Por que a China
está aumentando suas reservas de ouro?
Enquanto
entre setembro de 2019 e outubro de 2022, as reservas de ouro da China permaneceram
inalteradas, desde novembro do ano passado Pequim começou a acumular barras.
A
China está aumentando suas reservas de ouro pelo quinto mês consecutivo porque
está se preparando para possíveis futuras sanções, informou um jornal com sede
em Nova York, citando especialistas da indústria.
O
acadêmico e autor de finanças chinês Sun Xiaoji disse que o Banco Popular da
China está ativamente aumentando seus estoques de ouro, já que não descarta um
cenário em que seja expulso do sistema global de pagamentos em dólares
americanos.
O
consultor financeiro que trabalha no Reino Unido Fang Qi, por sua vez, disse à
mídia que acredita que o banco central da China reduziu as suas carteiras de
obrigações dos EUA e aumentou as reservas de ouro chinês principalmente devido
a preocupações com as taxas de rendimento e redução da volatilidade.
Os
comentários ocorreram algumas semanas depois que o Banco Popular da China
aumentou suas reservas de ouro em cerca de 18 toneladas, após a pausa que
ocorreu entre setembro de 2019 e outubro de 2022.
As
reservas totais de barras do país atualmente atingiram cerca de 2.068
toneladas, depois de crescer em cerca de 102 toneladas nos quatro meses
anteriores a março, conforme informava no início de abril a agência Bloomberg.
No
entanto, a doutora em economia Ekaterina Zaklyazminskaya, pesquisadora
principal do Centro de Política Mundial e Análise Estratégica do Instituto da
China e Ásia Moderna da Academia de Ciências da Rússia, argumentou em uma
entrevista à Sputnik que as sanções americanas não são a principal causa de tal
movimento de Pequim, já que a China está sob elas há mais de um ano.
"A
China quer cobrir os riscos. A instabilidade da economia americana leva a tais
decisões. É evidente que o fator político não deve ser excluído."
"China
já está sob sanções dos Estados Unidos. É preciso ter em conta o fator
econômico, ou seja, por que a China faz tais investimentos em ouro e rejeita os
títulos do Tesouro dos Estados Unidos", indagou.
"Estamos
presenciando uma remodelação da economia mundial, o formato de uma nova ordem
econômica mundial agora é muito ativo. A China começou este processo já há
algum tempo. O desejo de desdobramento é observado na China desde 2009, logo
após uma grande crise financeira e econômica desencadeada pelos Estados
Unidos", explicou a especialista.
E
acrescentou: "A China busca aumentar o número de acordos mútuos em moedas
nacionais. Em particular, neste momento, a China utiliza liquidações mútuas em
moedas nacionais com mais de 30 países do mundo, ou seja, com países como a
Rússia, o Irã, a Índia, Singapura, a Venezuela, a Turquia e a Indonésia."
Os
acontecimentos levaram ainda a China a concluir um acordo com o Brasil no final
do mês passado para comercializar nas suas próprias moedas, em uma tentativa de
abandonar o dólar americano como intermediário.
Ø
Presidência
russa à CSNU: como Lavrov lidera ideia de multipolaridade ante mudanças
geopolíticas?
O
chanceler russo, Sergei Lavrov, deve presidir às reuniões do Conselho de
Segurança da ONU de 24 a 25 de abril, quando a presidência da Rússia no órgão
internacional está prestes a terminar. O que podemos esperar da viagem de
Lavrov aos EUA e como a Rússia está liderando a ideia de multipolaridade em
meio à atual mudança geopolítica?
O
ministro das Relações Exteriores da Rússia deve realizar um debate aberto de
ato nível no Conselho de Segurança da ONU sobre "multilateralismo efetivo
através da defesa dos princípios da Carta da ONU", um dos eventos de
assinatura da presidência russa, em 24 de abril.
Enquanto
isso, em 25 de abril, Lavrov deve presidir uma discussão sobre o Oriente Médio,
que contará com Tor Wennesland, coordenador especial do Processo de Paz do
Oriente Médio. A reunião se concentrará na estagnação da resolução do conflito
palestino-israelense e na escalada de tensões.
·
Multilateralismo
efetivo da Rússia
O
Conselho de Segurança das Nações Unidas tem discutido repetidamente a Carta das
Nações Unidas e o sistema multilateral nos últimos anos. Mais recentemente, um
desses debates, intitulado Nova Orientação para Multilateralismo Reformado,
ocorreu em 14 de dezembro de 2022, durante a presidência da Índia do Conselho
de Segurança. Antes disso, a China levantou a questão em 7 de maio de 2021,
organizando um debate aberto sobre "defender o multilateralismo e o
sistema internacional centrado na ONU".
As
ideias de multipolaridade e uma ordem mundial mais justa – em contraste com o
modelo centrado no Ocidente – foram formuladas por Moscou e Pequim em 4 de
fevereiro de 2022. A declaração conjunta sino-russa enfatizou que "o mundo
está passando por mudanças importantes", incluindo uma "transformação
da arquitetura de governança global e da ordem mundial".
O
documento criticou especificamente as ações de "alguns atores que apenas
representam a minoria à escala internacional" por tomarem decisões
unilaterais para abordar questões internacionais.
Dirigindo-se
à 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em 24 setembro de 2022, o
ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, enfatizou que o modelo
unipolar de desenvolvimento mundial que serviu os interesses do Ocidente – que
durante séculos acumulou a riqueza do mundo às custas da Ásia, África e América
Latina – está se tornando rapidamente uma coisa do passado.
Mais
tarde, em outubro de 2022, Lavrov disse à emissora de TV Rossiya-1 que a
reforma do Conselho de Segurança da ONU (CSNU) já está atrasada, dada a
constante sub-representação dos países em desenvolvimento.
De
acordo com Lavrov, sete representantes do Ocidente coletivo participam das
reuniões de 15 membros do CSNU, enquanto os países da Ásia, África e América
Latina estão cronicamente sub-representados no órgão há décadas.
Nos
últimos dois anos, a Rússia reforçou a cooperação com os países do Sul Global
em meio ao desenrolar da crise financeira e alimentar. Antes de participar dos
eventos de assinatura do Conselho da Segurança da ONU, Lavrov se reuniu com seu
homólogo chinês Qin Gang em Samarcanda, Uzbequistão, em 13 de abril de 2023.
Ao
realizar uma coletiva de imprensa após a reunião, Lavrov afirmou que Moscou
apoia a nova Iniciativa de Segurança Global de Pequim e a Iniciativa da
Civilização Global, defende a Carta da ONU, defende o princípio da igualdade
soberana, defende o multilateralismo efetivo e está pronta para fazer esforços
conjuntos para proteger a paz e a estabilidade na região, bem como o
desenvolvimento sustentável.
Depois
disso, o chanceler russo embarcou em uma visita de quatro dias a quatro países
da América do Sul e Central, visitando o Brasil, a Venezuela, a Nicarágua e
Cuba. A ofensiva de charme diplomático do ministro das Relações Exteriores
russo resultou em vários acordos em diversas áreas de cooperação, mas acima de
tudo serviu para contrabalançar a política e a hegemonia dos EUA, de acordo com
observadores internacionais.
América
Latina não é mais o "quintal" dos Estados Unidos, como Washington
muitas vezas tenta retratar: os países da região mantiveram laços mais
estreitos com a Rússia e a China, independentemente do crescente
descontentamento dos defensores da Doutrina Monroe nos EUA.
Além
disso, Brasil e Argentina tem discutido abertamente o estabelecimento de uma
moeda comum para o mercado comum do sul da região, comumente conhecido pela
abreviatura Mercosul.
Simultaneamente,
Brasil, Rússia, China e outros participantes do clube BRICS estão considerando
a introdução de uma nova moeda para o bloco de nações em desenvolvimento e a
desdolarização.
·
Jogo
feio dos EUA com vistos para delegação russa
Nenhum
dos movimentos de Lavrov passou despercebido pelos EUA, que lançaram uma campanha
anti-Rússia desde o primeiro dia da presidência de Moscou no Conselho de
Segurança da ONU em abril.
Os
aliados de Washington na OTAN na Europa, bem como Kiev, tentaram lançar dúvidas
sobre o direito soberano da Rússia de presidir o órgão internacional, mas
acabaram por ter que se reconciliar com as regras da organização.
Ainda
assim, em uma aparente tentativa de cutucar Moscou, os EUA recorreram ao
processamento de atrasos na emissão de vistos para o ministro das Relações
Exteriores Sergei Lavrov e seus associados para participar dos eventos de 24 a
25 de abril do CSNU. Somente em 14 de abril os EUA começaram a emitir vistos
para a delegação russa.
No
entanto, Washington deu um gelo nos jornalistas russos que deveriam cobrir o
trabalho dos representantes da nação no Conselho de Segurança da ONU. Os EUA
não forneceram nenhuma explicação para a atitude.
Comentando
sobre a decisão dos EUA de não fornecer vistos aos jornalistas russos, Lavrov
observou em 23 de abril que o país que se autointitula "o mais livre"
ficou com medo e ridicularizou-se.
·
Agenda
da Rússia durante a presidência do CSNU
O
programa do Conselho de Segurança da Rússia para abril listou três discussões
abertas. Uma delas já ocorreu no dia 10 de abril, sendo dedicada aos riscos
decorrentes de violações dos acordos que regulam a exportação de armas e
equipamentos militares.
A
Federação da Rússia aproveitou a oportunidade para levantar a questão da
exportação ilícita e não regulamentada de armas quando os membros ocidentais da
ONU intensificaram as entregas de armas pesadas para Kiev.
Izumi
Nakamitsu, subsecretária-geral e alta representante para assuntos de
desarmamento, destacou que quaisquer transferências de armas e munições devem
incluir avaliações de risco pré-transferência e controles pós-embarque, que
incluem inspeções no local e verificações de usuários finais.
Por
sua vez, Vasily Nebenzya, representante permanente na ONU da Federação da
Rússia, chamou a atenção para o fato de que a crise na Ucrânia se tornou uma
demonstração clara do comportamento insincero e irresponsável dos países
ocidentais no controle de armas.
Em
particular, ele citou o fato de que os Estados Unidos e seus aliados haviam
pressionado países terceiros a aumentar o fornecimento de armas à Ucrânia, em
violação direta das normas internacionais fundamentais. Ele também chamou a
atenção para a perda de armas da OTAN na Ucrânia.
O
suposto vazamento do Pentágono lançou luz sobre as tentativas dos EUA de forçar
seus aliados e parceiros a aumentar o fornecimento de armas para a Ucrânia.
Enquanto isso, o jornalista vencedor do prêmio Pulitzer Seymour Hersh revelou
no início desta semana em uma entrevista à mídia russa que o Ocidente está bem
ciente de que as armas que eles entregam à Ucrânia estão sendo vendidas no
mercado negro, algo que a grande mídia tentou esconder.
Em
suma, a presidência russa dedicou-se principalmente às questões relativas ao
Sul Global. A programação de abril do Conselho da Segurança da ONU incluiu
briefings sobre o trabalho da Missão Multidimensional Integrada das Nações
Unidas para Estabilização do Mali (MINUSMA), bem como a missão da ONU na
Colômbia.
Uma
série de outros briefings em abril se concentrou no Iêmen, na deterioração da
situação de segurança na região dos Grandes Lagos da África, na Missão de Apoio
das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL), na Missão das Nações Unidas no Kosovo
(UNMIK) e no Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH).
Com
quem Lavrov se encontrará nos bastidores do CSNU?
Sergei
Lavrov convidou os chefes dos departamentos de Relações Exteriores, do
Departamento de Estado e outros a participar das reuniões que presidirá nos
dias 24 e 25 de abril.
Ainda
não está claro se o ministro das Relações Exteriores russo se reunirá com o
secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Os dois se encontraram brevemente
à margem da Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20 em Nova Deli,
quando as tensões entre Moscou e Washington aumentaram.
No
domingo (23), o Ministério das Relações Exteriores russo deixou claro que não
há planos para uma reunião entre Lavrov e Blinken na sede da ONU em Nova York.
"Em
geral, não temos uma agenda com os americanos para discussão no nível
ministerial no momento", disse o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, a
repórteres em 23 de abril.
Foi
relatado anteriormente que a administração Biden está buscando retomar o
diálogo com a liderança chinesa depois que cancelou a visita de Antony Blinken
à República Popular da China devido ao escândalo do balão "espião".
De acordo com a imprensa ocidental, Pequim está atualmente não está dando bola
aos altos funcionários dos EUA, evitando os contatos de alto nível.
Enquanto
isso, Nebenzya revelou que Lavrov provavelmente realizará uma reunião com o
secretário-geral da ONU, António Guterres, em Nova York em 24 de abril.
Ø
Maiores
refinarias da China compram mais petróleo russo e podem quebrar novo recorde,
diz agência
As
maiores refinarias estatais e privadas da China estão comprando mais petróleo
russo, elevando o seu preço e forçando pequenas refinarias independentes a
procurar opções mais baratas, escreveu Reuters.
Os
principais compradores chineses, que se afastaram do petróleo russo quando a
União Europeia (UE) e o Grupo dos Sete (G7) impuseram um embargo e um teto de
preço sobre o petróleo em dezembro, têm restaurado sua confiança e se juntaram
à corrida pelo petróleo com desconto.
Em
fevereiro, as refinarias estatais chinesas PetroChina e Sinopec retomaram as
importações e, em março, as grandes refinarias privadas de petróleo Hengli
Petrochemical e Jiangsu Eastern Shenghong Co. seguiram o exemplo, de acordo com
negociantes e provedores de dados de rastreamento de navios Refinitiv, Kpler
and Vortexa.
Em
março, as importações totais russas da China, incluindo o fornecimento por
oleodutos e suprimentos marítimos, aumentaram para um recorde de 9,61 milhões
de toneladas, o equivalente a 2,26 milhões de barris por dia (bpd), apontam
dados aduaneiros desta sexta-feira (21).
"As
importações chinesas da marca russa [de petróleo] Urals estão a caminho de
quebrar o recorde de março [em abril] à medida que mais refinarias começam a
aproveitar o petróleo com desconto do Báltico da Rússia", disse Emma Li,
analista da Vortexa, acrescentando que cerca de 700 mil bpd de Urals podem
chegar à China em abril, acima dos 600 bpd do mês anterior.
Enquanto
isso, as refinarias menores tiveram que optar por alternativas como a categoria
de petróleo Russian Arctic e o petróleo iraniano e venezuelano, já que os
grandes compradores estão de volta ao mercado. Ao mesmo tempo, os descontos que
a Rússia oferecia enquanto procurava desviar os suprimentos do Ocidente estão
diminuindo.
EUA teriam pedido à Coreia do Sul que não
preencha vazio na China se Micron for banida
Washington
falou com Seul para não entrar no mercado chinês em lugar da americana Micron,
que está sob investigação por supostos problemas de segurança, escreve mídia
britânica.
Os
EUA pediram à Coreia do Sul que instasse seus fabricantes de chips a não
preencher nenhuma vazio de mercado na China se Pequim proibir o fabricante de
chips de memória norte-americano Micron de vender chips, informou no domingo
(23) o jornal britânico Financial Times.
As
empresas sul-coreanas em questão são a Samsung e a SK Hynix, indicaram as
fontes da mídia.
A
Casa Branca não comentou o relatório do Financial Times, mas revelou que tanto
Washington como Seul tomaram medidas para coordenar investimentos no setor de
semicondutores, assegurar tecnologias críticas e lidar com a coerção econômica.
O
regulador do ciberespaço chinês disse em março que realizaria uma revisão de
segurança dos produtos da Micron vendidos no país. O fabricante do chip disse
no que estava cooperando com o governo chinês, e que suas operações no país
eram normais.
A
notícia chega na véspera da chega de segunda-feira (24) de Yoon Suk Yeol,
presidente da Coreia do Sul, aos EUA, para uma cúpula com o presidente
americano Joe Biden, com a visita durando até sábado (29).
Trata-se
da primeira vez que um líder sul-coreano visita os EUA desde 2011, e acontece
no período do 70º aniversário da aliança dos países.
Os
EUA impuseram a partir de outubro de 2022 uma série de controles de exportação
da tecnologia de fabricação de chips para a China para impedir sua aplicações
militares, mas também para retardar o desenvolvimento chinês no setor. Na lista
negra ficaram várias das maiores empresas de chips da China, incluindo a
Yangtze, rival da Micron.
Fonte:
Sputnik Brasil
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