terça-feira, 25 de abril de 2023

Por que a China está aumentando suas reservas de ouro?

Enquanto entre setembro de 2019 e outubro de 2022, as reservas de ouro da China permaneceram inalteradas, desde novembro do ano passado Pequim começou a acumular barras.

A China está aumentando suas reservas de ouro pelo quinto mês consecutivo porque está se preparando para possíveis futuras sanções, informou um jornal com sede em Nova York, citando especialistas da indústria.

O acadêmico e autor de finanças chinês Sun Xiaoji disse que o Banco Popular da China está ativamente aumentando seus estoques de ouro, já que não descarta um cenário em que seja expulso do sistema global de pagamentos em dólares americanos.

O consultor financeiro que trabalha no Reino Unido Fang Qi, por sua vez, disse à mídia que acredita que o banco central da China reduziu as suas carteiras de obrigações dos EUA e aumentou as reservas de ouro chinês principalmente devido a preocupações com as taxas de rendimento e redução da volatilidade.

Os comentários ocorreram algumas semanas depois que o Banco Popular da China aumentou suas reservas de ouro em cerca de 18 toneladas, após a pausa que ocorreu entre setembro de 2019 e outubro de 2022.

As reservas totais de barras do país atualmente atingiram cerca de 2.068 toneladas, depois de crescer em cerca de 102 toneladas nos quatro meses anteriores a março, conforme informava no início de abril a agência Bloomberg.

No entanto, a doutora em economia Ekaterina Zaklyazminskaya, pesquisadora principal do Centro de Política Mundial e Análise Estratégica do Instituto da China e Ásia Moderna da Academia de Ciências da Rússia, argumentou em uma entrevista à Sputnik que as sanções americanas não são a principal causa de tal movimento de Pequim, já que a China está sob elas há mais de um ano.

"A China quer cobrir os riscos. A instabilidade da economia americana leva a tais decisões. É evidente que o fator político não deve ser excluído."

"China já está sob sanções dos Estados Unidos. É preciso ter em conta o fator econômico, ou seja, por que a China faz tais investimentos em ouro e rejeita os títulos do Tesouro dos Estados Unidos", indagou.

"Estamos presenciando uma remodelação da economia mundial, o formato de uma nova ordem econômica mundial agora é muito ativo. A China começou este processo já há algum tempo. O desejo de desdobramento é observado na China desde 2009, logo após uma grande crise financeira e econômica desencadeada pelos Estados Unidos", explicou a especialista.

E acrescentou: "A China busca aumentar o número de acordos mútuos em moedas nacionais. Em particular, neste momento, a China utiliza liquidações mútuas em moedas nacionais com mais de 30 países do mundo, ou seja, com países como a Rússia, o Irã, a Índia, Singapura, a Venezuela, a Turquia e a Indonésia."

Os acontecimentos levaram ainda a China a concluir um acordo com o Brasil no final do mês passado para comercializar nas suas próprias moedas, em uma tentativa de abandonar o dólar americano como intermediário.

 

Ø  Presidência russa à CSNU: como Lavrov lidera ideia de multipolaridade ante mudanças geopolíticas?

 

O chanceler russo, Sergei Lavrov, deve presidir às reuniões do Conselho de Segurança da ONU de 24 a 25 de abril, quando a presidência da Rússia no órgão internacional está prestes a terminar. O que podemos esperar da viagem de Lavrov aos EUA e como a Rússia está liderando a ideia de multipolaridade em meio à atual mudança geopolítica?

O ministro das Relações Exteriores da Rússia deve realizar um debate aberto de ato nível no Conselho de Segurança da ONU sobre "multilateralismo efetivo através da defesa dos princípios da Carta da ONU", um dos eventos de assinatura da presidência russa, em 24 de abril.

Enquanto isso, em 25 de abril, Lavrov deve presidir uma discussão sobre o Oriente Médio, que contará com Tor Wennesland, coordenador especial do Processo de Paz do Oriente Médio. A reunião se concentrará na estagnação da resolução do conflito palestino-israelense e na escalada de tensões.

·         Multilateralismo efetivo da Rússia

O Conselho de Segurança das Nações Unidas tem discutido repetidamente a Carta das Nações Unidas e o sistema multilateral nos últimos anos. Mais recentemente, um desses debates, intitulado Nova Orientação para Multilateralismo Reformado, ocorreu em 14 de dezembro de 2022, durante a presidência da Índia do Conselho de Segurança. Antes disso, a China levantou a questão em 7 de maio de 2021, organizando um debate aberto sobre "defender o multilateralismo e o sistema internacional centrado na ONU".

As ideias de multipolaridade e uma ordem mundial mais justa – em contraste com o modelo centrado no Ocidente – foram formuladas por Moscou e Pequim em 4 de fevereiro de 2022. A declaração conjunta sino-russa enfatizou que "o mundo está passando por mudanças importantes", incluindo uma "transformação da arquitetura de governança global e da ordem mundial".

O documento criticou especificamente as ações de "alguns atores que apenas representam a minoria à escala internacional" por tomarem decisões unilaterais para abordar questões internacionais.

Dirigindo-se à 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas em 24 setembro de 2022, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, enfatizou que o modelo unipolar de desenvolvimento mundial que serviu os interesses do Ocidente – que durante séculos acumulou a riqueza do mundo às custas da Ásia, África e América Latina – está se tornando rapidamente uma coisa do passado.

Mais tarde, em outubro de 2022, Lavrov disse à emissora de TV Rossiya-1 que a reforma do Conselho de Segurança da ONU (CSNU) já está atrasada, dada a constante sub-representação dos países em desenvolvimento.

De acordo com Lavrov, sete representantes do Ocidente coletivo participam das reuniões de 15 membros do CSNU, enquanto os países da Ásia, África e América Latina estão cronicamente sub-representados no órgão há décadas.

Nos últimos dois anos, a Rússia reforçou a cooperação com os países do Sul Global em meio ao desenrolar da crise financeira e alimentar. Antes de participar dos eventos de assinatura do Conselho da Segurança da ONU, Lavrov se reuniu com seu homólogo chinês Qin Gang em Samarcanda, Uzbequistão, em 13 de abril de 2023.

Ao realizar uma coletiva de imprensa após a reunião, Lavrov afirmou que Moscou apoia a nova Iniciativa de Segurança Global de Pequim e a Iniciativa da Civilização Global, defende a Carta da ONU, defende o princípio da igualdade soberana, defende o multilateralismo efetivo e está pronta para fazer esforços conjuntos para proteger a paz e a estabilidade na região, bem como o desenvolvimento sustentável.

Depois disso, o chanceler russo embarcou em uma visita de quatro dias a quatro países da América do Sul e Central, visitando o Brasil, a Venezuela, a Nicarágua e Cuba. A ofensiva de charme diplomático do ministro das Relações Exteriores russo resultou em vários acordos em diversas áreas de cooperação, mas acima de tudo serviu para contrabalançar a política e a hegemonia dos EUA, de acordo com observadores internacionais.

América Latina não é mais o "quintal" dos Estados Unidos, como Washington muitas vezas tenta retratar: os países da região mantiveram laços mais estreitos com a Rússia e a China, independentemente do crescente descontentamento dos defensores da Doutrina Monroe nos EUA.

Além disso, Brasil e Argentina tem discutido abertamente o estabelecimento de uma moeda comum para o mercado comum do sul da região, comumente conhecido pela abreviatura Mercosul.

Simultaneamente, Brasil, Rússia, China e outros participantes do clube BRICS estão considerando a introdução de uma nova moeda para o bloco de nações em desenvolvimento e a desdolarização.

·         Jogo feio dos EUA com vistos para delegação russa

Nenhum dos movimentos de Lavrov passou despercebido pelos EUA, que lançaram uma campanha anti-Rússia desde o primeiro dia da presidência de Moscou no Conselho de Segurança da ONU em abril.

Os aliados de Washington na OTAN na Europa, bem como Kiev, tentaram lançar dúvidas sobre o direito soberano da Rússia de presidir o órgão internacional, mas acabaram por ter que se reconciliar com as regras da organização.

Ainda assim, em uma aparente tentativa de cutucar Moscou, os EUA recorreram ao processamento de atrasos na emissão de vistos para o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov e seus associados para participar dos eventos de 24 a 25 de abril do CSNU. Somente em 14 de abril os EUA começaram a emitir vistos para a delegação russa.

No entanto, Washington deu um gelo nos jornalistas russos que deveriam cobrir o trabalho dos representantes da nação no Conselho de Segurança da ONU. Os EUA não forneceram nenhuma explicação para a atitude.

Comentando sobre a decisão dos EUA de não fornecer vistos aos jornalistas russos, Lavrov observou em 23 de abril que o país que se autointitula "o mais livre" ficou com medo e ridicularizou-se.

·         Agenda da Rússia durante a presidência do CSNU

O programa do Conselho de Segurança da Rússia para abril listou três discussões abertas. Uma delas já ocorreu no dia 10 de abril, sendo dedicada aos riscos decorrentes de violações dos acordos que regulam a exportação de armas e equipamentos militares.

A Federação da Rússia aproveitou a oportunidade para levantar a questão da exportação ilícita e não regulamentada de armas quando os membros ocidentais da ONU intensificaram as entregas de armas pesadas para Kiev.

Izumi Nakamitsu, subsecretária-geral e alta representante para assuntos de desarmamento, destacou que quaisquer transferências de armas e munições devem incluir avaliações de risco pré-transferência e controles pós-embarque, que incluem inspeções no local e verificações de usuários finais.

Por sua vez, Vasily Nebenzya, representante permanente na ONU da Federação da Rússia, chamou a atenção para o fato de que a crise na Ucrânia se tornou uma demonstração clara do comportamento insincero e irresponsável dos países ocidentais no controle de armas.

Em particular, ele citou o fato de que os Estados Unidos e seus aliados haviam pressionado países terceiros a aumentar o fornecimento de armas à Ucrânia, em violação direta das normas internacionais fundamentais. Ele também chamou a atenção para a perda de armas da OTAN na Ucrânia.

O suposto vazamento do Pentágono lançou luz sobre as tentativas dos EUA de forçar seus aliados e parceiros a aumentar o fornecimento de armas para a Ucrânia. Enquanto isso, o jornalista vencedor do prêmio Pulitzer Seymour Hersh revelou no início desta semana em uma entrevista à mídia russa que o Ocidente está bem ciente de que as armas que eles entregam à Ucrânia estão sendo vendidas no mercado negro, algo que a grande mídia tentou esconder.

Em suma, a presidência russa dedicou-se principalmente às questões relativas ao Sul Global. A programação de abril do Conselho da Segurança da ONU incluiu briefings sobre o trabalho da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para Estabilização do Mali (MINUSMA), bem como a missão da ONU na Colômbia.

Uma série de outros briefings em abril se concentrou no Iêmen, na deterioração da situação de segurança na região dos Grandes Lagos da África, na Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL), na Missão das Nações Unidas no Kosovo (UNMIK) e no Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti (BINUH).

Com quem Lavrov se encontrará nos bastidores do CSNU?

Sergei Lavrov convidou os chefes dos departamentos de Relações Exteriores, do Departamento de Estado e outros a participar das reuniões que presidirá nos dias 24 e 25 de abril.

Ainda não está claro se o ministro das Relações Exteriores russo se reunirá com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Os dois se encontraram brevemente à margem da Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20 em Nova Deli, quando as tensões entre Moscou e Washington aumentaram.

No domingo (23), o Ministério das Relações Exteriores russo deixou claro que não há planos para uma reunião entre Lavrov e Blinken na sede da ONU em Nova York.

"Em geral, não temos uma agenda com os americanos para discussão no nível ministerial no momento", disse o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, a repórteres em 23 de abril.

Foi relatado anteriormente que a administração Biden está buscando retomar o diálogo com a liderança chinesa depois que cancelou a visita de Antony Blinken à República Popular da China devido ao escândalo do balão "espião". De acordo com a imprensa ocidental, Pequim está atualmente não está dando bola aos altos funcionários dos EUA, evitando os contatos de alto nível.

Enquanto isso, Nebenzya revelou que Lavrov provavelmente realizará uma reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres, em Nova York em 24 de abril.

 

Ø  Maiores refinarias da China compram mais petróleo russo e podem quebrar novo recorde, diz agência

 

As maiores refinarias estatais e privadas da China estão comprando mais petróleo russo, elevando o seu preço e forçando pequenas refinarias independentes a procurar opções mais baratas, escreveu Reuters.

Os principais compradores chineses, que se afastaram do petróleo russo quando a União Europeia (UE) e o Grupo dos Sete (G7) impuseram um embargo e um teto de preço sobre o petróleo em dezembro, têm restaurado sua confiança e se juntaram à corrida pelo petróleo com desconto.

Em fevereiro, as refinarias estatais chinesas PetroChina e Sinopec retomaram as importações e, em março, as grandes refinarias privadas de petróleo Hengli Petrochemical e Jiangsu Eastern Shenghong Co. seguiram o exemplo, de acordo com negociantes e provedores de dados de rastreamento de navios Refinitiv, Kpler and Vortexa.

Em março, as importações totais russas da China, incluindo o fornecimento por oleodutos e suprimentos marítimos, aumentaram para um recorde de 9,61 milhões de toneladas, o equivalente a 2,26 milhões de barris por dia (bpd), apontam dados aduaneiros desta sexta-feira (21).

"As importações chinesas da marca russa [de petróleo] Urals estão a caminho de quebrar o recorde de março [em abril] à medida que mais refinarias começam a aproveitar o petróleo com desconto do Báltico da Rússia", disse Emma Li, analista da Vortexa, acrescentando que cerca de 700 mil bpd de Urals podem chegar à China em abril, acima dos 600 bpd do mês anterior.

Enquanto isso, as refinarias menores tiveram que optar por alternativas como a categoria de petróleo Russian Arctic e o petróleo iraniano e venezuelano, já que os grandes compradores estão de volta ao mercado. Ao mesmo tempo, os descontos que a Rússia oferecia enquanto procurava desviar os suprimentos do Ocidente estão diminuindo.

 

       EUA teriam pedido à Coreia do Sul que não preencha vazio na China se Micron for banida

 

Washington falou com Seul para não entrar no mercado chinês em lugar da americana Micron, que está sob investigação por supostos problemas de segurança, escreve mídia britânica.

Os EUA pediram à Coreia do Sul que instasse seus fabricantes de chips a não preencher nenhuma vazio de mercado na China se Pequim proibir o fabricante de chips de memória norte-americano Micron de vender chips, informou no domingo (23) o jornal britânico Financial Times.

As empresas sul-coreanas em questão são a Samsung e a SK Hynix, indicaram as fontes da mídia.

A Casa Branca não comentou o relatório do Financial Times, mas revelou que tanto Washington como Seul tomaram medidas para coordenar investimentos no setor de semicondutores, assegurar tecnologias críticas e lidar com a coerção econômica.

O regulador do ciberespaço chinês disse em março que realizaria uma revisão de segurança dos produtos da Micron vendidos no país. O fabricante do chip disse no que estava cooperando com o governo chinês, e que suas operações no país eram normais.

A notícia chega na véspera da chega de segunda-feira (24) de Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul, aos EUA, para uma cúpula com o presidente americano Joe Biden, com a visita durando até sábado (29).

Trata-se da primeira vez que um líder sul-coreano visita os EUA desde 2011, e acontece no período do 70º aniversário da aliança dos países.

Os EUA impuseram a partir de outubro de 2022 uma série de controles de exportação da tecnologia de fabricação de chips para a China para impedir sua aplicações militares, mas também para retardar o desenvolvimento chinês no setor. Na lista negra ficaram várias das maiores empresas de chips da China, incluindo a Yangtze, rival da Micron.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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