Pessoas com
narcolepsia podem adormecer comendo ou dirigindo; entenda
Você
está dirigindo, comendo ou conversando com um amigo. De repente, cai no sono
por um lapso de segundo.
Pode
parecer assustador, mas esta é uma realidade de pessoas que vivem com uma
condição chamada narcolepsia.
O distúrbio do sono é raro, mas
pode comprometer a qualidade de vida de pacientes quando não é diagnosticado e
tratado.
·
O que é narcolepsia
Narcolepsia
é um distúrbio do sono crônico que causa sonolência excessiva diurna e afeta
intensamente as atividades diárias. Outros sintomas podem incluir fraqueza
muscular súbita relacionada a emoções, chamada de cataplexia, paralisia do sono
e a sensação de estar sonhando acordado.
A
pessoa com narcolepsia pode adormecer involuntariamente mesmo que esteja
dirigindo, comendo ou conversando, de acordo com a Associação Brasileira do
Sono (ABS). Cerca de 1 em cada 2.000 pessoas são afetadas, entre homens e
mulheres. Estima-se que 3 milhões de pessoas sofram de narcolepsia no mundo.
- Os pacientes apresentam tendência a adormecer em
situações monótonas, mas podendo também acontecer em situações mais ativas,
como durante direção, alimentação e trabalho, agregando risco de acidentes
graves. Em muitos momentos a sonolência é abrupta, acontecendo sem aviso prévio
- Lúcio
Huebra, neurologista do Hospital Sírio-Libanês.
A
narcolepsia em geral surge entre os 7 e 25 anos de idade e persiste por toda a
vida. Como a sonolência é um sintoma inespecífico e comum a muitas doenças, a
maioria das pessoas não são diagnosticadas ou recebem diagnósticos incorretos,
sofrendo prejuízos na qualidade de vida. Se não diagnosticada ou tratada, a
condição pode interferir seriamente no funcionamento psicológico, social e cognitivo.
“A
narcolepsia apesar de rara é muito subdiagnosticada e, quando o diagnóstico é
estabelecido, muitas vezes ocorre com grande atraso desde o início dos
sintomas. Indivíduos com sonolência importante durante o dia devem procurar
atendimento especializado para se firmar o diagnóstico”, afirma o médico
neurologista Lúcio Huebra, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
·
Sintomas
Em
um ciclo normal, uma pessoa entra na fase de sono mais
profunda, chamada movimento rápido dos olhos (REM, em inglês), após cerca de 60
a 90 minutos. Durante o sono REM, fase em que ocorrem os sonhos, o cérebro
mantém os músculos relaxados, o que impede que as pessoas apresentem reações ou
movimentos.
Pessoas
com narcolepsia entram no sono REM rapidamente, em torno de 15 minutos após
adormecerem. Além disso, a fraqueza muscular ou a atividade onírica – associada
aos sonhos, do sono REM, podem ocorrer durante o estado de vigília.
Embora
a causa da narcolepsia não seja completamente compreendida, a pesquisa atual sugere
que o quadro pode ser o resultado de uma combinação de fatores que causam a
deficiência de hipocretina, o neurotransmissor que ajuda a manter o estado de
alerta e regular o ciclo sono-vigília.
Os sintomas da
narcolepsia podem variar de uma pessoa para outra. Porém, a sonolência
excessiva está presente na maioria dos casos. Os principais sinais da
narcolepsia são:
- Sonolência
excessiva diurna;
- cataplexia;
- paralisia do
sono;
- sono noturno
interrompido;
- alucinações no
início do sono ou ao despertar.
·
Sonolência excessiva
Sonolência
diurna é o primeiro sintoma da doença, como ataques de sono durante o dia e
sensação avassaladora de sonolência. Os sonhos são comuns mesmo nos curtos e
indesejáveis cochilos diurnos. A sonolência também pode se manifestar
comprometendo a capacidade de atenção e concentração.
·
Cataplexia
São
episódios repentinos e reversíveis de perda da força muscular, geralmente
desencadeados por emoções como riso, alegria, surpresa ou
raiva.
Apesar
desses sintomas serem característicos, não estão presentes em todos os
pacientes. Pode durar segundos ou minutos, a pessoa é incapaz de falar ou de se
movimentar.
·
Paralisia do sono
Pacientes
com narcolepsia podem apresentar uma incapacidade de se mover por alguns
segundos, que pode acontecer ao adormecer ou acordar, a chamada paralisia do
sono.
Com
a consciência preservada, a paralisia do sono é descrita
como aterrorizante por algumas pessoas.
·
Sono noturno interrompido
Mesmo
com sonolência excessiva durante o dia, o sono da noite pode ser fragmentado.
Podem ocorrer movimentos periódicos de membros inferiores, apneia do sono,
sonhos vívidos e podem estar associados à dificuldade para iniciar o sono.
·
Alucinações
Para
algumas pessoas, estão presentes alucinações, como sensação de estar sonhando acordado que ocorrem ao adormecer ou ao
despertar. Podem ocorrer junto com episódios de paralisia do sono ou
cataplexia.
Comportamentos automáticos
São
episódios de sono temporários que podem ser muito breves, segundos. A pessoa
adormece durante uma atividade, como comer ou falar, e automaticamente continua
a atividade por algum tempo, sem consciência do que está fazendo.
·
Tipos de narcolepsia
De
acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), a doença pode ser dividida em dois tipos.
No
tipo 1, o indivíduo possui níveis baixos de hipocretina, com relatos de
cataplexia e sonolência diurna excessiva.
Já
os pacientes com o tipo 2 apresentam sonolência diurna excessiva, mas
geralmente não apresentam fraqueza muscular desencadeada por emoções. Os
sintomas tendem a ser menos graves e os níveis de hipocretina são
normais.
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Diagnóstico
Como
a doença pode ser subdiagnosticada, a avaliação médica é fundamental
para definir os sinais clínicos sugestivos através dos relatos do paciente.
Na
avaliação, questionários e escalas que medem a gravidade da sonolência são
aplicados. O registro da noite de sono em laboratório, chamado de
polissonografia noturna, é fundamental para o diagnóstico e também para afastar
outros transtornos do sono.
O teste diurno de múltiplas latências do sono
é obrigatório no dia seguinte à polissonografia. O exame permite avaliar a
sonolência diurna medindo a rapidez com que uma pessoa adormece e se entra no
sono REM.
No
dia seguinte, o indivíduo é convidado a tirar cinco cochilos curtos, separados
por duas horas ao longo de um dia. Se adormecer em menos de oito minutos
durante os cinco cochilos, pode indicar sonolência diurna excessiva.
Se
ocorrer, dentro de 15 minutos, uma fase do sono chamada sono REM, ao menos em 2
dos 5 cochilos, o diagnóstico se confirma. O exame da dosagem da hipocretina
também pode concluir o diagnóstico.
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Tratamento da narcolepsia é dividido em
comportamental e medicamentoso
A
narcolepsia é uma doença crônica. Apesar de não existir cura, os tratamentos
disponíveis amenizam os sintomas.
1- Tratamento comportamental
Baseia-se
na orientação da família e paciente sobre o estado crônico,
com implementação de medidas de segurança e adaptativas, como mudança de
horários, estudo, trabalho ou qualquer outra atividade importante do seu dia.
Evitar
trabalhos em turnos, tomar medidas de higiene do sono, com programação
de breves cochilos durante o dia, podem melhorar o estado de alerta.
2- Tratamento medicamentoso
Os medicamentos disponíveis
são destinados ao controle dos sintomas mais incapacitantes como a sonolência
excessiva e a cataplexia. São recomendados estimulantes prescritos pelo médico
para auxiliar na sonolência. Antidepressivos também são utilizados para
melhorar as outras queixas presentes na narcolepsia.
A ciência tem avançado na compreensão sobre a
fisiopatologia da narcolepsia e a descoberta da deficiência de hipocretina
abriu nova linhas de pesquisa que podem melhorar o tratamento e acelerar o
diagnóstico.
·
Recomendações especiais
A
Associação Brasileira do Sono (ABS) recomenda medidas que ajudam a ter uma
rotina de sono mais saudável:
- Mantenha
horários regulares para dormir e acordar inclusive nos finais de semana;
- organize seus
horários e programe cochilos breves de aproximadamente 20 minutos durante
o dia;
- evite café e
ingestão de bebidas alcoólicas especialmente à noite;
- evite
alimentação pesada próximo do horário de dormir pois pode prejudicar a
qualidade do sono;
- procure
atividades relaxantes antes do horário de dormir;
- observe os
estímulos que podem causar cataplexia, como gargalhadas ou sustos;
- exerça
atividades que possam promover vigília como exercício físico, exposição à
luz solar e interação social;
- realize
exercícios físicos diariamente por pelo menos 20 minutos.
Fonte:
CNN Brasil
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