quarta-feira, 3 de maio de 2023

Jeferson Miola: A promiscuidade obscena na Lava Jato

Ainda que mais lentamente que rapidamente, a verdade sobre o gangsterismo de integrantes da Lava Jato está vindo à tona.

Pouco a pouco vão sendo descobertas novas camadas da promiscuidade obscena entre juízes, desembargadores, procuradores e policiais federais que integraram a operação chefiada pelo ex-juiz suspeito e hoje senador de extrema-direita Sérgio Moro – que o ministro Gilmar Mendes, do STF, considerou uma organização criminosa.

Além do conluio de funcionários públicos da alta aristocracia estatal com a mídia hegemônica, a operação também foi impulsionada em função de laços societários, de amizade, compadrio e parentesco de autoridades públicas entre si e com agentes privados.

São notórios os casos de amizade íntima, vínculos familiares e identidade política entre procuradores, policiais federais, juízes e advogados.

O ex-procurador da República e hoje deputado federal ultradireitista Deltan Dallagnol, por exemplo, idealizou uma fundação privada controlada pelos integrantes da Lava Jato para receber seis bilhões de reais desviados da Petrobrás.

Com o faro empreendedor de quem já havia investido exitosamente em imóveis do programa social Minha Casa Minha Vida, Deltan também planejou criar uma empresa de palestras sobre combate à corrupção com seu colega de PGR Roberson Pozzobon. Típicos exemplares de cidadãos de bem e pregadores da falsa moral, eles naturalmente pensaram em colocar as respectivas esposas como “laranjas” no negócio.

O advogado Rodrigo Castor de Mattos, irmão do procurador Diogo Castor de Mattos, advogava para réu da Lava Jato denunciado pelo próprio irmão!

Cabe recordar que o procurador Diogo foi demitido do MPF em 2021 por ter contratado a instalação de um outdoor próximo ao aeroporto de Curitiba com os dizeres: “Bem-vindo à República de Curitiba – terra da Operação Lava Jato – a investigação que mudou o país. Aqui a lei se cumpre” [sic].

Apesar disso, Diogo continua recebendo polpudo salário, porque ele se beneficia justamente daquele princípio que tanto combateu em relação aos “inimigos”: o trânsito em julgado.

Os irmãos Castor de Mattos são primos do sub-procurador da República no TRF4 Maurício Gotardo Gerum, que não teve nenhum escrúpulo e atuou no caso para aumentar a pena do presidente Lula nos casos fabricados pela Lava Jato.

O advogado Carlos Zucolotto Júnior, sócio de Rosângela Moro em escritório de advocacia e padrinho de casamento do casal Moro, cobrou 5 milhões de dólares em propina de Rodrigo Tacla Duran para facilitar um acordo de delação premiada que seria confirmado com uma pessoa identificada por “DD” – iniciais de Deltan Dallagnol.

Moro e Deltan fogem do depoimento de Tacla Duran como o diabo foge da cruz. Para evitar que Tacla Duran se apresente em juízo e deponha na PF para entregar as provas da proposta de propina oferecida a ele por Carlos Zucolotto, o ex-juiz suspeito Sérgio Moro foi salvo pelo desembargador do TRF4 Marcelo Malucelli, que forjou um pedido de prisão de Tacla Duran.

Ocorre, no entanto, que o desembargador jamais poderia ter assumido o caso, pois o filho dele, o advogado João Eduardo Barreto Malucelli, além de sócio do casal Moro em escritório de advocacia, também é genro de Sérgio e Rosângela Moro. Tudo em casa, portanto.

Com o afastamento do desembargador Malucelli, não sem antes tumultuar o processo e retardar o depoimento de Tacla Duran, assumiu a relatoria da Lava Jato no TRF4 o desembargador Loreci Flores.

Para não fugir à regra da promiscuidade obscena na Lava Jato, o desembargador Loreci é irmão do delegado da PF Luciano Flores, responsável pela absurda condução coercitiva de Lula em março de 2016 e pelas gravações ilegais de Dona Marisa.

Loreci, além disso, lotou no seu gabinete do TRF4 ex-assessores de confiança de Sérgio Moro, que trabalhavam com o ex-juiz suspeito quando ele era o responsável pela 13ª Vara federal de Curitiba.

Em comparação com a conduta escancaradamente ilegal dos dois desembargadores do TRF4, a juíza Gabriela Hardt até fica parecendo uma santinha.

Não por acaso a chamada operação Lava Jato é considerada pela imprensa internacional como o maior esquema de corrupção judicial da história.

 

Ø  Noblat: Oremos por Anderson Torres. Cumpra-se a vontade do Senhor

 

Preso há mais de 100 dias em um batalhão da Polícia Militar, no Guará, o ex-ministro Anderson Torres, da Justiça, chora, emagrece e fala em se matar, enquanto sua família vai à missa em ação de graças por sua vida e saúde e pede que orem por ele.

Na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no Jardim Botânico, o religioso Rogério Soares, conhecido como Frei Chico, diante dos pais e de amigos de Torres, proclamou neste domingo (30):

— Anderson é nosso, não é só filho de vocês, mas é filho de todos, é filho do Brasil.

Estavam entre os que assistiram à missa a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o ministro Ives Gandra Martins Filho, do Tribunal Superior do Trabalho.

Acaba no início desta semana o prazo dado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para que o governo do DF informe se a vida de Torres corre perigo.

Se a resposta for sim, Moraes quer saber se Torres deveria ser transferido para um hospital penitenciário. Imagina-se que sob guarda policial , ele não tenha como se matar em lugar algum.

Verdade que o Exército, em outubro de 1975, disse que o jornalista Vladimir Herzog enforcou-se em uma de suas dependências. Herzog foi torturado e morto. O país vivia sob uma ditadura.

Torres tem comido pouco, é fato, mas isso não chega a caracterizar uma greve de fome. Quanto à depressão que enfrenta, é um estado comum à maioria dos presos. Não há preso feliz.

A CPI do Golpe começará a funcionar em breve. Torres será um dos primeiros nomes a ser convocado para depor. É tudo o que não querem os amigos bolsonaristas, muito menos do jeito que ele está.

Ninguém depõe em uma CPI sem ter sido treinado. Torres poderá depor munido de um habeas-corpus que lhe garanta o direito de ficar calado. Mas, só ouvir as perguntas já é muito desgastante.

 

Ø  “Anderson Torres chorou e falou em suicídio”, diz deputado após visita

 

Após visitar Anderson Torres na cadeia, o deputado bolsonarista Sanderson afirma que o ex-ministro chorou e falou em suicídio.

“Durante a visita, Anderson Torres chorou e falou várias vezes em suicídio. Disse que não aguenta mais tanto sofrimento por algo que não cometeu. Deu para ver no seu semblante que está no limite”, diz Sanderson. A visita ocorreu na tarde deste sábado (29/4) e foi autorizada por Alexandre de Moraes.

O suposto risco de suicídio, devido a abalo psicológico, já havia sido abordado por Eduardo Bolsonaro, que pleiteia a soltura de Torres. Por determinação do STF, o ex-ministro está preso no 4º Batalhão de Polícia Militar, em Brasília, desde 14 de janeiro.

 

Ø  Governo e oposição articulam tropa de choque para a CPI do 8 de janeiro

 

A semana em Brasília começa com a expectativa alta em relação ao início dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos criminosos de 8 de janeiro.

De um lado, o Palácio do Planalto faz as contas para garantir a maioria entre os integrantes da comissão e escolhe a dedo cada um dos possíveis indicados ao colegiado.

Do outro, a oposição trabalha para tentar emplacar uma narrativa capaz de provar que houve falhas e até conivência por parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na atuação contra os participantes dos atos.

A ideia da base do governo é encher a CPMI de parlamentares experientes, que não escorreguem em cascas de bananas atiradas pela oposição.

Outra preocupação é focar em comandar a narrativa, não só durante as sessões do colegiado, mas, principalmente, nas redes sociais.

Devem estar na comissão, pelo lado do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), Elizianne Gama (PSD-MA), Randofe Rodrigues (Rede-AP) e Omar Aziz (PSD-AM).

Já entre os deputados indicados pela base governista, já há, por exemplo, a deputada Duda Salabert (PDT-MG), André Janones (Avante-MG) e o Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).

Enquanto isso, a oposição a Lula promete escalar para a CPMI nomes ligados ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), além daqueles que costumam gerar grande engajamento nas redes sociais.

Entre os membros que devem compor a comissão para criticar o governo, pelo Senado, estão Damares Alves (Republicanos-DF), Rogério Marinho (PL-RN), Magno Malta (PL-ES) e Marcos do Val (Podemos-ES).

Pela Câmara, o PL briga para ao menos indicar o deputado André Fernandes (CE) –autor do requerimento para a instalação da CPMI e investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por incentivar os atos de 8 de janeiro–, além de Eduardo Bolsonaro (SP), filho do ex-presidente.

·         Presidência e relatoria

Apesar de PL e PT disputarem a presidência da CPMI, a tendência é que o cargo fique com um parlamentar –provavelmente um deputado federal– com posicionamento considerado mais ao Centro.

A ideia é defendida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que tem afirmado, nos bastidores, ser o melhor para o andamento dos trabalhos.

Inicialmente, Lira defendeu o nome do deputado André Fufuca (PP-MA), líder do PP e seu aliado de primeira hora.

No entanto, na semana passada, Fufuca anunciou que não brigaria por uma vaga na comissão.

Até agora, o mais provável é o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), apesar de enfrentar certa resistência no Planalto, já que na Bahia ele é oposição ao PT.

Já a relatoria do colegiado deverá ficar com um senador. A Casa vem negociando para que o cargo seja de um parlamentar do MDB.

Desde o início, Renan Calheiros começou a se movimentar para isso, repetindo o que fez na CPI da Covid.

Porém, adversário regional do presidente da Câmara, Calheiros vê o governo federal correr atrás de um nome considerado mais “neutro”. Até agora, o mais cotado tem sido o senador Eduardo Braga (AM).

·         32 integrantes na CPMI

A expectativa é de que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos atos criminosos de 8 de janeiro tenha 32 membros, sendo 16 deputados e 16 senadores.

As vagas são distribuídas entre partidos e blocos parlamentares de forma proporcional ao número de membros de cada legenda.

Assim, o blocão comandado por Lira na Câmara, por exemplo, deverá indicar seis deputados.

Além disso, se algum partido ou bloco não conseguir vaga por ter poucos titulares –como o Novo–, o Regimento Comum do Congresso assegura um vaga adicional na Comissão em forma de rodízio.

Vale lembrar que, segundo a Constituição Federal, a depender das conclusões, o relatório da CPMI poderá ser encaminhado ao Ministério Público, para que o órgão promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

 

Fonte: Brasil 247/Metrópoles/CNN Brasil

 

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