quinta-feira, 4 de maio de 2023

Com decisão do Copom, Brasil continua com a maior taxa de juros reais do mundo

A taxa básica de juros brasileira (Selic) não sobe desde junho de 2022, mas o país continua no topo do ranking global de juros reais, segundo levantamento compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management. Já a Argentina ocupa a última posição na lista de 40 países (veja mais abaixo).

Em decisão nesta quarta-feira (3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros inalterada, em 13,75% ao ano.

Descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses – de 5,32%, segundo relatório Focus, do BC – os juros reais ficaram em 6,82%. A taxa é sufiente para manter o país no topo da lista, acima de MéxicoColômbiaChile e Filipinas.

A taxa de juros real é calculada com o abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses, sendo considerada uma medida melhor para comparação com outros países.

<<<< VEJA O RANKING ABAIXO:

·         Juros nominais

Considerando os juros nominais (sem descontar a inflação), a taxa brasileira se manteve na segunda posição – atrás apenas da Argentina, onde a taxa é de 91%, mas onde a hiperinflação derruba a taxa real.

## Veja abaixo:

  1. Argentina: 91,00%
  2. Brasil: 13,75%
  3. Colômbia: 13,25%
  4. Hungria: 13,00%
  5. Chile: 11,25%
  6. México: 11,25%
  7. Turquia: 8,50%
  8. África do Sul: 7,75%
  9. Rússia: 7,50%
  10. República Checa: 7,00%
  11. Polônia: 6,75%
  12. Índia: 6,68%
  13. Filipinas: 6,25%
  14. Indonésia: 5,75%
  15. Hong Kong: 5,25%
  16. Nova Zelândia: 5,25%
  17. Estados Unidos: 5,00%
  18. Canadá: 4,50%
  19. Cingapura: 3,78%
  20. Israel: 4,50%
  21. China: 4,35%
  22. Reino Unido: 4,25%
  23. Austrália: 3,85%
  24. Alemanha: 3,75%
  25. Áustria: 3,75%
  26. Espanha: 3,75%
  27. Grécia: 3,75%
  28. Holanda: 3,75%
  29. Portugal: 3,75%
  30. Suécia: 3,75%
  31. Bélgica: 3,75%
  32. França: 3,75%
  33. Itália: 3,75%
  34. Coreia do Sul: 3,50%
  35. Malásia: 3,00%
  36. Dinamarca: 2,60%
  37. Tailândia: 2,00%
  38. Taiwan: 1,88%
  39. Japão: -0,10%
  40. Suíça: -0,75%

 

Ø  Copom mantém Selic em 13,75%

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (03), manter a taxa Selic em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde o início de agosto de 2022.

A decisão se deu em meio às persistentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de ministros do governo ao atual nível da taxa de juros.

·         Paciência e serenidade

No comunicado divulgado após o encontro, o comitê avalia que o momento requer "paciência e serenidade na condução da política monetária".

O comitê ressalta ainda que poderá "retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado". Ou seja, poderá voltar a aumentar a Selic em outro momento, se necessário. Porém, desta vez, o próprio Copom reconhece, diferentemente do comunicado anterior, que este é um "cenário menos provável".

"O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária. O Copom enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", diz o comunicado.

No comunicado, o Copom também não dá indícios sobre uma eventual redução da taxa de juros nas futuras reuniões.

O Copom costuma se reunir a cada 45 dias para definir a taxa básica de juros da economia. Esta é a terceira reunião do grupo durante o governo Lula. A próxima está marcada para os dias 20 e 21 de junho.

É também a sexta vez seguida em que o comitê se reúne e decide pela manutenção da taxa – o resultado já era esperado pelo mercado.

<<<< Comunicado Copom

O comitê avalia que:

  • No cenário externo, o ambiente se mantém adverso por conta dos recentes episódios envolvendo bancos. O Copom acrescenta ainda que a inflação se mantém "resiliente" lá fora e que "os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas";
  • No cenário interno, o Copom pondera que persiste o ambiente de desaceleração da economia e que a inflação ao consumidor segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.

>>> Arcabouço fiscal

Para o Copom, ainda existe incerteza sobre o desenho do arcabouço fiscal que será aprovado pelo Congresso Nacional e sobre o impacto da proposta nas trajetórias da dívida pública e da inflação.

O comitê avalia que a apresentação da proposta de arcabouço fiscal reduziu "parte da incerteza advinda da política fiscal", mas, por outro lado, é preciso seguir atenção na condução da política monetária porque "o processo desinflacionário tende a ser mais lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas".

"O Copom enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, e avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional", diz o comunicado.

O projeto de arcabouço fiscal foi entregue pelo governo federal ao Congresso Nacional em abril. Nesta quarta-feira (03), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que a votação do projeto do fique para a terceira semana deste mês, a partir do dia 15.

·         Críticas ao patamar da Selic

O governo Lula tem pressionado o Banco Central a reduzir a taxa de juros. A avaliação é que o atual patamar da Selic inibe o crescimento da economia.

Em evento com centrais sindicais em celebração ao Dia do Trabalho (1º), associou o nível da Selic ao desemprego e disse que a taxa de juros é parcialmente "responsável" pela situação do país.

Ontem (02), durante o primeiro dia de reunião do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o BC já poderia iniciar o processo de corte dos juros básicos da economia nesta semana.

Por outro lado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem defendido que o Copom atua de forma técnica para buscar o atingimento das metas de inflação.

Desde 2021, o Banco Central possui autonomia operacional para definir a política monetária com objetivo de controlar a inflação.

·         Taxa básica de juros

A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação.

Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.

Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com a meta de inflação, o BC pode reduzir a Selic;

Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. A meta de inflação do próximo ano é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

 

Fonte: g1

 

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