sábado, 1 de julho de 2023

Estados Unidos e Venezuela realizam reunião secreta no Catar

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela – e braço direito de Nicolás Maduro –, Jorge Rodríguez, reuniu-se há três semanas em Doha no Catar com o assessor de Joe Biden, Juan González, em uma reunião sem mediadores ou terceiros.

De acordo com o El País, Rodríguez e González, assessor para o Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, se reuniram para estabelecer um canal direto de comunicação. Na reunião, falaram sobre a libertação de presos e a necessidade de normalizar a vida política na Venezuela, de acordo com a mídia.

O jornal ressalta que esses tipos de reuniões no mais alto nível são comuns em processos tão arraigados e complexos como o de Caracas e Washington, mas são mantidos em sigilo para que ninguém interfira no diálogo.

O Catar ganhou um papel inesperado na mediação entre a Casa Branca e o governo venezuelano. Além de sediar esta reunião, ele tomou medidas para interceder entre os dois países, que quase não chegaram perto nos últimos meses, afirma a mídia.

O governo norte-americano começou a se aproximar da Venezuela após o começo da operação russa na Ucrânia, uma vez que os EUA sancionaram e fizeram larga campanha para enfraquecer a exportação de petróleo russo.

O país latino-americano, com sua grande produção do combustível, fez Washington voltar seus olhos para ele naturalmente, mas ainda assim a relação entre os dois países ainda continua bastante distante.

Até o momento, Maduro não marcou data para a realização das eleições gerais nas quais deve haver um candidato da oposição que pudesse desafiá-lo à presidência, o que desagrada os EUA.

Do outro lado, o argumento do presidente venezuelano para manter uma posição de ferro é que os EUA não suspenderam as sanções internacionais que pesam sobre seu governo, as quais colocaram o país em profunda crise econômica há sete anos.

"Se eles querem eleições livres, queremos eleições livres de sanções", disse o presidente em novembro segundo a mídia.

O chavismo também culpou Biden por não liberar os fundos venezuelanos congelados no exterior — entre US$ 3 e 5 milhões (R$ 14 e 24 milhões) –, conforme havia sido acertado em uma mesa de diálogo no México no final do ano passado.

 

Ø  Lula diz que Venezuela e Cuba são 'bons pagadores' e defende estratégia econômica de China e Turquia

 

Nesta quinta-feira (29), em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu declarações sobre a economia brasileira em relação a países vizinhos e práticas adotadas por outras nações de forma global.

Sobre Venezuela e Cuba, Lula disse que ambos são bons pagadores, mas que o distanciamento do governo anterior interrompeu as tratativas para quitação das dívidas, as quais o valor já ultrapassou US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,29 bilhões), segundo o UOL.

"É verdade que a Venezuela não pagou. O governo brasileiro fechou as portas, [mas] foram praticamente quatro anos sem relação […] conversei com Maduro, falei que é preciso começar a acertar o pagamento da dívida e ele vai acertar, Cuba vai acertar porque todos são bons pagadores", afirmou.

Em particular sobre Caracas, Lula foi indagado do porquê ele "e parte da esquerda" tem "tanta dificuldade de considerar a Venezuela uma ditadura". Sua resposta foi: "O conceito de democracia é relativo para você e para mim".

Ao mesmo tempo, o mandatário também defendeu o investimento brasileiro em países estrangeiros citando China, Índia e Turquia.

"Precisamos pensar grande. Veja o que a China, Índia e Turquia estão fazendo no mundo, colocando dinheiro em outros continentes […] o Brasil não pode permitir que a China coloque swap de US$ 30 bilhões [R$ 145 bilhões] para que a Argentina compre produtos chineses e o Brasil, que tinha balança comercial de US$ 40 bilhões [R$ 193 bilhões] com a Argentina, não coloque nada e deixe os produtos brasileiros aqui na prateleira", declarou.

Lua acrescentou que o pensamento além fronteiras de investimento "é competitividade. O Brasil precisa sim financiar empresários brasileiros, exportações brasileiras", complementou.

 

Ø  Rússia defende América Latina no Conselho de Segurança: 'Tempo do domínio ocidental está acabando'

 

Na visão da diplomacia russa, a atual configuração do Conselho de Segurança das Nações Unidas é "injusta" e não está em concordância com o "tempo do mundo moderno".

Nesta sexta-feira (30) durante um briefing on-line, o chanceler russo, Sergei Lavrov, defendeu mais uma vez a ampliação de cadeiras no Conselho de Segurança da ONU afirmando que a expansão deve ser ocupada por países da América Latina, Ásia e África.

"Uma tarefa igualmente importante é alinhar o estado dos principais órgãos da ONU com as realidades modernas, quero dizer, antes de tudo, a reforma do Conselho de Segurança, onde o Ocidente está representado de forma absolutamente desproporcional, de 15 membros, o chamado bilhão de ouro ocupa seis assentos, isso é desonesto, injusto. Por isso, vamos nos esforçar para ampliar a composição do Conselho de Segurança o mais rápido possível, incluindo nesta composição os países da Ásia, África e América Latina", disse o ministro.

O chanceler complementou sua declaração dizendo que "o tempo do domínio ocidental está acabando".

O discurso de Lavrov vai ao encontro das metas da chancelaria e presidência do Brasil, visto que tanto o Itamaraty quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendem publicamente a expansão do organismo, e claro, uma cadeira para o país no órgão.

Durante o G7 em maio deste ano no Japão, o presidente afirmou que "sem reforma de seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes, a ONU não vai recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI", conforme noticiado.

A coluna de Jamil Chade no UOL relembra que na operação de lobby feito pelo Brasil desde a década de 1990, o país tradicionalmente se aliou a um grupo formado por indianos, japoneses e alemães, para que também ganhem vagas permanentes no Conselho de Segurança.

Ainda que Lavrov não cite a candidatura brasileira, a esperança nos bastidores do Itamaraty é de que o país esteja em uma posição de "natural liderança" para ser o nome defendido pelos russos, afirma o jornalista.

Para o Kremlin, qualquer iniciativa de americanos e europeus de incluir mais um membro ocidental não seria aceito. "Isso não terá sucesso", afirmou Lavrov no briefing de hoje (30).

 

Ø  'Não precisamos mais do unilateralismo', diz Etiópia e faz pedido de adesão ao BRICS

 

O Ministério das Relações Exteriores informou sobre a vontade do país africano de aderir ao bloco, com o embaixador da Etiópia a enumerar as vantagens desse passo.

A Etiópia solicitou sua adesão ao BRICS, informou na quinta-feira (29) o jornal etiopiano The Reporter, citando Meles Alem, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país.

"Nós nos candidatamos a membro do BRICS e esperamos um bom resultado. Como buscamos garantir nossos interesses nacionais, é importante participar de blocos como o BRICS", disse o diplomata.

O BRICS, formado em 2006, é composto pela África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia. A Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Bangladesh, Egito, Irã, Indonésia e Turquia também já expressaram seu desejo de participar do bloco econômico.

Cham Uriat, embaixador da Etiópia na Rússia, disse que a adesão não implica oportunidades somente "em uma perspectiva econômica".

"Acho que há um aspecto político nisso porque, se observarmos o mundo atual, veremos que o multilateralismo está sendo ignorado, e que há algumas poucas nações poderosas, militar ou economicamente, que dominaram o mundo e impuseram seus interesses a outras chamadas nações grandes", opinou Uriat.

"Acho que muitos países agora querem recorrer ao multilateralismo, para garantir que esse multilateralismo esteja funcionando bem, porque se resolvermos as questões do mundo juntos, sem interferência nos aspectos internos de outros países, acho que essa será a saída no futuro", comentou.

O representante do país africano afirmou ver vantagens de sua participação na organização.

"Portanto, o BRICS, penso, é um bloco, quando você vê a população em si, a população mundial e as economias mais rápidas do mundo hoje se encontram nos países desse bloco. Portanto, acho que é natural que outras nações trabalhem com um certo tipo de dinâmica da organização, porque ela não está se beneficiando apenas economicamente, os valores e o princípio do multilateralismo estão dentro dela, e eles a apoiam. Eles têm a salvaguarda disso."

"Não precisamos mais do unilateralismo. Acho que muitas nações não querem isso, então as nações do BRICS estão promovendo isso para voltar aos valores e princípios do multilateralismo e promover o crescimento econômico para os países menos desenvolvidos, e para tornar o desenvolvimento do mundo mais equilibrado. Assim, a intenção da Etiópia também é trabalhar em conjunto com as nações do BRICS, e espero que no futuro também nos juntemos a eles. Por que não?", concluiu.

 

Ø  Analista: Lula pode ser a chave para libertação de Assange porque ele 'sabe como construir consenso'

 

Cerca de 3.000 acadêmicos e líderes políticos estão pedindo ao presidente brasileiro Lula da Silva que conceda asilo político ao ciberativista australiano Julian Assange. Em um diálogo com a Sputnik, o cientista político Andrés del Río considerou que Lula é uma figura ouvida e consensual que pode trazer "novas oportunidades" para Assange.

Um grupo de professores, ex-ministros e sindicalistas assinou uma carta pedindo ao líder latino-americano que conceda asilo ao jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que está detido no Reino Unido desde 2019 e pode ser extraditado para os Estados Unidos.

O jornalista pode pegar até 175 anos de prisão depois de ser alvo de várias acusações de espionagem pelo governo dos EUA por ter revelado informações confidenciais do governo que expunham as ações de Washington no Iraque e no Afeganistão.

O texto, assinado pelo ex-ministro da Saúde brasileiro José Gomes Temporão e pela ministra da cultura de Dilma Rousseff, Ana de Hollanda, pede ao presidente que adote "providências legais e diplomáticas no sentido do Brasil conceder, da forma mais ágil possível, asilo político" ao australiano o mais rápido possível.

Também assinada pelo músico Jaques Morelenbaum e pelo neurocientista Sidarta Ribeiro, a campanha pede que Lula "promova um esforço internacional junto a outros países – a começar pelos do BRICS e do G20 – com vista a obter a aceitação deste asilo político por parte do governo inglês", segundo o Globo.

Em um diálogo com a Sputnik, Andrés del Río, doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal Fluminense, lembrou que o presidente do Brasil "sempre se expressou e se posicionou" sobre o caso Assange e reiterou "a necessidade de construir um apoio internacional e multissetorial em defesa do jornalista".

De fato, recentemente o presidente expressou sua preocupação com "a possibilidade iminente de extradição do jornalista", que ele reconheceu ter feito "um importante trabalho de denúncia de ações ilegítimas de um Estado contra outro".

No Twitter, o presidente brasileiro comentou que "sua prisão vai contra a defesa da democracia e da liberdade de imprensa", razão pela qual é importante mobilizar a comunidade internacional.

Anteriormente, em maio, o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) descreveu como "vergonhoso" que o jornalista "esteja condenado a morrer na cadeia" e questionou as poucas ações promovidas pelo setor jornalístico para libertá-lo.

Mesmo antes de iniciar seu mandato em novembro de 2022, o líder se reuniu com representantes do WikiLeaks e pediu que Assange "seja solto de sua injusta prisão".

Nesse contexto, del Río considerou que, embora "as possibilidades reais de asilo político para o jornalista e fundador do WikiLeaks ainda sejam desconhecidas", novas oportunidades estão se abrindo com um possível impulso de Lula da Silva.

"O presidente Lula sabe como construir apoio, construir consenso e também dar voz a setores que estavam calados, nas sombras. A liderança do presidente brasileiro pode trazer novas oportunidades em relação a este caso", expressou o analista.

O especialista também ressaltou que Lula "rompe com a monotonia" do caso Assange e "traz de volta ao jogo, na nova ordem internacional, a situação de injustiça de um jornalista e a liberdade de imprensa".

Nessa tarefa, Lula pode afirmar que é, neste momento, "uma das personalidades internacionais mais importantes do mundo" e "suas declarações são ouvidas pelas mais diversas personalidades e representantes de Estado".

Embora tenha enfatizado que sua posição pode lhe permitir "gerar transformações", ele garantiu que interceder no caso Assange "não é um processo simples", já que "diferentes ordens mundiais estão em jogo nesse caso".

 

Ø  Trump não descarta necessidade de Ucrânia fazer concessões territoriais à Rússia para alcançar a paz

 

O ex-presidente dos EUA Donald Trump disse, em uma entrevista à Reuters, que é hora de os Estados Unidos tentarem levar a Rússia e a Ucrânia à paz, não descartando concessões territoriais em favor de Moscou.

Trump, que promete acabar com o conflito em 24 horas se vencer a eleição presidencial de 2024, sugeriu que quaisquer questões contenciosas devem ser incluídas na agenda de possíveis negociações de paz.

"Acho que a melhor coisa que os EUA deveriam estar fazendo neste momento é estabelecer a paz – reunir a Rússia e a Ucrânia e estabelecer a paz. Vocês podem fazer isso", disse Trump. "Este é o momento de fazer isso, de reunir as duas partes para forçar a paz."

A Reuters escreve que Trump não descartou, durante uma entrevista por telefone, que o governo de Kiev tenha que ceder algum território à Rússia para encerrar as hostilidades.

O ex-presidente descreveu seu objetivo como parar a perda de vidas na Ucrânia.

"Quero que as pessoas parem de morrer por causa dessa guerra ridícula."

Trump considera que o principal obstáculo é a falta de um mediador e negociador competente para ajudar a promover a paz.

O político observou que, se ele fosse presidente dos Estados Unidos, "tudo seria sujeito a negociação".

As autoridades atuais dos EUA defendem a retirada das tropas russas de todos os territórios tomados e se opõem às iniciativas de cessar-fogo.

Por sua vez, o presidente russo Vladimir Putin tem enfatizado regularmente que a Rússia não tem interesse em continuar o conflito na Ucrânia, mas sim em pará-lo.

 

Ø  Japão isenta de sanções projetos conjuntos de energia com a Rússia

 

As autoridades japonesas liberaram de sançõesplanos para a construção e exportação de projetos de energia conjuntos com Rússia, informou o Ministério da Economia do Japão.

O governo do país asiático defende a medida diante das expectativas de aumento da demanda por gás natural liquefeito.

"Tendo em conta o impacto nas empresas sediadas na Rússia, foram tomadas as medidas necessárias para garantir a estabilidade de projetos importantes para a segurança energética do Japão", declarou o Ministério da Economia japonês.

Especifica-se que Tóquio permitirá serviços de engenharia relacionados ao armazenamento, exploração, produção, transporte e liquefação de petróleo e gás para o projeto Sakhalin-1, controlado pela empresa russa de energia Rosneft, e as plantas de gás natural liquefeito Sakhalin-2, sob controle da Gazprom, e Arctic LNG 2, controlado pela Novatek.

O consórcio japonês Sodeco, que inclui Japex, Itochu, Marubeni e Inpex, possui 30% do Sakhalin- 1. A Mitsui possui 12,5% do Sakhalin-2 e a Mitsubishi 10% do mesmo projeto. As empresas japonesas também possuem 10% do Arctic LNG 2 em Yamal.

O Japão é o maior importador mundial de gás natural liquefeito, com 9% de seu fornecimento total vindo da Rússia no final de 2022. Além disso, em maio de 2023, o fornecimento de GNL russo a este país aumentou 9,1%.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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