segunda-feira, 29 de maio de 2023

Exigências de Michelle Bolsonaro e detalhes da personalidade da ex-primeira-dama no celular de Mauro Cid

Suspeita de ser beneficiária de esquema de desvio de dinheiro e rachadinha quando ocupava o Palácio da Alvorada, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tinha algumas exigências que poderiam causar problemas a funcionários da Ajudância de Ordens da presidência da República.

Novas conversas encontradas pela Polícia Federal no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, mostram algumas características pessoais de Michelle, que segundo as investigações exigia saques de dinheiro vivo feitos por funcionários do Palácio, que supostamente pagavam suas contas.

Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio por, segundo a PF, liderar um esquema de fraude de cartões de vacinação que teria beneficiado, inclusive, o próprio Bolsonaro. A partir da apreensão do celular do militar, investigadores chegaram a inúmeros outros fatos que ensejaram novas investigações ou reforçaram outras já existentes - da conspiração por um b contra o resultado das eleições de 2022 até o escândalo das joias dadas ao governo pela Arábia Saudita e que o atual presidente tentou se apropriar ilegalmente.

Em uma dessas conversas periciadas pela PF que estava registrada no aparelho celular de Cid, o ex-ajudante de ordens alerta outros funcionários da presidência sobre uma regra que deveriam seguir quando transportassem Michelle Bolsonaro de carro. Segundo o auxiliar de Bolsonaro, a ex-primeira-dama é "sensível a barulhos".

“Vou pedir um favor ao senhor. Quando tiver oportunidade, para conversar com o motorista de AJO [ajudância de ordens]. Ele entrou na privativa e estava com o som do carro um pouco alto e bateu as portas do carro", diz mensagem, obtida pela coluna de Guilherme Amado no site Metrópoles, encaminhada por Cid a um grupo de servidores do Palácio no WhatsApp.

“A dona Michelle é bem sensível a barulhos altos e pode acabar reclamando”, prossegue o alerta enviado pelo ex-braço direito de Jair Bolsonaro.

"A dama pediu saques"

Relatório parcial da Polícia Federal mostra como o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, indicava os saques realizados para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

As investigações da PF mostram que Cid utilizou dinheiro público para pagar despesas da esposa de Bolsonaro e, agora, indicam o uso de códigos para operações financeiras para a ex-primeira-dama.

"O conjunto probatório colhido durante o estudo do material apreendido (inclusive o contido em nuvem) permite identificar uma possível articulação para que dinheiro público oriundo de suprimento de fundos do governo federal fosse desviado para atendimento de interesse de terceiros, estranhos à administração pública, a pedido da primeira-dama Michelle Bolsonaro, por meio de sua assessoria, sob coordenação de Mauro Cid", diz o documento da Polícia Federal.

Nas conversas, Mauro Cid indicava aos subordinados que Michelle precisaria de dinheiro a partir dos códigos "A dama pediu saques" e "PD".

Entre os pagamentos, estão movimentações para serviços de costureiras, podólogas e veterinários. As solicitações de saque em dinheiro vivo eram articuladas pelas assessoras de Michelle e Mauro Cid. Foram pelo menos 23 operações do tipo em 2021.

Além disso, existem depósitos para Rosimary Carneiro, que cedia seu nome para um cartão de crédito usado pela primeira-dama e por familiares de Michelle.

O próprio Mauro Cid manifestou, em conversas, uma preocupação com o esquema, afirmando ser similar com o caso de "rachadinha" envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Investigações reveladas anteriormente mostraram que o dinheiro vinha de uma empresa que tinha contrato com o governo federal, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

As investigações começaram a partir da Operação Venire, em que Mauro Cid é suspeito de falsificar diversos cartões de vacina no sistema do Ministério da Saúde, incluindo o do próprio presidente Jair Bolsonaro e de sua filha, Laura Bolsonaro.

•        O apelidinho de Michelle nas conversas das assessoras com o coronel Cid

Segundo um relatório da Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid tinha um apelido carinhoso para depositar dinheiro público para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).

As conversas de Mauro Cid indicam pelo menos 20 depósitos para Michelle Bolsonaro e outras figuras ligadas à ex-primeira-dama.

Comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feito para a conta de Michelle indicam cerca de R$ 21,5 mil reais para a ex-primeira-dama.

Além disso, foram dez saques em dinheiro vivo feito pelas assessoras da ex-primeira-dama em 2021, com pagamentos direcionados a costureiras, podólogas, bem como depósitos para Rosimary Carneiro, que tinha a titularidade de um cartão de crédito usado pela esposa de Bolsonaro.

De acordo com a Polícia Federal, o tenente-coronel tinha dois códigos para se referir à presidenta do setorial de mulheres do PL: "A dama quer saques" e "PD". Vamos combinar que não são apelidos muito misteriosos...

"O conjunto probatório colhido durante o estudo do material apreendido (inclusive o contido em nuvem) permite identificar uma possível articulação para que dinheiro público oriundo de suprimento de fundos do governo federal fosse desviado para atendimento de interesse de terceiros, estranhos à administração pública, a pedido da primeira-dama Michelle Bolsonaro, por meio de sua assessoria, sob coordenação de Mauro Cid", afirma o relatório da PF obtido pela coluna de Aguirre Talento no UOL.

Em setembro de 2021, por exemplo, foi feita uma transferência da conta de Jair Bolsonaro para a de Michelle. Uma assessora dela, Cintia, encaminhou o pedido para Cid, que respondeu com espanto a solicitação. "Caramba. 8600 (reais)?!?", disse o tenente-coronel.

O ajudante de ordens, segundo a PF, teria se preocupado com as transações por se parecerem com a acusação de "rachadinha" para Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Em nota, a defesa de Bolsonaro "reitera que todos os pagamentos e custos de sua família de pequenos gastos/fornecedores informais tinham como origem recursos próprios", afirmou a defesa em nota.

•        Michelle ignora novo escândalo com seu nome e ressurge em vídeo cafonérrimo

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro virou, mais uma vez, notícia nesta quarta-feira (24), mas não foi por um motivo positivo. Segundo relatório da Polícia Federal, assessoras usavam apelidos para solicitar dinheiro ao tenente-coronel Mauro Cid para a esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a Polícia Federal, eram usados dois códigos para se referir a Michelle Bolsonaro: "a dama" e "PD". Aliás, dois apelidos nada criativos, como tudo que envolve a família Bolsonaro.

Além disso, cabe lembrar que a investigação da Polícia Federal indica que Mauro Cid realizou, pelo menos, 20 depósitos na conta bancária de Michelle Bolsonaro. Ao falar sobre o tema, a defesa de Michelle alegou que "Bolsonaro era pão duro" e que a ex-primeira-dama não tinha cartão bancário.

No entanto, tudo indica que Michelle Bolsonaro resolveu ignorar a nova denúncia com o seu nome e investir em ações nas redes sociais a partir de publicações em seu perfil no Instagram. 

Como se nada estivesse acontecendo em torno do seu nome, Michelle Bolsonaro ressurgiu nas redes sociais em vídeos profundamente cafonas para vender horrendas blusas de tricô, pois, como se sabe, Michelle tem investido pesado para se tornar influencer da extrema direita nas redes sociais.

 

Ø  Em mensagens, Cid adverte a não bater porta do carro para não incomodar Michelle

 

Como disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, as mensagens do celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Cid Gomes, continuam a render.

De acordo com reportagem do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, mensagens mostram como era o dia a dia dos assessores da Presidência da República sob o governo Jair Bolsonaro.

Cid encaminhou uma mensagem ao grupo da ajudância de ordens que dizia: “Vou pedir um favor ao senhor. Quando tiver oportunidade, para conversar com o motorista de AJO [ajudância de ordens]. Ele entrou na privativa e estava com o som do carro um pouco alto e bateu as portas do carro.”

“A dona Michelle é bem sensível a barulhos altos e pode acabar reclamando”, completa o autor da bronca, devidamente encaminhada por Cid ao grupo. A mensagem data de 29 de abril de 2021.

Em outra mensagem, que teria sido escrita por Jonathas Diniz Vieira Coelho, capitão de corveta da Marinha e também ajudante de ordens de Bolsonaro diz a Cid, que "ao longo da semana esqueci de te lembrar daquele $ da gasolina da moto do PR e do caldo de cana – R$ 70,00. Se quiser transferir, meu PIX é [CPF de Jonathas].”

Segundo a reportagem, a mensagem foi encaminhada por Cid ao grupo em 16 de abril de 2021. Alguns dias antes, no dia 10, em plena pandemia do coronavírus, Bolsonaro havia saído de casa de moto para pregar contra as medidas de isolamento e visitar refugiados venezuelanos no Entorno do DF.

 

       Afinal, quem pagava as contas de Michelle?

 

Conversas do celular de Mauro Cid, o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelam que assessoras de Michelle pediam saques para a ex-primeira-dama. O Uol traz a transcrição das trocas de mensagens vazadas pela Polícia Federal.

Giselle Carneiro e Cintia Nogueira enviaram diversos pedidos de dinheiro ao ajudante para Michelle, que chamavam de “dama” e “PD”.

“A dama pediu 3200 na conta dela o senhor consegue ainda hoje?” “Valor de 4900 para transferir para a conta da Dama. Por favor Coronel.” “A pedido da PD, tem que ser feitos dois pagamentos.” “A PD pediu 3000.” Estas foram algumas das mensagens enviadas ao tenente-coronel Mauro Cid, preso desde o dia 3 de maio, por conta de fraude em cartões de vacina.

O que chama atenção da Polícia Federal é que 13 comprovantes de depósito entre março e agosto de 2021 nas contas da ex-primeira-dama foram feitos em dinheiro vivo. Isso dificulta saber qual é a origem do dinheiro que Mauro Cid transferiu para Michelle.

Numa das conversas o ajudante de ordens diz que a transferência para um veterinário a pedido da PD não seja feita por pix. Nessa modalidade, aparece no banco quem enviou e quem recebeu. “Eu faço depósito, eu não faço transferência bancária, não”, disse Cid.

Vale lembrar que dinheiro vivo era usado pela família Bolsonaro, que teria comprado 51 imóveis com dinheiro em espécie. E tanto Jair como os filhos já foram acusados de prática de rachadinha, quando funcionários-fantasmas sacam o salário e repassam o dinheiro. Carlos Bolsonaro, inclusive, é investigado pelo MP do Rio.

Dessa história toda dos diálogos envolvendo Michelle a principal pergunta que resta é: de quem era o dinheiro vivo depositado na conta da ex-primeira-dama. Essa pergunta precisa ser respondida na investigação, pois dinheiro público não pode ser usado para gastos pessoais de quem quer que seja.

Não seria normal simplesmente se fazer uma transferência da conta de Jair para a conta de Michelle? Afinal ela não trabalha e não tem salário. Ele recebia como presidente de cerca de 30 mil reais, mais cerca de 10 mil reais de aposentadoria do Exército como capitão reformado. E ainda tinham o cartão corporativo e os benefícios do cargo. Por que Mauro Cid só fazia depósito?

À Veja, Michelle disse que "antes do Jair se tornar presidente, eu administrava as contas da nossa casa. Quando chegamos no Alvorada, tinha essa figura para fazer esse trabalho. Pagar as despesas do dia a dia. A gente tinha vários eventos, uma demanda muito grande de trabalho, então a gente deixava tudo na planilha. Eu passava para a minha assessora, que passava para o Cid, que tinha acesso ao cartão pessoal. Ele sacava e pagava a manicure, ou cabeleireiro, um dinheiro para o lanche das crianças".

 

Fonte: Fórum/Brasil 247

 

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