Emirados Árabes
autorizam Brasil a buscar Thiago Brennand
Embaixada
do Brasil nos Emirados Árabes recebe autorização para a extradição de Thiago
Brenand, 42.
A
informação foi confirmada pelo Itamaraty. Segundo o órgão, o governo dos
Emirados Árabes já deu a autorização para a embaixada brasileira em Abu Dhabi.
"A
embaixada está para comunicar o Itamaraty sobre essa comunicação do governo dos
Emirados Árabes. Ao longo do dia o Itamaraty e os órgãos brasileiros vão ser
comunicados para organizar as equipes responsáveis para ir buscá-lo",
informou o Itamaraty.
Acusado
de crimes sexuais, Brennand está nos Emirados Árabes desde setembro do ano
passado e, por isso, era considerado foragido e teve seu nome incluído na lista
da Interpol.
Assim,
acabou detido em Abu Dhabi em outubro -ele pagou a fiança e responde o processo
de extradição em liberdade. Ele ficou conhecido após agredir, em agosto de
2022, a modelo Alliny Helena Gomes, 37, durante discussão em uma academia de
ginástica na zona oeste de São Paulo.
A
extradição de Brennand acontece após as autoridades dos Emirados Árabes terem
autorizado a extradição do empresário e, poucos dias depois, apreendido ele no
dia 17, em Abu Dhabi. A prisão é uma etapa necessária para o andamento do
processo de extradição de Brennand que tem cinco prisões preventivas decretadas
e responde a oito denúncias.
A
expectativa é que, assim que desembarque no Brasil, Brennand seja levado para a
audiência de custódia. Em seguida, será encaminhado para o sistema
penitenciário --o destino, cogita-se, seria o CDP (Centro de Detenção
Provisoria) 2 de Guarulhos. Fontes ligadas ao processo de extradição afirmam
que os advogados do empresário tentavam negociar uma cela especial para ele.
A
Promotoria considera que, com a presença do empresário em solo brasileiro, o
andamento das ações será acelerado, assim como as "demais investigações
que estão em andamento no âmbito do Ministério Público".
A
PF afirma que, por questões de segurança, informações sobre extradição não são
divulgadas até a sua efetiva realização, ou seja, até que o extraditando seja
recolhido ao sistema prisional.
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Entenda 4 dos 5 pedidos de prisão contra Brennand - Os detalhes sobre o quinto
ainda não foram divulgados
Após
a acusação de agressão à modelo Alliny Helena Gomes, Brennand deixou o Brasil
em 4 de setembro, horas antes da denúncia do Ministério Público. O órgão
determinou que ele retornasse ao Brasil até 23 de setembro e entregasse o
passaporte. Como não cumpriu a medida, ele teve a prisão preventiva decretada
no dia 27 de setembro e tornou-se foragido. A viagem inicialmente foi para para
Dubai, nos Emirados Árabes. Logo depois, a Justiça decretou uma nova prisão
contra Brennand, desta vez sob a acusação de tatuar à força e manter em cárcere
privado uma mulher em Porto Feliz, no interior paulista. No dia 7 de novembro,
ele teve a terceira prisão preventiva decretada pela Justiça. Na ocasião, os
promotores Evelyn Moura Virginio Martins e Josmar Tassignon Júnior apresentaram
denúncia contra ele por suspeita de estupro que teria ocorrido também em Porto
Feliz. No dia 6 de março, ele teve a prisão preventiva decretada após a
denúncia da miss e estudante de medicina Stefanie Cohen. Ela afirma que foi
estuprada por Brennand em 2021. Em vídeos postados nas redes sociais, o
empresário sempre negou todas as acusações. Em um deles, publicado no início do
mês, ele afirmou que pretendia voltar ao Brasil e que devia desculpas a
ex-advogados e a autoridades a quem ofendeu, mas que achava que seria preso
"injustamente" no país.
A
defesa que o representou no caso da agressão contra Alliny Helena Gomes afirmou
que ele compareceu espontaneamente para prestar esclarecimentos às autoridades
e disse que os vídeos mostram que as agressões verbais foram iniciadas por ela.
Ele
já teve a prisão decretada por lesão corporal e corrupção de menores -segundo a
Promotoria, teria incentivado o filho adolescente a ofender a modelo. A viagem
aos Emirados Árabes ocorreu horas antes de o Ministério Público apresentar a
denúncia contra ele.
Brennand
trocou diversas vezes de advogados desde as primeiras denúncias. No início, foi
representado pelo escritório Cavalcanti e Sion. Depois, passou a ser
representado pelo advogado Ricardo Sayeg, que deixou o caso no início deste
ano. Agora, ele segue com o advogado Eduardo Leite.
Após
o caso de Alliny, ao menos 15 mulheres o acusaram de supostos crimes sexuais.
Em decorrência destas denúncias, ele somou ao longo dos últimos meses oito
denúncias do Ministério Público de São Paulo e cinco prisões preventivas
decretadas.
Brennand
teve o registro no CAC (caçadores, atiradores e colecionadores) suspenso. Por
isso, no dia 17 de março, 70 armas do empresário foram apreendidas pela polícia
de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os armamentos
foram encaminhados para perícia no IC (Instituto de Criminalística) e, depois,
ficariam à disposição da Justiça de Porto Feliz, onde o empresário é também é
investigado.
Nos
últimos meses, Brennand publicou vídeos para falar das investigações, que já
foram apagados. Entre eles, xingou promotores e advogados envolvidos, negou os
supostos crimes e disse ser alvo de perseguição. Disse ainda que, no Brasil, a
maioria das denúncias de assédio sexual é falsa --a tese dele, porém, é
refutada por especialistas.
Além
disso, nos vídeos ele xingava a antiga advogada, a Procurador-Geral de Justiça
de São Paulo Mário Sarrubbo e a ex-promotora de Justiça de São Paulo Gabriela
Manssur, fundadora do coletivo Justiceiras, que recebeu denúncias contra o
empresário e auxiliou no caso.
Ela
protocolou duas queixas-crimes contra Brennand após a divulgação dos vídeos.
Após a primeira queixa, a Justiça determinou que Brennand se abstenha de fazer
publicações ofensivas à honra e à imagem da advogada e ex-promotora Gabriela
Manssur.
Além
dos episódios de crimes sexuais, Brennand acumulava intrigas familiares --ele é
filho de uma família rica de Recife. A fortuna de Brennand, segundo advogados e
familiares, é estimada em mais de R$ 200 milhões, que incluem casa no
condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (interior paulista), carros de
luxo, propriedades em São Paulo e armas --calcula-se que ele possui um arsenal
de mais de 50 armas.
Uma
reportagem da Folha mostrou que, em um documento público de novembro de 2019,
os pais do empresário pediram exclusão dele de testamento por ameaças. Entre os
motivos mencionados estão a "absoluta inexistência de qualquer
afinidade" entre eles e as agressões "de forma reiterada, explícita e
pública, pessoalmente e através de emails" que provocou "insuportável
nível de sofrimento".
TÁ CHEGANDO A HORA: Flávio Dino autoriza
busca de Thiago Brennand nos Emirados Árabes
Através
das redes sociais, o ministro da Justiça Flávio Dino informou que o ministério
de Justiça e Segurança Pública está trabalhando para trazer rapidamente o
empresário Thiago Brennand do exterior.
Brennand
foi preso após um ano foragido nos Emirados Árabes Unidos. Ele responde a cinco
mandados de prisão no Brasil e outros processos por lesão corporal, estupro e
corrupção de menores.
O
bolsonarista estava foragido no golfo árabe desde o ano passado. Em dezembro,
as autoridades diplomáticas enviaram um pedido de extradição para o órgão, mas
foi somente após a viagem do presidente Lula ao país no início de abril que a
extradição confirmada - apesar de Lula não ter abordado o tema em reunião.
Através
de publicação nas redes sociais comentando notícia, Flávio Dino afirmou que o
suspeito de estupro e lesão corporal, acusado de tatuar mulheres à força, será
"buscado com brevidade".
A
extradição de Brennand tem se tornado uma novela, mas deve acontecer em breve.
A Polícia Federal deve trazer o empresário completamente algemado devido à sua
periculosidade e ao histórico de violência já comprovado. A operação também
deve contar com o apoio de agentes da Interpol.
No
Brasil, o empresário acusado de estupro e agressão deve ficar preso no Centro
de Detenção Provisória de São Paulo, onde cumprirá prisão preventiva.
Thiago Brennand poderá chegar ao Brasil
algemado pelas mãos e pés
Acusado
de estupro, violência, além de carcere privado e ameaças, Thiago Brennand
deverá retornar ao Brasil algemado pelas mãos e pés. A Polícia Federal pretende
trazer o empresário desta forma devido ao histórico de violência do herdeiro.
No
último dia 17 de abril, ele foi preso nos Emirados Árabes Unidos e deverá ser
extraditado ainda nos próximos dias. Dois agentes da PF, um delegado e um
escrivão da Interpol treinado em jiu-jitsu vão estar ao lado do empresário
durante toda viagem.
Ao
desembarcar no país, Brennand deverá ser levado para o Centro de Detenção
Provisória de São Paulo para cumprir prisão preventiva, segundo o G1.
Atualmente, há cinco mandados de prisão preventiva em território brasileiro
contra o empresário.
Ele
foi detido em um hotel de luxo em Abu Dhabi, alegando estar sendo injustiçado
pelas denúncias das diversas mulheres que prestaram depoimento. Thiago é
acusado de agredir uma modelo, sequestrar, tatuar, estuprar uma segunda mulher
e estuprar uma jovem e uma miss.
Ø
Duas
delegadas são suspeitas de terem favorecido Brennand em investigações
Duas
delegadas que atuaram em casos envolvendo Thiago Brennand, preso na semana
passada sob acusações de crimes como estupro, sequestro e tortura, são
investigadas por suspeita de terem favorecido o empresário. Ambas são alvo de
processos administrativos na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e uma
delas responde também a uma ação que tramita em segredo no Tribunal de Justiça de
São Paulo (TJ-SP).
A
delegada Nuris Pegoretti, de Porto Feliz (SP), atuou nas investigações a
respeito de uma atriz que disse ter sido mantida em cárcere privado na casa do
empresário num condomínio de luxo na cidade do interior paulista, em agosto de
2021. Segundo essa mulher, ela sofreu agressões no local, teve um vídeo íntimo
divulgado sem sua autorização e foi obrigada a tatuar na costela as iniciais do
nome de Thiago Brennand.
O
relatório final do inquérito foi concluído em junho do ano passado, quando a
delegada Pegoretti recomendou o arquivamento do caso e a instauração de uma
nova investigação, desta vez contra a mulher que acusava Brennand, por crime de
denunciação caluniosa. Essa investigação foi remetida para Pernambuco, estado
onde a denúncia havia sido feita.
Pegoretti
considerou que a mulher que acusou Brennand "tem conduta recorrente no
sentido de acusar seus namorados e affairs de toda sorte de impropérios,
sobretudo de crimes sexuais". Sobre o empresário, a delegada destacou que
ele é um “indivíduo sem antecedentes” e que, apesar de manter “vasta coleção de
armas de fogo de toda sorte de calibres”, jamais “respondeu a um só processo na
vida contendo uso de arma de fogo”.
Pegoretti
continuou. Disse que Brennand é um “indivíduo de porte agigantado” e “faixa
preta de jiu jitsu há mais de duas décadas”, e que, no entanto, “não se
encontrou qualquer registro de violência relevante em sua vida”.
Ao
GLOBO, pessoas que acompanharam o caso disseram que a manifestação da delegada
foi “incomum”, e que seu relatório destoou de outros produzidos por ela. O
Ministério Público de São Paulo (MP-SP) moveu ação contra Nuris Pegoretti em
dezembro do ano passado para que seja investigada possível crime de corrupção
durante a condução do caso Brennand. O processo corre em sigilo na Justiça e
está em fase de investigação.
A
apuração sobre possíveis crimes de constrangimento ilegal, cárcere privado,
estupro e tortura cometidos por Brennand foi desarquivada em 9 de setembro do
ano passado, dias após o Fantástico, da TV Globo, exibir reportagem com o
relato da mulher.
·
‘Absurdo jurídico’
A
outra delegada suspeita de ter favorecido o empresário é Maria Aparecida
Corsato, do 27° Distrito Policial (DP) do Campo Belo. Ela foi responsável por
dois inquéritos em que Thiago Brennand aparece como suposta vítima. No
primeiro, registrado pelo empresário em 4 de maio do ano passado, Brennand
disse ser alvo de difamação por parte de uma prostituta e de um ex-amigo que
teriam se aliado para espalhar informações falsas a seu respeito — dentre elas,
a de que ele teria estuprado a mulher que o denunciou em Pernambuco.
O
inquérito apresenta conversas entre Brennand e a mulher acusada por ele em
mensagens, áudios e ligações telefônicas. A promotora que atuou no caso,
Daniela Moysés da Silveira Fávaro, recomendou o arquivamento do inquérito,
considerando que Brennand apresentou uma “situação totalmente forçada” e que
tentou, com as mensagens, “demonstrar eventual extorsão, sem, contudo, lograr
êxito”. A Justiça atendeu à recomendação em 30 de maio de 2022.
Duas
semanas depois, em 14 de junho, Maria Aparecida Corsato enviou à Justiça uma
representação de dez páginas pelo desarquivamento do inquérito. Disse que a
manifestação do MP-SP havia sido “equivocada” e “precipitada”, e que tinha
“indícios suficientes a sustentar um inquérito policial para investigar crimes
contra a honra de Thiago, pois foram violadas tanto a honra objetiva quanto a
subjetiva”.
A
Promotoria, de novo, defendeu que o processo fosse mantido arquivado,
reforçando que as provas apresentadas por Brennand estavam “viciadas”. O
empresário enviou e-mail intimidador à promotora Daniela no dia seguinte,
dizendo ser vítima do “maior absurdo jurídico” que já viu. Passado um dia, a
delegada do 27° DP voltou a rebater o MP-SP. Disse que não havia apresentado
provas, mas sim “dados informativos” que justificavam a existência da
investigação. Mais uma vez, a Justiça optou por manter o inquérito arquivado,
em 1° de julho.
Àquela
altura, Maria Corsato já atuava em outro caso envolvendo Brennand. Uma mulher
que frequentava a mesma academia que o empresário — e onde posteriormente
ele viria a agredir a modelo Helena Gomes —
registrou boletim de ocorrência em 24 de maio relatando que Brennand continuou
a enviar mensagens a ela mesmo após ela ter dito que era comprometida. A mulher
contou à polícia que soube de outras alunas da academia que o empresário enfrentava
processos por agressão, por isso decidiu registrar o B.O.
Brennand
então registrou um novo boletim de ocorrência em 6 de junho. O caso caiu nas
mãos da delegada Maria Corsato, que disse ter identificado indícios de
difamação cometida pela mulher que havia denunciado o empresário.
·
Testemunha de defesa
Em
16 de setembro, a delegada pediu à Justiça que as provas colhidas na
investigação que havia sido arquivada pudessem ser aproveitadas no inquérito
sobre essa suposta difamação. Ao longo de 15 páginas, Maria Corsato reproduziu
reportagens para comparar o caso do empresário ao da Escola Base (em que
educadores foram injustamente acusados de abusar sexualmente de crianças).
Brennand,
à época, já havia viajado para o Oriente Médio — onde foi preso na semana passada e aguarda extradição para o Brasil.
Ainda assim, a delegada disse que mantinha contato constante com o empresário,
que demonstrava “interesse no resgate de sua reputação”.
Maria
Corsato também disse ver “pontos de contato” entre as duas investigações que
conduziu e a da agressão à modelo numa academia de luxo, ocorrida em 3 de
agosto.
Vários
trechos dessa representação da delegada foram usados pela defesa de Brennand no caso da agressão.
Os advogados do empresário alegaram que esse inquérito deveria também ter sido
conduzido pelo 27° DP, de Maria Corsato, e não pelo 15° DP, no Itaim Bibi,
bairro onde o episódio aconteceu. No mesmo pedido, a equipe jurídica de
Brennand indicou a própria delegada como testemunha de defesa.
—
Para o Brennand, a melhor forma de defesa é o ataque. Ele fez isso antes das
acusações que ele sabia que iriam surgir. Houve, em Porto Feliz e em São Paulo,
condutas incompatíveis com a de uma autoridade policial — disse ao GLOBO uma
pessoa familiarizada com os processos envolvendo o empresário.
A
delegada Maria Corsato negou ter favorecido Brennand e se disse
"surpresa" com o fato de ter sido indicada como testemunha da defesa.
Afirmou que a apuração instaurada contra ela na corregedoria teve origem em um
pedido de complementação feito por ela ao MP-SP, que, segundo ela, havia
enviado uma “manifestação incompleta”.
—
Não houve nenhum favorecimento ao Thiago Brennand nos inquéritos que presidi.
Ele foi tratado como qualquer outra pessoa, as investigações que o envolveram
tiveram o mesmo tratamento que as outras duzentas que tenho em meu cartório.
Tudo foi feito de acordo com o previsto no Código Penal e no Código de Processo
Penal. Não é incomum o delegado de polícia pedir desarquivamento de uma
investigação — disse.
Em
nota, a Polícia Civil de São Paulo confirmou a existência dos processos
administrativos contra as delegadas e declarou que os procedimentos tramitam
sob sigilo na corregedoria do órgão. A Polícia Civil de Pernambuco informou que
não foi notificada oficialmente sobre a necessidade de instaurar inquérito
contra a atriz que denunciou Brennand.
Fonte:
FolhaPress/O Globo
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