a períodos de médio a longo prazo, podendo ser
caracterizado regional ou globalmente. Em outras palavras, o clima pode ser
considerado uma média do tempo ao longo de várias estações, anos ou décadas.
·
O que são as mudanças climáticas?
Já
sabemos que não se refere às mudanças que
ocorrem de um dia para outro, mas sim ao longo de vários anos ou décadas. Um
erro comum é acreditar que as
alterações climáticas são a mesma coisa que aquecimento global.
O
aquecimento global é, sim, uma consequência das mudanças climáticas que vêm acontecendo ao longo dos anos,
mas não a única. Além disso, não é a primeira vez que nosso planeta sofre mudanças no clima a nível global.
É um pouco mais difícil visualizarmos essa questão, pois as escalas de tempo
envolvidas são muito grandes, e seus impactos são menos imediatos.
Outra
dúvida que costuma surgir a respeito das mudanças climáticas é: como elas podem causar episódios de
frio extremo se a Terra está sofrendo um “aquecimento global” e não um
“resfriamento global”? O fato é que nenhum evento isolado é capaz de provar ou
refutar a tese de aquecimento global. Em níveis globais só é possível aferir
hipóteses quando se analisa a história da Terra no tempo geológico, que é muito
longo.
O
aumento da emissão de gases do efeito estufa aumenta a retenção de energia nos oceanos e na atmosfera, provocando um
aumento da intensidade, da frequência e do impacto de eventos climáticos
extremos, sejam de frio ou de calor. Entenda:
·
Evidências das mudanças climáticas
O
clima da Terra vem mudando ao longo da história, sendo que nos últimos 650 mil
anos o planeta passou por sete ciclos de avanço e recuo glacial. A última Era
do Gelo, que ocorreu há 7 mil anos, teve um fim abrupto e marcou o início da
era moderna do clima e da civilização humana.
Apesar
de ainda existirem controvérsias entre alguns integrantes da comunidade
acadêmica a respeito do aquecimento global, as mudanças climáticas globais são um fato já aceito e bem
consolidado entre grande parte dos cientistas. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), por exemplo,
considera as evidências científicas para o aquecimento global incontestáveis.
A
tendência atual de aquecimento é um ponto importante dentro deste assunto. Isso
porque a maior parte é causada pela influência antropogênica, e vem se amplificando
a uma taxa sem precedentes nos últimos 1300 anos.
Satélites
e outros avanços tecnológicos têm permitido que cientistas vejam o quadro
geral, coletando diversos tipos de informação sobre nosso planeta e seu clima
em escala global. Estes que, ao longo dos anos, revelaram sinais de mudanças climáticas.
A
deformação dos núcleos gelados da Groenlândia, Antártida e de geleiras de
montanhas mostram que o clima da Terra reage a mudanças nos níveis de gases de efeito estufa liberados para
a atmosfera. Eles também mostram que, no passado, grandes mudanças no clima global
ocorreram de forma rápida, geologicamente falando: em dezenas de anos, não em
milhares ou milhões.
Abaixo, veja algumas evidências fotográficas das
consequências das mudanças climáticas:
·
1. Mýrdalsjökull
Mýrdalsjökull
é a quarta maior calota de gelo da Islândia, que cobre o vulcão Katla no
extremo sul do país.
·
2. Mar de Aral
O
mar de Aral era o quarto maior lago do mundo até os anos 1960, um dos maiores
corpos de águas salinas interiores do mundo e o segundo maior mar na Ásia. Ele
encolheu dramaticamente ao longo dos últimos 30 anos.
Uma
das principais razões é a irrigação de culturas: a água foi retirada dos rios
que mantinham o mar de Aral cheio. Como consequência, houve mudanças perceptíveis no clima
local, tempestades de poeiras contaminadas, a perda de água potável e crises
nas indústrias de pesca local. Até o final dos anos 2000, o mar de Aral perdeu
quatro quintos do seu volume de água.
·
3. Lago Powell
A
falta de água prolongada causou uma queda dramática do nível da água do lago
Powell. As imagens mostram a porção norte do lago, que se estende do Arizona a
Utah, nos EUA. A imagem de 1999 mostra o Lago com seus níveis de água próximos
à sua capacidade total, e em 2014, com 42% de sua capacidade preenchidos.
·
4. Alaska
Derretimento
das geleiras no Alaska.
·
Causas das mudanças climáticas
As mudanças climáticas podem ser
causadas por fatores naturais, como as alterações na radiação solar ou movimentos da órbita da Terra.
Porém, o IPCC afirma que há 90% de certeza que o aumento da temperatura global
está sendo causado pela ação humana ao longo dos últimos 250 anos.
A
maioria dos cientistas do ramo concorda que uma das principais causas da atual
tendência de aquecimento global é a influência humana na expansão do efeito
estufa. Vale lembrar que o efeito estufa é um processo natural, do qual a vida
na Terra depende.
Caso
toda a energia radiante do sol sobre a Terra retornasse ao espaço, teríamos um
planeta ausente de calor e inabitável para a vida como a conhecemos. Porém, a
influência antropogênica vem interferindo de forma a intensificar o efeito
estufa. Assim, essa influência causa um aquecimento global abrupto que já vem
prejudicando diversas espécies e ecossistemas.
Ao
longo do século passado, houve a queima de combustíveis fósseis, como carvão e
petróleo. Essa prática aumentou a concentração de dióxido de carbono (CO2) atmosférico.
Isso acontece porque o processo de queima de carvão ou óleo combina carbono com o oxigênio do ar para formar CO2. Em menor escala,
o desmatamento para a agricultura, indústria e outras atividades humanas têm
aumentado em grande quantidade as concentrações de gases de efeito estufa
(GEEs).
<<<< As consequências desta alteração no
efeito estufa natural são difíceis de prever, mas alguns efeitos prováveis são:
- De forma
geral, a Terra se tornará mais quente – algumas regiões poderão apresentar
temperaturas mais elevadas que outras;
- O aumento das
temperaturas provavelmente resultará em maiores taxas de evaporação e
precipitação, fazendo com que algumas regiões se tornem mais úmidas e
outras mais secas;
- Um efeito
estufa mais intenso iria aquecer os oceanos e derreter calotas polares, elevando
o nível dos oceanos. As águas oceânicas se expandiriam devido ao aumento
das temperaturas, também contribuindo para a elevação do nível do mar;
- Algumas plantas podem responder
favoravelmente ao aumento do CO2 atmosférico, crescendo
mais vigorosamente e melhorando a eficiência do uso da água.
<<<< O papel da atividade humana
As
atividades industriais das quais a nossa civilização moderna depende elevaram
os níveis de dióxido de carbono atmosférico de 280 partes por milhão (ppm) a
379 ppm nos últimos 150 anos. O IPCC também concluiu que há uma probabilidade
superior a 90% de que os gases estufa produzidos pela humanidade (como o
dióxido de carbono, metano e óxido nitroso) tenham causado a maior parte do aumento
observado nas temperaturas da Terra nos últimos 50 anos.
·
Radiação solar
É
possível que as variações nas atividades solares tenham desempenhado um papel
em mudanças climáticas passadas.
Acredita-se, por exemplo, que um decaimento na atividade solar tenha
desencadeado uma Pequena Era do Gelo, entre aproximadamente 1650 e 1850, quando
a Groenlândia foi coberta por gelo de 1410 a 1720 e geleiras avançaram para os
Alpes.
Apesar
disso, há evidências provando que o aquecimento global atual não pode ser
explicado pela variação da atividade solar:
- Desde 1750, o
valor médio da energia que vem do Sol ou se
manteve constante ou aumentou ligeiramente;
- Se o
aquecimento fosse causado por um sol mais ativo, então os cientistas
poderiam esperar por temperaturas mais quentes em todas as camadas da
atmosfera. Em vez disso, eles têm observado um resfriamento na atmosfera
superior, e um aquecimento na superfície e nas partes mais baixas da
atmosfera. Isso porque gases de efeito estufa retêm o calor na atmosfera inferior;
- Os modelos
climáticos que incluem mudanças na irradiação solar não podem reproduzir a
tendência da temperatura observada ao longo do último século ou mais, sem
incluir um aumento dos gases de efeito estufa.
<<< Quais são os impactos das mudanças
climáticas?
As mudanças climáticas no mundo já
apresentam efeitos ambientais observáveis. Geleiras encolheram, gelos em rios e
lagos quebram mais cedo, variedades de plantas e animais mudaram e árvores
passaram a florescer mais cedo.
Cientistas
previram efeitos que seriam resultantes das mudanças climáticas no mundo e que agora estão acontecendo.
Tais efeitos incluem a perda do gelo nos oceanos, o aumento do nível do mar e as ondas de frio e calor mais intensas.
Os
cientistas acreditam também que as temperaturas globais continuarão a aumentar
nas próximas décadas, em grande parte devido a gases de efeito estufa
produzidos por atividades humanas. O IPCC prevê um aumento de temperatura de
2,5 a 10 graus centígrados durante o próximo século.
De
acordo com o IPCC, os efeitos das alterações climáticas serão diferentes para
cada região, dependendo da capacidade de cada sistema social e ambiental para
mitigar ou se adaptar às mudanças.
O
IPCC prevê que o aumento da temperatura média global de menos de 1-3 graus
Celsius acima dos níveis de 1990 vai produzir impactos benéficos em algumas
regiões e nocivos em outros. Custos anuais líquidos vão aumentar ao longo do
tempo conforme a temperatura global aumentar.
De
qualquer forma, cerca de 97% da comunidade científica global concorda que as
tendências climáticas para o aquecimento ao longo do século passado ocorreram
em grande parte devido às atividades humanas.
O
gráfico abaixo contém dados de temperatura de quatro instituições científicas
internacionais. Todos mostram um rápido aquecimento nas últimas décadas e que a
última década foi a mais quente já registrada.
·
Como evitar as consequências das mudanças
climáticas?
A
incerteza científica a respeito dos danos ambientais causados pelas mudanças climáticas impõe que as ações
humanas que provocam este tipo de mudança sejam
guiadas pelo Princípio da Precaução. Ou seja, devem
ser incentivadas pesquisas que busquem obter a certeza a respeito dos possíveis
danos ambientais causados pelas alterações
climáticas. Além disso, deve ser imposto o dever de agir antecipadamente
para a proteção do ambiente e da saúde pública em face dos riscos suspeitos e
incertos, em especial os potencialmente graves ou irreversíveis.
Algumas
ações de precaução contra estes riscos incertos, e consequentemente contra
as mudanças climáticas, são
a redução das emissões dos gases de efeito estufa e os efeitos no aquecimento
global.
·
Políticas públicas
Algumas
políticas públicas possíveis de implementar são:
- diminuição do
desmatamento;
- investimentos
no reflorestamento e na conservação de áreas naturais;
- incentivo do
uso de energias renováveis não convencionais;
- preferências
pela utilização de biocombustíveis (etanol, biodiesel) a combustíveis
fósseis (gasolina, óleo diesel);
- investimentos
na redução do consumo de energia e na eficiência energética;
- redução,
reaproveitamento e reciclagem de
materiais;
- investimentos
em tecnologias de baixo carbono;
- melhorias no
transporte público com baixa emissão de GEE.
E
estas medidas podem ser estabelecidas por meio de políticas nacionais e
internacionais de clima.
Quanto
à legislação, em 2009, no Brasil, foi instituída a Política Nacional sobre a
Mudança do Clima (PNMC), por meio da Lei nº 12.187/2009, que mostrava o
compromisso do país em reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre
36,1% e 38,9% das emissões projetadas até 2020. Alguns instrumentos utilizados
para a execução da PNMC são o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, o Fundo
Nacional sobre Mudança do Clima e a Comunicação do Brasil à Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
O
Plano Nacional sobre Mudança do Clima, por exemplo, apresenta algumas metas e
objetivos que se reverterão na redução de emissões de gases de efeito estufa.
Ele também mostra outros ganhos ambientais e benefícios socioeconômicos, que
você pode conferir na página do Ministério
do Meio Ambiente (MMA).
Fonte:
eCycle
Nenhum comentário:
Postar um comentário