domingo, 30 de julho de 2023

Doações via Pix para Bolsonaro incluem bilionário, ex-ministro do TSE e locutor de rodeio

O relatório do Coaf aponta que Jair Bolsonaro (PL) recebeu pagamentos variando de R$ 5 mil a R$ 20 mil de 19 pessoas e empresas. Entre os doadores, estão o locutor de rodeios Cuiabano Lima, o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Admar Gonzaga Neto e o empresário Marcos Ermírio de Moraes, herdeiro do Grupo Votorantim. As informações são da Folha de S.Paulo.

De acordo com o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões em transferências via Pix no período de 1º de janeiro a 4 de julho. O órgão também indicou uma possível relação com a vaquinha aberta no mês passado para o pagamento de multas judiciais.

Conforme relatório do conselho, a conta bancária de Bolsonaro registrou 769 mil transações via Pix durante o período mencionado. O documento enumera somente os nomes dos 20 principais doadores, sem especificar se todas as contribuições foram realizadas por meio de Pix ou transferência bancária.

•        O que disse alguns dos doadores

Admar Gonzaga Neto, que anteriormente atuou como advogado de Bolsonaro, realizou uma transferência de R$ 5 mil para a conta do ex-chefe do Executivo.

Gonzaga afirmou à Folha de S.Paulo que realizou a transferência do dinheiro via Pix para "auxiliá-lo a pagar a multa relacionada ao uso da máscara". Ele ocupou o cargo de ministro do TSE de 2013 a 2019, sendo titular da corte durante os últimos dois anos de seu mandato.

"Lamentável é o vazamento de dados financeiros para a imprensa. Vocês obtiveram autorização judicial? Estamos vivenciando uma inquisição moderna", disse Gonzaga.

O empresário Marcos Ermírio de Moraes realizou uma transferência de R$ 10 mil. Quando questionado pela Folha de S.Paulo, ele afirmou que essa informação não traz nenhum benefício à vida dos brasileiros.

"O que essa informação acrescenta na vida dos brasileiros? Nada, né? Então, bom final de semana", respondeu.

Em 2022, Marcos Ermírio de Moraes foi candidato a segundo suplente de senador em Goiás pelo PSDB, na chapa liderada pelo ex-governador Marconi Perillo. O herdeiro do Grupo Votorantim declarou ao Tribunal Superior Eleitoral um patrimônio de R$ 1,2 bilhão em bens.

Em nota, o Grupo Votorantim esclareceu que, apesar de fazer parte da família controladora, Marcos Ermírio de Moraes não ocupa nenhum cargo e não tem participação direta ou indireta nas atividades das empresas controladas pela Votorantim S.A.

Bolsonaro recebeu uma quantia de R$ 10 mil do locutor de rodeios Cuiabano Lima, conhecido por ser amigo do ex-presidente.

O locutor desempenhou um papel importante na articulação de Bolsonaro com cantores sertanejos. Durante a pandemia, ele participou de campanhas publicitárias para a Caixa Econômica Federal, e o valor de seu cachê foi mantido em sigilo pelo banco.

•        Entenda doações ao ex-presidente

Apoiadores iniciaram uma campanha para efetuar pagamentos a Bolsonaro, depois que o ex-presidente recebeu multas e teve valores em contas bloqueados.

"No período chamou a atenção o montante de Pixs recebidos em situação atípica e incompatível. Esses lançamentos provavelmente possuem relação com a notícia divulgada na mídia", diz trecho do relatório fiscal.

Segundo o documento do Coaf, foram registradas as cifras de R$ 195.559 e R$ 30.698 como "bloqueio judicial". Além disso, o órgão aponta que Bolsonaro recebeu R$ 230.366 em proventos durante os seis primeiros meses deste ano.

As informações foram enviadas à CPI do 8 de janeiro, contendo dados de outras pessoas associadas a Bolsonaro, que atualmente estão sendo investigadas em várias questões criminais, a maioria delas relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

A chave Pix do ex-presidente foi divulgada por parlamentares e ex-integrantes do governo, incluindo os ex-ministros Gilson Machado e Fabio Wajngarten, além dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bruno Engler (PL-MG), tanto a nível federal quanto estadual, respectivamente.

•        'Algo espontâneo'

No início de julho, Bolsonaro declarou que já havia recebido o montante necessário para quitar todas as multas, porém, não divulgou os valores. Ele mencionou que "a massa" fez doações variando de R$ 2 a R$ 22, em referência ao número do seu partido, o PL.

"Foi algo espontâneo por parte da população. O Pix nasceu no nosso governo. Já foi arrecadado o suficiente para pagar as atuais multas e a expectativa de outras multas. O valor a gente vai mostrar brevemente. Agradeço a contribuição, mesmo sem ser a pedido. A massa contribuiu entre R$ 2 e R$ 22."

 

       Bolsonaro arrecadou com doações por Pix oito vezes o que declarou de bens ao TSE

 

Os R$ 17,1 milhões arrecadados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por meio de transferências Pix equivalem a oito vezes o que ele informou ter acumulado em patrimônio, ao declarar os R$ 2,3 milhões em bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na eleição passada.

A cifra seria ainda suficiente para pagar cerca de 17 vezes as multas que levaram os apoiadores do ex-chefe do Executivo a fazer uma vaquinha para ele, no mês passado.

A informação sobre a arrecadação milionária de Bolsonaro via Pix foi registrada em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que também apontou que esse valor foi movimentado em 769 mil transações feitas para a conta do ex-presidente em seis meses, de janeiro a julho deste ano. Para o Coaf, as movimentações atípicas podem ter relação com a vaquinha feita por apoiadores para ajudar Bolsonaro a pagar multas impostas pela Justiça.

À imprensa, o ex-presidente se limitou a dizer que já arrecadou dinheiro o bastante para pagar todas as multas que sofreu em processos judiciais e eventuais novas punições. À época, dados da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo indicavam que ele teria de desembolsar R$ 1.062.416,65 em sete multas acumuladas em 2021 e o ano passado.

O valor também daria para financiar 142 vezes a campanha que elegeu Carlos Bolsonaro (Republicanos) vereador do Rio, em 2020; 24 vezes o pleito de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao Senado em 2018; e 21 vezes a candidatura de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à Câmara, ano passado.

•        Vaquinha

A campanha de doação para o ex-presidente começou depois do julgamento do TSE que o deixou inelegível. Parlamentares do PL foram os que mais movimentaram a campanha. Em 24 de junho, os deputados federais Nikolas Ferreira (MG), Mário Frias (SP), Gustavo Gayer (GO) e André Fernandes (CE) e o deputado estadual Bruno Engler (MG) publicaram nas redes sociais apelos pedindo contribuições financeiras.

O valor arrecadado pelo ex-presidente no Pix, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, pagaria ainda três vezes as joias doadas pela Arábia Saudita. A Polícia Federal avaliou os diamantes apreendidos pela Receita Federal com uma comitiva do governo Bolsonaro no Aeroporto de Guarulhos (SP), em 2021, em R$ 5,1 milhões. Os R$ 17,1 milhões em Pix correspondem quase à totalidade do valor que circulou nas contas bancárias de Bolsonaro em 2023: R$ 18.498.532.

•        Empresa

O relatório do Coaf também apontou movimentação "incompatível" de recursos nas contas de uma empresa investigada por supostamente financiar despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A suspeita envolve a Cedro do Líbano Comércio de Madeira e Materiais para Construção.

A empresa recebeu R$ 16,6 milhões e desembolsou o mesmo valor entre o começo de janeiro de 2020 e o fim de abril deste ano. Para o Coaf, a movimentação de R$ 32,2 milhões não condiz com o porte, o patrimônio, a atividade e a capacidade financeira da firma.

"Chama atenção a aparente incompatibilidade entre o porte/estrutura vis à vis o volume transacionado a crédito no período analisado, o que supostamente pode demonstrar que cliente esteja utilizando a conta para transacionar recursos provenientes de atividades não declaradas", afirma trecho do relatório do Coaf sobre a Cedro de Líbano.

•        Militares

No relatório do Coaf, é destacado ainda que a empresa fez duas transferências bancárias, de R$ 8.330 cada, para o sargento Luís Marcos dos Reis, um dos militares da equipe de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Tanto Cid quanto Reis estão presos desde maio por suspeita de envolvimento em esquema de fraude em cartões de vacinação contra a covid.

•        Defesa de Bolsonaro diz que origem de R$ 17 milhões recebidos via Pix é 'absolutamente lícita'

Após a publicação de informações bancárias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que revelaram o recebimento de R$ 17,1 milhões por meio de transferências realizadas por Pix, a defesa de Bolsonaro informou que a origem do dinheiro é "absolutamente lícita".

Além disso, os advogados do ex-mandatário condenaram a divulgação das informações, que chamaram de "vazamento" e alegaram que configura uma "criminosa violação de sigilo bancário".

"Para que não se levantem suspeitas levianas e infundadas sobre a origem dos valores divulgados, a defesa informa que estes são provenientes de milhares de doações efetuadas via Pix por seus apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita", diz a defesa em comunicado para a imprensa. A nota ainda informou que, nos próximos dias, adotará medidas legais cabíveis para investigar a autoria da divulgação dessas informações.

De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o ex-presidente recebeu a quantia milionária em suas contas por meio de transferências realizadas por Pix entre os dias entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho deste ano. O documento aponta também que esse valor foi movimentado através de 769 mil transações feitas para a conta de Bolsonaro.

 

       Coaf aponta movimentação de caixeiro viajante, ourives e tio da mulher de Mauro Cid

 

Preso e investigado por suposto envolvimento na falsificação de cartões de vacina de Covid-19, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel do Exército Mauro Cid, fez uma série de movimentações bancárias, entre depósitos e recebimento de valores, considerados atípicos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O órgão administrativo destrinchou a vida financeira de Cid nos últimos dez meses e apontou quatro nomes que chamaram a atenção dos servidores - um militar preso pela Polícia Federal; um "caixeiro viajante", comerciante que faz negócios fora da cidade ou região em que mora; um ourives, que produz ou vende metais preciosos; e um empresário, tio da esposa de Cid.

As informações sobre as "movimentações atípicas" de Mauro Cid foram enviadas pelo Coaf para a CPMI do 8 de Janeiro, que apura os atos antidemocráticos na capital federal. De acordo com o documento, Cid recebeu, entre julho de 2022 e maio deste ano, três lançamentos financeiros no valor de R$ 82.150,00, do sargento Luis Marcos dos Reis. O militar também integrava a equipe de ajudantes de Bolsonaro e foi preso, em maio, acusado de atuar junto à Cid na falsificação dos cartões de vacina.

Segundo o Coaf, as transações entre Mauro Cid e Luis Marcos podem ser "indícios do crime de lavagem de dinheiro". O salário mensal de Reis, segundo o órgão, é de R$ 13.346,79, o que indicaria uma inconsistência entre a renda e os depósitos realizados.

"Considerando a movimentação atípica, sem clara justificativa e as citações desabonadoras em mídia, tanto do analisado quanto do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro", diz o relatório do Coaf.

Reis é um dos investigados pela PF no âmbito da Operação Venire, da Polícia Federal, que investiga as supostas fraudes em carteiras de vacina. O sargento teria mobilizado o próprio sobrinho, o médico Farley Vinicius Alcântara, para preencher e carimbar um dos cartões falsos emitidos em nome da mulher de Cid.

•        'Caixeiro viajante' e ourives

O levantamento produzido pelo Coaf a partir da análise da movimentação bancária de Mauro Cid aponta que o militar recebeu R$ 1,6 milhão no período e teria movimentado R$ 2 milhões em débitos. Militar da ativa, o tenente-coronel recebe mensalmente uma remuneração de R$ 26.239.

Além do colega de farda de Cid, o Coaf cita outros três nomes que fizeram movimentações financeiras consideradas suspeitas pela órgão: o empresário João Norberto Ribeiro, tio da mulher dele, Gabriela Cid; um caixeiro viajante e um ourives. Eles não são apontados como investigados pela Polícia Federal.

No período de 27 de julho de 2022 e 25 de janeiro de 2023, o tenente-coronel recebeu R$ 1,4 milhão nas contas analisadas. O oficial do Exército recebe R$ 26.239,50 brutos. Nesse período, Mauro Cid teria feito um resgate de aplicação no valor de R$ 946 mil, recebido R$ 99 mil por meio de Pix e outros R$ 45 mil por outras modalidades de transferência bancária.

Já nos primeiros cinco meses deste ano, comunicado do Coaf registra que as contas de Mauro Cid receberam R$ 225,8 mil, sendo que R$ 38,4 mil foram recebidos pelo militar por meio de Pix e outros R$ 32,4 mil por transferência bancária via TED/DOC.

<><><>Mauro Cid enviou R$ 368 mil para os EUA em remessa 'atípica', mostra relatório do Coaf

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel da ativa Mauro Cesar Barbosa Cid, realizou uma transação bancária "atípica" de quase R$ 368 mil em janeiro de 2023 para os Estados Unidos, época que o ex-chefe do Executivo já estava no país. O órgão afirma que a "movimentação elevada" pode indicar "tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio".

"Destacamos o envio de ORPAG para o exterior, valor de R$ 367.374,56, em 12/01/2023, País: ESTADOS UNIDOS e beneficiário o analisado. Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio, e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro, ou com ele relacionar-se", diz o texto do documento.

O levantamento produzido pelo Coaf abrange as movimentações bancárias de Mauro Cid realizadas entre o período de julho de 2022 e maio deste ano. O documento ainda afirma que o militar recebeu R$ 1,6 milhão em créditos e R$ 2 milhões em débitos.

Reportagem do jornal O Globo mostrou que Bolsonaro também realizou uma transferência para os Estados Unidos, no valor de R$ 800 mil no fim de 2022, antes de embarcar para o país após perder as eleições. De acordo com o documento, o repasse é o principal débito do ex-presidente em uma conta que ele mantinha em um banco público. A data da transação é de 27 de dezembro de 2022. Três dias depois, o então presidente embarcou para os EUA.

•        Ex-ajudante de ordens recebeu R$ 1,4 milhão em seis meses

O documento do Coaf afirma que, no período de 27 de julho de 2022 a 25 de janeiro de 2023, o tenente-coronel da ativa recebeu créditos no valor de R$ 1,4 milhão, sendo que o salário bruto oficial de Cid é no valor de R$ 26 mil. Nesse mesmo período, o oficial do Exército teria feito um resgate de aplicação no valor de R$ 946 mil, recebido R$ 99 mil por meio de Pix e outros R$ 45 mil por outras modalidades de transferência bancária.

Nos primeiros cinco meses deste ano, as contas de Mauro Cid receberam R$ 225,8 mil, segundo o relatório do Coaf. Desse total, R$ 38,4 mil foram recebidos pelo militar por meio de Pix e outros R$ 32,4 mil por transferência bancária via TED/DOC.

Cid está preso desde 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército, suspeito por falsificar cartões de vacina de covid-19, além de documentos da própria família de Bolsonaro. O tenente-coronel também esteve envolvido no caso das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões que o ex-presidente tentou trazer ilegalmente para o Brasil. Como mostrou o Estadão, o ajudante de ordens e "faz-tudo" do ex-chefe do Executivo foi o primeiro a ser escalado para resgatar pessoalmente as pedras preciosas.

 

Fonte: Terra/Agencia Estado

 

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