domingo, 28 de maio de 2023

Exploração de petróleo na Foz do Amazonas envolve reservas de 30 bilhões de barris e quase US$ 3 bi em investimentos

A Petrobras anunciou na quinta-feira (25) pediu ao Ibama para reconsiderar o processo de um poço de petróleo na Foz do Amazonas, no litoral do estado do Amapá.

O órgão ambiental havia negado a licença para a estatal perfurar um poço e prospectar petróleo no bloco FZA-M-59, que está a 175 km da costa brasileira.

Segundo o presidente da estatal, Jean Paul Prates, todo o processo de licenciamento “foi conduzido com a máxima diligência pelas equipes de Sustentabilidade e Meio Ambiente” da estatal.

A insistência da Petrobras em explorar a região gerou um atrito entre os ministérios de Minas e Energia (MME), comandado por Alexandre Vieira, e do Meio Ambiente (MMA), que tem Marina Silva à frente.

Segundo o presidente da Petrobras, o debate sobre a liberação da exploração na Foz do Amazona possui “alguns mal-entendidos técnicos e argumentos distorcidos”.

A Casa Civil mediou na terça-feira (23) reunião com representantes do MMA, do MME e do Ibama na tentativa de resolver a questão.

O imbróglio gira em torno, grosso modo, de duas questões: o potencial petrolífero da Margem Equatorial — que parte dos especialistas apontam como “o novo pré-sal” — e a sensibilidade ambiental da região.

À medida que atores políticos puxam a corda a fim de defender seus argumentos, a questão — que já é de notável importância econômica, social e ambiental — ganha relevância política.

•        O que é a margem equatorial

A Margem Equatorial é uma região situada no litoral entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte. Próxima à Linha do Equador, a área se estende por mais de 2.200 km ao longo da costa.

Na costa brasileira, a região abarca a Bacia Potiguar, do Ceará, de Barreirinhas, do Pará-Maranhão e da Foz do Amazonas. A perfuração ocorreria na área desta última, a cerca de 160 km do ponto mais próximo da costa, 500 km da foz do Rio Amazonas e 2.880 metros de profundidade.

Descobertas recentes nas regiões de Guiana, Guiana Francesa e Suriname, que também fazem parte da margem, esquentam as projeções sobre o potencial petrolífero da área.

Segundo a Petrobras, pelas características do óleo e pela estimativa dos volumes existentes, a Margem Equatorial desperta interesse não só da indústria brasileira, como também do mercado internacional de petróleo e gás.

Todavia, a bacia é considerada uma região de sensibilidade socioambiental por abrigar Unidades de Conservação, Terras Indígenas, mangues, corais e esponjas, além de biodiversidade marinha com espécies ameaçadas de extinção, como boto-cinza, boto-vermelho, cachalote, baleia-fin, peixe-boi-marinho, peixe-boi-amazônico e tracajá.

•        Petrobras e capacidade petrolífera

O processo de licenciamento ambiental do bloco FZA-M-59 foi iniciado em 2014, a pedido da BP Energy do Brasil, empresa originalmente responsável pelo projeto. Em dezembro de 2020, os direitos de exploração de petróleo no bloco foram transferidos para a Petrobras.

Segundo a estatal, a região “conta com uma série de oportunidades para melhorar a vida de milhares de brasileiros”. “Existe a possibilidade de gerar empregos, aumentar a arrecadação e participar de um desenvolvimento regional e nacional”, diz.

O Plano Estratégico da Petrobras (2023-2027) prevê um investimento de US$ 2,9 bi nessa região nos próximos cinco anos e a perfuração de 16 poços.

Uma estimativa do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) indica que a Margem Equatorial pode ter reservas de 30 bilhões de barris de petróleo. O que poderia elevar a produção em 1,106 mil barris por dia a partir de 2029.

A estatal defende que atendeu os requisitos previstos na legislação de referência ao processo de licitação do bloco e que cumpriu todas as exigências técnicas demandadas pelo Ibama para o projeto. Ainda assim, se prontificou a atender “demandas adicionais”.

•        Ibama e sensibilidade ambiental da região

Segundo o Ibama, o indeferimento ocorreu “em função de conjunto de inconsistências técnicas” para a operação segura na área. O presidente do órgão, Rodrigo Agostini, acompanhou os relatórios de sua equipe.

No documento que indefere o pedido é destacada a necessidade da realização de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) — análise que permite identificar áreas em que não seria possível realizar atividades de extração e produção de petróleo e gás em razão de riscos ambientais.

Entre outras questões, o Ibama também ressalta a distância da base operacional do plano — que seria instalada em Belém (PA) — da região de perfuração. Agostinho explicou que a área é influenciada por uma forte corrente marítima. Assim, um derramamento de petróleo poderia chegar até a Guiana Francesa, por exemplo.

 “Em caso de acidente, o atendimento por via marítima levaria, no mínimo, 43 horas. Entendemos que existe um risco muito grande de, em caso de vazamento, a Petrobras não conseguir atender”, afirmou o presidente do Ibama em entrevista à CNN.

Após a reunião mediada pela Casa Civil, Agostinho voltou a falar sobre o tema. Ele destacou que a Petrobras pode fazer uma nova solicitação de licença. “Nós não estamos fechando portas, mas a gente vai continuar debruçado tecnicamente e as respostas serão no âmbito do processo”, disse.

•        Racha no governo

A questão vem se notabilizando por envolver uma série de membros do governo federal e gerar uma espécie de “racha” no Executivo.

A Petrobras e o Ministério de Minas e Energia encabeçam a lista dos que defendem a exploração da região e vêm exercendo pressão para que o indeferimento seja revisto.

Em audiência no Senado Federal, o ministro do MME, Alexandre Silveira, afirmou que “é inadmissível” que o Brasil não possa conhecer suas potencialidades petrolíferas.

Após a reunião na terça-feira, a ministra do MMA, Marina Silva, saiu em defesa da decisão do Ibama e afirmou que o parecer ao pedido de licença seguiu parâmetros técnicos em vigor desde 2012.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também comentou o assunto, pontuando que “acha difícil” que a exploração gere um problema ambiental. Entretanto, colocou que “certamente, se houver problema, não será explorado”.

O mal-estar causado pela questão fez com que o líder no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), anunciasse no dia do indeferimento a desfiliação da Rede, partido ao qual a ministra faz parte.

 

Ø  “O Brasil deve pesquisar o petróleo da Margem Equatorial, com os devidos cuidados”, diz Valter Pomar

 

O historiador Valter Pomar concedeu uma entrevista à TV 247, no programa Contramola, onde discutiu a recente decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de não conceder a licença ambiental para a perfuração de poços de petróleo e gás da Petrobras no litoral Norte do país, especificamente na região da Margem Equatorial. Durante a entrevista, Pomar expressou suas opiniões sobre a questão e levantou importantes pontos para reflexão.

O entrevistado ressalta que, historicamente, o desenvolvimento no Brasil tem sido acompanhado por um custo ambiental e social imenso. Pomar defende a ideia de que não devemos desqualificar aqueles que reclamam por políticas ambientais mais rígidas, destacando a importância de levar essas preocupações a sério.

Pomar também destaca a questão da finitude das reservas brasileiras, enfatizando a necessidade de ampliar a exploração de novos pontos. Ele argumenta que a decisão sobre a licença ambiental é estratégica para o Brasil a médio prazo, nas próximas duas décadas, considerando a possibilidade de deixar de ser autossuficiente em energia. Essa decisão tem implicações significativas e, segundo Pomar, o país precisa explorar essas riquezas, mas discutindo o custo de proteção ambiental em conjunto com a nação, visando reduzir os danos ao máximo possível.

O historiador ressalta, ainda, seu posicionamento favorável à continuidade dos trabalhos de pesquisa, desde que sejam adotados imensos cuidados protetivos. Para ele, é essencial encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental, assegurando que os avanços na exploração de recursos naturais não causem danos irreparáveis ao meio ambiente.

 

Ø  "Petróleo ainda é essencial e pode financiar a neoindustrialização e a transição ecológica", diz Paulo Gala

 

Neste sábado, os jornalistas Leonardo Attuch e Joaquim de Carvalho, da TV 247, receberam o economista Paulo Gala no programa Bom Dia 247. Durante a conversa, Gala abordou diversos temas relacionados à economia brasileira, destacando a importância da neoindustrialização e a exploração dos recursos naturais do país. Uma das declarações de Gala foi a respeito do incentivo à indústria automotiva. Ele enfatizou que esse não deve ser o eixo central da neoindustrialização brasileira, argumentando que é necessário fazer coisas novas, em vez de se apegar às mesmas atividades do passado. O economista fez uma comparação entre a produção industrial do Brasil, China e Estados Unidos, evidenciando a falta de economia de escala no país, cuja produção industrial não ultrapassa US$ 200 bilhões, enquanto a China e os EUA alcançam cifras de trilhões de dólares.

Gala ressaltou que o Brasil possui vantagens comparativas em determinados setores, como o de baterias para carros elétricos. Ele destacou a importância desse segmento, considerando a crescente demanda global por veículos elétricos e a necessidade de desenvolvimento de tecnologias nessa área. Essa perspectiva pode impulsionar a economia brasileira e abrir novas oportunidades de mercado.

·         Margem Equatorial

Outro ponto abordado pelo economista foi a relevância do petróleo para a economia mundial e a necessidade de explorar a Margem Equatorial do Brasil. Gala defendeu que, para preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, garantir recursos para o país, é essencial explorar os recursos petrolíferos presentes nessa região. Ele ressaltou que os royalties do petróleo podem ser transformadores para a região, impulsionando o desenvolvimento econômico e social.

Gala também enfatizou que o agronegócio brasileiro pode ser uma verdadeira catapulta para a industrialização do país. Ele ressaltou a importância do setor agrícola no Brasil, destacando sua relevância econômica e potencial de crescimento. O país possui extensas áreas de terras férteis e um clima favorável, o que possibilita uma produção agropecuária significativa e diversificada. O agronegócio brasileiro já é reconhecido mundialmente, sendo um dos principais exportadores de commodities agrícolas, como soja, café, carne bovina e avícola, entre outros produtos.

O economista argumentou que o agronegócio pode ir além da exportação de commodities e se tornar uma alavanca para a industrialização do Brasil. Ele defendeu a necessidade de agregar valor aos produtos agrícolas, por meio da transformação e diversificação da produção. Ao investir em agroindústrias e cadeias produtivas mais sofisticadas, o Brasil poderia impulsionar a criação de empregos, o desenvolvimento de tecnologias e a geração de maior valor agregado. A

 

Fonte: CNN Brasil/Brasil 247

 

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