quarta-feira, 26 de julho de 2023

Marionete nas mãos de Valdemar,  Bolsonaro virou ‘arroz de festa’

Condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no final do mês passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro vive uma rotina de agendas desde que se tornou inelegível. Entre eventos corriqueiros como ida ao dentista e renovação da carteira de motorista, o chefe do Executivo tem feito aparições públicas, nas quais recebe apoio de apoiadores.

Como parte de sua rotina política, o ex-presidente tem frequentado reuniões do Partido Liberal e acompanhado a ex-primeira-dama, Michelle, em eventos da ala feminina da sigla. No próximo final de semana, por exemplo, estará em Santa Catarina com sua mulher. Nesta terça-feira estará na Câmara Municipal de São Paulo para a filiação de Fernando Holiday.

Apenas neste final de semana , esteve em Alexânia, no interior de Goiás, em uma de suas viagens como presidente de honra do partido, mirando as eleições municipais do ano que vem. Já neste domingo, em Brasília, compareceu a um festival de motos e almoçou em uma churrascaria.

No próprio dia da decisão do TSE, Bolsonaro seguiu com normalidade seus compromissos. Momentos após a decisão, almoçou com deputados em churrascaria em Belo Horizonte. Neste mesmo dia, foi cortar o cabelo em um salão da capital mineira.

Nas semanas que sucederam a condenação, o ex-presidente seguiu com as aparições. Em oito de julho, o PL divulgou vídeo de Bolsonaro em exame médico e psicotécnico para renovar a habilitação. Ele estava acompanhado de seu filho mais novo, Jair Renan.

Na semana seguinte, foi a Goiânia sob a justificativa de realizar um tratamento dentário. Apesar do critério pessoal, esteve no Palácio das Esmeraldas com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Na ocasião, chegou a subir num carro de som enviado por apoiadores:

— Sou o ex mais amado do Brasil — afirmou.

Diante da tramitação da Reforma Tributária, esteve com a bancada de 99 deputados do PL e orientou a votação contrária. A proposta, no entanto, recebeu apoio de 20 parlamentares do partido e foi aprovada em segundo turno na Câmara.

•        Agendas em meio à crises

A rotina corriqueira em dias de crise não é algo novo na vida política de Bolsonaro. Muito antes da condenação do TSE, o então presidente não evitava lugares públicos. Em abril de 2020, quando enfrentava duras críticas pelo alto número de mortos, o então mandatário chegou a ir a uma padaria perto de casa para beber refrigerante.

— Parei em uma padaria agora para tomar uma Coca-Cola — disse, à época, quando foi questionado sobre sua postura contra o isolamento social.

Em janeiro de 2021 repetiu a atitude quando saiu para andar de moto na capital e recebeu perguntas sobre os protestos que pediam seu impeachment. Naquela manhã, parou em uma barraca de frutas e retornou para casa.

<><> Bolsonaro chama Lula de “jumento” e fala em “movimento de rua” por presos no 8/1

 Em discurso no qual chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “analfabeto” e “jumento”, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) citou nesta terça-feira (25/7) a possibilidade de participar de “um movimento de rua” organizado por seus apoiadores para pedir a solutura dos presos pelos ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, em Brasília.

As declarações de Bolsonaro foram feitas para uma plateia de bolsonaristas e membros do PL da capital paulista em evento de filiação do vereador paulistano Fernando Holiday, ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL), ao partido, na Câmara Municipal de São Paulo.

Diante de um auditório lotado, Bolsonaro citou casos de perseguição a padres na Nicarágua, comandada por uma ditadura de esquerda, e em outros países latinos para dizer que, no Brasil, o “sistema” havia optado por impedir que ele se elegesse novamente presidente da República.

“Aqui, o sistema resolveu se antecipar. Vamos tornar o cara (ele) inelegível. Agora, o que torna inelegível? Você tem que ter feito alguma coisa. ‘Ah, reuniu-se com embaixadores.’ A Dilma se reuniu em 2016 e pediu apoio contra o impeachment”, disse Bolsonaro. Ele disse que preferia ir à praia do que voltar à Presidência, mas que encararia o trabalho como uma “missão”.

O ex-presidente mencionou também as cerca de 250 pessoas presas desde janeiro, acusadas de participação nos atos de vandalismo que depredaram as sedes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Palácio do Planalto e do Congresso, em 8 de janeiro. Ele questionou a prisão de dois de seus assessores e do seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel do Exércio Mauro Cid.

“Não vamos nos esmorecer”, disse Bolsonaro ao público. “Ninguém vai pedir para que ninguém faça nada que ia colocá-lo em risco”, afirmou, ao comentar possíveis reações a esse cenário. Em seguida, ele complementou.

“Se se falar em movimento de rua, se tiver um dia, tem que ser para pedir a liberdade do pessoal que está lá. Todas as pessoas que estão presas já há dias, de forma covarde”, disse o ex-presidente.

•        “Jumento”

Ao longo de sua fala, Bolsonaro também fez referências a riquezas naturais pertencentes ao Brasil e à Amazônia, e disse que seu governo vinha adotando ações que buscavam desenvolver o país de forma autônoma. Segundo Bolsonaro, o governo Lula vem adotando ações equivocadas na defesa desses recursos.

“(Aos países do norte,) Interessa eu ou um entreguista na Presidência da República? Um analfabeto. Um jumento, por que não dizer assim?”, questionou Bolsonaro, em referência a Lula.

“Jumento” foi uma expressão que o vereador Fernando Holiday já havia usado para se referir a Bolsonaro. Em sua fala no evento, de cerca de cinco minutos, o ex-integrante do MBL pediu desculpas e disse que havia errado no passado.

Bolsonaro também fez uma crítica indireta a um dos principais auxiliares do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu afilhado politico.

O ex-presidente disse que, quando governou, preencheu os quadros de seus ministérios com nomes técnicos, e citou o ex-ministro de Ciência e Tecnologia e atual senador, Marcos Pontes (PL-SP), como um exemplo.

Sem citar nominalmente o secretário de Governo de Tarcísio, Gilberto Kassab (PSD), de quem Pontes herdou o cargo, Bolsonaro disse que o “antecessor” de seu ministro não sabia “a diferença de gravidade e gravidez”.

Bolsonaro também fez críticas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao criticar a reforma tributária, aprovada há três semanas, da qual ele foi contra.

Bolsonaro citou as discussões, em curso, para taxação de heranças, e afirmou que Haddad teria dito que herdeiros eram “parasitas” – frase que o ministro não disse. “Logo ele, que nunca trabalhou na vida”, afirmou Bolsonaro.

 

       Fernando Holiday irrita Bolsonaro no dia de sua filiação ao PL

 

No dia de sua filiação ao PL, o vereador Fernando Holiday irritou Bolsonaro e seu entorno. Chegou ao conhecimento do ex-presidente que Holiday teria alardeado, de forma arrogante, que sua entrada no partido é tão importante que fez Bolsonaro viajar de Brasília a São Paulo para prestigiar o evento.

Ocorre que a viagem em questão já estava planejada há mais de um mês, devido a outras agendas que o ex-presidente terá no estado. Quando foi informado da postura de Holiday, Bolsonaro disse hoje que irá à cerimônia de filiação, às 15h, apenas porque Valdemar, chefe da legenda, pediu.

Tanto o ex-presidente quanto seu entorno não esquecem as duras críticas feitas por Holiday quando o ex-vereador integrava o Movimento Brasil Livre.

Pessoas ligadas à direita também comentaram que sentiram falta da presença de Zoe Martínez na filiação de Holiday. Ela é apontada como aposta do PL nas eleições municipais de São Paulo em 2024.

Atualização: A assessoria de Fernando Holiday entrou em contato com a coluna e disse que, “em nenhum momento, o vereador falou sobre uma suposta grande importância dele para o partido”. O parlamentar afirmou que a versão, que chegou aos ouvidos de Bolsonaro, “não passa de fofoca mentirosa de bastidor” e é “terminantemente falsa”.

<><> Carlos Bolsonaro manda indireta a Holiday: “Bunda suja”

Carlos Bolsonaro mandou uma indireta a Fernando Holiday no dia da filiação do vereador ao PL, nesta terça-feira (25/7). O filho do ex-presidente citou “oportunismo” dos que já criticaram Jair Bolsonaro no passado.

O recado deixou claro que as críticas de Holiday durante o governo de Bolsonaro não foram esquecidas pela família.

 “Agora que tornaram o presidente Jair Bolsonaro inelegível, os que passaram todos os dias dos últimos anos criticando sua gestão hoje tentam colar seu nome com o dele para limpar sua bunda suja em sua cara!”, atacou Carlos Bolsonaro em seu perfil no Twitter.

“Absolutamente nada disso é por convicção, mas somente oportunismo”, completou o também vereador pelo Rio de Janeiro.

O recado não passou despercebido. “Está falando do Holiday?”, perguntou um seguidor. “O recado está dado, Fernando Holiday”, comentou outro.

Fernando Holiday se filiou ao PL de Bolsonaro nesta terça-feira (25/7), em cerimônia na Câmara Municipal de São Paulo, com a presença do ex-presidente.

Durante o governo Bolsonaro, Holiday, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), foi autor de diversos ataques ao então presidente.

<><> Carlos Bolsonaro e bolsonaristas desaprovam Fernando Holiday no PL

A filiação de Fernando Holiday ao PL, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem gerado controvérsias e reações distintas no cenário político. Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro pelo partido Republicanos e filho do ex-presidente, se manifestou publicamente contra a decisão do político paulistano em se filiar ao PL com o apadrinhamento de seu pai.

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Na semana passada, o vereador de São Paulo anunciou sua intenção de se juntar ao PL com o suporte de Jair Bolsonaro. O ex-membro do MBL (Movimento Brasil Livre), junto com o grupo, apoiou o ex-presidente no segundo turno das eleições de 2018. No entanto, as divergências se acentuaram durante a pandemia, culminando em um rompimento entre o movimento e o capitão da reserva.

Holiday foi crítico de Bolsonaro em diversas ocasiões, chegando a se referir a ele como "jumento" e deixando claro que não o apoiaria nas eleições de 2022. Entretanto, o cenário mudou quando o político não conseguiu ser eleito deputado federal. Em uma guinada surpreendente para o bolsonarismo, o parlamentar passou a apoiar o ex-mandatário no segundo turno, tornando-se um bolsonarista.

Apesar de sua nova posição política, a decisão de se filiar ao PL com o apoio de Jair Bolsonaro tem dividido até mesmo os apoiadores do ex-presidente. Carlos Bolsonaro, em uma postagem nas redes sociais, utilizou a palavra "surreal" ao comentar a notícia da filiação de Holiday ao partido.

Em sua defesa, Fernando Holiday ressaltou que possui discordâncias com Jair Bolsonaro, mas considera a adesão ao bolsonarismo como uma forma de combater o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, ele também já criticou o MBL, afirmando que o grupo não está empenhado em ser uma oposição efetiva ao Partido dos Trabalhadores.

A filiação do vereador acontecerá nesta terça-feira (25). Bolsonaro confirmou que estará presente no evento, se encontrando com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

<><> Dono do PL solta o verbo contra ministro Moraes: "Engraçadinho"

Em uma entrevista à Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda-feira (24), o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o acusando de tomar medidas autoritárias e demonstrando a sua insatisfação.

Perguntado sobre a decisão de endossar o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação à lisura das urnas eletrônicas e ter realizado uma auditoria para questionar o processo eleitoral, o cacique político afirmou que não se arrepende de sua atitude. Segundo ele, o próprio tribunal incentivava os partidos a fiscalizar, e ele contratou uma equipe técnica do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) para realizar a auditoria.

“O Alexandre de Moraes não me respondeu nada e me deu uma multa de R$ 22,9 milhões. É isso que o pessoal da direita não se conforma. Por isso que atacam ele [Alexandre]. Um partido levar uma multa dessa? E R$ 22,9 milhões, que são dois mais dois, mais nove, que é o número 13, do PT. Que engraçadinho. Eles devem achar muito gozado isso aqui”, disparou.

Quando questionado se acredita que Moraes toma medidas autoritárias, o presidente do PL minimiza essa possibilidade, classificando o episódio da multa como uma "brincadeira" e reforçando a interpretação de que o número 13, associado ao PT, foi uma escolha proposital. Ele também menciona a data escolhida para julgar o presidente Bolsonaro no TSE, o dia 22, que coincide com o número do PL, insinuando uma motivação política por trás dessa decisão.

“Aí vão julgar o Bolsonaro, tem tantos dias para escolher do mês, ele escolhe o dia 22 [número do PL]. Isso, o cara do PL, da direita, que fez isso com ele [agrediu Moraes] lá na Itália, acompanha. Esse é o problema. Não somos nós que fazemos campanha contra ele. Ele [o apoiador de Bolsonaro] vê um negócio desse e não se conforma”, comentou.

 “Isso não é [medida] autoritária, é uma brincadeira. Dois mais dois, mais nove é igual a 13. Número do PT [...] E o 22? Não acha que ele pensou nisso? Julgou Bolsonaro dia 22 no TSE. Acha que foi ao acaso?”, indagou.

Apesar de suas críticas, o presidente do PL não assume uma posição de fazer campanha contra o ministro do STF, mas aponta para o fato de que certos apoiadores de Bolsonaro podem interpretar esses acontecimentos como um ataque à direita, o que acirra ainda mais o clima político do país.

 

Fonte: O Globo/Metrópoles/iG

 

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