sexta-feira, 30 de junho de 2023

Reposição hormonal: o que levar em consideração após a menopausa

Ao passar dos 40 anos, a aproximação da menopausa começa a fazer parte das preocupações das mulheres. Recentemente, a atriz Luana Piovani, 46 anos, compartilhou que tem sentido zumbidos no ouvido e lapsos de memória. A apresentadora Angélica, 49, disse ter percebido a chegada da menopausa aos 43 anos. Michelle Obama, 59, viveu ondas de calor e suores noturnos.

O fato é que a menopausa é inevitável. Todas as mulheres vão passar por ela, e há estratégias para que o período de transição seja mais suave, sem causar tantos desconfortos.

A terapia de reposição hormonal já foi um dos métodos mais populares em uso, mas um estudo publicado em 2002 encontrou ligação entre a aplicação de hormônios e o aumento do risco de câncer de mama, o que levou a um abandono maciço do tratamento.

“Há muitas controvérsias em relação a esse estudo, e de lá para cá houve muita evolução na técnica. Mas a questão é que cada mulher precisa ser avaliada individualmente”, afirma a professora aposentada da Universidade de Brasília (UnB) Lívia Penna Firme Rodrigues, doutora em ciências da saúde.

Em 2019, uma pesquisa maior, chamada de meta-análise por usar várias estudos, foi publicada na revista The Lancet e concluiu que o risco de câncer varia de acordo com uma série de fatores, como a formulação da reposição e o tempo de exposição à terapia hormonal.

“As pacientes que receberam (reposição hormonal) por um a quatro anos tinham o risco aumentado em 17% de desenvolver câncer de mama; de cinco a nove anos, o risco subia para 22%; acima de 10 anos, o risco era de 43%”, explica a oncologista Elisa Porto, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro).

De maneira geral, prevalece a indicação de que a paciente recorra aos métodos em caso de sintomas pronunciados e de acordo com seu histórico médico. Segundo a oncologista, o ideal também é que a solução hormonal seja usada pelo mínimo de tempo possível.

•        Menopausa

A menopausa ocorre, em geral, entre os 45 e os 55 anos de idade, com a queda da produção do hormônio estrogênio. Esse processo resulta em uma série de sintomas que podem persistir ao longo de 10 a 15 anos após a última menstruação, no período chamado climatério.

“No fim da vida fértil, quando os folículos estão acabando, o corpo da mulher produz menos estrogênio, resultando em todos os sintomas clássicos da menopausa”, explica o ginecologista Rafael Lobo, médico da clínica Tivolly, de Brasília.

Cada mulher enfrenta a menopausa de maneira diferente. Enquanto algumas podem atravessar o período sem desenvolver quaisquer sintomas, outras acabam sofrendo alterações no fluxo menstrual – com ciclos intensos e espaçados, névoa cerebral – com a perda da memória recente, leve alteração cognitiva, estresse acentuado, instabilidade emocional, perda da qualidade do sono, falta de energia ao longo do dia, perda da libido e fogachos – as famosas ondas de calor.

São sintomas que, muitas vezes, passam despercebidos porque as pacientes os normalizam. A queda do estrogênio também está relacionada à perda de massa muscular, ressecamento da pele e mudanças na distribuição da gordura, resultando em maior acúmulo na região abdominal.

Há ainda os sintomas menos comuns, como zumbidos no ouvido e labirintite.

•        Reposição hormonal

Na hora de decidir pela reposição hormonal, é necessário levar em consideração a vontade da paciente, os sintomas apresentados e as contraindicações devido ao histórico médico. Quando há recomendação, o tratamento deve começar nos 10 primeiros anos após a última menstruação. “Depois disso, o risco cardiovascular aumenta muito”, afirma o médico.

Para o ginecologista Rafael Lobo, três fatores devem ser levados em consideração: a presença de sintomas vasomotores, como os fogachos; a osteoporose, pacientes com fraturas por falta de estrogênio; e a síndrome geniturinária (SGU), caracterizada por um conjunto de sintomas que afetam a vida sexual e os hábitos urinários.

“Em muitos momentos, a reposição hormonal é a melhor solução para a mulher. Se ela tiver muitos sintomas desconfortáveis ou estiver vivendo uma menopausa precoce, é importante avaliar para que tenha uma vida mais tranquila”, afirma Lívia Penna Firme Rodrigues, da UnB.

·         Opções de tratamento

O tratamento dos sintomas da menopausa evoluiu bastante nos últimos anos. Ele pode ser feito por meio de reposição hormonal com hormônios sintéticos ou bioidênticos, não hormonais, e de forma natural, com mudanças no estilo de vida.

Os hormônios bioidênticos são feitos em farmácias de manipulação e são muito similares aos produzidos pelo corpo humano. A reposição é feita geralmente por gel ou implante. “A paciente passa por exames para avaliação antes da reposição de hormônios sexuais, como o estradiol, estriol, progesterona e testosterona”, explica Lívia.

A reposição ocorre por via transdérmica, a partir da aplicação de géis ou adesivos na pele. Essa é considerada a alternativa mais segura e eficaz porque libera hormônios sem que eles passem pelo fígado, evitando a metabolização deles e uma série de efeitos colaterais.

Há ainda os implantes hormonais, trocados a cada seis meses, e a utilização de um dispositivo intrauterino (DIU) específico, que combina anticoncepcional e estrogênio. A técnica é indicada para as mulheres na transição entre o fim da vida reprodutiva e a menopausa porque combina contracepção e reposição hormonal.

·         Contraindicação

Mulheres que param de menstruar, mas não apresentam sintomas vasomotores, como os fogachos, ou osteoporose, não necessitam de fazer a reposição hormonal.

Durante a avaliação, é levado em consideração se a mulher tem histórico de câncer de mama na família, trombose, varizes, hipertensão mal controlada, tabagismo e doenças autoimunes como fatores importantes.

Quando ela não tem nenhuma contraindicação, a orientação é observar como ela reage a cada uma das estratégias de reposição hormonal e entender em que fase ela se encontra.

 

Ø  Menopausa: especialista indica 6 plantas para reposição hormonal

 

Para oito em cada dez mulheres que atravessam a menopausa, o período é marcado por sintomas desconfortáveis relacionados ao desequilíbrio hormonal do fim da vida reprodutiva, com prejuízos na qualidade de vida.

Existem vários métodos de reposição hormonal para prevenir ou curar sintomas como os fogachos – as famosas ondas de calor –, instabilidade emocional e perda da qualidade do sono.

Porém, as mulheres com fatores de risco que as impeçam de fazer a reposição com hormônios sintéticos ou que buscam métodos naturais de tratamento têm como opção a fitoterapia, homeopatia, medicina tradicional chinesa, massagem, aromaterapia e florais, por exemplo.

“Geralmente, para observar melhora, devemos optar por mais de um tipo de recurso terapêutico”, esclarece a professora aposentada da Universidade de Brasília (UnB) Lívia Penna Firme Rodrigues, doutora em ciências da saúde. Segundo ela, essas estratégias devem ser usadas como um complemento ao tratamento ou como forma de prevenir e amenizar os sintomas mais comuns dessa fase.

·         Fitoterapia

A fitoterapia trata do uso das ervas, plantas, vegetais e frutas. As mais usadas na menopausa são ricas em fitoestrogênios, que têm ações similares ao estrogênio no corpo, suavizando os desconfortos devido à falta do hormônio.

“Existem várias plantas ricas em fitoestrogênios que podem contribuir muito para o desequilíbrio hormonal”, afirma Lívia.

efeito das ervas na menopausa é mais lento e gradual, podendo levar de três a quatro semanas para ser sentido, dependendo da planta utilizada. Por isso, elas costumam ser usadas em combinação para produzir melhores resultados.

As plantas podem ser ingeridas em pó, extratos secos e alcoólicos. Caso não sejam manipuladas, ainda há no mercado opções prontas, com fórmulas específicas para determinados sintomas.

“O importante é optar por aquelas de boa qualidade, marcas reconhecidas, produzidas com ervas orgânicas e dentro do prazo de validade estabelecido”, afirma Lívia.

Antes de começar a tomar qualquer uma das opções, a indicação é procurar um especialista para avaliar a segurança do fitoterápico.

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·         Amora

amora é a fruta mais popular e fácil de usar, devido à disponibilidade no Brasil. Estudos mostram que tanto o fruto quanto as folhas secas ou frescas da amoreira ajudam na regulação dos hormônios, e são eficientes para controlar os calores.

A fruta pode ser consumida in natura ou em sucos; e as folhas, usadas no preparo de chás ou em extratos disponíveis em cápsulas comercializadas nas farmácias.

·         Cimicifuga racemosa ou black cohosh

As propriedades da Cimicifuga racemosa amenizam as ondas de calor, suores noturnos, depressão, palpitações, atrofia e secura vaginal, tonturas e zumbidos em seis a oito semanas de uso.

Lívia destaca que a suplementação com a planta torna-se ainda mais eficaz quando é feita em conjunto com a isoflavona da soja. Esta opção pode ser consumida em forma de chá, tintura, gotas ou cápsulas manipuladas.

·         Dong quai (Angelina sinensis)

A Dong quai é uma planta asiática conhecida como ginseng feminina. Ela é indicada para aliviar os fogachos, ressecamento vaginal e outros sintomas relacionados ao desequilíbrio hormonal, controlando os níveis de estrogênio.

·         Erva-de-são-joão (Hipericum perforatum)

A erva-de-são-joão, também conhecida como hipericão ou hipérico, é utilizada como remédio caseiro para depressão leve a moderada, pois estimula a produção de serotonina; ansiedade e tensão muscular. Ela pode ser comprada seca, em tintura ou em cápsulas, em lojas de produtos naturais e farmácias.

·         Ginseng (Panax ginseng)

O ginseng tem ação estimulante e revitalizante. Segundo Lívia, ela é uma ótima opção para quando a mulher se sente muito cansada e estressada. A planta consumida em pó, em forma de suplemento, chá ou em tintura, ajuda a regular a pressão sanguínea, baixar o colesterol e melhorar a circulação, sendo especialmente indicado para melhorar a libido.

“Pesquisas mostraram que o ginseng tem propriedades similares ao estrogênio. Melhora a libido, o humor, a memória e diminui a insônia na menopausa”, afirma a professora aposentada.

·         Maca peruana (Lepidium peruvianum)

maca peruana é considerada o ginseng peruano. Suas ações incluem a regulação hormonal e benefícios para a memória, além de funcionar como estimulante sexual.

 

Fonte: Metrópoles

 

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