domingo, 30 de julho de 2023

CPMI recomeça com foco em Cid e Michelle

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, entrou de vez na mira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques de 8 de janeiro. O colegiado deve analisar, na semana que vem, o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que mostra movimentações suspeitas de R$ 3,2 milhões nas contas do militar. As transações foram feitas em um período de sete meses, de julho de 2022 a janeiro de 2023.

As informações já foram enviadas para a CPMI, que retomará as atividades na próxima terça-feira, com a oitiva do ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha. No recesso parlamentar, a comissão recebeu cerca de 3.500 páginas de informações sigilosas, incluindo os relatórios do Coaf e documentos da Abin. A expectativa é de que, com os novos dados, a investigação comece a obter conclusões concretas, o que ainda não ocorreu no primeiro semestre, segundo parlamentares.

Os relatórios do Coaf foram enviados à CPMI após requerimento do senador Jorge Kajuru (PSB-GO). Ao Correio, o parlamentar explicou que o objetivo é verificar eventual participação financeira de Cid nos atos golpistas e se recursos internacionais também foram mobilizados. Aguarda votação, ainda, outro requerimento do senador para convocar o irmão do militar, Daniel Barbosa Cid, que mora na Califórnia, Estados Unidos.

Consta do relatório do Coaf que Cid movimentou R$ 1,4 milhão em débitos e R$ 1,8 milhão em créditos entre 26 de julho de 2022 e 25 de janeiro de 2023. O valor seria incompatível com o salário bruto do militar, de R$ 26.239. Cid também fez uma remessa “atípica” aos Estados Unidos, de R$ 367.374, em 12 de janeiro deste ano, quando tanto ele quanto Bolsonaro estavam em solo americano. Para o Coaf, as movimentações trazem indícios de lavagem de dinheiro e tentativa de ocultação de patrimônio.

“A CPMI vai ter de analisar toda a documentação oriunda do Coaf para ver até que ponto as movimentações atípicas, de uma maneira ou de outra, mostram vínculos com os atos golpistas”, afirmou Kajuru. “Será necessário levantar quem depositou na conta dele e para onde ele encaminhou o dinheiro. Puxar o fio do novelo, levantar informações, cruzar dados. Acredito que a comissão agora ingressa em outro patamar”, completou.

O relatório deu destaque a transferências feitas pelo sargento Luiz Marcos dos Reis, no valor de R$ 70 mil, no segundo semestre de 2022. O militar também é da confiança de Bolsonaro e atuou no gabinete do ex-presidente. Ele é investigado pela Polícia Federal por serviços prestados à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ainda há transações com um “ourives”, um “caixeiro-viajante” e um tio da esposa de Cid, mas não existem investigações mirando essas pessoas.

Com a retomada da CPMI, Michelle Bolsonaro também pode ser convocada. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) protocolou um requerimento para que a ex-primeira-dama deponha ao colegiado. A justificativa é de que a quebra do sigilo telemático de Cid revelou comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feitos pelo militar na conta de Michelle, entre março e agosto de 2021, além de solicitações de saques em dinheiro vivo entre março e outubro do mesmo ano.

Jandira Feghali pediu, ainda, a convocação do ex-coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência Osmar Crivelatti, que integrava a equipe do tenente-coronel e, após o fim do mandato, foi nomeado assessor pessoal de Bolsonaro.

Além das 3.500 páginas de documentos sigilosos solicitados pelos parlamentares aos órgãos competentes, a CPMI recebeu, no recesso, 39 vídeos do Ministério Público Militar (MPM) e 35 horas de gravação das câmeras do Supremo Tribunal Federal (STF), um dos principais alvos dos bolsonaristas no 8 de janeiro. Para dar conta do material, o colegiado fará uma força-tarefa com servidores cedidos por Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU), Banco Central e Receita Federal.

Na avaliação da relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), os documentos apontam para “dias intensos” na retomada dos trabalhos e devem respaldar tanto novas convocações quanto novos depoimentos de quem já foi convocado. “Nas próximas semanas, teremos reconvocações e acareações, de forma que possamos chegar aos autores intelectuais e aos financiadores do 8 de janeiro, um ato terrível contra a democracia”, pontuou.

•        Michelle pode ter que explicar depósitos na CPMI

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) protocolou um requerimento para convocar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques terroristas do 8 de janeiro.

A parlamentar justifica a convocação dizendo que, após a quebra de sigilo telemático do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tente-coronel Mauro Cid, foram encontrados comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feitos por Cid na conta de Michelle Bolsonaro, entre março e agosto de 2021, e solicitações de saques em dinheiro vivo entre março e outubro do mesmo ano.

O requerimento foi protocolado durante o recesso parlamentar, que termina na próxima terça-feira (1º/8). No mesmo dia, a CPMI retomará suas atividades, com a oitiva do ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, que ocupava o cargo durante o 8 de janeiro.

>> Convocação de ex-coordenador de Cid

“A convocação da Sra. Michelle Bolsonaro se justifica, pois, diante das evidências de sua ligação com um dos possíveis mentores dos atos golpistas, cujo desfecho resultou na criminosa ação de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes em Brasília, sendo necessários os esclarecimentos desta sobre possíveis interesses e/ou envolvimento nos citados atos”, escreve ainda Jandira Feghali.

A deputada protocolou ainda outro requerimento, para convocação do ex-coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República, Osmar Crivelatti, que integrava a equipe de Mauro Cid. Após Bolsonaro deixar o cargo, ele nomeou Crivelatti como um de seus assessores.

 

       Planalto ainda tem vestígios do 8 de janeiro

 

Destruídas na invasão de vândalos golpistas ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro, a galeria de fotos dos presidentes da República ainda não foi reaberta.

A Presidência da República afirma que reconstituição da galeria de imagens está em execução e que montagem será realizada em breve, mas não informou em que data isso irá ocorrer.

A galeria de fotos dos presidentes da República é formada por quadros com imagens de todas as pessoas que foram eleitas para exercer a Presidência da República.

Além da foto e nome, o quadro também exibe data de nascimento e também um painel com informações sobre os períodos de mandato de cada presidente.

De acordo com o governo, o órgão do Palácio do Planalto responsável pela documentação história da Presidência trabalha na organização das fotos dos presidentes e das informações sobre os mandatos presidenciais cumpridos por eles.

“A reconstituição da Galeria de ex-presidentes da República está em execução. A Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República trabalha atualmente na organização das fotos e das informações e a montagem será realizada em breve”, disse a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) em respostas a questionamentos do g1.

A Secom foi questionada se os responsáveis pela montagem da nova galeria de fotos encontram alguma dificuldade para reunir os retratos de presidentes ou de informações, mas não respondeu ao questionamento.

Localizado no andar térreo do palácio, o painel formado pelos retratos dos presidentes é um dos pontos de visita do Palácio do Planalto. A galeria fica exposta numa parede revestida por pedras de mármore.

A galeria de fotos dos ex-presidentes exibia fotos de todos os chefes do Executivo nacional desde Deodoro da Fonseca, presidente do Brasil entre 1889 e 1891, até o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além de fotos dos ex-presidentes, a galeria também conta com a foto do atual mandatário do país. Essa imagem é a única colorida da galeria. Todas as outras são em preto e branco.

O rol de fotografias dos presidentes passou por uma reformulação para que seja inserida a foto de Pedro Aleixo. Ele era vice-presidente de Arthur Costa e Silva. Aleixo foi impedido de assumir a Presidência da República em 1969, depois do afastamento de Costa e Silva em razão de problemas de saúde. Uma junta militar assumiu e meses depois o general Emilio Garrastazu Médici tomou posse na presidência. Pedro Aleixo teve o mandato de vice considerado extinto.

A última mudança na galeria antes da destruição pelos bolsonaristas foi realizada em 2 de janeiro, após a posse de Lula. Na ocasião, a foto colorida do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi trocada por uma em preto e branco. Além disso, foi adicionada ao rol de imagens a fotografia colorida do petista.

 

Fonte: Correio Braziliense/g1

 

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