quarta-feira, 26 de abril de 2023

Lula: 'Brasil quer buscar a paz para que não fiquemos sonhando toda noite com 3ª Guerra Mundial'

Após visitar Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu para Espanha para participar do Fórum Empresarial Brasil-Espanha, que ocorreu hoje (25) na capital espanhola, Madri.

Durante seu discurso no evento, Lula falou novamente sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia e disse que o Brasil está empenhado em buscar a paz, de acordo com a CNN.

Ainda segundo o presidente, ele entrou em contato com líderes mundiais "na tentativa de construir um movimento que traga a paz de novo para a Europa para que a gente não fique sonhando toda noite com uma Terceira Guerra Mundial ou o uso de bombas nucleares".

"O que pode evitar isso é a sensatez de a gente tentar encontrar um denominador comum para encontrar a paz. Estou convencido de que nós vamos chegar. O Brasil está empenhado na tentativa de arrumar parceiros para que a gente possa trazer a paz", completou Lula.

O presidente ainda classificou o conflito como "insano" e que "jamais poderia ter acontecido, porque não se pode aceitar que um país invada a integridade territorial de outro país".

Lula tem sido bem criticado por suas últimas declarações acerca do assunto, principalmente quando disse há duas semanas atrás que os Estados Unidos e a União Europeia não ajudam a buscar o cessar-fogo com o fluxo de armamento que enviam para Ucrânia desde o começo do conflito.

 

Ø  Lula: "Quem crê em solução militar luta contra a História"

 

Em discurso na Assembleia da República de Portugal nesta terça-feira (25/04), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a condenar a violação da integridade territorial da Ucrânia e a defender o diálogo para o fim da guerra no país europeu. O evento foi marcado por tumulto e protestos de parlamentares da extrema direita contra o petista.

"O Brasil compreende a apreensão causada pelo retorno da guerra à Europa. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais", afirmou Lula, destacando que a "solução duradoura" para o conflito deve ser baseada "no diálogo e na negociação política".

"Quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da História", declarou.

"As crises alimentar e energética são problemas de todo o mundo. Todos nós fomos afetados, de alguma forma, pelas consequências da guerra. É preciso falar da paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo diálogo e pela diplomacia", acrescentou.

A fala no Parlamento português ocorre dias depois de o presidente ter causado atrito com os Estados Unidos e a União Europeia (UE) ao afirmar que essas potências contribuem para prolongar o conflito em solo ucraniano. Bruxelas e a Casa Branca rebateram a declaração do brasileiro. Após as críticas, Lula já havia se manifestado condenando a violação do território ucraniano e desde que chegou a Lisboa vem adotando um tom mais brando em seu discurso sobre a guerra, dizendo que nunca igualou a Ucrânia  à Rússia no contexto do conflito.

·         Conselho da ONU e acordo comercial

Durante seu discurso, Lula defendeu a ampliação do Conselho de Segurança da ONU para torná-lo mais representativo com a participação de todas as regiões. "O Conselho de Segurança das Nações Unidas encontra-se praticamente paralisado. Isso ocorre porque sua composição, determinada ao fim da Segunda Guerra Mundial, 78 anos atrás, não representa a correlação de forças do mundo contemporâneo", disse.

Lula também reiterou o compromisso para destravar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia e mencionou a Revolução dos Cravos, que culminou com o fim da ditadura em Portugal. Nesta terça-feira, o movimento completou 49 anos.

"O 25 de Abril permitiu que Portugal desse um verdadeiro salto para o futuro. O movimento iniciado pelos Capitães de Abril há exatos 49 anos reconquistou as liberdades civis, a participação política dos cidadãos, a democratização política, os direitos trabalhistas e a livre organização sindical, criando as bases para o desenvolvimento econômico com justiça social", afirmou Lula, no evento de encerramento de sua viagem a Portugal.

O presidente, porém, não participou da sessão solene na Assembleia para marcar a data. Depois do ato de boas-vindas, Lula deixou o local para seguir viagem à Espanha.

·         Sessão marcada por tumulto

O discurso de Lula foi marcado por protestos de 12 deputados da bancada do partido de extrema direita português Chega, que ficaram de pé e seguraram bandeiras da Ucrânia e cartazes com os dizeres "chega de corrupção". O líder da legenda, André Ventura, é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ao iniciar sua fala, Lula arrancou aplausos da maioria dos deputados, enquanto os deputados do Chega batiam nas mesas e vaiavam. Diante do comportamento dos extremistas, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, precisou intervir e disse que se os parlamentares quisessem continuar na sessão deveriam se comportar com educação.

Lula aproveitou ainda o discurso para criticar golpistas. "A democracia no Brasil viveu recentemente momentos de grave ameaça. Saudosos do autoritarismo tentaram atrasar nosso relógio em 50 anos e reverter as liberdades que conquistamos desde a transição democrática. Os ataques foram constantes. Os irmãos portugueses assistiram a tudo, preocupados com a possibilidade de que o Brasil desse as costas ao mundo", salientou.

No final do discurso, Santos Silva pediu desculpa a Lula em nome do Parlamento português e lhe agradeceu pela "coragem e educação". Nesse momento, o brasileiro foi aplaudido pelo presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

·         Protestos do lado de fora

Do lado de fora, cerca de 300 militantes do partido Chega e brasileiros do Movimento Brasil Portugal protestaram contra Lula. O grupo levava cartazes com os dizeres "Lula, ladrão, o teu lugar é na prisão" e "Tolerância Zero à Corrupção".

De acordo com a agência de notícias Lusa, o protesto contou com a presença do dirigente neonazista Mário Machado. Fundador do movimento nacionalista Nova Ordem Social e da Frente Nacional e antigo membro do grupo Hammerskins Portugal, ele já foi preso por posse ilegal de arma e está envolvido em processos ligados a violência e crimes de ódio contra estrangeiros. 

Ao mesmo tempo, apoiadores de Lula organizaram um contraprotesto que reuniu centenas de brasileiros e portugueses. Os manifestantes defenderam a democracia e empunharam cartazes com dizeres como "25 de abril sempre, fascismo nunca mais" e "Amor Lula".

Após a sessão solene no Parlamento português, Lula comentou a jornalistas as manifestações de deputados do Chega durante o seu discurso. "Quem faz política está habituado a isso. Eu acho que essas pessoas quando voltarem para casa e deitarem a cabeça no travesseiro vão falar: que papelão nós fizemos", disse.

 

Ø  Estamos provavelmente à beira de uma nova guerra mundial, diz aliado de Putin

 

Um aliado do presidente russo Vladimir Putin disse nesta terça-feira que o mundo provavelmente está à beira de uma nova guerra mundial e que os riscos de um confronto nuclear estão aumentando.

“O mundo está doente e muito provavelmente está à beira de uma nova guerra mundial”, disse Dmitry Medvedev, vice-presidente do poderoso Conselho de Segurança de Putin, em uma conferência em Moscou.

Ele disse que essa nova guerra mundial não era inevitável, mas que os riscos de um confronto nuclear estavam crescendo e eram mais graves do que as preocupações com as mudanças climáticas.

Putin diz que o mundo enfrenta a década mais perigosa desde a Segunda Guerra Mundial. Ele apresenta a guerra na Ucrânia como uma batalha existencial contra um Ocidente agressivo e arrogante, e disse que a Rússia usará todos os meios disponíveis para se proteger contra qualquer agressor.

Os Estados Unidos e seus aliados condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia como uma apropriação imperial de terras. A Ucrânia prometeu lutar até que todas as tropas russas se retirem de seu território e disse que a retórica russa sobre a guerra nuclear tem a intenção de intimidar o Ocidente para que ele reduza a ajuda militar.

 

       Chefe de Igreja Ortodoxa diz que russos que não servem a pátria são "inimigos internos"

 

O chefe da poderosa Igreja Ortodoxa da Rússia classificou nesta terça-feira os russos que não servem seu país como "inimigos internos" e descreveu o patriotismo como a "maior virtude", informou a agência de notícias estatal RIA.

O patriarca Kirill é um aliado próximo do presidente Vladimir Putin e tem apoiado fortemente a guerra na Ucrânia, na qual dezenas de milhares de pessoas foram mortas e milhões expulsas de suas casas.

"Hoje nossa oração é por nossa pátria, para que o Senhor a proteja de inimigos externos e internos, de todos aqueles que não associam suas vidas à Rússia, que estão prontos para ganhar dinheiro na Rússia, mas nunca estiveram prontos para servir a pátria", disse Kirill, segundo a RIA, em um sermão.

"Precisamos inculcar nas pessoas, inclusive por meio da pregação da igreja, o amor pela pátria, que é a maior virtude", afirmou ele no sermão, proferido na Catedral do Arcanjo, dentro do complexo do Kremlin, no centro de Moscou.

Kirill não entrou em detalhes, mas seus comentários parecem ter como alvo em parte os russos que fugiram do recrutamento, por vezes se mudando para o exterior para evitar a convocação para servir no que Putin chama de "operação militar especial" na Ucrânia.

Putin costuma usar a Igreja Ortodoxa e suas ricas tradições para ajudar a promover um sentimento de orgulho nacional e patriotismo entre os russos. Ele compareceu a um culto de Páscoa na semana passada, segurando uma vela acesa e fazendo o sinal da cruz várias vezes.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Deutsche Welle/Reuters

 

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