quinta-feira, 29 de junho de 2023

5 revelações do Censo 2022 sobre a população do Brasil

Após a pandemia de coronavírus e cortes orçamentários, os resultados do Censo 2022 começaram a ser divulgados nesta quarta-feira (28).

A última edição da pesquisa censitária realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi feita em 2010 e, pela lei, ela não poderia demorar mais de 10 anos para ser feita — ou seja, deveria ter ocorrido em 2020. Mas a nova edição só foi realizada entre 1º de agosto de 2022 e 28 de maio de 2023 (fase de coleta e apuração de dados) e divulgada agora.

A primeira etapa de divulgação, que traz números da população do país, de Estados e municípios, revela que a população brasileira aumentou 6,5% e que várias capitais brasileiras diminuíram em população.

Nos próximos meses, serão divulgadas novas informações do Censo — por exemplo, sobre povos indígenas, migração e religião —, mas ainda não há um calendário fechado.

A seguir, confira cinco destaques das primeiras informações reveladas pelo Censo 2022, que visitou 106,8 milhões de endereços em todo o Brasil.

·         1. População brasileira aumentou, mas taxa de crescimento foi a menor já registrada

A população do Brasil superou 203 milhões (203.062.512), segundo o Censo 2022. É um acréscimo de 12,3 milhões de pessoas ao total registrado no Censo 2010 (190.755.799).

A data de referência para esse e outros números da nova pesquisa é a meia-noite do dia 31 de julho para 1º de agosto de 2022. Portanto, as pessoas nascidas depois dessa data não estão contabilizadas no Censo 2022.

Ao mesmo tempo, a taxa média de crescimento anual da população brasileira foi a menor já registrada desde 1872: 0,52%.

No Censo 2010, essa taxa era de 1,17%.

O IBGE afirma que, com a redução dos níveis de mortalidade a partir nos anos 1940 e o declínio dos níveis de fecundidade nos anos 1960, começou nos anos 1970 uma diminuição na taxa de crescimento populacional.

Segundo projeções populacionais — inclusive do IBGE —, em algum momento nas próximas décadas a redução nessa taxa de crescimento vai se refletir em uma redução no tamanho da população brasileira.

·         2. Centro-Oeste passou a ser região brasileira com maior taxa de crescimento

Vale dizer que, quando falamos em crescimento de população, ela reflete tendências de fecundidade e mortalidade, como falado acima, e também de migração.

Como está, então, o crescimento da população nas diferentes áreas do país?

Embora todas as regiões, assim como o Brasil, estejam com uma taxa média de crescimento anual cada vez menor, o Centro-Oeste aparece no Censo 2022 com uma taxa duas vezes maior que a média nacional.

Enquanto a taxa brasileira anual foi de 0,52%, a do Centro-Oeste foi de 1,23% — a maior no Brasil. Em 2010, a taxa de crescimento do Centro-Oeste foi de 1,9%.

Nos Censos de 2010 e 2000, a região que tinha a maior taxa de crescimento era o Norte, cuja taxa caiu bastante na edição atual: de 2,09 em 2010 para 0,75 em 2022.

Somente com novos dados do Censo e de futuras pesquisas será possível explicar esse crescimento no Centro-Oeste, mas alguns municípios nos dão pistas. Por exemplo, considerando as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, aquela que teve a maior taxa de crescimento da população foi uma cidade goiana: Senador Canedo, com taxa anual de 5,23%.

Esse município foi o que teve também o maior aumento percentual no total da população: em 2010, tinha 84.443 habitantes, passando para 155.635 em 2022 — um crescimento de 84,3%.

Há várias outras cidades do Centro-Oeste no ranking das cidades que mais cresceram, como Sinop (MT) e Sorriso (MT).

O IBGE detectou, no novo Censo, o crescimento populacional em vários municípios no entorno de capitais, como a própria Senador Canedo (próxima a Goiânia). Outros exemplos são Fazenda Rio Grande (Curitiba); Palhoça (Florianópolis); Maricá (Rio de Janeiro); Valparaíso de Goiás e Águas Lindas de Goiás (Distrito Federal), São José de Ribamar (São Luís) e Santana de Parnaíba (São Paulo).

No Censo 2022, além das regiões já citadas, o Nordeste aparece com taxa anual de crescimento de 0,24%; o Sudeste, de 0,45%; e o Sul, de 0,74%.

·         3. Sudeste ainda concentra quase metade da população

Apesar da taxa média de crescimento anual do Sudeste ser a segunda menor do país, atrás do Nordeste, a região é casa para 41,8% da população brasileira — somando 84,8 milhões de habitantes.

São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que são os três Estados mais populosos do Brasil e que pertencem à região, concentram 39,9% da população brasileira.

Em seguida, a maior região em população é o Nordeste (26,9%), seguida por Sul (14,7%), Norte (8,5%) e Centro-Oeste (8%).

·         4. Capitais como Rio de Janeiro e Salvador diminuíram em população, enquanto outras cresceram

A lista dos municípios mais populosos é liderada por São Paulo (11.451.245 habitantes), Rio de Janeiro (6.211.423) e Brasília (2.817.068).

Mas o Rio de Janeiro é um dos exemplos de capitais que viram sua população diminuir entre as edições de 2010 e 2022: caiu de 6.320.446 para 6.211.423 (-1,7%).

Também registraram diminuição Fortaleza (-1%), Salvador (-9,6%), Belo Horizonte (-2,5%), Recife (-3,2%), Porto Alegre (-5,4%) e Belém (-6,5%).

Enquanto isso, algumas capitais tiveram aumento da população, como São Paulo (1,8%), Brasília (9,6%), Manaus (14,5%), Curitiba (1,2%), São Luís (2,3%) Maceió (2,7%), Campo Grande (14,1%), Teresina (6,4%) e João Pessoa (15,3%).

A reportagem não teve acesso à lista completa capitais e suas populações, apenas das capitais mais populosas — por isso, algumas capitais do país não estão mencionadas acima.

·         5. Número de moradores por domicílio diminuiu

As últimas três edições do Censo mostram que o número de moradores por domicílio (a chamada densidade domiciliar) vem diminuindo: em 2000, a média era de 3,76 moradores por lar; em 2010, esse número era 3,31; e em 2022, 2,79.

Isso se relaciona a outro dado revelado pelo novo Censo: o número de domicílios aumentou 34% desde 2010, chegando a 90,7 milhões — ou seja, a população parece estar dividida em um maior número de lares, diminuindo o número de moradores em cada um deles.

O Norte tem a maior densidade domiciliar (3,3 moradores por domicílio), seguida pelo Nordeste (2,9), Centro-Oeste (2,78), Sudeste (2,69) e Sul (2,64).

 

Ø  Censo 2022: Brasil tem 203 milhões de habitantes, 4,7 milhões a menos que estimativa do IBGE

 

O Brasil tem 203.062.512 de habitantes, segundo o Censo Demográfico 2022, realizado mais de dez anos após a edição anterior da pesquisa. Os primeiros resultados foram divulgados nesta quarta-feira (28) pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE).

O número veio abaixo das projeções anteriores do órgão. Em 2021, o prognóstico apontava que país teria ao menos 213 milhões de habitantes. Em dezembro de 2022, já com dados prévios do levantamento, o IBGE revisou a estimativa para 207,7 milhões, ou 4,7 milhões de pessoas acima do cálculo final.

🤔 O que é o Censo? 

É uma pesquisa realizada pelo IBGE para fazer uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira. Ela permite traçar um perfil socioeconômico do país, já que conta os habitantes do território nacional, identifica suas características e revela como vivem os brasileiros.

🚨 Por que ele é importante? 

Porque ele identifica informações essenciais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para a realização de investimentos públicos e privados. Interfere, por exemplo, na distribuição das transferências da União para estados e municípios e na identificação de áreas de investimento prioritário em saúde, educação, habitação, transportes e energia.

>>>> Veja, abaixo, os destaques do Censo 2022:

  • Os dados revelam a população do país em 1º de agosto de 2022.
  • A população brasileira registrou um aumento de 6,45% em relação à edição anterior da pesquisa, em 2010, que havia contabilizado 190.755.799 de pessoas.
  • Em números absolutos, houve um crescimento de 12.262.757 habitantes.
  • A taxa de crescimento nesses 12 anos foi de 0,52% ao ano, o menor nível da série histórica.
  • As regiões Sul e Sudeste puxaram o crescimento da população brasileira. O Sudeste ganhou 4.482.777 pessoas, e o Sul, 2.546.424.
  • Dos 5.570 municípios do Brasil, 3.168 ganharam habitantes entre 2010 e 2012 – isso representa 56,9% do total.
  • Dos 5.570 municípios do Brasil, 2.399 perderam habitantes entre 2010 e 2022 – isso representa 43% do total.
  • Cidade mais populosa do país, São Paulo tem é 11.451.245 habitantes. Na sequência, vêm Rio e Brasília.
  • O Brasil tem três cidades com menos de mil habitantes – Serra da Saudade (MG), com 833 habitantes; Borá (SP), com 907; e Anhanguera (GO), com 924.
  • O crescimento populacional foi maior no interior do que em capitais – 66,58% dos novos habitantes se concentraram em regiões fora desses grandes centros urbanos.
  • 5% das cidades brasileiras concentram 56% população do país. Ao todo, 115,6 milhões de pessoas, ou 56,95% da população, vivem em apenas 319 cidades.
  • A média de moradores por domicílio caiu de 3,31 para 2,79.

>>>> Números do Censo 2022

📌 Quantos municípios receberam visita de recenseadores? Todos os 5.568 municípios brasileiros, mais dois distritos (Fernando de Noronha e Distrito Federal), num total de 5.570 localidades.

🏘️ Quantos domicílios foram visitados? Segundo o IBGE, 106,8 milhões de endereços em 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

📝 Quantos questionários foram respondidos? 

79.160.207, dos quais 88,9% com 26 quesitos e 11,1% com 77 quesitos. No total, 98,88% das entrevistas foram presenciais; o restante foi pela internet ou por telefone.

🔎 Que dados a pesquisa coletou? 

Além verificar exatamente qual o tamanho da população, o Censo compila dados sobre as características dos moradores (como idade, sexo, cor ou raça, religião, escolaridade e renda) e informações sobre saneamento básico dos domicílios.

🐢 Por que o Censo 2022 atrasou? 

A lei prevê que a pesquisa deve ocorrer a cada dez anos. Como a edição anterior era de 2010, ela deveria ter sido realizada novamente em 2020, mas foi suspensa por conta da pandemia de Covid-19. Em 2021, o Censo sofreu segundo adiamento, desta vez por cortes orçamentários do governo Jair Bolsonaro. Após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo federal liberou os R$ 2,3 bilhões solicitados pelo IBGE, que deu início aos trabalhos em 1º de agosto de 2022.

Questionado, o IBGE não havia explicado, até a última atualização desta reportagem, o que causou a diferença entre o número final divulgado e as estimativas dos últimos anos. O órgão informou que demógrafos iniciaram trabalhos para elucidar o fenômeno.

As estimativas populacionais divulgadas pelo IBGE também servem de parâmetro para obrigações do Estado brasileiro, como repasses de dinheiro da União para municípios.

A distribuição do Fundo de Participação de Estados e Municípios (FPM) pelo Tribunal de Contas da União (TCU) é uma das atribuições do Estado que leva em conta números Censo. Para a grande maioria das cidades — todas aquelas que não são capitais e que têm menos de 142.633 habitantes —, o critério utilizado para o repasse de recursos é populacional.

O número de habitantes contabilizado pelo IBGE define o coeficiente em que a cidade se enquadra. Esse índice determina qual será a participação de determinado município no fundo. Quanto menor a população, menor o coeficiente – e, portanto, menor o valor do repasse realizado pela União.

A diminuição da população em relação às estimativas anteriores pode alterar o enquadramento dos municípios.

Em 2023, não haverá mudança na distribuição, pois o TCU havia estabelecido que seriam aplicados os mesmos parâmetros de distribuição utilizados no ano passado. Para 2024, no entanto, esses números ainda não foram definidos.

Neste momento inicial, o IBGE apresentou apenas os números populacionais do país, das suas grandes regiões e dos municípios.

Nas Unidades da Federação (UFs), a população sofreu pouca alteração de distribuição. A região Sudeste continua sendo a mais populosa, com 41,8% do total de habitantes do país. Na sequência, estão o Nordeste (26,9%), Sul (14,7%), Norte (8,5%) e Centro-Oeste (8%).

Também em posição inalterada, o estado de São Paulo continua a ser o mais populoso do país, com 44,4 milhões de habitantes (21,88% da população brasileira).

Completam o pódio Minas Gerais, com 20,5 milhões de habitantes, e Rio de Janeiro, com 16 milhões. Na ponta oposta, o estado com menor população é Roraima, com 636 mil habitantes.

  1. São Paulo – 44.420.459 habitantes
  2. Minas Gerais  20.538.718 habitantes
  3. Rio de Janeiro  16.054.524 habitantes
  4. Bahia – 14.136.417 habitantes
  5. Paraná – 11.443.208 habitantes
  6. Rio Grande do Sul – 10.880.506 habitantes
  7. Pernambuco – 9.058.155 habitantes
  8. Ceará  8.791.688 habitantes
  9. Pará  8.116.132 habitantes
  10. Santa Catarina  7.609.601 habitantes
  11. Goiás  7.055.228 habitantes
  12. Maranhão – 6.775.152 habitantes
  13. Paraíba  3.974.495 habitantes
  14. Amazonas – 3.941.175 habitantes
  15. Espírito Santo – 3.833.486 habitantes
  16. Mato Grosso – 3.658.813 habitantes
  17. Rio Grande do Norte – 3.302.406 habitantes
  18. Piauí – 3.269.200 habitantes
  19. Alagoas – 3.127.511 habitantes
  20. Distrito Federal  2.817.068 habitantes
  21. Mato Grosso do Sul  2.756.700 habitantes
  22. Sergipe – 2.209.558 habitantes
  23. Rondônia – 1.581.016 habitantes
  24. Tocantins – 1.511.459 habitantes
  25. Acre – 830.026 habitantes
  26. Amapá – 733.508 habitantes
  27. Roraima – 636.303 habitantes

>>>> Ranking dos municípios

Entre os municípios, a capital paulista permanece sendo, com folga, a cidade mais populosa do país: 20.666.224 habitantes, um aumento de 5,3% em relação ao Censo 2010.

O Rio é o vice-líder, com 11,6 milhões e queda de 2,1% no período. Belo Horizonte (MG) vem na sequência, com 4,95 milhões, alta de 4,4%.

A menor cidade do país é Serra da Saudade (MG), com 833 habitantes. O município tomou o espaço de Bora (SP), que agora tem 907 residentes, um aumento de 12,7% em relação a 2010.

>>>> Veja a lista com os 10 municípios com as maiores populações do Brasil:

  1. São Paulo (SP) – 11.451.245 habitantes
  2. Rio de Janeiro (RJ) – 6.211.423 habitantes
  3. Brasília (DF) – 2.817.068 habitantes
  4. Fortaleza (CE) – 2.428.678 habitantes
  5. Salvador (BA) – 2.418.005 habitantes
  6. Belo Horizonte (MG) – 2.315.560 habitantes
  7. Manaus (AM) – 2.063.547 habitantes
  8. Curitiba (PR) – 1.773.733 habitantes
  9. Recife (PE) – 1.488.920 habitantes
  10. Goiânia (GO) –1.437.237 habitantes

>>>> Veja a lista com os 10 municípios com as menores populações do Brasil:

  1. Serra da Saudade (MG) – 833 habitantes
  2. Bora (SP) – 907 habitantes
  3. Anhanguera (GO) – 924 habitantes
  4. Araguainha (MT) – 1.010 habitantes
  5. Novo Castilho (SP) – 1.062 habitantes
  6. Cedro do Abaete (MG) – 1.081 habitantes
  7. Andre da Rocha (RS) – 1.135 habitantes
  8. Oliveira de Fátima (TO) – 1.164 habitantes
  9. União da Serra (RS) – 1.170 habitantes
  10. São Sebastião do Rio Preto (MG) – 1.259 habitantes

 

Fonte: BBC News Brasil/g1

 

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