sábado, 8 de julho de 2023

EUA e Europa continuam a evitar responsabilidade por suas ações na Ucrânia, diz mídia

No conflito ucraniano os EUA e os países europeus se distinguem pela hipocrisia, bem como pela capacidade de evitar a responsabilidade por suas ações, relatou a revista The American Conservative.

"No entanto, o Ocidente criou as condições para a guerra. Os EUA e a Europa primam pela hipocrisia, evitando a responsabilidade por suas ações. Infelizmente, isso não é novidade", observa-se no artigo.

Note-se que os países europeus já admitiram que estão cansados de apoiar Kiev no conflito na Ucrânia. Ao mesmo tempo, os americanos ainda "simpatizam" com o lado ucraniano, mas sua paciência será testada nos próximos meses.

Além disso, o observador aponta que os EUA e o Ocidente apoiam regularmente, mesmo entusiasticamente, ditaduras sangrentas quando lhes convém. Por exemplo, os aliados continuam a armar a monarquia saudita, um dos Estados mais tirânicos do mundo, e a manter a sua terrível guerra contra o Iêmen, que custou muito mais vidas civis do que o "imbróglio ucraniano".

Para as autoridades ocidentais, a venda de armas é mais importante do que a vida dos árabes, destaca o autor.

Enfatizando, no artigo observa-se que, quanto à Europa, os EUA não devem partilhar o fardo, mas transferi-lo para outros.

Segundo o autor, Washington não pode mais dar-se ao luxo de apoiar financeiramente dezenas de aliados ociosos que acreditam que sua segurança é responsabilidade dos Estados Unidos.

"Assim, Washington precisa começar a sair para forçar os governos aliados a assumir sua própria defesa. O Tio Sam já não pode se dar ao luxo de apoiar dezenas de aliados caloteiros que acreditam que a sua segurança é da responsabilidade da América", concluiu ele.

 

Ø  EUA anunciam envio de munições cluster à Ucrânia; Rússia rebate e diz que resposta será 'muito dura'

 

Governo Biden anunciou a entrega de munições cluster à Ucrânia indo contra aliados fortes da OTAN. Segundo subsecretário americano, o envio acontece pela "urgência do momento", uma vez que a contraofensiva ucraniana "está indo mais devagar do que o esperado". A Rússia classificou a decisão como "novo passo na escalada" do conflito.

Os Estados Unidos divulgaram nesta sexta-feira (7) um novo pacote de assistência militar para a Ucrânia, o qual inclui munições cluster, também conhecidas como bombas de fragmentação, anunciou o Departamento de Defesa.

"Hoje [7], o Departamento de Defesa anuncia assistência de segurança adicional para atender às necessidades críticas de segurança e defesa da Ucrânia. Este pacote fornecerá à Ucrânia sistemas de artilharia e munições adicionais, incluindo munições de fragmentação, sobre as quais o governo realizou extensas consultas com o Congresso e nossos aliados e parceiros", disse o comunicado do departamento.

O novo pacote de armas terá sistemas de defesa aérea Patriot, mísseis AIM-7 para defesa aérea e sistemas antiaéreos Stinger, 32 veículos de combate de infantaria Bradley e 32 veículos blindados de transporte de pessoal Stryker, informou o Pentágono.

A ajuda, no valor de US$ 800 milhões (R$ 3,8 bilhões) é o 42º aprovado pelos Estados Unidos para a Ucrânia desde o começo da operação russa, totalizando mais de US$ 40 bilhões (R$ 194 bilhões) em ajuda militar.

O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, disse que os EUA reconhecem "que as munições cluster criam um risco de dano civil devido a munições não detonada. É por isso que adiamos a decisão o máximo que pudemos".

"É uma decisão difícil [...] houve uma recomendação unânime da equipe de segurança nacional, e o presidente Biden finalmente decidiu, em consulta com aliados e parceiros e com membros do Congresso, avançar nesta etapa", afirmou.

Ainda segundo Sullivan "a Ucrânia forneceu garantias por escrito de que vai usá-las de maneira muito cuidadosa para minimizar os riscos aos civis, incluindo que não usarão em áreas urbanas com civis e que registrarão exatamente onde usarão essas munições".

Kiev pediu munições cluster para disparar contra posições russas com tropas entrincheiradas. No passado, a Ucrânia instou os membros do Congresso dos EUA a pressionarem o governo Biden para aprovar o envio deles.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, é contra o uso contínuo de munições cluster, disse um porta-voz da ONU hoje (7) quando questionado sobre o anúncio dos EUA. A Alemanha também se posicionou e disse ser contra o envio.

Já o conselheiro disse também no briefing de hoje que Washington consultou seus aliados sobre a decisão e eles a entenderam.

"Consultamos de perto aliados para decidir fazer isso [...] e até mesmo aliados que são signatários da Convenção de Oslo, embora não possam apoiar formalmente algo contra o qual assinaram […]."

Washington entregará as munições cluster à Ucrânia dentro do período de tempo relevante para a chamada contraofensiva de Kiev, disse o subsecretário de Defesa para Políticas, Colin Kahl, nesta tarde (7).

"A única coisa que direi é que eles entregarão [as munições cluster] em um prazo relevante para a contraofensiva", declarou.

Kahl também informou que os EUA enviarão suas "mais modernas" munições cluster, com taxas de "insucesso" abaixo de 2,35%. O subsecretário diz que há duas razões principais por trás da decisão de incluir munições cluster neste último pacote de ajuda armamentista à Ucrânia.

Uma delas é a "urgência do momento", uma vez que a contraofensiva ucraniana "está indo mais devagar do que o esperado"

"Queremos garantir que os ucranianos tenham artilharia suficiente para mantê-los na luta no contexto da atual contraofensiva e porque as coisas estão indo um pouco mais devagar do que alguns esperavam."

As munições cluster são proibidas em mais de 100 países. Eles normalmente liberam um grande número de pequenas bombas que podem matar indiscriminadamente em uma área ampla e aquelas que não explodem representam um perigo por décadas após o término do conflito.

·         Moscou comenta decisão

A Rússia responderá duramente ao fornecimento de munições de fragmentação dos Estados Unidos à Ucrânia, disse o presidente do comitê internacional do Conselho da Federação (o Senado russo), Grigory Karasin, à Sputnik.

"Um novo passo para a escalada da situação em torno da Ucrânia, à qual a resposta [da Rússia] será muito dura. Espero que a comunidade internacional tome conhecimento da situação, que está se tornando cada vez mais alarmante e causa sérias preocupações sobre como a situação está se degradando", disse Karasin.

Já o chefe da Comissão dos Assuntos Internacionais da Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo), Leonid Slutsky, disse que a resposta russa "virá inevitavelmente".

"Os EUA estão lutando não com suas próprias mãos e não em seu próprio território. A Rússia, tenho certeza, responderá inevitavelmente. Qualquer fornecimento de equipamento militar ocidental ainda é um alvo legítimo para as Forças Armadas russas", disse Slutsky a repórteres.

·         Adesão à OTAN

Sobre a próxima cúpula da OTAN, que acontece em Vilnius na semana que vem, Jake Sullivan sublinhou que a Ucrânia não se juntará à Aliança Atlântica.

"A Ucrânia não se juntará à OTAN após esta cúpula, vamos discutir quais medidas são necessárias", afirmou.

Kiev tem pressionado a OTAN para adesão e, nas últimas semanas, tanto Vladimir Zelensky quanto membros de seu governo tem dito que a Aliança Atlântica "não deve termer a Rússia".

·         Alemanha se opõe ao envio de munições cluster a Kiev pelos EUA e OTAN se exime: 'Não temos posição'

Diante de uma potencial crise entre dois dos membros mais poderosos da OTAN, visto que Washington quer enviar a munição e Berlim é contra, a Aliança Atlântica assume tom neutro e diz que "cabe aos governos decidirem".

Nesta sexta-feira (7), a Alemanha, através de seu Ministério das Relações Exteriores, se opôs ao envio de munições cluster para a Ucrânia pelos Estados Unidos.

A chanceler, Annalena Baerbock, afirmou que o país como um dos 111 Estados que fazem parte da Convenção sobre Munições Cluster (CCM, na sigla em inglês) é contra, segundo a Reuters.

Baerbock disse hoje (7) a repórteres em uma conferência sobre o clima em Viena: "Acompanho os relatos da mídia. Para nós, como Estado-parte, aplica-se o acordo de Oslo". A ministra se referia ao CCM, que foi aberto para assinatura na capital norueguesa em 2008. Ele proíbe o uso, armazenamento, produção e transferência de munições cluster.

A Casa Branca afirmou que o envio de munições cluster para a Ucrânia está "sob consideração ativa", mas não fez nenhum anúncio a fazer. Washington não faz parte da CCM.

Já a OTAN "lavou as mãos" diante de uma potencial crise entre seu principal membro, os Estados Unidos, e a mais rica nação europeia da aliança, a Alemanha. O líder da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, foi questionado nesta sexta-feira (7) sobre o envio da munição de fragmentação.

Em resposta, Stoltenberg afirmou que "a OTAN não tem uma posição sobre ela", pois alguns aliados se comprometeram a proibir seu uso e outros não. "Isso será para os governos decidirem, não para a OTAN decidir", complementou o secretário-geral citado pelo The Guardian.

Dos 31 países da OTAN, 25 são signatários do CCM, como Berlim. Mas EUA, Ucrânia e Rússia não fazem parte do tratado, o que os exime de qualquer punição internacional.

A organização internacional de direitos humanos, Human Rights Watch (HRW), também alertou os EUA contra o fornecimento de munições de fragmentação, que são proibidas em mais de 100 países devido ao grave risco que apresentam para as populações civis.

 

Ø  Human Rights Watch adverte EUA contra envio de munições de fragmentação para a Ucrânia

 

A organização internacional de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) alertou os EUA contra o fornecimento de munições de fragmentação, que são proibidas em mais de 100 países devido ao grave risco que apresentam para as populações civis.

Em comunicado divulgado na quinta-feira (6), a organização não governamental soou o alarme após relatos da mídia de que o governo dos EUA está considerando aprovar as entregas destas armas letais, que Kiev tem estado solicitando há meses.

O The New York Times informou na quinta-feira (6), citando uma fonte sênior da Casa Branca, que Washington deveria dar luz verde ao envio de tais munições. A CBS escreveu na quarta-feira (5) que os EUA poderiam tomar uma decisão já nesta semana.

"A transferência dessas armas inevitavelmente causaria sofrimento a longo prazo para os civis e afetaria a condenação internacional de seu uso", afirmou a HRW.

As munições de fragmentação são proibidas em mais de 100 países porque, quando explodem, lançam pequenas bombas sobre uma extensa área.

·         O que é uma bomba de fragmentação?

Uma munição ou bomba de fragmentação é uma arma extremamente letal que contém várias submunições explosivas ou minibombas. Estas bombas são normalmente lançadas de aviões ou disparadas de terra ou do mar. Elas se abrem no ar e liberam dezenas ou centenas de submunições, que podem cobrir uma área de mais de 300 metros quadrados.

Os críticos explicam que, quando as bombas de fragmentação se dispersam, podem mutilar e matar civis e têm alta porcentagem de falhas, por isso as munições não detonadas representam um perigo durante anos após o fim de um conflito.

 

Ø  União Europeia acorda destinar € 500 milhões à produção de munições para Kiev

 

A decisão, que deverá receber aprovação final e entrar em vigor nas próximas semanas, promoverá as "capacidades de produção" do bloco, segundo o Conselho Europeu.

Os países da União Europeia e o Parlamento Europeu chegaram na quinta-feira (6) a um acordo preliminar sobre uma alocação emergencial de € 500 milhões (R$ 2,66 bilhões) para aumentar a produção de munições do bloco, comunicou o Conselho Europeu.

Espera-se que o financiamento dos 27 Estados-membros, "em benefício da Ucrânia e dos Estados-membros", apoie o aumento da capacidade de fabricação de munição terra-terra e de artilharia, bem como de mísseis.

"As regras acordadas introduzem um 'instrumento' por meio do qual a UE apoiará financeiramente o reforço das capacidades de produção industrial da UE para munições e mísseis ao longo das cadeias de suprimento e de valor. Esse apoio financeiro será concedido sob a forma de subvenções a vários tipos de ações que contribuam para os esforços da indústria de defesa europeia no sentido de aumentar suas capacidades de produção e resolver os entraves identificados", detalhou.

"Essa é mais uma prova do compromisso inabalável da UE em apoiar a Ucrânia, fortalecer a base industrial e tecnológica de defesa da UE e, em última instância, garantir a segurança e a defesa de longo prazo dos cidadãos da UE", disse Margarita Robles, ministra da Defesa de Espanha.

O acordo provisório deve agora ser aprovado pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu. Espera-se que a assinatura e a entrada em vigor ocorram antes do final de julho.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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