quinta-feira, 27 de abril de 2023

Emirados Árabes autorizam Brasil a buscar Thiago Brennand

Embaixada do Brasil nos Emirados Árabes recebe autorização para a extradição de Thiago Brenand, 42.

A informação foi confirmada pelo Itamaraty. Segundo o órgão, o governo dos Emirados Árabes já deu a autorização para a embaixada brasileira em Abu Dhabi.

"A embaixada está para comunicar o Itamaraty sobre essa comunicação do governo dos Emirados Árabes. Ao longo do dia o Itamaraty e os órgãos brasileiros vão ser comunicados para organizar as equipes responsáveis para ir buscá-lo", informou o Itamaraty.

Acusado de crimes sexuais, Brennand está nos Emirados Árabes desde setembro do ano passado e, por isso, era considerado foragido e teve seu nome incluído na lista da Interpol.

Assim, acabou detido em Abu Dhabi em outubro -ele pagou a fiança e responde o processo de extradição em liberdade. Ele ficou conhecido após agredir, em agosto de 2022, a modelo Alliny Helena Gomes, 37, durante discussão em uma academia de ginástica na zona oeste de São Paulo.

A extradição de Brennand acontece após as autoridades dos Emirados Árabes terem autorizado a extradição do empresário e, poucos dias depois, apreendido ele no dia 17, em Abu Dhabi. A prisão é uma etapa necessária para o andamento do processo de extradição de Brennand que tem cinco prisões preventivas decretadas e responde a oito denúncias.

A expectativa é que, assim que desembarque no Brasil, Brennand seja levado para a audiência de custódia. Em seguida, será encaminhado para o sistema penitenciário --o destino, cogita-se, seria o CDP (Centro de Detenção Provisoria) 2 de Guarulhos. Fontes ligadas ao processo de extradição afirmam que os advogados do empresário tentavam negociar uma cela especial para ele.

A Promotoria considera que, com a presença do empresário em solo brasileiro, o andamento das ações será acelerado, assim como as "demais investigações que estão em andamento no âmbito do Ministério Público".

A PF afirma que, por questões de segurança, informações sobre extradição não são divulgadas até a sua efetiva realização, ou seja, até que o extraditando seja recolhido ao sistema prisional.

<<<<< Entenda 4 dos 5 pedidos de prisão contra Brennand - Os detalhes sobre o quinto ainda não foram divulgados

Após a acusação de agressão à modelo Alliny Helena Gomes, Brennand deixou o Brasil em 4 de setembro, horas antes da denúncia do Ministério Público. O órgão determinou que ele retornasse ao Brasil até 23 de setembro e entregasse o passaporte. Como não cumpriu a medida, ele teve a prisão preventiva decretada no dia 27 de setembro e tornou-se foragido. A viagem inicialmente foi para para Dubai, nos Emirados Árabes. Logo depois, a Justiça decretou uma nova prisão contra Brennand, desta vez sob a acusação de tatuar à força e manter em cárcere privado uma mulher em Porto Feliz, no interior paulista. No dia 7 de novembro, ele teve a terceira prisão preventiva decretada pela Justiça. Na ocasião, os promotores Evelyn Moura Virginio Martins e Josmar Tassignon Júnior apresentaram denúncia contra ele por suspeita de estupro que teria ocorrido também em Porto Feliz. No dia 6 de março, ele teve a prisão preventiva decretada após a denúncia da miss e estudante de medicina Stefanie Cohen. Ela afirma que foi estuprada por Brennand em 2021. Em vídeos postados nas redes sociais, o empresário sempre negou todas as acusações. Em um deles, publicado no início do mês, ele afirmou que pretendia voltar ao Brasil e que devia desculpas a ex-advogados e a autoridades a quem ofendeu, mas que achava que seria preso "injustamente" no país.

A defesa que o representou no caso da agressão contra Alliny Helena Gomes afirmou que ele compareceu espontaneamente para prestar esclarecimentos às autoridades e disse que os vídeos mostram que as agressões verbais foram iniciadas por ela.

Ele já teve a prisão decretada por lesão corporal e corrupção de menores -segundo a Promotoria, teria incentivado o filho adolescente a ofender a modelo. A viagem aos Emirados Árabes ocorreu horas antes de o Ministério Público apresentar a denúncia contra ele.

Brennand trocou diversas vezes de advogados desde as primeiras denúncias. No início, foi representado pelo escritório Cavalcanti e Sion. Depois, passou a ser representado pelo advogado Ricardo Sayeg, que deixou o caso no início deste ano. Agora, ele segue com o advogado Eduardo Leite.

Após o caso de Alliny, ao menos 15 mulheres o acusaram de supostos crimes sexuais. Em decorrência destas denúncias, ele somou ao longo dos últimos meses oito denúncias do Ministério Público de São Paulo e cinco prisões preventivas decretadas.

Brennand teve o registro no CAC (caçadores, atiradores e colecionadores) suspenso. Por isso, no dia 17 de março, 70 armas do empresário foram apreendidas pela polícia de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os armamentos foram encaminhados para perícia no IC (Instituto de Criminalística) e, depois, ficariam à disposição da Justiça de Porto Feliz, onde o empresário é também é investigado.

Nos últimos meses, Brennand publicou vídeos para falar das investigações, que já foram apagados. Entre eles, xingou promotores e advogados envolvidos, negou os supostos crimes e disse ser alvo de perseguição. Disse ainda que, no Brasil, a maioria das denúncias de assédio sexual é falsa --a tese dele, porém, é refutada por especialistas.

Além disso, nos vídeos ele xingava a antiga advogada, a Procurador-Geral de Justiça de São Paulo Mário Sarrubbo e a ex-promotora de Justiça de São Paulo Gabriela Manssur, fundadora do coletivo Justiceiras, que recebeu denúncias contra o empresário e auxiliou no caso.

Ela protocolou duas queixas-crimes contra Brennand após a divulgação dos vídeos. Após a primeira queixa, a Justiça determinou que Brennand se abstenha de fazer publicações ofensivas à honra e à imagem da advogada e ex-promotora Gabriela Manssur.

Além dos episódios de crimes sexuais, Brennand acumulava intrigas familiares --ele é filho de uma família rica de Recife. A fortuna de Brennand, segundo advogados e familiares, é estimada em mais de R$ 200 milhões, que incluem casa no condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (interior paulista), carros de luxo, propriedades em São Paulo e armas --calcula-se que ele possui um arsenal de mais de 50 armas.

Uma reportagem da Folha mostrou que, em um documento público de novembro de 2019, os pais do empresário pediram exclusão dele de testamento por ameaças. Entre os motivos mencionados estão a "absoluta inexistência de qualquer afinidade" entre eles e as agressões "de forma reiterada, explícita e pública, pessoalmente e através de emails" que provocou "insuportável nível de sofrimento".

 

       TÁ CHEGANDO A HORA: Flávio Dino autoriza busca de Thiago Brennand nos Emirados Árabes

 

Através das redes sociais, o ministro da Justiça Flávio Dino informou que o ministério de Justiça e Segurança Pública está trabalhando para trazer rapidamente o empresário Thiago Brennand do exterior.

Brennand foi preso após um ano foragido nos Emirados Árabes Unidos. Ele responde a cinco mandados de prisão no Brasil e outros processos por lesão corporal, estupro e corrupção de menores.

O bolsonarista estava foragido no golfo árabe desde o ano passado. Em dezembro, as autoridades diplomáticas enviaram um pedido de extradição para o órgão, mas foi somente após a viagem do presidente Lula ao país no início de abril que a extradição confirmada - apesar de Lula não ter abordado o tema em reunião.

Através de publicação nas redes sociais comentando notícia, Flávio Dino afirmou que o suspeito de estupro e lesão corporal, acusado de tatuar mulheres à força, será "buscado com brevidade".

A extradição de Brennand tem se tornado uma novela, mas deve acontecer em breve. A Polícia Federal deve trazer o empresário completamente algemado devido à sua periculosidade e ao histórico de violência já comprovado. A operação também deve contar com o apoio de agentes da Interpol.

No Brasil, o empresário acusado de estupro e agressão deve ficar preso no Centro de Detenção Provisória de São Paulo, onde cumprirá prisão preventiva.

       Thiago Brennand poderá chegar ao Brasil algemado pelas mãos e pés

Acusado de estupro, violência, além de carcere privado e ameaças, Thiago Brennand deverá retornar ao Brasil algemado pelas mãos e pés. A Polícia Federal pretende trazer o empresário desta forma devido ao histórico de violência do herdeiro.

No último dia 17 de abril, ele foi preso nos Emirados Árabes Unidos e deverá ser extraditado ainda nos próximos dias. Dois agentes da PF, um delegado e um escrivão da Interpol treinado em jiu-jitsu vão estar ao lado do empresário durante toda viagem.

Ao desembarcar no país, Brennand deverá ser levado para o Centro de Detenção Provisória de São Paulo para cumprir prisão preventiva, segundo o G1. Atualmente, há cinco mandados de prisão preventiva em território brasileiro contra o empresário.

Ele foi detido em um hotel de luxo em Abu Dhabi, alegando estar sendo injustiçado pelas denúncias das diversas mulheres que prestaram depoimento. Thiago é acusado de agredir uma modelo, sequestrar, tatuar, estuprar uma segunda mulher e estuprar uma jovem e uma miss.

 

Ø  Duas delegadas são suspeitas de terem favorecido Brennand em investigações

 

Duas delegadas que atuaram em casos envolvendo Thiago Brennand, preso na semana passada sob acusações de crimes como estupro, sequestro e tortura, são investigadas por suspeita de terem favorecido o empresário. Ambas são alvo de processos administrativos na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e uma delas responde também a uma ação que tramita em segredo no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

A delegada Nuris Pegoretti, de Porto Feliz (SP), atuou nas investigações a respeito de uma atriz que disse ter sido mantida em cárcere privado na casa do empresário num condomínio de luxo na cidade do interior paulista, em agosto de 2021. Segundo essa mulher, ela sofreu agressões no local, teve um vídeo íntimo divulgado sem sua autorização e foi obrigada a tatuar na costela as iniciais do nome de Thiago Brennand.

O relatório final do inquérito foi concluído em junho do ano passado, quando a delegada Pegoretti recomendou o arquivamento do caso e a instauração de uma nova investigação, desta vez contra a mulher que acusava Brennand, por crime de denunciação caluniosa. Essa investigação foi remetida para Pernambuco, estado onde a denúncia havia sido feita.

Pegoretti considerou que a mulher que acusou Brennand "tem conduta recorrente no sentido de acusar seus namorados e affairs de toda sorte de impropérios, sobretudo de crimes sexuais". Sobre o empresário, a delegada destacou que ele é um “indivíduo sem antecedentes” e que, apesar de manter “vasta coleção de armas de fogo de toda sorte de calibres”, jamais “respondeu a um só processo na vida contendo uso de arma de fogo”.

Pegoretti continuou. Disse que Brennand é um “indivíduo de porte agigantado” e “faixa preta de jiu jitsu há mais de duas décadas”, e que, no entanto, “não se encontrou qualquer registro de violência relevante em sua vida”.

Ao GLOBO, pessoas que acompanharam o caso disseram que a manifestação da delegada foi “incomum”, e que seu relatório destoou de outros produzidos por ela. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) moveu ação contra Nuris Pegoretti em dezembro do ano passado para que seja investigada possível crime de corrupção durante a condução do caso Brennand. O processo corre em sigilo na Justiça e está em fase de investigação.

A apuração sobre possíveis crimes de constrangimento ilegal, cárcere privado, estupro e tortura cometidos por Brennand foi desarquivada em 9 de setembro do ano passado, dias após o Fantástico, da TV Globo, exibir reportagem com o relato da mulher.

·         ‘Absurdo jurídico’

A outra delegada suspeita de ter favorecido o empresário é Maria Aparecida Corsato, do 27° Distrito Policial (DP) do Campo Belo. Ela foi responsável por dois inquéritos em que Thiago Brennand aparece como suposta vítima. No primeiro, registrado pelo empresário em 4 de maio do ano passado, Brennand disse ser alvo de difamação por parte de uma prostituta e de um ex-amigo que teriam se aliado para espalhar informações falsas a seu respeito — dentre elas, a de que ele teria estuprado a mulher que o denunciou em Pernambuco.

O inquérito apresenta conversas entre Brennand e a mulher acusada por ele em mensagens, áudios e ligações telefônicas. A promotora que atuou no caso, Daniela Moysés da Silveira Fávaro, recomendou o arquivamento do inquérito, considerando que Brennand apresentou uma “situação totalmente forçada” e que tentou, com as mensagens, “demonstrar eventual extorsão, sem, contudo, lograr êxito”. A Justiça atendeu à recomendação em 30 de maio de 2022.

Duas semanas depois, em 14 de junho, Maria Aparecida Corsato enviou à Justiça uma representação de dez páginas pelo desarquivamento do inquérito. Disse que a manifestação do MP-SP havia sido “equivocada” e “precipitada”, e que tinha “indícios suficientes a sustentar um inquérito policial para investigar crimes contra a honra de Thiago, pois foram violadas tanto a honra objetiva quanto a subjetiva”.

A Promotoria, de novo, defendeu que o processo fosse mantido arquivado, reforçando que as provas apresentadas por Brennand estavam “viciadas”. O empresário enviou e-mail intimidador à promotora Daniela no dia seguinte, dizendo ser vítima do “maior absurdo jurídico” que já viu. Passado um dia, a delegada do 27° DP voltou a rebater o MP-SP. Disse que não havia apresentado provas, mas sim “dados informativos” que justificavam a existência da investigação. Mais uma vez, a Justiça optou por manter o inquérito arquivado, em 1° de julho.

Àquela altura, Maria Corsato já atuava em outro caso envolvendo Brennand. Uma mulher que frequentava a mesma academia que o empresário — e onde posteriormente ele viria a agredir a modelo Helena Gomes — registrou boletim de ocorrência em 24 de maio relatando que Brennand continuou a enviar mensagens a ela mesmo após ela ter dito que era comprometida. A mulher contou à polícia que soube de outras alunas da academia que o empresário enfrentava processos por agressão, por isso decidiu registrar o B.O.

Brennand então registrou um novo boletim de ocorrência em 6 de junho. O caso caiu nas mãos da delegada Maria Corsato, que disse ter identificado indícios de difamação cometida pela mulher que havia denunciado o empresário.

·         Testemunha de defesa

Em 16 de setembro, a delegada pediu à Justiça que as provas colhidas na investigação que havia sido arquivada pudessem ser aproveitadas no inquérito sobre essa suposta difamação. Ao longo de 15 páginas, Maria Corsato reproduziu reportagens para comparar o caso do empresário ao da Escola Base (em que educadores foram injustamente acusados de abusar sexualmente de crianças).

Brennand, à época, já havia viajado para o Oriente Médio — onde foi preso na semana passada e aguarda extradição para o Brasil. Ainda assim, a delegada disse que mantinha contato constante com o empresário, que demonstrava “interesse no resgate de sua reputação”.

Maria Corsato também disse ver “pontos de contato” entre as duas investigações que conduziu e a da agressão à modelo numa academia de luxo, ocorrida em 3 de agosto.

Vários trechos dessa representação da delegada foram usados pela defesa de Brennand no caso da agressão. Os advogados do empresário alegaram que esse inquérito deveria também ter sido conduzido pelo 27° DP, de Maria Corsato, e não pelo 15° DP, no Itaim Bibi, bairro onde o episódio aconteceu. No mesmo pedido, a equipe jurídica de Brennand indicou a própria delegada como testemunha de defesa.

— Para o Brennand, a melhor forma de defesa é o ataque. Ele fez isso antes das acusações que ele sabia que iriam surgir. Houve, em Porto Feliz e em São Paulo, condutas incompatíveis com a de uma autoridade policial — disse ao GLOBO uma pessoa familiarizada com os processos envolvendo o empresário.

A delegada Maria Corsato negou ter favorecido Brennand e se disse "surpresa" com o fato de ter sido indicada como testemunha da defesa. Afirmou que a apuração instaurada contra ela na corregedoria teve origem em um pedido de complementação feito por ela ao MP-SP, que, segundo ela, havia enviado uma “manifestação incompleta”.

— Não houve nenhum favorecimento ao Thiago Brennand nos inquéritos que presidi. Ele foi tratado como qualquer outra pessoa, as investigações que o envolveram tiveram o mesmo tratamento que as outras duzentas que tenho em meu cartório. Tudo foi feito de acordo com o previsto no Código Penal e no Código de Processo Penal. Não é incomum o delegado de polícia pedir desarquivamento de uma investigação — disse.

Em nota, a Polícia Civil de São Paulo confirmou a existência dos processos administrativos contra as delegadas e declarou que os procedimentos tramitam sob sigilo na corregedoria do órgão. A Polícia Civil de Pernambuco informou que não foi notificada oficialmente sobre a necessidade de instaurar inquérito contra a atriz que denunciou Brennand.

 

Fonte: FolhaPress/O Globo

 

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